ISO para a Empresa, ISO-SH para o Colaborador
(26/03/2007)

Novas tecnologias… Globalização… Tudo muito rápido. É assim que o mundo atual caminha.

O progresso tecnológico tem feito indústrias e empresas trabalhar com mais qualidade no que diz respeito aos seus serviços e produtos. Para serem competitivas ou melhor, hiper-competitivas, faz-se necessário que seus produtos e serviços sejam reconhecidos por algum órgão internacional, o que vai facilitar seu comércio em outros mercados.

Parabéns! Sua empresa recebeu uma certificação ISO.

Em mercados competitivos, a qualidade dos produtos e serviços é fundamental. No Brasil, cerca de 8000 empresas já receberam alguma versão ISO, enquanto, no mundo, já são cerca de 562000 certificados emitidos.

Mas, como estará o outro lado? Se o selo de qualidade é útil para que a empresa viva e sobreviva dentro de uma trajetória competitiva, ele também implica em um comprometimento cada vez maior de seus colaboradores para atender as metas que tal certificação exige. Segundo a psicóloga Ana Maria L. França, “vive-se uma guerra de metas no interior das companhias”.

Cumpre ressaltar que de nada adianta o certificado ISO se a empresa não mudar sua maneira de gerir seu negócio, principalmente passando a ver seus colaboradores como seres humanos e não como peças da produção ou da prestação de serviços. O ISO, de per si, é insuficiente para causar mudanças importantes em uma companhia.

Enfim, todo este processo pode causar nos colaboradores uma diminuição das atividades físicas, do seu lazer e de sua qualidade de vida como um todo. Isto poderá acarretar o desenvolvimento e/ou o aumento de hábitos deletérios para a saúde, como tabagismo, alcoolismo e o uso de tranquilizantes ou de outras drogas, lícitas ou não.

Também podem ser citadas doenças como diabetes, hipertensão, obesidade, lesões por esforço repetitivo (LER), asma ocupacional, desordens mentais e morte súbita.

Aliado aos fatores acima descritos, a falta de concentração e a morosidade na realização de tarefas acabam diminuindo o rendimento profissional, o que afeta de forma negativa sua carreira e o desempenho global tanto de sua equipe como de sua empresa. Mas, o desenvolvimento de níveis elevados do estresse negativo (distress) talvez seja o fator mais significativo em todo este quadro.

Finalmente, aumentam os níveis de absenteísmo e de presenteísmo, o que gera prejuízos tanto para o colaborador como para a empresa.

Os prejuízos para o colaborador incluem:

Já, para a empresa, os prejuízos traduzem-se em:

Dentre as várias causas que podem gerar riscos à saúde, podem ser citadas:

Todas estas causas podem gerar inúmeros efeitos sobre os aspectos físicos, mentais e emocionais do indivíduo, tais como: intranquilidade, excesso de preocupação, descuido da aparência, baixa auto-estima, vários tipos de doenças, angústia, dificuldade no relacionamento pessoal e profissional, redução na produtividade, redução na qualidade do trabalho realizado, faltas ao trabalho, aumento do número de acidentes e erros, discussões ou demonstrações de irritabilidade, comentários maliciosos sobre outros funcionários, desconfiança, atrasos constantes, estado de humor sempre negativo, dificuldade de concentração, estado de alerta constante, dificuldade para dormir e relaxar, depressão, vontade de “se enfiar em um buraco e sumir” e tantas outras.

O que não deve ser esquecido é que existem profissões que apresentam maiores riscos de estresse do que outras, assim como existem pessoas mais predisponentes ao estresse do que outras. Entre as profissões mais estressantes podem ser citadas: policiais, controladores de vôo, motoristas de ônibus urbanos, profissionais de saúde, executivos, bancários, mergulhadores de poços de petróleo e indivíduos que trabalham em área diferente daquela para a qual se formaram.

Francisco Lemos afirma que a gravidade dos fatores do estresse são três:

Para mais, o autor afirma que:

Nos Estados Unidos, 90% dos colaboradores já passaram por uma situação altamente estressante. No Japão, o país mais estressado do mundo, 10000 colaboradores morrem anualmente por excesso de trabalho. Estima-se que nos países industrializados, 51% das doenças degenerativas têm origem nas causas acima relatadas. Nas empresas, elas respondem por 70% da incidência de doenças e 50% dos gastos com assistência médico-hospitalar. Uma pesquisa realizada pela Mercer Human Resourse Consulting mostrou que, das 335 empresas pesquisadas, 35% delas direcionavam apenas 9% da folha de pagamento para as despesas de saúde.

Entretanto, este quadro já está mudando. Muitas corporações já estão investindo no desenvolvimento de programas de saúde dirigidos a seus colaboradores, buscando uma melhor performance, menor índice de absenteísmo e de presenteísmo e redução de despesas. As empresas estão percebendo que o seu maior patrimônio reside nas pessoas que trabalham com elas e para elas e que somente a capacitação intelectual de seus colaboradores não é o bastante.

Nos dias de hoje, muitas empresas estão investindo na saúde de seus colaboradores, com resultados altamente satisfatórios.

Tanto a empresa como seus funcionários acabam lucrando com esta mudança.

Para a empresa, o lucro traduz-se em aumento da produtividade, diminuição do absenteísmo e presenteísmo, diminuição do número de acidentes, diminuição do turn over e redução das despesas médicas. Já, para o colaborador, os benefícios são: alívio do estresse, melhoria da postura, ter seu interesse despertado para a prática de hábitos saudáveis, maior interesse para a prática de alguma atividade física, alívio de dores musculares, mais disposição e maior motivação para o trabalho, melhoria no relacionamento interpessoal e maior poder de concentração.

Estima-se que nas empresas o desenvolvimento de um programa direcionado à saúde propicie um retorno financeiro de 3 a 5 vezes sobre a verba aplicada na implantação de tal programa.

A Dupont (Estados Unidos) já implantou mais de dez programas direcionados à saúde e qualidade de vida de seus colaboradores.

Conseguiu uma diminuição de 13% nos custos de assistência médico-hospitalar após um ano. A General Electric (Estados Unidos) já atingiu um retorno financeiro de 6 para 1, empregando programas relacionados aos aspectos físico-mentais, sociais e ambientais. Empresas nacionais, como o grupo Pão de Açúcar, Elektro, Natura e outras tantas, já adotaram programas direcionados à saúde global de seus colaboradores.

Um programa completo para ser implantado sempre parte de um diagnóstico para ser adequado à realidade da empresa e de seus colaboradores. Isto pode incluir:

Outros tipos de tratamentos relaxantes já se tornaram rotineiros em várias empresas. Hoje em dia, várias clínicas, esteticistas e empresas já prestam serviços diretamente em corporações para aplicar terapias antiestresse nos colaboradores. Estes tratamentos incluem: vários tipos de massagem (massagem, quick massage, shiatsu, anma), sessões de RPG (Reeducação Postural Global). reflexologia, reiki, cromoterapia, aromaterapia, escalda-pés em um mini-ofurô, ioga e meditação. Já, os serviços estéticos incluem manicure, pedicure, drenagem linfática facial e corporal e ultra-som para combater a celulite.

Dependendo do diagnóstico final, poderão integrar a equipe destes programas outros profissionais, como psicólogos e nutricionistas.

Também deixo algumas sugestões para que cada colaborador possa melhorar seu rendimento:

Concluindo, uma certificação deve trazer mudanças administrativas, gerenciais e de recursos humanos. Tais mudanças organizacionais são fundamentais para que haja melhorias nos seus produtos e serviços assim como melhorias nos aspectos físicos, mentais e emocionais de seus colaboradores.

Finalmente faço a seguinte sugestão para empresas certificadas e que tenham desenvolvido programas de atenção à saúde de seus colaboradores. Se o resultado foi positivo e houve o retorno esperado, que esta empresa parabenize e forneça um certificado ISO-SH para cada funcionário que atingiu os objetivos visados.

Um ISO para Seres Humanos que, afinal, todos nós somos.