Nos Estados Unidos e Europa quase chegamos a ter uma situação que tendia para a perfeição. Havia uma boa renda para todos que estivessem dispostos a trabalhar com afinco. O Estado não precisava fazer grandes interferências. Abraham Lincoln, o 16º presidente americano, assassinado em 1865, teria deixado em seu legado dez princípios para o progresso e a vida em sociedade sem conflitos:
Para Lincoln, não se deveria pecar pelo silêncio, mas sim protestar quando necessário. Agora mesmo, nos Estados Unidos, a situação é outra. Com a concentração da riqueza nas últimas três décadas, aumentou a pobreza e muitas famílias não têm como cuidar da saúde e contar com assistência médica sem a participação do Estado.
Com a decisão de transferir a produção industrial para regiões de câmbio desvalorizado, mão de obra mais barata e menos restrições ambientais, os Estados Unidos apostaram as fichas na gestão do mercado financeiro global, mas isso não foi suficiente para gerar empregos na mesma proporção em que estes foram destruídos na indústria. Por outro lado, as oscilações provocadas pelas bolhas no mercado acionário acarretaram baixas, desfalcando as camadas da classe média em seus pecúlios, e as dívidas deixaram grande parte da população com poucos recursos.
Numa época em que as calamidades eclodem simultaneamente em várias regiões, também no Brasil se evidencia a sua fragilidade e a falta de um projeto sadio de desenvolvimento progressivo, aflorando a falta de preparo dos líderes e da população em geral. Uma questão que merece ser examinada com seriedade, antes que seja tarde demais.
O tráfico de drogas se organiza, ampliando receitas. Um ganho enorme se concentra na informalidade que desmonta as estruturas, desfibrando a população. Na guerra econômica global a quem isso interessa? Temos de pensar além do talento para o mercado. Necessitamos do talento para a vida decentemente humana, pois sem ele corremos o risco da involução. A falta desse talento poderá nos levar ao caos, permitindo que as riquezas sejam externalizadas, arrastando o país para uma forma embrutecida de viver.
Em meio à aceleração dos acontecimentos, vivemos de forma impaciente e sem tolerância. As novas gerações não estão aceitando viver da mesma forma que seus pais. Não querem se subordinar pacificamente a um regime de trabalho opressivo ao perceber que isso não lhes permitirá atender aos seus anseios de consumo com plenitude. Então por que se atracar agressivamente com o trabalho, deixando a coisa rolar sem grande interesse? Falta-lhes a paciência para elaborar um plano de longo prazo para suas conquistas; querem tudo de imediato. No entanto, apesar dessa postura rebelde, a consciência dos jovens se mantém na mesma direção, subordinada à lógica materialista e consumista, que se consolidou no pós-guerra, divorciada da realidade espiritual e do eu interior.
Foram necessários bilhões de anos para que o planeta adquirisse as condições de vida e sustentabilidade - o mundo perfeito da natureza - através do funcionamento das leis naturais da Criação, ainda desconhecidas da humanidade. Tudo para que o germe espiritual pudesse ser expelido para a Terra para o seu desenvolvimento progressivo.
O que prevalece hoje em dia é o domínio do materialismo e a negação do espírito e das imutáveis leis espirituais, tanto no capitalismo como no socialismo, ou mesmo nas diversas correntes religiosas. Romper a lógica materialista e sua pressão avassaladora sobre a consciência e os conflitos gerados por ela, depende de cada indivíduo e de sua vontade de se tornar consciente da realidade espiritual e assim readquirir o domínio sobre sua máquina de pensar, a serenidade mental e a alegria de viver.