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O DECEPCIONANTE PREPARO DOS JOVENS

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

O orçamento público do Brasil tem se caracterizado por uma sucessão de déficits, que em 2018, segundo as estimativas, chegará a R$ 157 bilhões. Como planejar as contas internas e externas de forma que contribuam para gerar empregos e possibilitar o bom preparo da população? A grande questão é como dar equilíbrio e sustentabilidade à conta corrente do país com o exterior, sem ter de ficar eternamente dependente de financiamento externo. É fundamental cortar despesas supérfluas e investir em obras prioritárias com seriedade.

Como resultado do despreparo continuado a que as novas gerações foram submetidas, o Banco Mundial relata que embora as habilidades de brasileiros de 15 anos tenham melhorado, no ritmo atual de avanço, eles não atingirão a nota média dos países ricos em matemática por 75 anos. Em leitura, vai demorar mais de 260 anos. Não é só a matemática; é o todo. Faltam clareza, naturalidade e raciocínio lúcido. Aonde poderemos chegar?

A questão de despreparo continuado tem desvalorizado a população. As riquezas têm sido sugadas e transferidas em vez de reaplicadas na melhora das condições gerais de vida. Em vez de esperança na melhora através do trabalho, semeia-se insatisfação e ódio. A beleza e a riqueza natural estão sendo detonadas pela exploração predatória do campo e desenvolvimento caótico das cidades. Rios são transformados em dutos de esgoto e a água potável vai rareando enquanto o sistema desumano permanece inalterado.

O sistema é complexo, pois se há tantas coisas para serem feitas no Brasil, há inércia e nada é feito. Florestas e rios destruídos, rodovias arruinadas, cidades caóticas, moradias precárias, população sem adequado preparo para a vida e o trabalho. Qual a causa? O que deveria ser feito para sair da condição sub-humana?

Enquanto o preço da gasolina e energia elétrica vai subindo, a Petrobras deverá pagar aos investidores US$ 2,95 bilhões em três parcelas, que começarão a ser desembolsadas após a aprovação preliminar do juiz da Corte Federal de Nova York, onde corre a ação coletiva, o que certamente será repassado aos consumidores. Não bastassem as falcatruas, as jogadas como a da refinaria de Passadena, agora mais essa como consequência da gestão irresponsável e corrupta.

A situação mundial é complicada, resulta da ausência de um projeto geral de humanização da vida e da falta de responsabilidade para com o futuro, mas diante de tantos problemas, como as contas estouradas e os conflitos, importaria saber o que é bom para a humanidade. Globalização ou o que seria apropriado para restabelecer o equilíbrio geral entre os povos, entre os homens e a natureza? Como educar as novas gerações? A religião ainda tem algum papel a desempenhar?

Nos séculos passados, europeus navegavam em busca de ouro e mão de obra escrava para ampliar riqueza e poder. Hoje, o poder se reflete na posse de dólares e bens que possibilitem renda, e tudo continua sendo permitido como naqueles tempos para acumular riqueza. Mas o planeta reage e as massas indolentes, em vez de buscar o aprimoramento, vão acumulando insatisfação e ódio, uma bomba que algum dia vai explodir.

Já estamos enfrentando o desequilíbrio climático. Ondas de calor sem chuvas secam tudo. Massas frias congelam. Chuvas e vendavais atuam destrutivamente por onde passam. As causas disso ainda são desconhecidas. Fenômenos de tal magnitude que o homem tem de se submeter sem que possa modificar, pois, de fato, com sua unilateralidade provocou o desequilíbrio geral que atinge o planeta.

Da discussão nascia a luz. Bons tempos quando havia empenho em solucionar as questões humanas e perseguir a melhora continuada nas condições gerais de vida e no aprimoramento da humanidade. Isso aconteceu no passado. Hoje, as discussões se tornaram lutas para defender pontos de vista e conservar o poder; um falatório sem sinceridade. O grande atraso decorre do descaso continuado com a população. O preparo das novas gerações tem sido decepcionante, ficando bem abaixo do que era de se esperar. As novas gerações representam o futuro, e este deve ser programado com sabedoria e responsabilidade. A TV e a Internet, que se tornaram os meios de maior penetração, deveriam ser utilizadas nesse sentido.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7