Originalmente, capitalismo foi o nome dado para o sistema de produção deixado na mão da iniciativa privada, composto por indivíduos e famílias que iniciaram o negócio de produzir em quantidade para vender aos interessados com lucro, precisando, para isso, contratar outros indivíduos para executar o trabalho. O capitalismo tem como objetivo o aumento de rendimentos e obtenção de lucro.
Com a globalização, este sistema tem uniformizado a concentração dos rendimentos. Em oposição a ele surgiu o socialismo, o estado patrão, propondo a apropriação pública dos meios de produção e a supressão das diferenças entre as classes sociais, decidindo o que e como produzir, e que dado ao seu ostensivo autoritarismo, tolhedor das liberdades individuais, acabou não dando certo e, além disso, incentivou a estagnação com o nivelamento por baixo, tirando de uns para distribuir a outros.
Com o desmoronamento do socialismo, o capitalismo ganhou projeção, e no dizer do jurista Fábio Konder Comparato, “é inegável que o capitalismo se apresenta como uma autêntica civilização, sendo a primeira não vinculada a religião alguma, tendo se tornado a primeira civilização mundial da História”. Assim surgiu a globalização redutora dos nacionalismos, que muitas vezes deixaram de defender os legítimos interesses da população para se entregar à tirania e ao ódio. No entanto, acima dos nacionalismos deveria ter prevalecido a ética do cidadão do mundo, o ser humano consciente que busca a evolução. Segundo o escritor alemão Abdruschin (1875-1941), temos de ser fortes sem causar nenhum sofrimento ao próximo, a fim de satisfazer as próprias cobiças.
Poderíamos acrescentar que é através da lei da atração e da lei da reciprocidade que são geradas as condições de vida dos indivíduos e da humanidade. Pensamentos e desejos iguais vão se adensando e se transformam em realidade. Com a ânsia pelo acúmulo de riqueza, o sistema tem permitido o ganho financeiro especulativo. Famosos investidores como George Soros e Warren Buffett construíram um modelo de ganhos que muitos querem seguir. É bom para quem ganha, mas é um ganho puramente monetário e alguém terá de produzir para manter a economia equilibrada enquanto o dinheiro vai se concentrando.
Na sessão plenária do último dia do World Innovation on Summit for Education (Wise) 2013, um dos maiores eventos de educação do mundo, realizado de 29 a 31 de outubro em Doha, Qatar, o assistente de educação da direção geral da Unesco, Qian Tang, disse que a sociedade continua preparando as pessoas apenas para o mercado de trabalho, mas uma educação de qualidade deve fazer muito mais do que isso. "Precisamos falar de valores, de caráter, da convivência com o outro, com o diferente. Não basta o que estamos oferecendo. Estamos tirando de nossos filhos um futuro melhor."
Temos descuidado da educação real do ser humano. Permitimos que a população absorvesse os piores modelos através dos filmes e telenovelas. Não consolidamos o trabalho sério e honesto. Muito dinheiro foi desviado de sua finalidade. Vivemos sob muita fantasia. Estamos fragilizados. Os planos não contemplavam o bem geral. E, acima de tudo, o grande postulado não foi seguido: o de não causar sofrimentos ao próximo para a satisfação das próprias cobiças.
Deixamos de buscar o sentido da vida. Por que nascemos neste planeta? Com o avanço do materialismo, a insatisfação aumenta. O homem ficou descartável. Consumir tornou-se a meta. Disse a psicóloga inglesa, Harriet Griffey, que a partir dos anos 1970 o excesso de TV reduziu a concentração das crianças. No século XXI, o realismo dos roubos violentos na mídia amoleceu os padrões, principalmente onde não há policiamento efetivo ou condicionamento religioso. E continuamos desconhecendo a razão do existir. Em que rumos estamos adentrando?
O homem não é máquina. É a essência espiritual que o define para evoluir e apreciar o belo. Para a educação integral do ser humano, teríamos de incluir no aprendizado das novas gerações algo a mais, como a observação da terra, ou seja da natureza e seu funcionamento em sequência lógica; o desenvolvimento do senso de responsabilidade e a necessidade de reconhecer e respeitar a lei do equilíbrio em tudo o que fizermos, pois para cada coisa que recebemos temos de retribuir de alguma forma. Então estaríamos formando o homem integral, forte e desperto para a vida, apto a buscar inovações para enfrentar com coragem o desafio de buscar a continuada melhora nas condições de vida.