A ECONOMIA E O FUTURO
(27/07/2013)

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Ultimamente proliferam cursos de educação financeira para ensinar as pessoas a disciplinar os gastos. Os gestores do dinheiro público não se preocupam com isso, gastando mal os impostos suados, pagos pela população, como se fossem os donos do país, havendo muitos desperdícios e desvios de verbas. Quem gasta mal deve ser responsabilizado. Quem administra mal não merece o cargo. Nesta fase de vacas magras que estamos adentrando, com nova concentração dos fluxos financeiros no dólar, é necessário promover o progresso com nossos meios, reduzindo a dependência externa à qual nos acorrentamos.

As recentes manifestações nas ruas das cidades não representam uma ação contra o capitalismo em si. Inegavelmente, a vida se tornou áspera. Não há consideração, nem respeito. Vale tudo para satisfazer a ganância e a sede de poder. Na medida em que a população se conscientiza das consequências, vai se posicionando contra a desumanização, os desvios, os desperdícios e a falta de seriedade na aplicação do dinheiro público.

A gestão do Brasil tem sido mesmo lamentável; tanto no período democrático, como nas épocas de exceção, não ocorreu o necessário avanço. Precisamos de um objetivo que promova o progresso real com a participação de todos e, principalmente, das novas gerações. Se direcionarmos os jovens apenas para o lazer e o consumismo, sem despertar neles o interesse para se prepararem para uma vida útil, haverá ameaças sobre o futuro. Como poderão se tornar líderes de valor, melhores do que os antecessores?

Mais de 120 milhões de jovens não conseguem ler por faltar-lhes capacitação. Malala Yosafzai, a blogueira ativista e estudante paquistanesa que discursou na ONU, clama contra o analfabetismo e a impossibilidade de muitas crianças frequentarem escolas. "Um professor, um livro, uma caneta, podem mudar o mundo", salientou.

Muitas pessoas parecem estar perdendo o discernimento, agindo de forma irresponsável, desatentas, sem pensar nas consequências. Isso também é um problema decorrente da educação inadequada, da falta da atuação conjunta do "eu interior". Notícias como a publicada no jornal Folha de São Paulo, de que pais e moradores revoltados tomaram as ruas de Chapra, no leste da Índia, depois que pelo menos 22 crianças morreram e outras 28 foram hospitalizadas no dia 16 de julho após comerem uma merenda escolar contaminada com substâncias químicas, nos causam grande preocupação.

Não podemos gastar muito tempo e energia em discussões sobre as teorias econômicas. Precisamos colocar ordem na casa; precisamos de economistas, e empresários estadistas que não pensem apenas no resultado financeiro e de estadistas no governo, seja em Brasília, ou nos Estados e Municípios. Todos responsavelmente empenhados na busca do real progresso humano.

Os governantes deveriam levar a sério a importância do equilíbrio no comércio exterior. As diferenças regionais promovem a necessidade de troca de produtos, mas isso não deve ser feito de forma a embaraçar o progresso e o desenvolvimento entre os parceiros, permanecendo uns como fornecedores de produtos primários que mantêm sua população em precárias condições pelo baixo nível de renda e de educação.

O mercado e a boa educação fazem parte de um conjunto indispensável a um sistema que possibilite a efetiva democratização. No entanto, estes têm sido empregados para atender a interesses particulares. O objetivo da população e dos líderes deveria ser o contínuo aprimoramento pessoal e a elevação das condições de vida. Todos dependemos dos recursos que o planeta oferece, mas a Terra não é nossa propriedade, não pode continuar sendo sugada de forma irresponsável para o benefício de poucos.

As pessoas precisam ter confiança no governo, nos bancos, nas empresas, nos sindicatos, mas sofrem continuadas decepções. Se o sistema permite vantagens e o enriquecimento através de manobras escusas, de artifícios introduzidos no câmbio das moedas, e da utilização de mão de obra em precárias condições, torna-se necessária uma regulamentação justa, que seja respeitada por todos. Caso contrário, o equilíbrio será rompido, levando à explosão dos conflitos das multidões influenciadas por milhões de pensamentos negativos de ódio e destruição, que nos farão regredir à nova barbárie pela ausência do reconhecimento do sentido da vida e da esperança de que o futuro possa melhorar.