CRIATIVIDADE E INTUIÇÃO
(29/04/2004)

Nelson Wagner

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Nos dias atuais é comum o uso de várias técnicas para estimular a geração de idéias. Há pouco fiz um curso sobre Pensamento Criativo e Inovativo. Todas as informações que me foram apresentadas neste curso, bem como em outros que tive a oportunidade de participar, focam o cérebro como o "criador" das idéias.

Alguns destes cursos sugerem que as pessoas têm algumas partes do cérebro mais ativas que outras, o que segundo as teorias vigentes é a causa principal de pessoas pensarem de forma diferente. Por exemplo pessoas com predominância de uso da parte frontal esquerda do cérebro seriam analíticas. Pessoas com a parte direita posterior mais ativa estariam em maior contato com seus sentimentos. Já a parte frontal direita em maior atividade, relaciona-se com pessoas mais inovadoras, e a parte esquerda posterior, pessoasdetalhistas, planejadoras e conservadoras.

Entretanto, acredito que com isso deixamos de lado o principal. Pelo que percebo em todo o lugar a ser humano continua vendo os efeitos mais externos das coisas, e tenta colocar a origem dos efeitos dentro da nossa capacidade restrita de percepção da Criação. Está na hora de darmos um passo adiante e tentarmos compreender um pouco melhor como este e outros processos funcionam na realidade.

A primeira pergunta que deve ser feita é: as idéias são realmente criadas pelo cérebro? O cérebro é nossa ferramenta mais aguçada dentro da matéria grosseira, mas nem por isso devemos atribuir-lhe a capacidade de "criar", afinal já é conhecimento público que nada se cria, tudo se transforma. Então por que aqui seria diferente?

E o que acontece na realidade é que tudo realmente já existe, está lá para utilizarmos, para montarmos, para juntar e separar, para fundir em novas formas. Mas lá onde?

Quando pensamos algo nem sempre expressamos esse pensamento em palavras e mais raramente ainda em ações. Sim, o pensamento é mais leve e mais rápido que a palavra que, por sua vez, é mais leve e mais rápida que a ação. Agora comparemos isso com a matéria. A matéria grosseira, tudo que podemos perceber com nossos cinco sentidos seja com ajuda de equipamentos ou não, é apenas uma pequena parte da criação e uma gradação da matéria. Materia esta que também é composta de gradações mais finas que não podemos perceber com nossos sentidos materiais. Daí o uso da inspiração e da intuição.

Voltemos agora à geração de idéias. Pelo que entendo podemos nos utilizar de algumas das gradações da matéria onde as idéias ou conceitos estão a nossa disposição. A primeira é a parte da matéria onde achamos os pensamentos. Todos os pensamentos tomam forma material, não da mesma matéria grosseira que conhecemos mas de uma gradação mais fina. Estes pensamentos estão "organizados" porque estão sujeitos às Leis da Criação, entre elas a da igual espécie, da gravidade e da reciprocidade. A lei da igual espécie indica que espécies iguais se atraem e isso é reforçado pela lei da gravidade, que indica que espécies mais densas ou pesadas afundam mais que espécies mais leves, assim espécies iguais têm de se concentrar no mesmo local da Criação se não estiverem impedidos por uma forma mais densa, às quais podem estar ligadas temporariamente.

Uma vez que nos concentramos em uma forma de pensamento criamos uma ligação com pensamentos de igual espécie, o que reforça ou alimenta o nosso pensamento original. As diferentes combinações destas múltiplas formas de pensamentos podem formar novos pensamentos, ou no caso do foco deste texto, idéias.

Não é difícil de entendermos agora como funcionam os exercícios de "brainstorm". Brainstorms são aqueles exercícios em que pessoas se juntam para gerar idéias, cada um vai "gerando" o maior número de idéias possíveis, assim idéias vão sendo construídas em cima de outras. Se por um instante pudéssemos ver a atividade das formas de pensamentos em uma destas sessões ficaríamos surpresos com o tamanho da atividade da qual o cérebro só acaba captando pequena parte. Uma das pessoas devido ao seu pensar forma algo que é captado por outra pessoa nesta reunião, esta outra pessoa interage esta forma com uma ou mais formas previamente pensadas e assim por diante com todas as variações de formas que vão sendo atraidas pela igual espécie.

Mas mesmo os pensamentos não são a origem das idéias, pois eles também precisam ter sua inspiração em algo. Todas as grandes invenções já feitas ou melhor "descobertas" e as ainda por vir, têm sua origem em uma outra gradação da matéria onde mãos laboriosas formam os conceitos ou modelos para "nossas" invenções, segundo indicações recebidas de planos ainda mais leves e elevados.

Assim, os seres enteais, os reais construtores na Criação, são os que formam os conceitos ou modelos em uma das gradações mais finas da matéria de onde os grandes inventores puderam receber, através da intuição, as idéias para seus inventos.

Quantas vezes, na nossa história não foram feitas invenções semelhantes e quase ao mesmo tempo em lugares totalmente diferentes sem contato grosseiro material algum? A escrita, o papel, a roda, até mesmo o avião. E quantas outras invenções não surgiram de sonhos?

Claro que mais uma vez, a vaidade e a autoavaliação da maioria de nós, pode impedir uma visão clara de que na realidade só podemos formar grandes idéias e invenções se recebermos humildemente o que o Criador nos oferece para nosso uso. E uma vez que isso seja feito ainda temos que atentar para utilizarmos as mesmas dentro das leis da Criação, pois como a lei da reciprocidade nos mostra, tudo que plantarmos iremos colher de maneira multiplicada e na mesma espécie.

Este artigo baseia-se no Livro "Na luz da verdade", Mensagem do Graal, de Abdruschin, editado pela Ordem do Graal na Terra.