8. Moisés

Com a decadência humana, a Grande Pirâmide acabou ficando esquecida. A mentira e a falsidade foram as armas empregadas pelos falsos sacerdotes.

Quefrem e Miquerinos se incumbiram de construir arremedos de pirâmides ao lado da Grande Pirâmide, para confundir ainda mais os seres humanos que se entregavam a indolência espiritual.

Decadência e ruína avançavam por toda a parte.

“Os seres humanos não precisavam se esforçar para satisfazer as suas necessidades cotidianas. Eles apenas tinham o trabalho de distribuir a abundância que lhes fora presenteada pela Luz. Enquanto eles se moviam na sábia atuação, que não desperdiçava nada, e que não deixava nada se estragar, e enquanto cuidavam e se utilizavam com amor de tudo que vive, sem explorá-lo, repousavam abundância, benção e alegria sobre todas as atividades.”

Eis que também sobre o Egito sobreveio a decadência:

“Cada vez mais os seres humanos se desviavam do caminho da vida para o da morte e tornavam-se cada vez mais orgulhosos e cobiçosos de poder. Homens subjugavam homens e faziam deles escravos! Aqueles que eram poderosos deixavam os outros trabalhar para si e extorquiam-lhes até a última gota de suor. Onde existiam lindas margens verdejantes e sussurrantes palmeiras, se estendiam desertos montes de areia.”

É no livro Aspectos do Antigo Egito, editado pela Ordem do Graal na Terra, que vamos encontrar a história de faraós que fizeram o povo galgar os degraus da evolução trazendo paz e felicidade a seu reino. Suas lutas e também o seu grande falhar estão aí retratados. Também a vida de Moisés, o escolhido que tirou os israelitas da escravidão egípcia, conduzindo-os através de longa caminhada, para longe da servidão. Moisés, confiante, sereno e justo, que tudo enfrentava em direção ao seu elevado objetivo: servir.

“Israel encontrava-se sob a tirania de um mais poderoso. Na escravidão, o povo sofria uma existência indigna de seres humanos. O sol causticante, qual hálito infernal, a mortificar os corpos ressequidos dos milhares que labutavam nos campos, era apenas parte dos tormentos que aquele povo sofria no trabalho insano e forçado; a par disso, o chicote do feitor flagelava sem poupança as costas desnudas e encurvadas.

O sibilar do chicote era o único som que alcançava os filhos de Israel, resignados e embrutecidos, enquanto davam andamento ao serviço. O chicote, que fazia moribundos estremecerem, que sabia martirizar todos que não se apressassem, era senhor absoluto de Israel. E tão cego quanto ele, era a mão que segurava esse simples instrumento.

Um homem havia, porém, que corporificava em si o Egito tão bem conhecido de Israel. Cruel, impiedoso e inexorável! Esse homem era o faraó! O rebaixamento de Israel à escravidão expressava sua vontade. Queria aniquilar aos poucos aquele povo, pois ocupava demasiado lugar! Obrigava os israelitas a coabitarem em ambientes restritos, míseras cabanas que encurralavam as pessoas em promiscuidade e ar viciado. Deviam nelas sufocar-se, mas resistiam. Os homens eram obrigados a trabalhos forçados, sempre com o chicote a maltratá-los. Inúmeros morriam, abatidos pelo jugo insuportável; a maioria, porém, era pertinaz. Israel multiplicava-se perigosamente, tornando-se um crescente perigo para o faraó. Amadureceu então na mente daquele homem um novo flagelo: a execução de todos os recém-nascidos do sexo masculino!”

Juricheo, a filha do faraó tomou sob sua proteção o pequeno Moisés deixado pela irmã, Miriam, em uma cesta colocada nas águas em meio aos juncos. Moisés recebeu carinho maternal, tendo recebido a melhor educação e mais tarde ficou sabendo sobre a sua origem pela própria Juricheo.

Moisés libertou o seu povo e também recebeu os Dez Mandamentos de Deus como um presente à humanidade, “pois já fora observado pela Luz como os seres humanos se transviaram. Por isso, Deus, qual cuidadoso educador, indicou-lhes o caminho que o conduzirá a existência eterna no reino luminoso do espírito, portanto à sua felicidade. Ao passo que a inobservância terá que conduzir desgraça e aniquilamento para as criaturas humanas! Exatamente por essa razão não é, propriamente certo falar em mandamentos. Tratam-se antes de conselhos muito bem-intencionados e da indicação do caminho certo através da matéria, cujo conhecimento constituiu anseio dos próprios espíritos humanos. Mas até mesmo esse pensamento tão bonito não produz efeito no ser humano. Aferrou-se literal e demasiadamente a suas próprias idéias e nada mais deseja ver ou ouvir, além daquilo que condiz com os conceitos que para si mesmo criou em seu limitado saber terreno.”

Isso tem tudo a ver com o atual clima de insatisfação e revolta que vai ganhando terreno entre os seres humanos que já demonstram impaciência com tudo e irritação com qualquer dificuldade, visto que a vida se vai complicando crescentemente. Tudo fica cada vez mais difícil de resolver porque a simplicidade natural foi abandonada e tudo ficou desumano. Uma sociedade desumana perdeu o rumo, isto é, perdeu os atributos que lhe são inerentes, suas atitudes não se enquadram mais como atitudes próprias de “seres humanos”, dado o embrutecimento. Não reconhecendo mais o significado da vida, caminhará fatalmente para as sombras dos abismos.

Os seres humanos acham que as recomendações contidas nos Mandamentos são coisas para crianças, eles mesmos acham que têm coisas mais sérias com que se ocupar. Com o correr do tempo o próprio sentido das recomendações foi sendo desfigurado e erroneamente interpretado.

Os Dez Mandamentos, explicados por Abdruschin, é leitura obrigatória para quantos quiserem com seriedade, reencontrar o real significado do presente por Deus ofertado aos seres humanos, para que construíssem um mundo de paz e felicidades.