O Capitão América tem a ideia de liberdade em seu mais nobre valor; é o herói resgatado do passado na ficção que está sendo exibida em centenas de salas de cinema, apresentando na tela alguns dos problemas do nosso planeta, cuja população supera sete bilhões de pessoas, e está repleto de mazelas e inconformismos.
Aqui, no lado de baixo do Equador, estão ocorrendo desordens na Venezuela, na Argentina e até no Brasil, país sempre caracterizado pela boa índole e acolhimento de seu povo cordial. No lado de cima, além da situação econômica fora do normal, há os costumeiros problemas do Oriente Médio agravados com a guerra na Síria e com a inclusão da Crimeia pela Rússia, o que deixou os ucranianos de cabelo arrepiado.
Afora isso, o mundo ocidental ainda permanece em ressaca após a crise financeira de 2008 desencadeada pelo estouro da bolha dos empréstimos do setor imobiliário americano, provocando queda na produção e nos empregos. Como sempre, falta integração entre o público e o privado, governo e mercado. No tempo das vacas gordas, emprestar ao governo, além de rentável, criava dependência e poder. Depois vieram as crises e o dilúvio de dívidas. Os governos se enfraqueceram, houve desperdício e desvio de dinheiro. Enfrentamos uma situação difícil. Há urgência em reduzir os gastos, pôr as dívidas em dia, mas como vai ficar a vida de bilhões de habitantes do planeta com tantos desequilíbrios?
Na ficção, há uma organização secreta infiltrada no coração de Washington, a HYDRA, que quer pôr fim aos desmandos num mundo dominado pela corrupção, caos, desordem e governantes perdulários. Para isso, coloca em andamento uma operação que através de um poderoso equipamento de extermínios visa a eliminação sumária dos supostos perturbadores da ordem para dominar tudo com a força da intimidação.
No mundo real, assim como na ficção, a humanidade se afastou do alvo de uma evolução geral e aprimoramento. Agora estamos num mundo com muitas insatisfações, rupturas e diante de futuro imprevisível. O que poderia acontecer com tantos problemas econômicos e sociais e no meio ambiente? O filme é tímido em seus questionamentos. Estamos enfrentando o aquecimento global e as alterações climáticas. Há o risco de escassez de água, queda na produção de alimentos, falta de confiança geral num ambiente tipo salve-se quem puder. Rezar e plantar árvores seria uma boa. Muito importante é avançar com consciência sem detonar a natureza. Será que agora, com as ameaças de falta de água seremos mais criteriosos na sua preservação?
Num mundo áspero, sem alvos elevados, os traficantes de drogas fazem a festa à custa do enfraquecimento das novas gerações. Teríamos de estar redobrando as atenções para o bom preparo das novas gerações para a vida e para o enfrentamento das dificuldades com sabedoria e bom senso. No entanto, temos permitido a sua alienação dos problemas reais apresentando uma forma fantasiosa de viver.
Os problemas são apontados e tudo continua do mesmo jeito; não se tomam providências. Deveríamos estar fazendo tudo ao nosso alcance, como reduzir o desmatamento, ampliar áreas florestadas, impedir a poluição geral, dos rios, oceanos, solo, ar, e dar bom preparo aos jovens, educando-os para uma forma de viver sustentável.
Devido à sintonização errada da humanidade, o nosso mundo ainda se acha muito distante do que poderia e deveria ser: a maravilhosa e pacífica morada transitória de seres humanos em permanente evolução. A humanidade se encontra diante de enormes obstáculos criados por ela mesma, pela forma arbitrária de agir confrontando os mecanismos automáticos da natureza. Necessitamos de vontade sincera para sair dessa difícil situação. Faltam estadistas com olhar amplo. As grandes corporações de atuação global, de outra parte, ainda não se conscientizaram da necessidade de intervir em conjunto com os governos no sentido de alcançarmos a evolução sustentável.