O SOFRIMENTO DE JESUS
(14/04/2004)

José Guimarães Duque Filho

imagem

Jesus veio à Terra para trazer a Palavra do Pai, Sua Vontade, da qual a maioria dos seres humanos já não tinha condições de voltar a reconhecer. Sua Sagrada e Verdadeira missão, ensinar à humanidade as Leis que governam a Criação de Seu Pai, de forma a que os espíritos humanos pudessem voltar a se desenvolver, não foi devidamente reconhecida e/ou propositadamente deixada de lado. Sua missão foi desfigurada, para enganar a maioria dos seres humanos, crentes de que sua morte na cruz redimiu as culpas dos espíritos humanos.

A Vontade do Criador é Perfeita, Justa e Incorruptível. Ela está expressa nas Leis que governam a Criação ou Leis da Natureza. Os seres humanos só podem desenvolver-se espiritualmente, quando por livre e própria vontade aceitarem e agirem de acordo com estas Leis.

Já no tempo de Moisés, a maioria da humanidade estava estagnada em espírito. Mentiras, escravidão, falsos cultos, guerras, e muito mais que há de pensamentos e atitudes ruins dominavam nos povos desta época. O povo judeu, cativo no Egito, gemia desesperançado a escravidão que tinha de suportar do Faraó. Suas lamentações trouxeram-lhes auxílios do Criador, pois uma parte ainda mantinha a crença no Criador Único. A ajuda que Moisés e o povo judeu receberam do Criador, salvou-os do cativeiro. Depois de receber os Dez Mandamentos, Moisés sentiu o lamentável estado de idolatria que o povo havia aceitado. Apesar da imensa proteção recebida, parte daqueles seres humanos traiu sua crença ao fundir e adorar o bezerro de ouro. Pacientemente e com a ajuda do Alto, Moisés começou de novo a formar a base espiritual do povo durante quarenta anos.

Profetizado por Isaías, Jesus ensinou-nos a respeitar todas as Leis. Não somente as terrenas, mas, principalmente as Divinas Leis que atuam na Criação, Leis essas que são perfeitas, pois emanaram da Perfeição, que não admite arbitrariedades, pois se as admitisse, não seriam perfeitas. Ao dizer que amássemos nosso próximo como a nós mesmos, mostrava o funcionamento da Lei da Reciprocidade, pois ao observarmos a natureza, verificamos que de uma plantada semente de algodão, nunca se desenvolverá uma árvore de caju. Pensamentos, falas e atitudes são sementes e têm que obedecer à mesma Lei. Assim, o livre arbítrio do ser humano traz-lhe as consequências de sua atuação. O livre arbítrio proporciona a cada um uma primeira livre escolha sobre determinado assunto. Após a decisão, o ser humano fica atado às consequências desta escolha. Se a escolha for de paz, de alegria, de bondade, de amor, o retorno será da mesma espécie, trazendo abundantes frutos de paz, de alegria, de bondade, de amor, de boas coisas que enriquecem o espírito. Porém se a escolha for ruim, as consequências serão abundantemente piores. Se fosse diferente não haveria perfeição e justiça plena na Lei.

Jesus sofreu muito, muito mais que qualquer ser humano, pois além de inocente, ainda pretende-se que ele carregue as culpas da humanidade, desobedecendo às Leis Perfeitas do Pai. Culpa nunca poderá ser transferida para outro. Se pudesse, a Lei não seria perfeita. Quem tem coração (espírito ativo) não aceita esta redenção dos pecados, pois sente com a intuição (voz do espírito) que a transferência das culpas da humanidade para Jesus é injusta e arbitrária. Os sofrimentos e a morte na cruz não podem e nem devem substituir sua verdadeira missão de trazer a Luz e a Verdade.

Nestes últimos dois milênios, a crença errada de que a humanidade foi perdoada de seus erros pela morte de Jesus, amarrou o desenvolvimento espiritual, e lançou na escuridão as esperanças e o livre arbítrio de milhões. O mundo áspero em que vivemos não melhorou nesse intervalo de tempo, exceto a tecnologia, presa à Terra e sem valor em termos espirituais.

Jesus, uma parte de Deus-Pai que encarnou na Terra para reconduzir os seres humanos aos caminhos de paz, verdadeira alegria e desenvolvimento espiritual, como é de ser esperado, jamais poderia remir com sua morte os erros da humanidade, pois a Lei Perfeita de seu Pai não o permitiria.

Como a esperança é a última que morre, de acordo com os ensinamentos de Jesus, devemos usar nossa sua voz interior, nossa intuição, enxergar a lógica perfeita das Leis e despertar para vida nova.

Este artigo baseia-se no Livro "Na luz da verdade", Mensagem do Graal, de Abdruschin, editado pela Ordem do Graal na Terra.