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EU SÓ POSSO IMAGINAR

Bart Millard (J. Michael Finley), vocalista de uma banda cristã, nasceu numa família desestruturada. Considerava seu pai Arthur (Dennis Quaid) um monstro porque ele não entendia o amor que sentia pela música. A relação entre ambos é o núcleo emocional do filme “Eu só posso imaginar”. No enredo, a mãe foi embora por não aguentar mais os maus tratos. Uma infância sofrida que tornou Bart descontente com a vida. Nada acontece por acaso. Por que Bart nasceu naquela família? Muitas almas estão aflitas buscando nova oportunidade para uma existência no mundo material, sendo atraídas pela igual espécie e pelos fios do destino que cada ser humano tece para si mesmo.

Uma nova vida, uma nova oportunidade para a criança e seus pais. E de fato para o pai foi uma oportunidade de reconhecer seu modo errado de viver. Conhecer o significado da vida e suas leis, evoluir, beneficiar, enobrecer são tarefas dos seres humanos que com displicência passam pela vida jogando fora o precioso tempo, e acabam saindo do corpo mais sobrecarregados do que quando chegaram para uma nova oportunidade. Bart teve uma visão espiritual do pai, que havia falecido, ao cantar Eu só posso imaginar (I can only imagine). “Procurai e Achareis o verdadeiro caminho para a Luz”.

BROOKLYN – SEM PAI NEM MÃE

O filme Brooklyn – Sem pai nem mãe conta a história de Lionel Essrog, interpretado por Edward Norton, que cresceu num orfanato e aprendeu muitas coisas com seu chefe, amigo e mentor Frank Minna, vivido por Bruce Willis, líder de uma agência de detetives que o empregou desde a adolescência. Minna foi assassinado por tentar extorquir dinheiro do magnata da construção Moses, interpretado por Alec Baldwin, em Nova York, nos anos 1950. Na trama, Lionel é um detetive particular e solitário, que possui a síndrome de Tourette, distúrbio que faz com que a pessoa perca o controle sobre suas falas e ações.

O cenário é convincente, mostrando as ruas e os automóveis como eram naquela época. O pano de fundo é o poder municipal na cidade de Nova York. A trama segura a atenção, mas há momentos que fica um pouco confusa. Tentando descobrir quem foi o responsável pela morte de Frank, Lionel conhece Laura Rose (Gugu Mbattha Raw), advogada ativista que saiu em defesa dos moradores de um bairro visado pela especulação imobiliária. No desvendamento da causa do assassinato de Frank a trama fica confusa e ocorrem algumas incoerências, mas mostra claramente como os homens podem se tornar implacáveis para conservar o poder em suas mãos.

Mose diz que, ao ter poder sobre as pessoas, tem como decidir sobre o destino das demais à sua volta, incluindo ou excluindo as que quiser, conforme lhe aprouver. Mas se alguém atrapalhar seus planos, não terá como ir adiante, pois será neutralizado, marginalizado e excluído, e se insistir, sofrerá punições mais pesadas.

Os acontecimentos mostram o confronto entre os seres humanos de raciocínio frio e calculista, quando se trata de obter ganhos e poder, em contraposição aos idealistas que almejam o aprimoramento da espécie humana com nobreza. Lionel não se deixa fisgar pela promessa de receber um montão de dólares para sair do caminho de Mose, demonstrando que tem vontade própria e determinação, coisa estranha para os homens do poder habituados a serem bajulados e obedecidos cegamente.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7