A RELIGIÃO DA FAMILIA É O CAMINHO?
(27/06/2009)

Hamilton Serpa

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A vinculação das pessoas a uma religião, na maioria das vezes, é feita de forma automática, hereditária, vindo dos pais para os filhos ininterruptamente e, normalmente, quando um determinado filho ou filha resolve seguir um novo caminho, sempre começa uma pressão contra e a reprovação da família.

Muitas vezes os outros familiares já nem frequentam mais os cultos, mas, neste momento, se enchem de brios e começa o tormento familiar daquele “libertário”.

Quem já vivenciou esta situação, ou consigo ou com algum conhecido, muitas vezes não entende o porquê deste embate ter tanta proporção.

Este fato ocorre inconscientemente. Como se quando do nascimento de um novo “visitante” neste lar já ficasse implícito um pacto neste sentido.

Quantas vezes ao visitar alguém, o pai ou a mãe começa a lamentar que o tal filho(a) querido agora está frequentando esta ou aquela linha filosófica ou religião, como se ele fosse um traidor ou um perdido.

Isto, de tão corriqueiro, acredito que todos já tenham vivenciado um caso.

Dependendo da idade dos filhos é até normal uma preocupação.

Mas o procedimento correto seria procurar se interar do que trata esta filosofia, a localidade, qual a forma de doutrinação. Preocupação usual para resguardar o bem do jovem ainda em formação.

Mas nunca impedir que ele procure os seus caminhos.

Mas esta pressão e intromissão normalmente continua durante a vida inteira, até quando a pessoa já constituiu família própria e tem vida independente.

Ai se o mesmo começa a seguir caminhos que não sejam os tradicionais da família!

Esta preocupação egoística é baseada principalmente no comodismo, gerado pela indolência espiritual.

Ninguém quer mexer neste “departamento” e aquele “desgarrado” provoca incomodo no status quo familiar.

Outros dizem: “Eu sigo a religião dos meus pais”.

E assim, de geração em geração, vai se passando, comodamente, a responsabilidade para os progenitores esquecendo-se que esta responsabilidade é individual, pois não existe espírito corporativo, e o eventual caminho errado de um não isenta a culpa do outro.

Nem na justiça imperfeita dos homens isto é argumento válido.

Na continuidade do culto dos pais existe uma decisão individual que é só de sua responsabilidade. E os pais não devem interferir ou causar qualquer desestímulo neste sentido ou pior, a proibição, pois está agindo contra o livre arbítrio que cada um possui.

A preguiça espiritual, um dos maiores entraves da humanidade, sempre foi muito incentivada por religiões, principalmente as cristãs e muitas vezes com o uso de violência, ameaças e opressões.

Ao longo de milênios, em busca de influência e poder, foram sendo ofertados, também, comodidades e perdões facilitados de pecados.

E os seguidores foram aceitando de muita boa vontade, pois isto também vinha de encontro aos seus desejos de acomodação, o que não os isenta em nada de culpas espirituais.

E mesmo sempre recebendo muitos alertas ao longo da historia, a humanidade chegou à época atual, na maior parte, embotada e sem condição nenhuma para um despertar ou discernimento maior da vida espiritual.

Mas aqueles que estão procurando um caminho, ou mesmo aqueles que já frequentam alguma religião, deveriam procurar conhecer o passado delas, a sua história, e com isto, tendo mais subsídios, veriam com mais reservas ou pelo menos pensariam melhor, antes de tomarem partido em causas que as mesmas assumem quando surge um novo fato ou uma nova descoberta, principalmente na ciência.

“O ser humano que não é livre interiormente será um eterno escravo mesmo sendo um rei.”
(Abdruschin)