INICIANDO O ANO NOVO
(07/01/2002)

Vamos iniciar o ano com preocupantes focos de tensão. São as tensões entreÍndia e Paquistão, ambos países detentores de poderio nuclear. São as tensões que ameaçam o processo de pacificação entre palestinos e israelenses. O que ocorrerá no Iraque de Sadan Hussein? O que esperar das ameaçadoras incertezas do moderno terrorismo, oculto mas organizado?

Na área econômica permanecem as previsões de reduzido crescimento geral. A crise da Argentina não causou surpresas no mercado que não via outras alternativas diante do quadro geral em que os problemas foram crescendo: desemprego, empobrecimento, elevados compromissos externos. Os argentinos têm mais percepção que os brasileiros dando preferencia ao dólar. Sempre acharam que o peso não teria sustentação. Os brasileiros se iludiram com as palavras utilizadas pelas autoridades. Ao final, após as desvalorizações, quem estava de posse de dólares não sofreu perdas. É o artificialismo do sistema monetário e cambial. Ora, uma terceira moeda, ou seja lá qual for o artificio adotado, que possibilite livre flutuação, poderá ser uma alternativa que reduza o traumatismo das dívidas em dólar. Não deixa de ser um experimento ousado. A eliminação de ministérios supérfluos também poderá gerar sensível redução de gastos.

Antigamente os reis mandavam suas tropas arrecadar ostensivamente tudo o que pudessem junto às populações. Atualmente as autoridades criam pacotes fiscais que cortam os comprometimentos internos. O governo não tem capacidade de investir nada internamente. Grande parcela da arrecadação se destina aos compromissos financeiros, e tudo vai passando pelo aperto nos dispêndios: educação, saúde, segurança pública, saneamento.

No Brasil, o Ministério da Aeronáutica havia cortado a gratificação de R$ 250,00 mensais paga aos controladores de vôo. Em protesto eles fizeram “operação padrão”, que retinha a decolagem. Que vontade de dar férias a eles e mandá-los viajar de avião, só para vê-los ansiosos, cheirando gasolina, aguardando a autorização para decolar. Agora, para aqueles que aprovaram a redução, deveriam sofrer a mesma redução percentual em seus ganhos, para sentir o valor da perda. Já imaginou se a moda pega com auxiliares de cirurgia; o cirurgião pede a costura do corte e o auxiliar responde: só daqui a dez minutos, estou em operação padrão!

O fato é que as condições de vida na Terra, não são nada daquilo que deveria ser. No Natal muitas pessoas pressentem que o egoísmo as subjuga e, nesse dia, procuram deixar que os sentimentos mais nobres de sua alma extravasem transmitindo consideração, amizade e amor. Mas tudo passa rápido. Logo retornam ao seu procedimento usual. Jesus desejou mostrar às criaturas humanas que deveriam agir sempre enobrecedoramente, porque se não, teriam que viver num mundo hostil e cruel, fruto da maneira errada de viver, perdendo as características inerentes às criaturas. Assim, despidas de suas capacitações, as criaturas humanas acabaram produzindo na Terra o anti-humano, o contrário do que deveriam produzir.

Por isso não há mais a espontânea alegria. As pessoas estão desanimadas e amarguradas, sem motivos para sorrir. Muitos queriam mudar o mundo, mas com utopias nada se concretiza. As mudanças externas requerem a mudança interna de cada ser humano, só alcançável com o saber das Leis da Criação. As coisas estão se tornando muito difíceis para os indivíduos e para o mundo nessa agitação que a todos estressa.

Atualmente a responsabilidade dos Estados Unidos se torna ainda maior, haja visto que detêm um poder mais forte do que em qualquer outra época, e sua presença é marcante por sua tecnologia, finanças, produtos e pela indústria do entretenimento, altamente desenvolvida. Mas a indústria do entretenimento quer lucros e se a massa dos consumidores quiserem sexo e sangue, é isso o que eles oferecem. Então os mocinhos de ontem passam a ser os bandidos de hoje. Robert de Niro mostra em a Cartada Final como roubar com tecnologia. Bruce Willis, mostra como roubar com psicologia, em Vida Bandida. Homossexualismo e lesbianismo são pratos corriqueiros servidos aos rapazes e mocinhas que acabam ficando sem referencial para a vida, porque na periferia do mundo, não há mais aquela escola séria que fornece conteúdo aos jovens até alcançarem a idade adulta. Então, um chefe de família falou: DVD eu já tenho. Eu queria que o Papai Noel trouxesse filmes agradáveis de ver, que alegrassem propiciando renovada disposição para a vida laboriosa e enobrecedora.

Contudo o Brasil e os demais países da América Latina, deverão sair dessa idéia infantil de que se fizerem tudo que lhes for recomendado serão regiamente recompensados. Isso não aconteceu com nenhum país. Para dar educação, segurança, alimentação e saúde, cada país deverá preocupar-se seriamente consigo mesmo e com as suas necessidades. No tempo das colônias, o prioritário era o interesse das Metrópoles. Quando começaremos a cuidar seriamente dos interesses adequados ao desenvolvimento da população, utilizando as verbas públicas com retidão?

Ao iniciarmos um novo ano é indispensável mudarmos de atitude para que não continuemos a parecer nada mais que uma frágil colônia com feições de Estado democrático, sujeitos a azares semelhantes à Argentina.