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ENTRE FACAS E SEGREDOS (1 E 2)

O excelente filme Entre facas e segredos (Knives out) tem uma continuação em Glass Onion: Um Mistério Knives Out (Cebola de vidro: um mistério facas para fora). No primeiro filme o detetive Benoit Blanc (Daniel Craig) desvendou de forma extraordinária o mistério da morte do famoso escritor de histórias policiais Harlan Thrombey (Christopher Plummer), encontrado morto dentro de sua mansão, onde as regras eram dele, e toda a família tinha de obedecer. A delicadeza de Marta (Ana de Armas), a enfermeira do idoso, dá um toque especial, mas em meio à disputa pela vultuosa herança, Blanc não se deixa enganar por nenhum deles.

No segundo filme o gancho é uma caixa de madeira hermeticamente fechada, enviada aos convidados do bilionário Miles Bron (Edward Norton), dono de uma empresa de tecnologia e manipulador das mídias. Juntos eles formam um grupo disruptor que busca ações fora do padrão, mas entre eles está o famoso detetive Blanc que não sabe bem o que está fazendo ali, e todos são levados num iate para a reunião secreta numa ilha grega, onde fica a mansão de Miles. O anfitrião estranha a presença de Andi Brand (Janelle Monáe) que já tinha sido participante do grupo, mas havia se afastado, causando suspeitas com a sua presença. Blanc percebe que, no íntimo, cada um tem uma bronca secreta e ódio de Miles.

Em meio a muitos acontecimentos, alguns deprimentes, uma pessoa morre na sala, misteriosamente, e então o detetive começa a descascar a cebola. Nos filmes modernos os atores não dão tanta vida aos seus personagens como Danny DeVito ensinava em O nome do jogo, em que ele se transmutava no personagem com toda a naturalidade. O inteligente Blanc, com sua argúcia, vai desatando os nós, um por um, sem a colaboração dos convidados, e por não ter encontrado uma solução intuitiva para prender o assassino, intelectivamente acaba apelando para a ignorância: quer destruição e quebra-quebra. Seria uma insinuação do desmanche geral, o reset que dizem estar a caminho? Quem souber a resposta que a diga.

TOLERÂNCIA ZERO

“Tolerância Zero”, com roteiro e direção de Wych Kaosayananda, pelo que se vê no início poderia ser um bom filme de suspense, mas vai decaindo sem dar força para a história, embora conte com Scott Adkins como atração, que interpretou o lutador de prisão Boyka. Mas Adkins tem uma participação medíocre como Steven. O roteiro se concentra na morte da cobiçada Angel que tinha sido namorada de Steven. O pai dela, Johnny (Dustin Nguyen) sedento de vingança sai pelos ambientes deteriorados de Bangkok à procura dos autores e dos motivos do assassinato.

Percebe-se que a miséria se espalha pelo mundo, sem que se notem propósitos enobrecedores da vida. Prostituição e drogas vão sendo consumidos descaradamente, oferecendo falsos modelos de vida para as novas gerações. E na busca por culpados, o pai de Angel vai adentrando e arrasando no submundo onde pessoas sem alma se matam por dinheiro para se entregarem à sexualidade embrutecida. Depois de matar muita gente má, ele acaba descobrindo a verdade. Cada um recebe o que merece; é a lei da vida, mas Johnny deixou os parceiros de Angel sossegados, embora fossem seres humanos drogados e irresponsáveis que espalham o mal. Mais adequado seria chamá-los de seres humanos imprestáveis que perderam a condição humana.