Atualmente, em nosso planeta com mais de sete bilhões de habitantes, o viver está ficando cada vez mais difícil, pois a motivação principal se concentra na busca do dinheiro para satisfação das necessidades básicas e dos desejos supérfluos. "O planeta não é sustentável sem controle do consumo e da população", diz a britânica Royal Society (Folha de S. Paulo, 27/4). Com o agravamento da crise financeira, começa a tomar corpo uma indignação pela redução das oportunidades e do padrão de vida o que pode representar uma grave ameaça para a estabilidade social.
Passados mais de 300 anos da crucificação de Jesus, o imperador Constantino buscou uma religião para unir o Império Romano, que naquela altura começava a se fragmentar e a se dividir. Durante longo período Roma consolidou o seu poder terreno através do predomínio da religião e obediência aos seus regulamentos como sendo a prioridade da vida humana. A economia esteve mais ligada à posse da terra e aos feudos. Depois de séculos foi surgindo no cenário o poder econômico, cujo domínio se tem ampliado de forma crescente através da acumulação do dinheiro, mas não sem antes ter pisado sobre muitas cabeças para alcançar o estágio da alta finança globalizada e superconcentrada.
No século XX, no pós-guerra, houve uma inversão no sistema produtivo que, desenvolvendo novos produtos, passou a criar a necessidade dos mesmos através do marketing e da propaganda. No entanto o atual sistema de produção, insensível e sem ética, visa o lucro e o poder sem preocupações com o que e como produz, ou mesmo lucrar sem produzir, também deveria estar voltado para o desenvolvimento humano como finalidade da vida.
O sistema de produção tem demonstrado capacitação para produzir de forma crescente para atender as necessidades, mas tem se tornado desumano. Devido ao afastamento da espiritualidade, o homem se transformou num ser restritamente materialista, que explora a natureza de forma irresponsável, além de seus limites, se apegando exclusivamente ao poder do dinheiro e à ânsia de ganhar cada vez mais.
No século XXI a vida ficou reduzida a uma rotina massacrante e renhida luta pela sobrevivência, pois as dificuldades e limitações se tornaram evidentes. O trabalho absorve o tempo disponível. A busca do sentido da vida foi posta de lado. As pessoas estão sendo induzidas a olhar para baixo e não se mexem. A população não está consciente da gravidade da situação, e está sendo conduzida para o descontentamento sem saber onde buscar esperança.
Uma parcela das novas gerações age com o chamado “espírito” da época, do século 21, agindo com individualismo que não quer se preocupar com os porquês da vida, desejando se entregar ao momento, aproveitando a vida como pode. Considera o futuro desconhecido e incerto ao perceber que ninguém consegue entender a complexa situação nem encontrar soluções efetivas diante das situações caóticas como o desequilíbrio ambiental, desemprego, instabilidade econômica e avanço da miséria.
Ensinar as novas gerações a ler, escrever e usar o computador não é suficiente. Devemos despertá-las e prepará-las para assumir a posição de seres humanos que saibam cuidar do planeta e beneficiar a vida em todos os sentidos, com a certeza e que dessa forma alcançaremos um futuro melhor! Urge sairmos dessa visão fragmentada que mantém separados o aprendizado da vida, a escola e a atividade econômica e profissional. Tudo está interligado. O estudo e trabalho precisam estar voltados para o desenvolvimento humano e o auto aprimoramento pessoal, como a grande e prioritária motivação da vida, a começar pela família, continuando na escola e recebendo todo o apoio da mídia. Quando isso ocorrer, serão eliminados os abismos entre as gerações, consolidando-se um ideal em comum e a mútua confiança, pois o significado da vida é permanente, e o que mudam são os relacionamentos em função das novas formas e tecnologias disponíveis.
As corporações alcançaram um grande poder estando capacitadas a dar um salto qualitativo contribuindo para a efetiva conquista do desenvolvimento humano. É imprescindível promover o bom preparo das novas gerações para uma vida feliz, produtiva, com sustentabilidade e responsabilidade. Enfim, deverá surgir o ser humano desenvolvido como base para uma forma de viver benéfica e consentânea com a nossa espécie. Ainda sabemos muito pouco sobre a natureza e suas leis, existem muitos segredos que só poderão ser desvendados pelo ser humano desenvolvido preocupado com a melhora das condições gerais de vida. Temos sempre de aspirar ao mais elevado nível que o ser humano pode alcançar, para isso cada indivíduo deve se preparar, se fortalecer, reconhecer e adquirir confiança nas leis da Criação.