POR UMA MUDANÇA NA CULTURA
(18/04/2009)

Ivaldo Miranda Feitosa

Tudo o que se fizer para melhorar a situação atual é importante. Somente uma coisa não é aceitável: nada fazer.

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Chegamos a uma situação de tamanha gravidade e caos social, que temos a certeza de que nenhum cidadão de bem neste país pode deixar de fazer alguma coisa no sentido de, aos poucos, alterar-se o quadro. É muito importante que estes, além de abraçarem a idéia de forma forte, contribuam incrementando, sugerindo outras no sentido que a atuação seja ampliada e acima de tudo trabalhando para incrementá-la.

FATOS INQUESTIONÁVEIS:

A pergunta que fazemos é: Como o consumismo conseguirá anestesiar a todos, para que não seja ligada a sirene de alarme?

Isto nos faz pensar que: “Se contra fatos não há argumentos”, é porque realmente chegamos ao fundo do poço. Pois passaríamos dias e mais dias aqui dissertando sobre tantas situações absurdas semelhante aos fatos supracitados. Então não dá para dizer que não é gravíssima a situação.

Será que podemos pensar assim:

Claro que NÃO, já que assim não haverá futuro, nem para nós e muito menos para as próximas gerações.

Por que não vemos?

VAMOS FAZER:

Acredite de verdade, se formos de pessoa em pessoa, de entidades em entidades, mostrando que podemos fazer alguma coisa, com certeza iremos fazer uma corrente positiva que, aos poucos, atravessará fronteiras. Necessário se faz que também existam correntes positivas!

A grandeza que o homem conseguiu em avanços tecnológicos é maior do que nossa cabeça poderia imaginar. Mas esta imensidão de poder poderia ser intensamente utilizada para o bem-estar dos homens. Então por que não iniciar agora o processo de adequação? Por isto temos que sempre lembrar que o homem atingiu um grau avançadíssimo em tecnologia, mas na maioria dos casos, em termos de qualidade interior, encontra-se na IDADE DA PEDRA. Tudo que se fizer para melhorar a situação atual será importantíssimo, somente uma coisa não é aceitável, que é não fazer nada.

Mesmo que os maiores resultados não sejam tão imediatos, com toda certeza vale a pena lutar.

METAS:

A nossa idéia inicial é que o principal ponto a ser trabalhado neste momento é a mudança gradativa da nossa cultura (incluindo valores, hábitos, visão dos fatos) isto é, temos que, aos poucos, ir criando um consciência coletiva dando prioridade à cidadania, ética, construção positiva e outros.

É fundamental convencermos as pessoas de que para cada parte de ajuda material doada a alguém, dêem-se duas ou mais em melhoria do seu interior (plano de vida, valores…). Pois, se pararmos para observar, veremos que a cada ano as autoridades e entidades beneficentes anunciam índices que mostram claramente a melhora econômica da população do nosso país, mas, como somente é trabalhada a parte material, comprovamos que aumenta o número de pessoa com mais recursos e até mais instrução, entretanto sem nenhuma melhora na qualidade interior, o que só veio multiplicar rapidamente a violência, drogas e o caos social. Isto é, na maioria dos casos, estão apenas fortalecendo e criando “verdadeiros monstros” que devoram a própria sociedade.

Outra área a ser modificada é a educação, pois teremos que ver que o atual sistema forma pessoas, na maior parte dos casos, que sabem logaritmo, progressão aritmética, localização e detalhes do rio Nilo e milhares de nuances técnicas, porém não tem nenhuma idéia dos valores fundamentais da vida, do relacionamento humano, de responsabilidade social, inclusive sem as mais básicas noções de coisas corriqueiras como higiene e noção de orçamento pessoal. Não se pode esquecer que talvez 90% de nossas crianças não recebem nenhum destes princípios em casa. Os motivos são variados: pais que não receberam nenhuma formação (como podem transmitir?), ou que perderam o contato, ou ainda ocupadíssimos e preocupados em oferecer aos filhos cursos em três turnos, mas quase sem se encontrarem (e raramente, quando se aproximam, “não querem falar de coisas chatas, já que o tempo é tão pouco” ), pais que só se preocupam em trazer para casa as coisas mais caras e “modernas”, etc. O certo é que se a escola não trocar algumas de suas funções por esta, que é a mais importante, só estará aviltando mais o caos social que vivemos.

Em resumo: na pior das hipóteses, se a escola não conseguisse dar nenhum conhecimento técnico, mas lhes desse uma formação de princípios e valores, estaria ajudando infinitamente mais a humanidade do que nos moldes atuais. Pois não restam dúvidas que cidadãos dotados de bons princípios, mesmo com menos instrução, fariam um mundo bem melhor que o conseguido pelos cheios de títulos e conhecimentos tecnológicos, mas, na maioria dos casos, sem nenhuma responsabilidade social.

Outra medida importante seria convencer os dirigentes de tantas ONG’s e outras associações beneficentes de que dar só o pão, roupa e instrução sem anexar um trabalho de bons princípios, é muito pouco em relação a dar isto acompanhado de um plano de um trabalho de transformação em pessoas, e não só em “comedores”, “vestidores” ou “doutores” sem nenhum crescimento interior.

É fundamental iniciar-se logo um trabalho de alteração gradual na cultura em seus mais diversos sentidos. Ou seja, ir trocando a noção já cultural de egoísmo, de falta de bons princípios e de corrupção por uma de valores mais construtivos.

Para isto deveremos começar a discutir o assunto em casa, com os amigos e grupos. Ao mesmo tempo em que se procura sensibilizar pessoas com maior poder a patrocinar campanhas visando mostrar a população que existe sim alternativa de vida e não só esta que aí está.

Ainda com relação a se agrupar pessoas com grande influência na formação de pessoas e opiniões, temos a certeza que um grande número de professores fará sua adesão de pronto, já que eles sabem muito bem o quanto podem fazer. Indubitavelmente os educadores serão uma grande força nesta batalha.

Temos também que mostrar, de várias formas, que a qualidade de vida não está diretamente ligada apenas ao consumo, já que aqueles que cresceram interiormente podem ser muito mais felizes com menos. Com isto se desestimula a idéia, que é passada permanentemente a pessoas despreparadas, de que se tem que roubar, matar, corromper-se, ou fazer qualquer coisa para consumir mais e assim ser “felizes”.

Temos que lembrar ainda, que o planeta Terra já emite muitos sinais de que sua capacidade é limitada. Assim é que, vemos de forma cristalina que a produção de insumos básicos, essenciais para a vida, não supre grande parte da população, especialmente pelo fato do consumismo exagerado de uns, em detrimento de outros. Até o lixo não se terá mais onde acomodar se não houver uma freada na degradação exagerada. Tem que ser pensadas outras formas de distribuição de renda e trabalho que não esta forma suicida de estimular o consumo como forma de levar a felicidade às pessoas. Que não se doem apenas bens materiais, mas que junto com estes, trabalhe-se incessantemente na construção de “um novo homem”, sob risco de continuarmos em um mundo impróprio para a vida.

À medida que o número de pessoas que pensem assim cresça, poderemos reivindicar e fazer mudanças que sempre abrirão outras portas.

Em resumo, se mais e mais cidadãos adotarem esta visão, ela passará a se constituir uma CULTURA DIFERENTE, portanto passará a ser normal, generalizada e praticada sem esforço.

Com certeza se juntará a milhares de planos, idéias e sugestões, pois a capacidade do ser humano é muito maior do que avaliamos simplesmente.

É fundamental lembrarmos aqui as sábias palavras do grande Luther King:

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.”