AS FLORES DA AURORA
(27/11/2009)

Maria Christina Ferreira Gomes

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Uma noite acordei, e pelas frestas da veneziana de meu quarto, aspirei o ar perfumado da madrugada. Estava tão delicioso, com um perfume indefinível, impossível de descrever, mas que levou meu pensamento para longe, para uma época que não consigo lembrar… Ao mesmo tempo lembrei-me de um livro que li de autoria da consagrada escritora Roselis von Sass, intitulado “A Desconhecida Babilônia” em que ela descreve “as flores da aurora”.

E voei no tempo… Tive a impressão de mergulhar numa atmosfera de mil aromas, porém foi tudo tão rápido que não consegui reter em mim.

Mas deu-me o que pensar. Como tudo deve ter sido belo no passado em que tudo resplandecia na atmosfera brilhante, onde cada coisa formada pelos seres humanos vibrava em completa harmonia no ritmo sempre uniforme das leis da natureza. Sim! Os seres humanos eram felizes, pois em seus corações vibrava forte o amor por tudo o que existia, fazendo-os realizar os seus trabalhos em alegre disposição, numa mútua união repleta de harmonia, com os enteais, que os auxiliavam  em tudo…

Hoje, devido ao afastamento da verdadeira vida espiritual, os seres humanos se excluíram dessa ligação com os entes que lhes propiciavam tantos benefícios, o que os fez resvalarem numa noite de horror, pois a desconfiança os tornou incapazes de reconhecer a atuação de todas as forças elementares, tachando de fantasia o conhecimento, que já tantos povos antigos possuíam, da atuação de todos eles…

Muitos dirão: Hoje tudo mudou. Sim! As coisas estão mudadas e o progresso, no que concerne a todas as invenções que hoje aí estão para o benefício da humanidade, é uma realização quase milagrosa. Porém o que não deveria ter mudado são os conceitos verdadeiros que pautaram o viver de cada um…

Tudo se desviou lentamente das leis que estão ancoradas na natureza. Hoje como outrora, ela mostra em cada canto os frutos de seu atuar. Os incontáveis seres, os enteais, que num tempo remoto presentearam as criaturas com as flores da aurora, ainda hoje cumprem a finalidade de seu existir. Na renovação do ar, nas plantas que crescem, nas águas que se movimentam, no nascer de um novo dia, no equilíbrio que se mostra onde o ser humano não mexeu nem conspurcou.

Que saudades dos tempos de outrora, em que o ar ficava impregnado de suaves perfumes, em que as flores da aurora puderam florescer neste planeta, como um valioso presente da rainha da Terra!

Hoje, nestes tempos de completa desarmonia diante da grandiosidade da natureza, onde impera com velocidade sinistra o desamor por tudo o que foi criado, sentimos tristeza pelo bem perdido tão levianamente, o afastamento dos seres enteais que transformava nossas vidas num reino de alegria e felicidade. E, no entanto, necessitamos em tudo da atuação dos seres da natureza! Sem o seu auxílio não conseguiremos sobreviver.

Essa ligação perdida foi um dos grandes erros cometidos, pois foi violentamente cortada, impossibilitando hoje, uma ascensão espiritual mais profunda, pois sem essa ligação necessária, enveredamos por caminhos errados e a incompreensão diante das leis naturais forma um obstáculo intransponível, que afasta os seres humanos da verdadeira vida, fazendo-os mergulhar num vale profundo de mil horrores…

A esperança é que um dia, depois de uma grande purificação neste planeta, onde tudo o que é errado se consume numa realização final, possam vir a florescer novamente as maravilhosas flores da aurora, com seu perfume inebriante num solo preparado pela nova atuação dos seres humanos, que, intuindo no coração as leis que regem os universos, atentem mais à voz de seus espíritos, e de mãos dadas com os enteais consigam trazer a esta Terra, mais harmonia e beleza em tudo o que vierem a construir…

Aqui um trecho do livro Na Luz da Verdade, de Abdruschin, em que o autor cita: “Numa coisa tem o ser humano terreno que atentar especialmente, visto ter pecado muito a tal respeito: a ligação com os auxiliares enteais jamais deve ser interrompida! Caso contrário abris uma grande lacuna que vos prejudica”.