RECUPERAR O TERRENO PERDIDO
(29/10/2014)

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A globalização se fez calcada no imediatismo da minimização dos custos e maximização dos lucros, desconsiderando os aspectos humanos e a sustentabilidade urbana, nivelando tudo por baixo. Cada país e cada povo precisa se movimentar e ter assegurados os meios de subsistência condigna, o que não tem recebido a atenção por parte dos investidores. Algumas corporações começam a despertar para sua responsabilidade com a sociedade, posto que os governos se envolveram em interesses particulares, descuidando de sua tarefa e do futuro que se insinua ameaçador com a limitação dos recursos, consumo sem disciplina, população se expandindo.

É imperioso o desenvolvimento de sérios estudos avançados sobre os erros que estamos cometendo, pois trata-se do futuro, nosso e dos descendentes, que está em jogo. A fase é de crescimento pífio. Após a crise de 2008, muitas pessoas não conseguiram retornar aos postos de trabalho destruídos. Segundo a OIT, o número de desempregados se situa ao redor de 200 milhões, e até 2019 poderá alcançar 213 milhões. No Brasil, o crescimento é baixo e os déficits aumentam; temos atraso em muitos setores. Estamos enfrentando dificuldades na indústria, no setor de energia, na produção de etanol, nos desmandos na Petrobras.

Quando houve um plano econômico voltado para o progresso do Brasil e sua população? Educadores já falaram do atraso no preparo dos jovens. Médicos mostraram a precariedade alimentar das crianças. Ficamos por baixo e agora enfrentamos a renhida competição global. O empresário Dimas Zanon é bem o exemplo da situação: ele dobrou a capacidade de produção da Difran, empresa que fundou em 1985, passando a produzir 300 mil peças por dia, empregando 420 funcionários, atualmente reduzidos a 130 para uma produção máxima de 100 mil peças.

Em entrevista para o jornal o Estado de São Paulo, Dimas Zanon disse que boa parte dos problemas da indústria de autopeças se deve ao elevado custo Brasil e à "nefasta" política cambial do país, que tira a competitividade do produto nacional e abre espaço para peças vindas do exterior, especialmente da China. Muitos economistas já falaram do abismo aberto na política industrial devido à prática da valorização do câmbio, num país sem dólares, que para equilibrar as contas externas precisa contrair empréstimos, ou se submeter aos caprichos do dinheiro quente.

O economista Delfim Netto, em artigo publicado no jornal Valor Econômico, esclarece que “o uso exagerado da taxa de câmbio (e preços públicos) para controlar a inflação (que destruiu o setor de biocombustível e a Petrobras) roubou US$ 230 bilhões de demanda do setor manufatureiro entre 2010 e 2014, que foi substituído por importações. A indústria perdeu suas condições isonômicas de competição: uma carga tributária absurda, que é desonerada ficticiamente; a maior taxa de juros real do mundo; um custo de energia e insumos alto e crescente; um irracional sistema de tarifas efetivas; uma política comercial frouxa e prisioneira de compromissos regionais problemáticos; a ausência de um regime expedito de "draw-back" verde e amarelo e, por último, e ainda mais importante, uma política cambial errática a serviço do combate à inflação”.

Como recuperar o terreno perdido? A sociedade tem vivido de uma forma lamentável e artificial, inventada pelo homem e seus interesses materiais, descuidando do real sentido da vida. Tudo está em efervescência, pondo à mostra as grandes incoerências das teorias criadas, afastadas da realidade espiritual para atender interesses particulares. E vejam os acontecimentos: violência, guerras, miséria, falsidades e traições, doenças, ignorância.

Falta o conhecimento das leis da vida. Temos oferecido aos jovens uma forma de viver mecânica, fria, sem emoções, com o comportamento comandado pelo raciocínio, sem coração, sem a participação do espírito. Perdida nas superficialidades que criou, a humanidade vai destruindo tudo, provocando ruína e retrocesso. Perdemos o conhecimento do que é natural; tudo passou a girar em torno do dinheiro, relegando tudo o mais a plano secundário, inclusive os valores humanos. A missão do homem é o eterno aprendizado para evoluir. O tornar-se humano para beneficiar e embelezar a vida. A paz, o progresso e a alegria teriam de ser naturais numa existência dedicada à evolução da humanidade.