A FEBRE ESPECULATIVA
(29/03/2008)

Foi por volta do século XV que o dinheiro foi percebido como poderosa arma na conquista do poder e dominação. O desejo de ganhar muito dinheiro de forma rápida e sem esforço, tem levado os seres humanos a um tipo de sintonização que fatalmente atrai crises e instabilidades, pois na natureza tudo ocorre paulatinamente com segurança e estabilidade, a menos que os humanos atrapalhem o ciclo.

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A notícia da provável chegada de uma recessão na economia americana tem provocado muita apreensão nos meios financeiros e empresariais no mundo todo, não se sabe o que vem por aí, pois em poucos dias as bolsas perderam dois trilhões de dólares de sua exuberância irracional. Como febre a valorização artificial foi atingindo níveis cada vez mais insustentáveis, enquanto muitos incautos em busca de enriquecimento rápido foram caindo na armadilha. Quando no passado algumas pessoas criteriosas falavam sobre o perigo mais a frente que representava a longa tendência de alta das bolsas, eram logo taxadas de catastrofistas ou apocalípticos, da mesma forma como aqueles que defendiam o meio ambiente.

No entanto, a realidade aí está num obscuro cenário da insegurança econômica e social, que faz os investidores ficarem pulando de investimento para investimento, enquanto os espertos saem fora antes que as valorizações resvalem para o atoleiro.

O fato é que paira sobre o mundo uma grande dúvida quanto ao futuro.

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Os desequilíbrios se ampliam. A população explodiu para níveis jamais alcançados. O meio ambiente tem sido rapinado em velocidade crescente. O estoque financeiro acumulado e concentrado em poucas mãos, atingiu cifras inimaginadas.

Enquanto tantos não possuem recursos sequer para se alimentarem corretamente, de outra parte, uma pequena parcela da população ganha muito dinheiro apenas na especulação. Bilhões de dólares para aqueles que apostaram na valorização do Real. Bilhões de dólares, na supervalorização de commodities. E assim segue a economia. As moedas do mundo oscilam. Os americanos baixam a taxa de juros, o dólar cai, os preços se realinham. O fantasma da recessão atemoriza empresários e trabalhadores. As bolsas oscilam rapidamente, dado que a valorização das ações tem sido feita sob bases fictícias. Aonde tudo isso vai parar? O problema não está no sistema capitalista, mas no íntimo do ser humano, na suaânsia para dominar, e não para promover melhora de condições gerais.

A sociedade humana está doente, ainda estamos longe de alcançar o bem-estar completo: físico, mental psíquico e social. No começo do século XX nossos antecessores sonhavam com um admirável mundo novo repleto de saúde, paz e felicidade, no entanto, estamos vivendo uma fase na qual os tumultos de toda ordem se espalham por todos os recantos do planeta produzindo estremecimentos que assustam a humanidade. A turbulência financeira traz uma ameaça de proporções catastróficas. O medo do futuro tomou o lugar da esperança em dias melhores. Qual a causa? Como superar?

Em meio a tantas riquezas, a pobreza espiritual invadiu o mundo e está desmoralizando a humanidade há séculos, rebaixando-a a nível inferior ao dos irracionais, o que se manifesta visivelmente na miséria moral e material.

Sem que haja um retorno à essência humana, com o estabelecimento de uma escala de valores reais, de sorte a interromper o infindável ciclo imediatista de valores perecíveis, ruína e ignorância, em que se transformou a vida no planeta Terra, será muito difícil forjar um futuro de paz e prosperidade.