OS LIMITES DA CIÊNCIA
Parte 2

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A fé irrestrita da humanidade em relação às suas habilidades cerebrais já vem de muito longe. Milênios. E os sucessivos êxitos materiais exteriores só serviram para solidificar ainda mais essa idéia.

O que presentemente observamos é apenas a coroação deste processo, onde o intelecto se firma como o único apoio confiável. Ele é a “divindade” onipresente e onisciente, o “bezerro de ouro” a quem a ciência se consagrou por inteiro e que impingiu à humanidade como se fora seu dever, e a quem todos oram também, às escondidas ou abertamente.

Quando os antigos gregos começaram a desvendar paulatinamente as leis da mecânica celeste, há muito o desenvolvimento espiritual havia sido posto de lado. Já naquela época isso era tido como algo sem importância, desnecessário, até mesmo estorvante para o “progresso” humano.

Sem concorrente à altura, o raciocínio foi se fortalecendo cada vez mais, desimpedidamente, na mesma velocidade aliás em que os dotes espirituais humanos iam se atrofiando. Cada anúncio de uma nova descoberta científica era mais um bloco utilizado na construção daquela pirâmide intelectual de valores, que naquele tempo já ostentava considerável altura.

Fazendo referência aos gregos daquela época e suas descobertas, o conceituado cientista brasileiro Marcelo Gleiser declarou textualmente o seguinte em sua obra A Dança do Universo: “Seu amor pela razão e sua fé no uso do raciocínio como instrumento principal na busca do conhecimento formam o arcabouço fundamental do estudo científico da Natureza. Não devemos nunca fugir dessa busca, intimidados pela nossa ignorância.”

É este o ponto, precisamente.

A base sobre a qual a ciência se apóia é o intelecto, o raciocínio humano. E nem poderia ser diferente. Se ela se propõe a analisar e classificar fenômenos físicos, terrenalmente perceptíveis, tem de se valer mui naturalmente do raciocínio, que é um produto do cérebro, órgão pertencente ao corpo material do ser humano.

Utilizando o raciocínio como instrumento, a ciência é capaz, sim, de grandes feitos, os quais no entanto terão de permanecer sempre circunscritos ao âmbito da matéria. Os resultados obtidos até agora pelos vários ramos da ciência são exemplos claros desse sucesso material inquestionável.

O grande erro aí surge quando, incentivados por esses êxitos visíveis, os cientistas se julgam igualmente aptos a perscrutar, com o seu intelecto atado à matéria, coisas que se acham fora do âmbito material. Eles imaginam poder encontrar dessa forma respostas às questões fundamentais do ser humano: Qual a origem do universo? Como surgiu a vida? Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?

E em todos os degraus da pirâmide de valores habita essa mesma crença, de uma capacidade ilimitada da ciência terrena. Cheias de esperança, com mal disfarçado orgulho, todas as classes erguem os olhos para os seus idolatrados cientistas, a nata da espécie humana que habita lá no topo, na expectativa de obter respostas também para essas questões tão cruciais. Mesmo cientes de que serão incapazes de compreendê-las, por não dominarem o hermético idioma científico, elas aguardam ansiosamente pelas respostas, a fim de apaziguar seus próprios anseios íntimos.

Uma espera sem esperanças…

Nunca será possível ao intelecto humano, que pertence incondicionalmente à matéria, desvendar enigmas cujas soluções encontram-se em outros planos da criação. Para tanto é necessário mobilidade do espírito, algo que os cientistas de hoje - com raríssimas e honrosíssimas exceções - não possuem mais. Eles, que em sua maior parte sequer admitem a existência do espírito, e muito menos ainda de um Criador, insistem em pesquisar assuntos de caráter espiritual com seu restrito raciocínio preso à Terra. Querem desvendar os segredos da criação com balanças, tubos de ensaio e microscópios eletrônicos. Uma situação que seria até cômica, se não fosse tão triste.

E apesar da lógica cristalina que reside nessa impossibilidade natural, de apreender fenômenos espirituais com meios materiais, a ciência nunca poderá reconhecer essa sua limitação. Não exatamente por vaidade, mas por absoluta incapacidade.

Justamente por acreditarem que o raciocínio é a chave para tudo, que pode resolver tudo, os cientistas se privam da capacidade de vislumbrar o que se encontra além dos limites traçados para o saber intelectual. Para eles é de todo impossível estender a visão além desse ponto. Eles nem mesmo podem considerar a hipótese de que exista algo que o raciocínio não seja capaz de destrinchar. Não possuem mais, na realidade, a capacidade para tal discernimento.

Os discípulos da ciência imaginam estar no ápice do saber humano, e se deixam embalar, satisfeitos, nos acordes dessa ilusão. E, na verdade, para eles é assim mesmo. Encontram-se de fato no topo do conhecimento intelectual, que, no entanto, constitui um degrau muito inferior, extremamente baixo em relação ao saber que poderiam ter da imensa obra da criação, caso tivessem feito uso das capacitações de seus espíritos.

Se a humanidade não tivesse abandonado tão levianamente seu desenvolvimento espiritual, tudo se apresentaria agora numa forma totalmente diferente. Ciência seria hoje sinônimo de verdadeiro saber, e todas as grandes questões humanas estariam há muito solucionadas.

Roberto C. P. Junior