O mundo está entrando numa crise cujas consequências ainda são pouco claras. Há prenúncios de que a miséria tende a aumentar. Os postos de trabalho estão desaparecendo.
Há muitas mercadorias à venda e pouco dinheiro nas mãos dos consumidores. Talvez por isso abundam produtos de b aixa qualidade. Faltam consumidores nas lojas. Os sinais de decadência vão se tornando visíveis. Vemos rostos cansados, atitudes travadas, poucos sorrisos. As pessoas estão perdendo o senso de humor. Há muita gente mal humorada, habituada às rotinas que aprenderam, não conseguindo encontrar soluções inovadoras fora dos manuais. Faltam interesse e esperança.
Sem educação, preparo e motivação teremos grande dificuldade para superar as dificuldades. Trata-se de uma complicada situação. Não devemos ser pessimistas; no entanto, não podemos fazer como a avestruz que esconde a cabeça para não ver o perigo. Estamos muito atrasados em tudo, diante de uma situação desfavorável, pois grande parcela da população não tem preparo, permanecendo na faixa de rendimento de R$ 100,00 mensais, incapaz de fortalecer o mercado interno. Necessitamos do propósito de desenvolver o Brasil e sua população, com o apoio do governo, empresas e mídia.
Para Hélio Schwartsman, filósofo e colunista do jornal Folha de S.Paulo, estamos diante de um fosso educacional, que faz com que menos da metade dos jovens concluam o ensino médio. Empresas têm dificuldade de preencher vagas para trabalhadores mais qualificados. Faltam médicos e engenheiros. Contingentes expressivos dos bacharéis em Direito não conseguem passar na prova da OAB.
Por outro lado, estamos enfrentado as adversidades das mudanças climáticas, complicando a vida nas cidades. Calor intenso, secas, inundação, degelo. Rios e lagos que perdem o vigor. Desertos que se ampliam. China e Inglaterra enfrentaram temperaturas bem elevadas, jamais alcançadas. O Canadá se preocupa com a redução do nível da água nos lagos. Outro grande complicador refere-se à produção agrícola de alimentos, que já vem sendo afetada drasticamente.
Além da precariedade do ensino, do baixo aproveitamento dos alunos, da desistência antes da conclusão, também temos de estar atentos para que a educação não forme robôs. O mundo está cheio deles, sem flexibilidade, desorientados quando as coisas fogem do usual, rígidos em sua forma de pensar e agir. O ser humano precisa ser ágil, flexível, ter bom senso, consideração. São condições essenciais ao progresso real.
Em meio a toda essa confusão, há uma crise de depressão. Os laboratórios farmacêuticos saúdam o bom resultado obtido com a venda de antidepressivos e drogas para controlar a ansiedade. Depressão e ansiedade, os grandes inimigos da saúde e do regular funcionamento das funções vitais. Enquanto o planeta se esvai, tornando precárias as condições de vida, os homens continuam se digladiando como pequenos reis, na ilusão de conquistar um pedaço a mais de poder efêmero.
Alguém se lembrou de perguntar o que deveria ser o mais importante para fazermos em nossa vida. Poderíamos dizer que a busca do sentido da vida é fundamental. Na Mensagem do Graal, o escritor alemão Abdruschin nos indica que devemos ter o anseio por algo elevado: “Toda vida terrena só adquire valor real com o anseio por algo mais elevado, e que com isso também maravilhoso calor de vida perpulsa todas as alegrias e prazeres terrenais. Não colocando estes de lado, portanto, mas proporcionando calorosa afirmação de vida, como o mais belo efeito recíproco aos que anseiam por algo mais puro e elevado, e aos que procuram sinceramente, o que muitas vezes ressoa em jubiloso entusiasmo por tudo o que existe e se oferece.”
Certamente, com esse anseio, muita coisa na vida seria diferente do que é atualmente. Seria algo mais leve e mais ameno, pois hoje a história mostra a sua face nas consequências de séculos de descuido com a busca do sentido da vida.