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ISABEL ALLENDE FALA SOBRE A PANDEMIA

A escritora chilena Isabel Allende é um ser humano especial. Ela escreveu um texto excelente sobre a pandemia, porém não concordo com a frase “Percebi que viemos ao mundo para perder tudo. Quanto mais se vive, mais se perde.” O certo deveria ser: quanto mais se vive, examinando e refletindo, mais se aprende, mais se ganha. Os indolentes e indiferentes com a vida e seu significado são os grandes perdedores. Perdem o seu tempo precioso com ninharias. (Benedicto Ismael Camargo Dutra).

Isabel Allende vive nos Estados Unidos há 30 anos com o seu marido e dois cães. Quando lhe perguntaram sobre o principal medo que implica o vírus, ” a morte “, a escritora contou que desde que a sua filha Paula morreu, há 27 anos, perdeu o medo para sempre.

“Primeiro, porque a vi morrer nos meus braços, e percebi que a morte é como o nascimento, é uma transição, um limiar, e perdi o medo pessoal. Neste momento, se apanhar o vírus, pertenço ao grupo dos mais vulneráveis. Tenho 77 anos e sei que se apanho o vírus posso morrer e essa possibilidade, neste momento da minha vida, apresenta-se muito clara, mas olho-a com curiosidade e sem medo. O que essa pandemia me tem ensinado é a libertar-me de coisas. Nunca foi tão claro para mim que preciso de muito pouco para viver. Não preciso comprar, não preciso de mais roupas, não preciso de ir a lugar nenhum, nem viajar, agora vejo que tenho coisas a mais. Não preciso de mais de dois pratos! Depois, começo a perceber quem são os verdadeiros amigos e as pessoas com quem eu quero estar”.

E quando questionada sobre o ensinamento da pandemia para o coletivo, Isabel respondeu:

“Ensina-nos a fazer a triagem das prioridades e mostra-nos a realidade. Esta pandemia sublinha as desigualdades de oportunidade e recursos em que vive a sociedade a um nível global. Alguns passam a pandemia num iate nas Caraíbas e outros passam fome, nas ruas ou em casa fechados. Também traz a mensagem de que somos uma única família. O que acontece com um ser humano em Wuhan tem um reflexo no planeta inteiro.

Estamos todos ligados e isso é uma evidência. Na realidade, a ideia tribal de que estamos separados por grupos e que podemos defender o nosso pequeno grupo dos outros grupos é uma ilusão. Não existem muralhas ou paredes que possam separar as pessoas.

O vírus trouxe uma nova mentalidade e, atualmente, grande número de pessoas, entre eles criadores, artistas, cientistas, jovens, homens e mulheres, caminham para uma nova normalidade. Eles não querem voltar à normalidade antiga. O vírus convidou-nos a desenhar um novo futuro. O que sonhamos para nós como humanidade global? Percebi que viemos ao mundo para perder tudo. Quanto mais se vive, mais se perde.

Primeiro a gente perde os pais ou pessoas muito queridas, os animais de estimação, alguns lugares e, depois, lentamente, vamos perdendo as nossas próprias faculdades físicas e mentais. Não podemos viver com medo. O medo estimula um futuro “turvo” para ser vivido no presente. É necessário relaxar e apreciar o que temos e viver o agora”

Obs.: Texto publicado no site Fãs da Psicanálise:
https://www.fasdapsicanalise.com.br/o-texto-de-isabel-allende-sobre-a-pandemia-que-emocionou-o-mundo/

Veja também a entrevista com a escritora publicada no jornal O Estado de Minashttps://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/06/08/interna_internacional,1154817/o-mundo-por-vir-escritora-isabel-allende-espera-que-pandemia-marque-o.shtml

A JUSTICEIRA

A Justiceira é um daqueles filmes em que as pessoas ficam torcendo pela justiça mesmo que por linhas tortas, já que policiais, promotores e juízes se dobram diante da força dos marginais e do poder do dinheiro.

Na trama, Riley North (Jennifer Garner) é uma boa mulher e mãe que vê com tristeza como a justiça dos homens é falha e sujeita a jogadas e corrupção. Após acordar de um coma e lembrar que seu marido e filha foram mortos a tiros num parque de diversões, Riley passa os anos seguintes a treinar para ir ao encalço de todos os envolvidos no assassinato de seus entes queridos, ou seja, da gangue que cometeu o crime, dos advogados que os libertaram e dos policiais corruptos que permitiram que tudo acontecesse.

Ela parte para a luta, pois tinha perdido tudo. Toma a justiça nas próprias mãos e busca vingança pela morte do marido e da filha. Trata-se de um tema envolvente que segura a atenção do público. A violência é forte, mas não é das piores porque nada acontece por acaso. Garcia, prepotente, é um homem mau, deveria ter pacto com o diabo por possuir tamanha ruindade, a mesma que acomete os homens sem coração que sufocaram o espírito. Riley toma a justiça nas próprias mãos esquecendo que a justiça divina é incorruptível. Defender-se de um ataque é um imperativo da vida, mas “Não Matarás” é um Mandamento abrangente, pois assassinar friamente ou matar, moralmente são equivalentes. Ser desleal e trair uma amizade também significa matar algo que encerra vida.

O filme é uma utopia do mundo dominado pelos maus que acaba acalmando aqueles que têm sede de justiça. No entanto, todos deveriam ter consciência de que ninguém escapa da grande justiça e amor severo que pairam acima das leis dos homens.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

 

COMBATE AO APAGÃO GERAL

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Durante décadas o Brasil tem mantido gestão viciada e oportunista. Esse quadro precisa ser modificado para um Estado ágil e moderno que crie boas oportunidades para a produção, comércio, empregos, consumo, boa escolarização que nos livre do apagão espiritual-mental. Um país com as contas arrebentadas, que descuidou da indústria e do preparo das novas gerações, e mesmo assim tem muitos postulantes à presidência da república. Mas o que dizem eles sobre o futuro? Nada. Promessas vãs, austeridade sem propostas claras quanto ao futuro, populismo oportunista, pouca praticidade.

O gigantismo é nocivo, tanto no Estado como no mundo empresarial. O Estado tem de ficar afastado da atividade empresarial, mas deve ser firme e justo na regulamentação para que o poder não seja açambarcado pelos mais poderosos que fazem o que bem entendem. Há vários municípios com muitas pessoas disputando a receita diminuta. Muita gente concentrada em algumas cidades. O inchaço continua gerando desequilíbrios pela falta de planejamento. É lamentável ver tanto dinheiro gasto inutilmente, tantas dívidas sem sentido, enquanto ainda falta tudo para considerar o Brasil fora do terceiro mundo.

Mais de 50% da população não dispõe de coleta de esgoto e saneamento. Quanto mais gente, mais problemas que se agravam com o despreparo geral. As cidades costeiras começam a ter problemas com a elevação do nível das águas do mar. Primarismo, improvisação e incompetência. A cidade é onde construímos o lar para morarmos. Do total de municípios brasileiros, 87% encerraram 2016 em situação fiscal difícil ou crítica. Apenas 13,8% das prefeituras foram consideradas de boa gestão.

O mau aproveitamento da riqueza para o desenvolvimento do país é em grande parte uma questão de educação e preparo para a vida, com a classe política visando vantagens pessoais e a população sendo induzida e agindo de forma acomodada sem propósitos mais nobres. Líderes populistas iludem a massa e depois acabam iludindo a si mesmos com sua megalomania, até quebrarem a cara com a dura realidade das finanças globalizadas que cobiçam riquezas; então partem para a luta atribuindo a culpa ao capitalismo, ocultando as besteiras que fizeram para burlar as leis simples de controle das contas e dispêndios inúteis.

Além da enormidade de dinheiro extraído pela corrupção, o pior foram as consequências como o entreguismo de recursos e da autonomia para cuidar dos interesses do país que possibilitaram não apenas a venda de empresas, mas a autodeterminação da população despreparada. Fomos barrados no baile da prosperidade e da melhor qualidade humana. Estamos muito longe de onde deveríamos estar. Privatizar se impõe. Vender em momento inoportuno é dar filé a preço de banana.

É preciso que o governo e os setores empresarial e financeiro voltem a se preocupar com a melhora do país, construindo e melhorando as rodovias e ferrovias. Que se dê à educação a direção certa, sem viés socialista ou religioso, mas que se empenhe em formar seres humanos de valor com suas capacitações e talentos desenvolvidos para barrar o apagão espiritual e mental que acaba com o Brasil.

Muitos fatores estão levando a esse apagão, à robotização, à perda do bom senso. O cérebro perdeu a conexão com o eu interior e se for deixado por si e pelas influências externas, acaba agindo como máquina insensível. Há no mundo a forte tendência para que as pessoas olhem apenas para o intervalo entre o nascimento e a morte, considerando isso como sendo a vida toda.

O mundo necessita de pessoas que tenham a capacidade para encontrar soluções inovadoras para problemas complexos, isto é, pessoas que tenham a capacidade intuitiva em funcionamento, pois só ela possibilita a visão em terceira dimensão através da construção de cenários que possibilitam vislumbrar soluções.

Como chamar a atenção das pessoas para a busca da compreensão do significado da vida e de melhores condições gerais que possibilitem a evolução? O ser humano é dotado de cérebro para raciocinar e cerebelo para conectar com o eu interior onde estão acumuladas as vivencias e o bom senso. O homem necessita de sabedoria e alegria para vivenciar tudo na vida e evoluir como autêntico ser humano, alcançando a paz, o progresso e a felicidade.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7