16. Tempos de Juízo Final

A expressão Juízo Final desperta desde logo um sentimento de aversão na maioria dos seres humanos, desconhecedores que são do funcionamento da Criação. Não entendem e nem querem entender o significado desta época em que os acontecimentos graves se sucedem velozmente.

A fim de propiciar uma compreensão mais apropriada transcrevo texto de O Livro do Juízo Final, de Roselis Von Sass:

“Por que a Humanidade tem de sofrer um Juízo?

Por quê?… Porque a criatura humana, apesar de sua livre vontade, permanece ligada à lei da Criação que diz que cada um deve colher aquilo que semeou. Em outras palavras: cada um pode proceder conforme desejar; as consequências, porém, correspondentes à sua vontade original, retornam a ele. No bom ou no mau sentido! Pois tudo o que uma pessoa pensa ou faz continua a viver…

O Juízo Final! Mesmo este, o próprio ser humano criou! Ele colocou para isso o germe, quando começou a pecar contra o espírito; com isso, bloqueou para si próprio o mundo luminoso.

Muito distante está o tempo em que isso aconteceu. Aproximadamente um milhão de anos decorreram desde então… Todo o mal teve início com este pecado. Ele foi a causa de todo o sofrimento posterior da humanidade, e foi também ele que colocou o germe para o Juízo Final, que está descrito na Bíblia com todos os seus horrores.

A maior parte dos seres humanos, principalmente os cristãos, rejeitarão indignados a afirmação de que eles pecaram contra o espírito. E quem poderia provar que este suposto pecado seria o causador de todos os males da humanidade? E o que, aliás, se deve entender a respeito deste pecado?

O pecado contra o espírito!…

O ser humano compõe-se de espírito, alma e corpo terreno. O espírito, devido à sua constituição mais leve, possuía ligação com os mundos luminosos e com outros espíritos mais elevados. Ele atuava orientando na Terra, guiava os destinos de cada um, bem como os de povos inteiros. A alma é apenas um invólucro do espírito. Ela é como a polpa da fruta que envolve o caroço. O corpo terreno com o seu cérebro e raciocínio é a casca exterior ou o invólucro da alma e do espírito.

O espírito guiava e influenciava todos os atos do ser humano que vive no pesado corpo terreno. E isso sempre no sentido da vontade de Deus! O raciocínio ligado à matéria era o instrumento que executava as ordens do espírito, pondo-as em prática na Terra, no sentido correto. Enquanto assim acontecia, havia somente felicidade e alegria na Terra, paradisiacamente bela, e todos os entes da natureza eram amigos da criatura humana.

De que modo se compreende que o espírito atuava predominantemente? Como isso se manifestava? E como o ser humano podia distinguir o querer e as determinações de seu espírito das considerações do raciocínio?

O espírito manifestava-se através da assim chamada voz interior, a intuição. Ela é a expressão do espírito. E, quando a criatura humana ainda não havia caído no pecado, essa voz era eficaz e forte; portanto, não havia como ficar despercebida. E enquanto o raciocínio estava submetido ao espírito, todo o aparelho gerador dos pensamentos trabalhava de maneira muito diferente do que ocorre atualmente.

Durante longos períodos os seres humanos se deixaram guiar pela voz interior, a voz dos seus espíritos, e suas ações e obras eram benquistas por Deus!

Foi então que chegou o dia em que os seres humanos se tornaram orgulhosos, sentindo-se grandes e fortes, tão fortes que acreditaram não mais necessitar da direção do espírito. A voz interior tornou-se-lhes incômoda. Daí por diante se deixaram guiar pelo seu raciocínio.

E eles deixaram-se guiar! O raciocínio, que conforme a vontade de Deus devia ser apenas um instrumento, portanto um servo do espírito, tornou-se o dominador exclusivo!

Cortadas da influência da luz, as criaturas humanas desenvolveram todas as propriedades negativas existentes. Começaram a mentir, a enganar e a cobiçar os bens do seu próximo, e julgaram-se inteligentes e espertas porque abafavam a voz de seus espíritos.

A voz de seus espíritos, porém, permaneceu ainda muito tempo tão forte, que não podia passar despercebida. Ela advertia e exortava… e fazia-se ouvir mais alto que todos os pensamentos:

‘Vosso pensar está errado! Trazeis aflição e destruição ao mundo! A um mundo que não vos pertence! Violais a propriedade de Deus!’.

Depois a voz interior começou a enfraquecer. Ela não mais sobrepujava os pensamentos formados pelo raciocínio preso à Terra. Ela enfraquecia mais e mais, pois, devido ao contínuo repelir dessa voz, formou-se uma espécie de parede que, qual um cárcere, cercou o espírito.

A criatura humana agora estava livre para de maneira suicida entregar-se a todas as baixas cobiças. Logo reinaram a desconfiança, a inveja, o ódio e a hostilidade sobre a Terra. E os germes dos maus atos que começaram a brotar regados com sangue.

A separação da direção da luz desejada por Deus não se realizou de um dia para o outro. Longas épocas se passaram, até que toda a humanidade tivesse sido abrangida pelo mal fundamental, que, como uma doença contagiosa, foi transmitido de um para outro.

Os seres humanos faleciam depois de uma determinada idade e encarnavam-se, após uma permanência no além, novamente na Terra. O seu mau pensar e o atuar afastado da luz, porém, não morriam. Acompanhavam-nos no além, pois estavam aderidos às suas almas, formando o carma que, por sua vez, se manifestava de alguma maneira em cada nova encarnação terrena.

A voz do espírito fora silenciada. O que restou foi um desagradável e persistente sentimento de culpa. Deste sentimento de culpa nasceu o medo. E deste medo surgiram após algum tempo toda a sorte de superstições, as falsas doutrinas, as falsas doutrinas religiosas com suas maléficas, e até mesmo cruéis, práticas religiosas e cultos idólatras.

Alguns pensarão que se trata de povos que viveram na Terra durante a época babilônica, quando se fala de falsos ou cruéis cultos.

Não, os falsos e cruéis cultos religiosos começaram muito tempo antes de a Babilônia ter sido construída pela primeira vez.

A primeira e mais importante fase prevista para o desenvolvimento dos seres humanos passou. Belas e sadias criaturas humanas deveriam agora povoar a Terra. Criaturas cujos rostos refletissem beleza e maturidade espiritual, e cujas obras e ações dessem testemunho da eterna onipotência e amor de Deus. Assim teria sido, se a ligação com a luz não tivesse sido interrompida.

Devido a essa separação, nada se realizou da maneira prevista pela vontade de Deus. Ignorante, bronca e convencida, precipita-se a criatura humana através de sua existência. Cheia de pecados, atormentada pelo medo e estreitada por dogmas e mesquinhas doutrinas religiosas, assim está ela, agora, diante de seu Criador.

O raciocínio, que já há muito é influenciado pelos reinos das trevas, desenvolveu-se como um tirano. Ele tornou-se uma máquina de pensar, que trabalha e forma ininterruptamente. De bom grado as criaturas humanas libertar-se-iam das inúmeras configurações de pensamentos que elas próprias criaram, e que agora sobrecarregam excessivamente seu cérebro.

E a voz interior! A voz do espírito encarcerado! Existem, hoje, somente poucas pessoas que sabem da voz interior e que por ela se deixam guiar. E essas poucas, que podem ser denominadas de abençoadas, não perguntarão por que a humanidade tem de sofrer um pavoroso Juízo.

Talvez elas se perguntem se a culpa que a humanidade com sua criminosa presunção atraiu para si ainda poderá ser expiada.”

Os seres humanos não podem continuar enfiando a cabeça na areia para não enxergar o que se passa à nossa volta. Basta abrir os jornais, ou ver os telejornais para que sejam vistas as mais abjetas atitudes de violência, e as mais dramáticas ocorrências que fazem doer o estômago e surgir a indagação: Como seres humanos podem agir dessa forma tão embrutecida e desalmada?

As catástrofes naturais também demonstram a insignificância e a fragilidade das estruturas humanas ante à força da natureza.

Está tudo a vista, basta abrir os olhos e ver.