FAHRENHEIT 11 DE SETEMBRO E A VIDA
(12/08/2004)

Num passado não muito distante, a natureza tudo oferecia, mas o ser humano tinha que se aplicar para conseguir o seu sustento. Hoje o que manda é o dinheiro. O trabalho ficou escasso. Assim, é com tristeza que vemos crianças pedindo dinheiro nos semáforos. Dizem eles, “tio me dá um trocado pra comprar balas”. Eles aprendem desde cedo que importante é ter dinheiro, não sendo indispensável trabalhar para satisfazer os desejos.

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E, como o trabalho anda escasso, os gerentes também têm que se adaptar às novas situações criadas pelos imediatismos humanos. Não faz muito tempo, os gerentes apresentavam uma especial consideração para com todos que dependiam deles, como colaboradores, fornecedores e clientes. Contudo, jamais descuidavam da preservação do patrimônio do empresário.

Hoje muita coisa mudou. Os executivos têm que cumprir metas apertadas, nem que para isso tenham que desconsiderar tudo e todos, pois o que interessa é o resultado, o dinheiro. Eles falam pouco para não se comprometerem, permanecendo sempre em “cima do muro”, para preservarem os seus postos. Na gestão do Estado então a situação é trágica, pois o que norteia as ações é o desejo de se manter no poder, inventando-se leis sob cuja proteção muitos agem de modo injusto e errado, querendo fazer crer estarem no seu pleno direito.

Cria-se no ambiente, uma dualidade entre o que se fala e o que se quer. Mas tudo na Criação adquire formas nem sempre visíveis, mas nitidamente perceptíveis no ambiente através de sensações agradáveis ou terrivelmente pesadas e abaladoras. Então, onde quer que os seres humanos estejam atuando, freqüentemente encontramos essa situação de instabilidade emocional, decorrente dessa diferença entre o que se diz e o que se pensa e sente.

Ninguém quer ouvir o que os outros têm a dizer. Todos acham que sabem tudo, e não querem saber de palpites que possam ser reveladores de falhas. Mas quem sabe das coisas é o colaborador que executa. É o cliente que faz o pedido. É o soldado que está na linha de frente enfrentando os perigos reais.

Muitas vezes os comentários são rejeitados com desdém ou falsas justificativas por causa da vaidade, da arrogância, e dos interesses para mostrar quem manda de fato. A falta de humildade impossibilita melhor participação e a alegria de ser criativo, assim, muitas vezes, perdem-se oportunidades de alcançar aperfeiçoamentos.</p>

Num mundo onde todos desconfiam de todos e raramente se fala a verdade, para que as reais intenções fiquem ocultas, o filme “Fahrenheit 11 de Setembro”, de Michael Moore, está mostrando mortes reais de mulheres, crianças e também de soldados americanos. Os soldados são profissionais que cumprem ordens. Mas as populações atingidas, lançam muitos sentimentos de ódio na matéria fina, que poderão se transformar em “fúrias” incontroláveis.

Os paulistanos estão assistindo atentamente ao filme que, fixando-se na gestão do governo Bush, mostra um mundo triste e assustado. Contudo, as precariedades da vida humana são bem mais profundas, e têm a ver com o comportamento humano, há logo tempo divorciado do sentido espiritual da vida. O filme poderia ser classificado como um bem feito documentário político, contudo mostra nitidamente que a humanidade atravessa uma fase muito delicada de insegurança geral, como se estivesse num processo de exame de suas ações, enfrentando a chegada das conseqüências, a colheita.

Os seres humanos de antigamente se sentiam responsáveis pelo Planeta, e cuidavam de não romper o equilíbrio. Modernamente querem extrair o máximo de tudo, pouco se importando com as conseqüências e condições que deixarão para as gerações futuras. Em seu imediatismo e sêde de poder, querem desfrutar o máximo do que o presente possa lhes oferecer sem nenhuma preocupação com o futuro. Isso porém não elimina a responsabilidade pelos seus atos. Não percebem o desatino, o suicídio que assim cometem, destruindo maravilhosa natureza, rompendo com o equilíbrio e a harmonia necessários, eliminando a paz? Enfim, estamos diante da indisfarçável crise de valores que o mundo está atravessando.

Quem tem amor à vida, cuida da natureza, luta por ela. É uma questão de sobrevivência e também de gratidão, pois recebemos a vida de presente, bem como este Planeta como morada temporária. Nada aqui nos pertence. Será que os homens não percebem que todas as atrocidades cometidas por eles, são contra a Vontade do Dono, o Onipotente Criador?

Quem tem amor no coração cuida da paz não fazendo ao seu semelhante aquilo que não faria a si próprio. Isso equivaleria ao “amar o próximo como a si mesmo”, tantas vezes mencionado por Jesus.

“Jamais quisestes pesquisar seriamente o que Deus reconhecia como certo e o que, perante Seus olhos, seria errado. Não vos preocupastes com as leis divinas, nem com a sagrada e inflexível vontade de Deus, que existe desde toda a eternidade e que nunca mudou, nem mudará jamais!” (Na Luz da Verdade, a Mensagem do Graal, de Abdruschin, Vol. 1, O Ser Humano Terreno Diante de seu Deus).

Em tudo, a grande falha é simples, os humanos, como coroa da Criação, deixaram de cumprir o seu dever agindo como verdadeiros seres humanos. O que esperam eles que a lei da reciprocidade lhes possa trazer?