Dizemos reafirmação, porque esta teoria encontra-se no Hermetismo Religioso, situado historicamente como anterior aos modernos. Vejamos:
“O Todo cria na sua Mente infinita inumeráveis Universos, que existem por eons de Tempo; e contudo, para O Todo, a criação, o desenvolvimento, o declínio e a morte de um milhão de Universos é como que o tempo do pestanejar dum olho” (O Caibalion, capítulo V – “O Universo Mental”).
“Não deveis cometer o erro de crer que o pequeno mundo que vedes ao redor de vós, a Terra, que é simplesmente um grão de areia em comparação com o Universo, seja o próprio Universo. Existem milhões de mundo semelhantes e maiores. Há milhões e milhões de Universos iguais em existência dentro da Mente Infinita do Todo.” (Ibid., p. 44 e 46).
Hermes Trismegistus. Corpus Hermeticum e Discurso de Iniciação. Tradução de Marcio Pugliesi e Norberto de Paula Lima. São Paulo: Hemus, 1974, p. 26 e 45.
Na página 14,nota 24, encontramos referências sobre a origem do Hermetismo e a sua importância histórica.
Na obra citada, de Frances Yates, encontramos várias passagens que apontam o hermetismo como portador da verdade sagrada. Entre estas passagens, citamos:
“O deus egípcio Tot, escriba dos deuses e divindade da sabedoria era identificado pelos gregos com Hermes, ao qual às vezes davam o epíteto de Três Vezes Grande (…) Inspirada em Hermes desenvolveu-se uma extensa literatura em grego, consagrada à astrologia, às ciências ocultas, às virtudes secretas das plantas e das pedras e à magia simpática, baseada no conhecimento de tais virtudes e interessada também na fabricação de talismã para atrair o poder das estrelas, etc. Além destes tratadosou receituários para a prática da magia astral, inspirados em Hermes, desenvolveu-se também uma literatura filosófica associada a esse mesmo reverenciado nome.”
Citamos ainda: “O Pimandro (primeiro tratado do Corpus hermeticum, uma coletânea de quinze diálogos herméticos, traz um relato da criação do mundo, reminiscente, em parte, do Gênese. Outros tratados descrevem a ascensão da alma pelas esferas do planeta para o reino divino, ou narram extaticamente um processo de regeneração, durante o qual a alma quebras as correntes que a ligam ao mundo material e se torna repleta de virtudes e poderes divinos.” (…) “Na verdade, Lactâncio considera Hermes Trismegisto um dos mais importantes videntes e profetas gentios que previram o advento do cristianismo, porter falado do Filho de Deus e da Palavra.” (p. 14-20).
Op. cit. (O Caibalion), p. 20-29.
Princípio do Mentalismo: refere-se à existência de uma inteligência criadora que a tudo preside.
Princípio da Correspondência: matéria e espírito não se contrapõem; complementam-se.
Princípio da Vibração: o Universo está em constante movimento.
Princípio da Polaridade: todas as coisas possuemo seu oposto. Como tudo no universo pode ser identificado num plano mental, quando modificamos a polaridade do nosso pensamento, podemos modificar também a realidade que nos cerca.
Princípio do Ritmo: reafirma a existência de uma lei universal e cósmica que oscila de um pólo a outro, dependendo das nossas atitudes e pensamentos.
Princípio da Causa e do Efeito (ou da Reciprocidade): não existe acaso no Universo. Tudo o que acontece está submetido a uma lei. A partir deste princípio, nada escapa à lei.
Princípio do Gênero: a presença do masculino e do feminino no plano físico (sexo), mental e espiritual. Todas as coisas masculinas possuem o princípio feminino e vice-versa.
Raimundo Lúlio (1232-1315) – O fim último do intelecto é a compreensão e não a crença. A historiografia atribui a Lúlio 290 obras, sem contudo identificá-las.
As referências aos tratados lulianos são escassas, sendo possível a indicação de alguns deles, entre os quais: Livro do Amigo e do Amado e Livro da Contemplação de Deus, ligados à poesia e ao romantismo (Gisela Fonseca Barbosa - Os amigos e os amados. Sobre o diálogos inter-religioso. Veritas. Porto Alegre, v. 39, 155, p. 514-516, 1994). Na esfera filosófica, encontramos Ars Magna et Ultima indicada por Abagnano (História da Filosofia, Lisboa: Editorial Presença, 1970, (IV), como um estudo que compreende a lógica como fundamento de todas as ciências.
A partir da concepção de uma ciência geral, aprenderíamos mais facilmente os princípios das ciências particulares. Essas diferentes combinações entre ciências particulares e ciência universal determinam a arte combinatória luliana, que tinha como meta a criação de um princípio inventivo voltado para a descoberta de novas verdades e não somente para a análise das verdades já conhecidas.
Id. Ibid., p 48.
Referência à teoria do Ser Imutável, de Anaxágoras. Para ele, “nada é criado nem destruído; o todo é completo e nada lhe pode ser acrescentado; é sempre igual a si mesmo” (Marilena Chauí, Introdução à História da Filosofia – Dos pré-socráticos a Aristóteles, p. 95).
Bruno compreende que a teoria do ser, de Anaxágoras, identifica-se com o pensamento de Sócrates, Platão e Hermes, que reconhecem a existência de um intelecto, uma mente ordenadora do Universo e da Natureza.
Id. ibid., p. 19.
A expressão “não nos receberá de volta” revela-se um problema para os que admitem que Giordano Bruno, além defender a pluralidade dos mundos, admitia também a pluralidade das existências. Esta expressão pode ser compreendida como uma negação deste princípio e contrapõe-se em parte, ao hermetismo religioso e à cabala presentes na filosofia bruniana.
Por outro lado, “não nos receberá de volta”, pode significar que não existe a morte mas apenas uma transformação, porque, como afirma Bruno, “nada diminui substancialmente, mas tudo , deslizando pelo espaço infinito muda de aparência…” De qualquer forma, o problema permanece.
Consideramos o Cristianismo como uma reafirmação e não uma síntese da Verdade, embora reconheçamos que Jesus, o Cristo, era o Portador da Luz. Ou como afirma João, o Evangelista: “o verbo que se fez carne” (Jo, 1, 14.).
Ele mesmo indica que não é a síntese: “Eu vou mas não vos deixarei sozinhos. Enviarei o Espírito da Verdade, que reafirmará tudo o que vos tenho dito.” (Jo,15, 26-27; 16, 13-14)
Por isso consideramos que Ele (O Cristo) não fechou o ciclo, mas reafirmou a necessidade de novas revelações, a fim de que tudo se esclarecesse no decorrer do tempo. Lembramos, que o Cristianismo inaugurou a era do Amor, da Misericórdia e da Tolerância, jamais podendo fechá-la em si mesmo, o que seria uma contradição e impossibilitaria novas revelações.
Manual dos Inquisidores escrito por Nicolau Eymerich; revisto e ampliado por Francisco de La Peña. Nicolau Eymerich, dominicano com formação jurídica e teológica.
Entre 1357 e 1392, foi inquisidor geral do reino de Catalunha e Aragão. Pelo excesso de zelo inquisitorial, foi exilado do reino. Em 1371, tornou-se capelão do Papa Gregório IX (o criador da Inquisição). Em 1376 escreveu o Manual que o tornou famoso. Morreu em 1399.
Francisco de La Peña, canonista espanhol. Transcreveu e completou o manual de Eymerich (Dados disponíveis na Introdução ao Manual dos Inquisidores, por Leonardo Boff).
Consideramos que a humanidade com seus sistemas econômicos, sociais e políticos não foi capaz de dar uma resposta satisfatória à espiritualidade, já que através de sua atuação forjaram-se guerras, massacres e desigualdades de toda espécie.
Somente seres humanos conhecedores das leis que regem o Universo e os Mundos podem se libertar da razão instrumental, responsável pela formação desse contexto social, econômico e político, que nega o espiritual, e se apega a uma lei inflexível e sem vida.
Somente os que conseguem atuar através da máxima socrática “Conhece-te a ti mesmo”, poderão se libertar de suas criações mentais e trilhar o caminho da Luz e da Verdade, pregados pelos filósofos antigos, místicos e profetas das grandes religiões presentes na história da humanidade, entre as quais citamos o Zoroastrismo, o Monoteísmo Egípcio de Akhenaton, entre outras.