Com versatilidade Clooney atua, produz e dirige, no entanto, com esse título, poderíamos esperar por mais substância. O filme se arrasta nos bastidores das primárias do partido sem que tenha sido mostrado o que aconteceu antes, pois George Timothy Clooney já está lá, na disputa como o carismático Mike Morris lutando pela indicação do seu partido para concorrer à eleição ao posto mais cobiçado dos EUA, a presidência.
Clooney, como todo artista, busca realização na criatividade. O filme tenta defender boas causas, no entanto, fica distante dos “podres” do poder; das doações milionárias e dos comprometimentos que os candidatos assumem para defender interesses particulares, mas incluir isso tudo seria excessivamente “pornográfico". Nesse sentido salvaram-se as palavras emblemáticas da jornalista Ida, interpretada por Marisa Tomei, sobre a realidade humana, quando disse ao inexperiente assessor Stephen, interpretado por Ryan Gosling – entrasse quem entrasse, a situação não mudaria muito para a população que continuaria trabalhando, tendo a mesma vidinha, sem que surgissem inovações para uma vida menos mecânica – isto é, voltada apenas para finalidades terrenas como o objetivo principal, mas isso ficou esquecido dando-se mais ênfase a falsa moral sexual que pouco teve a ver com a conquista do poder.
A improbidade maior se concentrou na ousada Molly, que ficava pulando de uma relação para outra, sem afinidades, apenas pela atração sexual por pessoas poderosas, e acabou se dando mal. Que sirva de alerta para muitas garotas descuidadas quanto ao tipo de relacionamentos e pessoas que levam para a cama. Afinal, ficou sem definição quem engravidou Molly. Quem arrisca um palpite.
Mesmo arrastando-se na superfície dos bastidores do poder, e reduzido à questão da indicação de candidato à Casa Branca e a batalha entre marqueteiros de alto nível, foi impossível esconder como o cinismo e a maldade comandam as ações daqueles que não conhecem barreiras para satisfazer suas vaidades e cobiças e obter vantagens. Tudo pelo Poder, chega aos cinemas num momento muito oportuno, principalmente por estarmos adentrando um ano eleitoral.
Se a decepção de Stephen é desanimadora, ela também contém a oportunidade da constatação de que falta generosidade aos poderosos e políticos que, agindo sem ouvir o coração, se agarram ao dinheiro e poder acima de tudo e, por eles, descuidam daquilo que deveria ser a sua missão, ou seja, promover a melhora das condições de vida no Planeta.