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O ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO

São Paulo, esta grande cidade onde nasci, anda sonolenta; tem de despertar para o pioneirismo da melhora geral. Foi em São Paulo que D. Pedro I tomou o gesto simbólico da independência do Brasil. Cidade pujante que magneticamente atrai, de forma misteriosa, os seres humanos de todas as origens. A independência política era o primeiro passo para possibilitar as condições adequadas para o desenvolvimento dos seres humanos

Que fizeram da maravilhosa cidade, hoje com cerca de 12 milhões de habitantes? A população aumentou, mas a qualidade dos gestores públicos diminuiu e a cidade está cheia de problemas. Lixo, rios poluídos, habitações precárias, violência, cracolândias, falta de preparo para a vida. Como sinal dos tempos, as represas estão com pouca água, ressecando ao sol. É muito triste olhar para parte do leito seco de rios e represas; é como se a corrente sanguínea da natureza estivesse sendo interrompida e a vida indo embora.

Acorda São Paulo de teu sono paralisante para uma existência condigna. Com o afastamento do espiritual, o fluxo da energia beneficiadora da Luz ficou interrompido trazendo a decadência. Desperta! Seu aniversário, comemorado no dia 25 de janeiro, clama para a busca sincera da espiritualidade.

É nesta megalópole que se encontra a USP, a Universidade de São Paulo que surgiu como grande sonho de formar seres humanos de alta qualidade ética, cultural e moral, à altura dos grandes desafios de forjar um Brasil forte, uma pátria, um lar de paz, progresso e felicidade. A cidade de São Paulo, nascida para brilhar como um polo de união entre os seres humanos, acabou caindo nas mãos de zeladores mal intencionados que só queriam desfrutar, pondo de lado sua responsabilidade e obrigações. Como sairemos dessa situação com tantos oportunistas solapando tudo que restou? O nosso atraso tem de ser debitado aos políticos safados, até que o grande Brasil se tornasse essa coisinha flexível, sem vontade própria.

A responsabilidade dos governantes é cuidar das cidades em sua totalidade, infraestrutura, educação, economia, produzindo para o mercado interno consumir, e para exportar, gerando empregos, renda e arrecadação. Mas esqueceram disso; olhando para a eleição, gastaram o que havia nos cofres e aumentaram a dívida, mas pouco de útil deixaram. As cidades precisam das grandes empresas e das pequenas que geram empregos, mas com as políticas adotadas, as multinacionais foram se transferindo para regiões mais favoráveis ao lucro e ao agigantamento econômico e de poder. A desequilibrada abertura comercial está acarretando aumento da precarização geral.

Agora, nesta fase de pandemia, as autoridades determinaram restrições ao comércio e serviços, e as consequências têm sido o fechamento de muitas pequenas empresas e perda de empregos. A coisa está parando. Andando por avenidas e rodovias ao redor de São Paulo, o que mais vemos são placas de aluga-se onde antes havia estabelecimentos industriais, de comércio e serviços. O comércio, em particular, se ressente porque com o fechamento das indústrias cai a renda e tudo vai se nivelando por baixo. Com a displicência nas contas públicas, as dívidas cresceram.

O padre Anchieta foi escolhido para fundar a cidade, que deveria ser fonte de paz e harmonia entre os seres humanos, em 25 de janeiro de 1554, como um ponto no mapa do Brasil para reunir os anseios daqueles que queriam o bem. Para cá afluíram pessoas de todas as raças e todos os credos que deveriam dar sua contribuição para que o Brasil se tornasse verdadeira Pátria de Luz. Como bem afirmou o escritor alemão Abdruschin: “O ser humano devia saber tudo que a Criação encerra para reconhecer as leis fundamentais nela atuantes, portadoras da Vontade de Deus, porque é somente com esse saber que o ser humano pode adaptar-se à maneira que Deus exige para um viver favorecedor alegrando tudo que o cerca, recebendo em reciprocidade ascensão e maturidade”.

O Brasil tem andado para trás na saúde, educação, desenvolvimento. Sem condição de competir com os importados, as indústrias fecham e o comércio se retrai. Qual é o plano? Vamos deixar o país continuar nessa rota de regressão, ou vamos construir uma nação que aproveita os seus recursos naturais para propiciar uma existência condigna aos que aqui vivem?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br