Posts

DEMOCRACIA EM CRISE

O sistema vigente apresentou grandes promessas no pós-guerra, mas em vez de seguir num padrão natural de vida, os seres humanos foram direcionados para as atraentes ilusões do mundo material, despertando inveja e cobiças, esquecendo-se de sua essência e da finalidade da vida onde o material é o acessório que assegura a conservação do corpo. Os propósitos enobrecedores foram sendo derrubados na busca por vantagens imediatistas. Tudo foi seguindo nessa direção visando dinheiro, poder, dominação, destruindo a esperança, chegando agora ao ponto de ruptura que causa danos devido à ausência de sustentação real.

Nos anos 1950, o mundo despertava após a sangrenta guerra. As novas gerações respeitavam e ouviam seus pais e avós, e se esforçavam para aprender. Logo vieram os filmes, as danças, a nova safra de artistas modelando as novas gerações. Por todos os lados surgiam festinhas que atraíam os jovens para danças e refrigerante com rum (o Cuba-libre), cigarros e a maconha mais oculta. As novas gerações foram afrouxando a disciplina. Agora a moda é o pancadão, mesmo em tempos de covid, mais incisivo ainda na tarefa de enfraquecer o país e a juventude, levando-os à atividade sexual sem responsabilidade.

Os humanos receberam o planeta Terra para que pudessem evoluir. Os diversos povos deveriam se desenvolver uns ao lado dos outros, em paz, se pautando em conformidade com as leis da vida e tendo a natureza como a grande provedora e concessora de benesses e riquezas. É bom que se exporte mercadorias, mesmo que seja minério de ferro, mas esperemos que este não venha a nos faltar no futuro. O dramático é o avanço da precarização decorrente do desequilíbrio entre os povos na produção, comércio, empregos, renda, consumo. Onde há recursos naturais a economia vai se tornando mais extrativista, perdendo sua diversidade e produção com maior valor agregado.

É longo o processo de imprevidência e irresponsabilidade que arruína um país. Geralmente segue diretrizes externas geoeconômicas, agravadas com disputas internas pelo poder. A geoeconomia é a disputa por recursos naturais e mercados. O Brasil já viveu várias crises de dívida externa desde o século 19. Agora está com elevada dívida em sua própria moeda, a arrecadação está caindo, mas os gastos aumentam. O fluxo de caixa está num gargalo com muitos vencimentos de títulos no curto prazo.

Nos anos 1980, os juros externos foram acima de 20% quebrando muitos países. O plano do presidente Fernando Henrique Cardoso mantinha fixo o preço para o dólar que nem os juros altos sustentaram. Especuladores fizeram a festa, a população pagou a conta com a estagnação da economia. A grande quebra que ameaça o Brasil está acontecendo na descapitalização do capital humano. Inundada por achincalhe e modelos inúteis, as novas gerações estão perdendo o bom senso, a agilidade mental e a esperança de futuro melhor.

Onde estão os belos e nobres sonhos? Foram-se dissipando? Por quê? Cada ano que passa representa um ciclo que se encerra, um tempo que se foi. Importa saber como esse tempo foi empregado, se para a renovação ou conservação dos velhos costumes afastados da Luz da Verdade. No entanto, o Ano Novo recria a oportunidade de renovação. Que os homens responsáveis pelas decisões do país se conscientizem de seu dever para com a pátria. Chega de atraso e corrupção.

Muitas crianças precisam aprender várias coisas além de ler e escrever. A escola tem de assumir essa tarefa porque muitas famílias estão desestruturadas. Para muitas crianças, a escola é a única oportunidade para aprender higiene pessoal, mental e ambiental, sobre como se alimentar, e de desenvolver bom senso, respeito, consideração e propósitos enobrecedores.

O grave problema do país são os gestores públicos no Executivo, Legislativo, Judiciário e estatais, que se julgam donos de tudo e que não precisam prestar contas a ninguém. Os gestores públicos e privados se deixavam levar pela mania de grandeza com pouca atenção para ver o que de fato está acontecendo. A covid-19 levou muitos deles a olhar para o essencial: para a sobrevivência ameaçada. Muitas coisas poderiam ter sido melhores. Para muitas pessoas e empresas é tarde demais dada a crise que travou tudo. Os grandes projetos não se ajustam à nova realidade; o que fazer?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

GERAÇÃO #

A grande questão da educação é que os pais já não se lembram mais por que nasceram na Terra nem qual é o significado da vida e suas leis. Assim, o viver vai se tornando uma chatice porque não há propósitos enobrecedores, não há rumos claros e os jovens se veem neste mundo onde a natureza está reagindo de forma drástica. Na economia, os empregos estão sumindo e os líderes não sabem o que fazer com a massa disponível e sem renda, as telas se apresentam como uma forma de ir mantendo a turma distraída e ir camuflando o problema.

Leia abaixo o importante artigo de Marcelo Rubens Paiva, publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 22.02.2020. (https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,geracao-,70003206227)

Geração #

Aos 6 anos, já pede de presente cartas Pokémon e um iPhone 11

Por: Marcelo Rubens Paiva*

Meu filho Joaquim, de 6 anos, me perguntou passeando pelas ruas do bairro, num domingo ensolarado: “Pai, por que as pessoas se cansam de viver?”. Acendeu um alerta máximo no meu cérebro. Parei, abracei, beijei sua testa muitas vezes e perguntei de onde ele tirou aquilo. “Ué, você que me disse.”

Pesquei as conversas recentes armazenadas na memória sem a fluidez da infância. Memória gasta como um sapato velho. Até me lembrar. É, eu tinha dito, quando ele comentou, semanas antes, que queria viver mil anos, e falei que viver muito era chato, que seria melhor descansar, que morrer é parte do processo, que todos morrem, e é bom, as pessoas se cansam de viver muito, ficam muito doentes quando envelhecem. Até 100 anos dá. Mais que isso, será que vale a pena?

Por que, de uma hora pra outra, ele trouxe o assunto à tona? Os pais de hoje, depois do casamento demoníaco da internet com o telefone, que deu nas redes sociais, que deu na confusão entre real e digital, na sedução hipnótica das telas que cabem no bolso, estamos em alerta máximo.

Ele afirma que quer um celular. Eu afirmo que só sobre o meu cadáver. Ele afirma que fulaninho e beltraninha têm. Eu afirmo que os pais Fulanão e Beltronona são dois imbecis, que não sabem o que é bom para os filhos, e trocaram a boa brincadeira, o livrinho infantil, pela opção fácil da babá digital smartphone.

Os pais de hoje vivem um estresse antecipado do como será o futuro da geração que nasceu millennial, depois de 1997, sob o signo das redes sociais, a Geração Z: 70% convivem com ansiedade e depressão, 55% com bullying virtual, 50% com vício de drogas, 45% com alcoolismo, 30% com gravidez na adolescência, enumerou a The Economist.

Casam-se mais tarde. Começam a vida sexual mais tarde. São menos ligados a comunidades religiosas. Ficam tempo demais em redes sociais. A metade deles já largou emprego por conta de doença mental, o familiar Burnout. São conclusões de um conglomerado de institutos de pesquisa e organismos: Organização Mundial da Saúde, Blue Cross Blue Shield Health Index, Mind Share Partners, SAP e Qualtrics.

De acordo com BDA – Morneau Shepell, um em cada cinco millennials sofria de depressão nos EUA em 2015. A OMC alertou em 2016: o suicídio é a segunda principal causa de morte de jovens americanos entre os 15 e os 29 anos. No Brasil, o suicídio é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos.

Competição no trabalho, a busca incessante pelo like, ansiedade, pânico, “fear of missing out” (Fomo), ou seja, medo de estar por fora, dificuldade de se tornar “adulting” (de crescer), são frutos de uma sociedade carente e hiperconectada; precisam ser aceitos, curtidos, incríveis.

Nas escolas que dizem formar futuros líderes e empreendedores, alunos ganham tablets na matrícula. Nas da minha bolha, tablets e celulares não entram. Estamos perdidos, sem dados, sem rumo. Logicamente, que as empresas mais ricas do mundo, envolvidas na hiperconexão, não nos dão respostas às dúvidas que as novas tecnologias suscitam.

Já ouvimos dizer que o vício pelo like, assim como as cores das telas, é como o de uma droga estimulante. Sabemos que bebida, cigarro, drogas na infância e adolescência devem ser banidos. Não sabemos nada sobre as quatro telas. Para piorar, estamos cercados por elas.

Não existem carreiras de cocaína ou um copo de uísque on the rocks em cada sala de espera de médico, hospitais, na mesinha da poltrona do avião, nos táxis, em bares e restaurantes, nos aeroportos, rodoviárias, trens e metrô. E em todos eles, é proibido fumar. Mas existem telas, são mágicas, sedutoras e liberadas. Na mão da maioria das pessoas sentada, um celular.

Como dizer a uma criança que aquilo faz mal. Elas estão nos bolsos de cada um, nas mãos, mesas, bolsas. Meu filho adquiriu uma habilidade “pickpocketiana” de afanar meu celular carregando, guardado, ou aparelhos de primos, babás, amigos, para mergulhar fascinado naquele universo em que ele é proibido de entrar.

Sabe operar como poucos, baixar o que quiser, e onde está o segredo. E já pede de presente cartas Pokémon e um iPhone 11. Se ignoramos, pede dinheiro, sabe o preço do aparelho e onde tem promoções. Estamos fritos. E eles, então…

* Marcelo Rubens Paiva é escritor, roteirista, dramaturgo, há anos trabalha na imprensa como cronista do mundo contemporâneo, de olhos atentos à política, cultura e neuroses urbanas. É colunista do caderno de Cultura do jornal O Estado de S.Paulo.

AS RAÍZES DO ATRASO

Na vida acelerada, os acontecimentos vão se sucedendo de forma rápida como um chamado de alerta, mas a humanidade se mantém parada enquanto as leis da Criação atuam permanentemente. A humanidade se distrai com a observação e análises das consequências criadas por ela mesma, sem investigar as causas. Na verdade, não há um corte com o passado, estamos vivendo o processo contínuo impulsionado pelas leis da Criação que trazem de volta o resultado produzido pela nossa forma de viver.

Os intelectuais de boa índole traçam o levantamento das questões aflitivas do presente e do futuro. Mas temos que perceber que, em geral, se revela o trabalho do intelecto que permanece restrito ao mundo material. Falta a sabedoria que decorre da boa visão das questões materiais, amparada pela amplitude da conexão espiritual que enxerga o mundo além das aparências. Oculta aos nossos olhos, trava-se intensa luta entre o bem o mal que não quer que as criaturas humanas se tornem verdadeiros seres humanos do bem, fazendo de tudo para mantê-los nos baixios da vida, na progressiva degradação, travando a continuada evolução da espécie.

O mal se foi infiltrando aos poucos, sempre usando artifícios atraentes, arrastando tudo para baixo, impedindo o surgimento de sentimentos intuitivos e pensamentos nobres. A tropa de elite do mal sempre procura se infiltrar na classe dos poderosos e de todos que exercem influência sobre as massas, dando força ao raciocínio frio e calculista. A humanidade não quer perceber o laço armado no seu próprio intelecto e vai afundando indolentemente, sentindo-se bem, sem querer ouvir a própria intuição que quer advertir, e que aos poucos vai perdendo a força e emudecendo. Não podemos permitir que a voz da intuição nobre se cale.

No deserto árido, vez ou outra encontramos uma florzinha aqui, outra ali. Da mesma forma, na aridez produzida pela humanidade, às vezes encontramos uma ação ditada pela intuição; são breves momentos em que ocorre a conexão espiritual, leve e graciosa, mas dura pouco, pois logo o intelecto se interpõe e desmancha tudo. O Rei Leão, um raro filme para crianças de todas as idades, caprichado pela Disney, mostra a bela natureza, o ciclo da vida. Mas os animais vivem por instinto e seguem, com fidelidade, as leis beneficiadoras da natureza, que são diferentes daquelas criadas pelos homens, que sufocam o coração e premeditam atos abomináveis para satisfazer a própria cobiça.

O reconhecimento do Brasil como país independente representou a transferência de uma dívida gigante com os banqueiros da Inglaterra em 1824. Em 1889, com o início da república de compadres, os novos dirigentes também se deixaram envolver por dívidas, e durante todo o século 20 o Brasil passou décadas pagando por elas, enquanto seus políticos faziam a festa deixando o país rumar para o abismo do atraso.

O Brasil perdeu o passo na industrialização. Depender só de commodities representa sério risco para o progresso de um país. É preciso considerar que desde o plano Real o combate à inflação se deu com câmbio valorizado para trazer importados mais baratos, o que exigiu juros elevados, e criou uma armadilha que levou a ex-presidente Dilma, para se reeleger, a incorrer em perdas no jogo com o mercado para segurar o dólar.

A globalização dos anos 1980 gerou perda de empregos e da cultura, que resultou no aumento da desigualdade e desarranjo ambiental, evidenciando as consequências da globalização que transferiu a produção para regiões de salários menores, e que passaram a produzir de tudo para exportar aproveitando o câmbio favorável, empregando todos os meios para escoar suas mercadorias. Mas os governos endividados estão travados e a economia não reage por não perceber oportunidades de produzir e lucrar; com isso, não se consegue deter o aumento da precarização geral.

Com o declínio da indústria, os gastos públicos disfarçaram o encolhimento do potencial de crescimento. Porém, muitos desses gastos foram inúteis e realizados com base na tomada de empréstimos a juros elevados. Atualmente ainda há saldo positivo na balança de pagamentos, decorrente da exportação de commodities, mas o déficit de empregos é cruel. O que fazer para gerar condições que permitam produzir mais, ter mais empregos, pagar salários, e ter algum ganho?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

UM ALENTO PARA A POPULAÇÃO

Na paradeira geral a questão é elementar. A economia capitalista se movimenta com a circulação do dinheiro. Salários, principalmente, auxílios governamentais e crédito movimentam as engrenagens, gerando consumo que incentiva a produção e cria empregos, mas quando se produz pouco mantendo o câmbio valorizado, os incentivos vão bater lá fora, naqueles que produzem para exportar. Tudo se movimenta, mas escoando divisas nas importações. Quando o incentivo cessa, tudo cai no marasmo porque a estrutura de produção foi sendo destruída a partir dos anos 1990. Nesta fase, com encalhe de manufaturados pelo mundo, a solução não é fácil, sendo mais simples apontar culpados para a baixa atividade e desemprego. Assim, muitos fazem demagogia e vão entregando as riquezas do país enquanto a miséria vai crescendo.

No mundo, houve uma redução no número de pessoas sem emprego, mas as condições de trabalho não melhoraram; algumas atividades, impulsionadas por novas tecnologias, ameaçam ampliar a precarização. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 3,3 bilhões de pessoas empregadas no mundo em 2018 estavam submetidas a intermináveis rotinas repetitivas sem níveis adequados de segurança econômica, bem-estar material ou oportunidades para avançar.

Quanto mais dinheiro se fabrica no mundo, mais ele se concentra. Em vez de investimentos benéficos, surgem bolhas na bolsa e em outros setores. O desemprego é apontado como a causa do aumento da desigualdade, mas quais são as causas? Agora surgem tentativas de recuperar o vigor do mercado interno, combalido pela queda na renda, baixando os juros. O mercado interno é importante por ser o espelho da economia, mas a população vai consumir o quê, se a produção é baixa, e para importar é necessário ter dólares?

Por que tantas pessoas ficaram submetidas à miséria? Agora estão cobrindo uns tirando o cobertor de outros, precarizando geral. Os países afundados na miséria, inclusive o Brasil, têm de análogo a baixa qualidade de seus gestores e o baixo nível de educação. Nigéria tem petróleo. Brasil tem muito mais, mas sua pobreza dói. Na briga pelo poder, semeia-se o caos e insatisfação, desorientam-se as massas para que permaneçam no comando os subservientes a interesses externos.

A desordem econômica é mundial, tendo sido gerada pela cobiça com ganhos de uns com as perdas de outros. A mão de obra barata foi um achado que todos quiseram desfrutar. Mas importar tudo pronto é suicídio econômico. Tardiamente, se percebe que sem produção não há geração e circulação de riqueza, tudo vai parando. O presidente Trump tenta reverter o quadro, e é criticado, mas não se indica o que deve ser feito para colocar a economia no equilíbrio natural.

O pânico se instalou na vizinha Argentina. O presidente Macri não conseguiu reverter o quadro de paradeira; a oposição se aproveita cutucando e influenciando os eleitores, e a crise se instala. Para tentar conter o dólar, o Banco Central da Argentina subiu os juros, de 63,7% para 74% ao ano. No Brasil, saímos da década perdida, mas enfrentamos tempos difíceis face ao desemprego e crise fiscal. Na economia como na vida não se pode viver de artifícios por mais engenhosos que possam ser.

O Banco Central nos informa que as reservas internacionais estão atualmente em torno de US$ 385 bilhões. Os ativos do Brasil em moeda estrangeira funcionam como uma espécie de garantia para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques externos, tais como crises cambiais e interrupções nos fluxos de capital para o país. Se essa reserva não estiver comprometida, uma pequena parte dela poderia ser utilizada em um amplo programa de obras úteis nesta fase intermediária da recuperação da economia, para reduzir o desemprego e dar um alento à população.

O Brasil sempre foi tido como país abençoado com povo amigo e respeitador, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos. Isso impõe alta dose de responsabilidade. Que seu povo e governantes atraiam a Luz do bem. Temos de deixar de ser país subdesenvolvido espiritual e materialmente. Temos de adquirir discernimento para seguir nosso destino. Para isso precisamos dar às novas gerações o adequado preparo para a vida, desde a primeira infância.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A RESPONSABILIDADE DE MÃES E PAIS

Há a percepção de que há algo errado na vida, mas não se conhece a causa, então aumentam o descontentamento, insatisfação, revolta e o estresse. O celular e suas conexões são a válvula de escape, mas que na verdade consomem a pouca energia existente. Faltam propósitos e força de vontade; o tempo vai escapando e as dificuldades aumentam. Característica marcante desta era é a baixa resiliência das novas gerações. Aliam-se a isso a enxurrada de negativismo que leva as pessoas a se preocuparem só com as dificuldades diárias, sem esforço para entender o significado da vida.

As novas gerações deveriam receber, como motivação básica, a necessidade de se esforçarem para construir um mundo melhor, com ética e responsabilidade. Seria isso demais? Mas os adultos têm coisas “ditas” mais importantes para se ocupar do que se relacionar com o próximo de forma construtiva e equilibrada e dar bons exemplos. Talvez temam que os jovens adquiram clareza e, descobrindo o sentido da vida, percebam as incoerências do sistema, passando a reivindicar mudanças que poderiam ferir privilégios consolidados há séculos.

Uma criança que foi protegida e teve, habitualmente, tudo o que quis, vai desenvolver em sua mente a presunção de sua importância sobre os demais. Assim, irá ignorar os esforços dos seus pais e presumirá que todos devem lhe dar ouvidos; e se vier a assumir cargo de comando, não terá empatia para com os subalternos e sempre encontrará culpados pelos insucessos sem se autoexaminar. Esse tipo de pessoa, que pode ter boa formação acadêmica, não consegue vivenciar os problemas reais e raramente sentirá contentamento, pois sempre tentará sugar as ideias dos outros, cobiçando tudo, e dessa forma será péssimo exemplo para os filhos.

Em Calcutá, na Índia, uma jovem de 21 anos homenageou seu pai levando-o por toda a cidade sentado no “rickshaw” – um transporte comum naquele país até hoje. O pai dela é condutor desse tipo de veículo, chegando a puxar duas ou três pessoas, no sol e na chuva, dia e noite para sustentar a família composta de esposa e três filhas que moram na favela. Essa menina estudou com ajuda de lamparinas e em escola e faculdade mantidas respectivamente pela prefeitura e pelo governo. Ela completou o segundo grau e a faculdade com notas mais altas e agora alcançou o primeiro lugar na prova mais cobiçada e difícil na Índia! Sonho de milhares e milhares, pois somente uma em cada 200 mil pessoas consegue entrar na lista de aprovadas para os Indian Administrative Services que treinam os administradores de todos os setores do governo. Essa menina tinha fé e estudou sozinha num quarto onde moram cinco pessoas, sem energia elétrica e sem recursos. Uma lição de humildade, trabalho, dedicação e determinação para todos nós!

As dificuldades aumentam, mas poucos se aventuram em buscar as causas. A vida não é só uma corrida atrás de dinheiro e comida. As novas gerações não veem mais pessoas procurando o sentido da vida e então nem pensam nisso. Vão adentrando na vida mecânica e em ansiedade e depressões quanto ao futuro, exaurindo-se no presente. O futuro da humanidade depende do bom preparo das novas gerações que começa desde quando são gerados por seus pais para se tornarem seres humanos de qualidade, benéficos ao planeta. No Brasil, faltam creches com cuidadoras bem preparadas e dedicadas, e escolas que ensinem as crianças a ler e escrever corretamente e a fazer contas elementares.

Sem saber ler direito, a pessoa é nada. Mas não podemos esquecer a responsabilidade dos pais e mães. No mundo, tudo se tornou uma questão de dinheiro e o desenvolvimento e aprimoramento da humanidade se tornou secundário. É preciso vontade forte para fortalecer o humano, o espírito. Pais e mães não estão conseguindo transmitir os valores da vida e de bom senso às novas gerações. Tudo está submetido a um sistema de comunicação de modelagem adequada para alcançar os fins definidos por uma elite materialista. Mas o ser humano é mais do que comida, dinheiro e prazeres. A vida não é só isso; o tempo é precioso e deve ser aproveitado para a evolução pessoal e espiritual.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

ESTAGNAÇÃO MUNDIAL

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

O planejamento de um país deveria considerar produção, exportação, consumo interno, importações como base das contas internas e externas e do orçamento público, buscando o equilíbrio. Com o advento do dinheiro-mercadoria, ou ativo especulativo, houve uma inversão e tudo ficou superficial, pois a variável cambial se tornou prioritária engessando tudo o mais. Banqueiros e governantes se envolveram numa simbiose de financiamentos, juros e resgates. Produção, consumo e qualidade de vida se tornaram secundários em relação à atração de capitais para cobrir os déficits continuados.

Pobre Brasil. O que fizeram seus governantes em todos os níveis permitindo a estagnação e declínio? Desalento e apreensões quanto ao futuro. Um país viciado em imposto para sustentar a máquina administrativa perdulária e ineficiente, e os juros sobre a dívida gerada para cobrir os déficits, isso tudo recai sobre a população que vai se acomodando ao circo, não se importando em ser ludibriada contanto que possa seguir sua vidinha acomodada nos prazeres e no pouco esforço para alcançar a melhora. Nos EUA os preços mantêm estabilidade e são inferiores aos praticados no Brasil, em grande parte devido à carga tributária melhor equilibrada.

O grande drama da economia e do que está acontecendo no país está na falta de preparo e de propósitos enobrecedores em todas as camadas sociais. O empresário teria uma política de preços não extorsivos. Pessoas que não se enquadrariam nos programas sociais não falseariam. Assim, muita gente agiria de forma adequada, contribuindo para coibir os abusos.

Qual será o destino deste país outrora tão esperançoso e risonho? O Brasil realmente precisa da união para o bem. Cai o emprego porque cai o consumo. Cai o consumo porque a renda cai. O que poderia impulsionar a atividade econômica sem os artificialismos criados pelos governos e pelas bolhas? No Brasil, a produção industrial está desestruturada; como poderia ser reativada? O que acarreta a paralisação da estrutura produtiva? As pessoas precisam consumir para sobreviver. Produzimos menos num país cujo consumo está abaixo das necessidades básicas.

Com a sintonização no “financeirismo” e a tolerância na corrupção, a economia perdeu o rumo. Com a deslocalização da estrutura produtiva países mais fechados ao livre cambismo deram impulso à produção para exportação. Estamos enrolados com o descontrole da dívida pública, câmbio, juros elevados, ingredientes que fazem farte da depressão que o mundo vive com seus desequilíbrios na produção, educação e finanças, embora a especulação corra solta e os gastos em armamentos continuem a todo vapor.

A partir dos anos 1990, como efeito da globalização, teve início a guinada da economia para a Ásia, para onde foram transferidos empregos e renda, e grande parte da produção destinada ao mercado externo. O grupo do G7 sente o baque; caem o PIB e o consumo. Em seu Twitter, o presidente Trump disse que o aquecimento global “foi criado por e para os chineses para tornar a indústria norte-americana menos competitiva”. Seria uma guerra comercial em andamento? Mas não foram as próprias corporações que promoveram a deslocalização por conveniências no custo da mão de obra, regulamentação ambiental flexível e câmbio favorável?

Há décadas a China vem buscando dar eficiência à máquina governamental, enquanto outros países como o Brasil detonaram-na, aumentando a dívida real, o despreparo da população e estagnando a infraestrutura. O sistema de pouca transparência do Banco Mundial e do FMI criou o capitalismo canibal. O bom preparo dos chineses e sua densa população teriam de levar seu país a subir de nível. Como outras potências, a China vai ao encontro do comando econômico-financeiro global como fizeram Inglaterra e Estados Unidos.

Há muitas coisas em flagrante oposição ao progresso da humanidade. Somos fruto de um majestoso desenvolvimento progressivo. No entanto, temos de respeitar limites naturais e não praticar ações nocivas a nós mesmos e à natureza, pois ficamos subordinados às consequências de nossos atos. O problema é que, ao longo da nossa evolução, levados pela cobiça, em vez de reconhecermos e observarmos os mecanismos das leis naturais da Criação, optamos pelo caminho destrutivo do imediatismo, pondo em risco as próprias condições necessárias para a vida. Quem sabe os chineses se voltem para o reconhecimento e pesquisa das leis do desenvolvimento da Criação para interromper o desequilíbrio na Terra.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”; “2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” e “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

PAZ ENTRE OS POVOS

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Quando grupos instalados no poder passam a agir em benefício próprio, destroem o equilíbrio da democracia, contaminando o governo que perde a eficiência e credibilidade. Consertar a atuação do governo é essencial para a sobrevivência da democracia. O Brasil perdeu a conexão com os seus ideais; falta uma linha de ação conjunta de longo prazo pelo bem e progresso; faltam líderes de qualidade que possibilitem o preparo e educação decente para humanizar a população que não pode continuar caminhando pela vida às cegas.

A ex-presidente Dilma, que puerilmente aumentou o fardo da dívida e tendia para o fortalecimento do autoritarismo governamental, acabou sendo deposta. Agora o presidente Temer, que vem atendendo aos reclamos do mercado, também está sendo desalojado; amanhã o mesmo poderá acontecer com seu substituto legal, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Tudo igual. Onde está o bom senso dessa gente que só quer tumultuar? A displicência e a cobiça pelo poder criaram esse cenário que vai piorando. O país precisa de um mínimo de serenidade, se é que deseja sair da situação vil em que se encontra.

O Estado foi se agigantando e se intrometendo na atividade econômica, passando a ser usual entre os governantes estabelecer orçamentos com gastos superiores às receitas, gerando déficits financiados no mercado financeiro. Mas com as alterações decorrentes da globalização econômica desequilibrada, as receitas tendem a decrescer, enquanto as despesas continuam crescendo, agravando a instabilidade. Enquanto políticos brigam pelo poder, 13, 8 milhões de pessoas precisam de emprego para aumentar o PIB e a arrecadação, antes que o país derreta.

Recentemente, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou: “Estamos conduzindo um amplo projeto de investimento em infraestrutura em todos os setores. Mas para isso temos de priorizar. Há dificuldade por falta de recursos públicos, por isso é importante evitar que alguns grandes projetos, que capturam a imaginação, sejam monopolizadores de todo ou grande parte do investimento público. Por isso a priorização é fundamental”. Basta lembrar a montanha de dinheiro enterrada em estádios de futebol de insignificante utilização e tantos outros investimentos infrutíferos.

Que fatores poderiam contribuir para inibir a recessão brasileira? Aí estão apontadas a reforma trabalhista e a tendência crítica das contas da previdência. Mas o governo precisa sair da letargia nefasta de olhar para a próxima eleição como a prioridade máxima da classe política. O governo precisa pensar em eficiência e abandonar as práticas autoritárias que prejudicam o país. Há ainda a dívida crescente a juros fora do padrão mundial. E quanto à política cambial? Os erros cometidos na valorização do real repercutem até hoje, tendo criado uma situação embaraçosa que só tem travado a economia. E a educação? Como o Brasil estará daqui a dez anos?

Enquanto o Brasil permanece estagnado em suas crises políticas e financeiras, os demais componentes dos BRICS estão avançando. O que significará o previsto avanço da economia da China em 2027? Para o gestor financeiro global, Jim O’Neill, a economia chinesa poderá se tornar maior que a dos Estados Unidos. As outras economias vão regredir, ou o avanço chinês terá por base o próprio mercado interno? E se o dólar sofrer grande desvalorização? E o Brasil, como estará em 2027? As novas gerações estarão dominando o idioma e a aritmética? E a economia? O que estaremos produzindo? A balança comercial e as contas internas e externas estarão em equilíbrio? Como estará o nível dos empregos, a dívida, a taxa de juros? A China poderá estar no topo, mas não deveremos cair no abismo.

A busca pelo poder e por vantagens aniquilou a ideia de que o progresso real requer o cultivo da paz e a consideração entre os povos. Mais do que confronto de civilizações, estão se desenrolando amplos embates nos subterrâneos entre as religiões místicas ou dogmáticas, a economia de livre mercado em democracias corruptas, o governo autoritário no capitalismo de Estado. A natureza e suas leis do desenvolvimento, lógicas e coerentes, deveriam formar a base para a atuação dos povos pacíficos, cada um com sua cultura e sem a pretensão de dominar com o propósito de obter vantagens.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

COMBATE À DECADÊNCIA

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Muito se fala em civilização e valores e nas conquistas realizadas, mas o que se vê é a continuada decadência da humanidade. As novas gerações foram conduzidas para uma nova forma de pensar com pouca esperança e pouca responsabilidade. Não há mais preocupação com a construção de melhor futuro nem com a compreensão do significado da vida. Precisamos saber por que estamos perdendo a capacidade de construir de forma beneficiadora.

Está faltando um grande estudo que aponte as causas reais e soluções para a regressão da humanidade em suas cidades decadentes e violentas. O grande recuo prossegue. Aprimoramento e a melhora das condições gerais vão sendo postergados devido a interesses imediatistas. Despreparo da população, ignorância, doenças e desnutrição formam o cenário em áreas comprometidas. Escassez de água potável, destruição de florestas e do solo, aquecimento global, desorganizaram a sustentabilidade antes que tivéssemos compreendido o significado da vida. Qual será o destino do planeta Terra?

Foram séculos de irresponsabilidade e descaso. A desesperança e a descrença no destino da humanidade crescem. Agora os frutos amargos estão sobre a mesa. O pavio está queimando faz tempo; é preciso cortá-lo antes que a bomba exploda e percamos o status de espécie especial na gestão do planeta e sua sustentabilidade.

A decadência moral e cultural se torna cada dia mais evidente. O espírito, a essência viva, não produziu os frutos que eram esperados. O aumento e a multiplicidade das tragédias já não espantam mais. Em vez de evoluir, permanecemos estagnados num nível muito abaixo de onde deveríamos estar, espalhando sofrimentos e miséria.

É desalentador o despreparo dos jovens. Educar é preparar para o trabalho e para a vida. Ler, escrever, perceber a magia dos números, constitui o básico. O ser humano precisa saber por que nasceu no planeta Terra, uma estrela que gravita num sistema, dotado de especiais condições com rios, mares, solo, ar, florestas; isso é fundamental para a formação de pessoas responsáveis que compreendam a vida, e cujos cérebros funcionem em conjunto com as almas, possibilitando trabalhar com mais eficiência. O que se poderia fazer para combater o ciclo de decadência na formação das novas gerações?

O rumo foi perdido porque não há esforço para entender a vida. Nascimento e morte, marcos fundamentais, são pouco compreendidos. Não há consciência da responsabilidade que envolve os pais e os filhos. As ásperas condições gerais no planeta decorrem do atraso espiritual da humanidade que deveria ter se esforçado na procura da Luz como prioridade. A globalização agravou o problema que já vinha desde a exploração colonialista e que colocou economias de diferentes estágios em confronto direto. Cada país deveria ter buscado internamente soluções equilibradas para que a sua população não tivesse que migrar para outros locais por falta de condições adequadas para a sobrevivência condigna. Michel Chassier, novo presidente da Frente Nacional na região Centre-Val de Loire (França) destacou: “Há concorrência desleal entre os países, o que desvaloriza os salários. Então é preciso encontrar o equilíbrio de aproveitar a integração comercial sem que ela represente um risco social”.

Com o aumento da incerteza econômica e social, crescem os movimentos de massa. Falta fazer uma pausa para refletir sobre a situação com objetividade e sinceridade na busca de soluções viáveis. Estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstram que há 201 milhões de desempregados no mundo, mas é bem maior a quantidade de pessoas em condição de pobreza extrema e sem ocupação.

Especialistas apontam o baixo crescimento da economia como a causa principal, mas não haveria outras formas de oferecer trabalho e renda? Há desequilíbrios que precisam ser encarados, para que possamos reconhecer que existem meios mais salutares para a utilização da mão de obra. No entanto, dada a estruturação da produção, há muitos interesses para que se mantenha a situação do jeito que está. No longo prazo, teremos consequências desagradáveis, embaraçando ainda mais a evolução dos seres humanos.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

O FUTURO DA DÍVIDA E DO PAÍS

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Nos países superpovoados, o que é humano vai perdendo valor. Não é certo que se pague salário quando não se produz nada, mas a produção de riqueza deveria ser distribuída com equilíbrio. Tudo se agrava com os encargos criados pelos governos para sustentar gastança e juros. Os seres humanos são desiguais entre si, mas todos têm a capacitação de se autoaprimorar ou se degradar, pois a livre resolução é inerente. O mundo necessita de pessoas capacitadas para encontrar soluções inovadoras para problemas complexos, isto é, pessoas que tenham a capacidade intuitiva em funcionamento, pois só ela possibilita a visão ampla, como se fosse em terceira dimensão.

A Internet e as redes sociais, como o Facebook, estão oferecendo novas e especiais oportunidades a todos os povos que podem ser bem aproveitadas. O que todos necessitam é ter a chance de se preparar para trabalhar de forma eficiente, e ter uma vida condigna, para que, com isso, se possa assegurar equidade na distribuição da riqueza ofertada pela natureza que acabou ficando concentrada em poucas mãos.

O Brasil precisa encontrar o seu rumo e dar oportunidades para a sua população; enquanto isso não for feito, as portas vão se abrindo para o populismo que se utiliza de todos os meios, quer galgar o poder e suas benesses, desfrutar da gorda arrecadação, dos empréstimos, das estatais, canalizando tudo para as contas pessoais para fazer frente às grandes corporações que ganham o que querem. No meio permanece a população sempre levando a pior.

A irresponsabilidade no trato do dinheiro público vai desequilibrando tudo. Quanto estão devendo Estados e prefeituras? Vendem o imposto adiantado, como vão pagar as contas? Assumir dívida com juros de R$ 540 bilhões no ano de 2016, somando com o previsto para 2017 chegaremos a R$ 1 trilhão em dois anos, não é uma coisa que vai além da imaginação? Enquanto a colossal dívida dos Estados Unidos de US$ 18 trilhões, a juros de 1% acarretaria um acréscimo de US$ 180 bilhões, o Brasil com dívida equivalente a US$ 1 trilhão (dólar a R$3,50) gerou encargo da ordem de U$ 155 bilhões. É fato que o Brasil não emite dólares, mas isso não justifica essa enorme disparidade.

No Brasil, a cotação do dólar é muito volátil: em janeiro de 2015 foi de R$2,50; em setembro de 2016, R$ 4,10; e em fevereiro de 2017 ficou em R$3,06. Qual é o efeito sobre a indústria, exportações e inflação? Além dos juros, a flutuação do real também é fator de entrada dos especulativos: entra na cotação alta para sair na valorização, levando muito mais dólares? Enfim, o que se observa é a grande desordem monetária e cambial global.

O jogo do dinheiro ainda poderá criar um pânico mundial com a dança das moedas que se desvalorizam correndo para as que se valorizam. Trata-se de um volume monumental que nada tem a ver com a produção e comércio de bens; é mero jogo financeiro de fuga de um lugar para outro, um dinheiro que vai e vem como enxame nesse mundo que abriu as portas para a livre circulação monetária, seja para investimento e produção ou pura especulação. Se houver perda de estabilidade das moedas, a qualquer momento poderemos ter a nova corrida do ouro causando pânico geral nos mercados.

Mais juros diminui a inflação, ou o contrário? Num país como o Brasil que gasta mais do que arrecada, que tem um ralo de dimensões gigantescas na corrupção, que não consegue equilibrar as contas internas nem as externas, que vai aumentando a dívida, os juros são uma parte ofensiva, e o grande nó é o crescimento da dívida, que com juros compostos elevados logo vai além do PIB. O problema, como já se tem dito, é o gasto descontrolado, a falta de atender ao que é prioritário. Então o que fazer para fortalecer o país para gerar empregos, estabilidade, crescimento compatível com as necessidades humanas, além do controle das contas? Soluções precisam ser encontradas. Que debatam os entendidos.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7