A VOZ DO ESPÍRITO
(10/04/2006)

José Inácio da Silva

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Que os seres humanos tivessem a coragem de encarar a realidade com o anseio e o saber que lhe exige a Luz da Verdade e teriam de chegar mais perto do reconhecimento dos seus erros e presunção, e, desta feita, ainda teriam a possibilidade de mudar muita coisa no tempo que lhes resta.

Reflete ser humano…! Viver a justiça em seu correto sentido e perfeição é dever sagrado de toda criatura, e onde isso não ocorrer tudo tem de se desmoronar, pois é por meio das leis perfeitas da Vontade de Deus, e de sua justiça também perfeita, que tudo existe, vive e se move; é só mediante o perfeito equilíbrio e a ordem existente decorrente daí que tudo se mantém realmente.

Porém é justamente na aplicação da justiça terrena, mediante essas leis, que o ser humano comete os maiores absurdos, como espelho das suas próprias fraquezas.

O que então esperar mais? Enquanto o ser humano não se decidir de maneira séria a se consertar, tudo aí só tem a piorar a cada dia.

Não só nas suas leis e na aplicação da sua justiça, mas em tudo mais o saber do ser humano se encontra por demais restrito e falho, e sempre, como ocorre em tudo mais também, a causa se deve a ele ter se tornado escravo do seu raciocínio e com isso ter perdido a sua liberdade, com o acorrentamento do seu espírito, o que logo teve de lhe acarretar, como a pior das consequências, o seu desligamento da Luz, da fonte do saber e da verdade.

O espírito humano não tem mais uma visão ampla e real da existência, ele nem mesmo tem mais serenidade, sinceridade, simplicidade, seriedade e humildade bastante, em razão das suas faculdades características do seu espírito, que lhe são inerentes, estarem agora adormecidas, soterradas mesmo.

Antes do ser humano ter iniciado no erro, havia um equilíbrio harmônico entre as atividades do seu espírito e as do seu raciocínio. Com os princípios errados estabelecidos por Lúcifer para os seres humanos, estes deram atividade exagerada ao raciocínio, e este, por sua vez, teve de se tornar o senhor do comando sobre a intuição do espírito, por isso o espírito teve as suas atividades restringidas, atadas, sufocadas, soterradas e mortas, pode assim se dizer, e isso mesmo é a representação figurada do Caim (o raciocínio) matando Abel (a intuição).

Ora, com a voz do espírito (a intuição) apagada, a consequência foi se estabelecer aí, como consequência, a limitação da visão e compreensão do espírito humano, no tocante à realidade da vida e da existência, que está para além e acima dos planos de tudo que é matéria.

Antes que isso se desse o ser humano tinha uma ligação familiar e sem restrição com o mundo do além, invisível aos olhos terreno; mas o raciocínio cego foi restringindo a visão do espírito para esse contato com o invisível ao seu redor e mais além, como se colocando um muro ou venda intransponível para a visão, que o deixou limitado e restringido a um pequeno espaço apenas da existência, e o mais ínfimo – a matéria – impedindo realmente a sua visão mais penetrante e abrangente da realidade. Hoje são poucas as pessoas que ainda tem essa capacitação, e que, na maior parte, são chamadas videntes ou sensitivas, porém a grande parte tem a capacidade, o dom, mas não tem mais o saber, visto o saber não ser uma medida de capacidade, mas do nível e liberdade.

O espírito humano que tem por base a sua evolução inicial a matéria, poderia já aqui viver a plena harmonia e paz como lhe exige a Luz, todavia, foi a atividade exagerada que ele deu ao seu raciocínio, que o impediu de tudo isso, por causa do erro que aí se estabeleceu.

Da obra: “O PORTAL PARA A VERDADE E O INFINITO SABER”