Lutero, teria sido em nossos dias, tão ousado para propor mudanças como o foi no século XV? Segundo Fernando Jorge, Lutero estava enfrentando a mais poderosa força unificadora da cultura ocidental, fato nem sempre lembrado pela história. O filme Lutero, de Eric Till, dá uma pálida mostra de como é difícil se contrapor às estruturas dominantes.
Se Lutero deu início a uma concepção sobre o modo de viver, mais adequada para os seres humanos, não podemos deixar de constatar que evoluímos pouco nestes útimos cinco séculos. Pode-se dizer que atualmente a situação geral da vida humana sobre o planeta está mais precária ainda.
Contudo, Lutero promoveu uma ruptura no até então hegemônico cristianismo de Roma, dando ensejo ao surgimento de uma nova corrente de religiões protestantes, abrindo a possibilidade de uma abertura para a interpretação da Bíblia o que até então fora prerrogativa exclusiva da Igreja Católica.
Além de sua coragem, Lutero demonstrou ser dotado de profundo respeito e veneração pelo Criador Todo-Poderoso: “pois que a Ti pertencem o Reino, a força e a magnificência por toda a eternidade!”. (Ver dissertação “O Pai Nosso”, em Mensagem do Graal). Isso porém, não bastou para impedir que surgissem incoerências contrárias à perfeição da Vontade Divina que se expressa nas leis da Criação.
Se de um lado condenava as inauditas indulgências oferecidas aos crédulos indolentes, de outro, admitia o sacrifício de Jesus como sendo a salvação, bastando ter fé, mesmo sem ter penetrado no âmago do fundamento espiritualista, ou se o fez, os seus estudos acabaram sendo perdidos pelos seus seguidores. Para desempenhar a sua missão de trazer a Luz da Verdade para os espíritos humanos, Jesus teve que se sujeitar a todas as leis naturais da Criação, fato ignorado pelas conceituações dogmáticas.
Por várias vezes repetiu Jesus: “o que ser humano semeia terá de colher”. Referia-se ao trigo e às ervas daninhas de modo simbólico, em comparação com o comportamento humano. Não basta aceitar Jesus, é indispensável conhecer o real significado de seus ensinamentos e pô-los em prática. Não se pode simplesmente lançar sobre Jesus as nossas culpas, pois o sofrimento a ele infligido foi arbitrário e injusto. As suas feridas não curaram os pecados humanos. Cada um deverá se esforçar para lavar suas vestes sujas e remir o fardo escuro com que se sobrecarregou.
“O núcleo sublime da Verdade Divina foi envolvido pelas estreitezas terrenas, a ponto que a forma realmente se conservou, porém todo o fulgor sucumbiu na ânsia pelo poder e vantagens terrenas”.
“Somente quem reconhece e sente intuitivamente o mundo espiritual como existindo realmente e atuando de modo vivo, consegue encontrar a chave para a compreensão da Bíblia, o que unicamente, é capaz de tornar viva a Palavra. Para todos os outros ela permanecerá sempre um livro fechado a sete selos”. (Mensagem do Graal, de Abdruschin, Vol. 2)
Independentemente da religião a que os seres humanos pertençam ou dos livros que lêem, nenhuma falta praticada ficará sem reparação, devendo as conseqüências seguir pelos caminhos prescritos pelas leis da Criação. Em nossos dias uma grande turbulência perpassa pelo mundo, seja nos governos, no trabalho, nas famílias, e também nas religiões.
Trata-se de uma grande fermentação que agita tudo, impulsionando a colheita daquilo que foi semeado. É o fenômeno de transformação universal tantas vezes anunciado, mas que raramente foi examinado com seriedade pelos seres humanos. É diferente do que se pensava, ele vai avançando progressivamente, com naturalidade as coisas vão emperrando, aumentando as dificuldades e confusões.
A grande questão que preocupa os seres humanos é a salvação de sua alma ou espírito. Contudo, a concepção materialista dominante resultou de uma humanidade que se distanciou progressivamente do espiritual, então as noções de salvação perderam a sua abrangência, assim como a finalidade de sua vida terrena, de compreender a fala do Senhor.
A Criação inteira transmite a Fala do Senhor através das leis naturais, e no seu reconhecimento e utilização reside a meta de viver beneficamente sem ocasionar danos e estorvos, mesmo involuntariamente. E, nesse sentido, A Mensagem do Graal, de Abdruschin, é um guia fiel para todos os seres humanos que buscam com sinceridade.