Não é fácil gerir as finanças públicas com projeções calculadas tão aquém do realizado. No Brasil, em quatro anos houve uma diferença acumulada de R$ 251 bilhões a menos na arrecadação prevista. Só em 2014 a diferença foi de R$ 110 bilhões, conforme dados publicados, constantes do relatório em apreciação no Tribunal de Contas da União. Como explicar? Se a arrecadação foi abaixo do previsto, o mesmo não aconteceu com as despesas, gerando déficits e aumento da dívida.
O mundo caminha para o buraco negro das finanças descontroladas. Quando teve início o lento processo da gestação da civilização do dinheiro, não se imaginava que no futuro surgiriam tantas incoerências. Naquela época, ainda se dava muita importância ao fator humano. Ao estudar a moeda, o economista italiano Ferdinando Galiani (1728-1787) focava o homem como objeto central de suas análises, colocando-o como o principal fator da geração da riqueza. No entanto, a verdadeira riqueza não está no homem nem no dinheiro, pois tudo provém da natureza. Através da expansão do uso da moeda surgiu a estrutura da economia dos Estados.
Muitos são os Estados com dívidas próximas ou acima do PIB. Na Grécia, a situação é ainda mais complicada; o país está sem condições de contrair novos empréstimos e caso efetue o pagamento das parcelas devidas ao FMI, ficará sem dinheiro em caixa. O primeiro ministro Alexis Tsipras cria um impasse ao se desentender com os credores e diz que não vai ceder às exigências de mais austeridade.
O interesse egoísta e a ânsia pelo poder se converteram no instrumento da transformação da sociedade aristocrática, mas de tal forma que esta tende para a desumanização. Isso não significa que a sociedade aristocrática fosse mais humana, pois o interesse egoísta ficava dissimulado sob a aparência de falso humanismo, como tem sido há séculos e cristalizou-se na cruel prática da escravização, pois já era ideia corrente de que um povo, para enriquecer, teria de ser à custa do sacrifício de outros povos.
O dinheiro tem o seu fetiche, a sua força de atração. Em função de sua posse, os valores humanos foram sendo abandonados, pois mais importante se tornou o poder decorrente do acúmulo do capital pelos detentores e controladores, o que tem exercido forte influência nas condições atuais em que o mundo vive. O endividamento geral é volumoso. Os bancos emprestam na base de 20 para cada 1 disponível, gerando comprometimento dos depósitos e instabilidades permanentes.
A premente necessidade de dinheiro se tornou o centro das preocupações. As pessoas vão perdendo a profundidade, tornando tudo superficial, eliminando as individualidades, fragmentando, separando as pessoas, gerando a ânsia por divertimentos e prazeres, sufocando os ideais da vida. A ânsia por riqueza e poder gerou o mundo áspero e hostil, a desumanização e muitos desequilíbrios. A humanidade afastou-se das leis naturais, criou seus próprios postulados, mas está perdendo a disposição e a motivação para refletir sobre as questões essenciais para uma vida feliz.
Embora omisso na questão da evolução do dinheiro, do arranjo monetário de Breton Woods, do dólar e do euro, o secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, apresenta em seu livro Ordem Mundial, excelente relato do jogo político global, no qual destaca como principais atores a Europa, Rússia, China e Estados Unidos, focalizando desde as guerras religiosas até chegar aos nossos dias. A questão monetária e cambial tem travado o desenvolvimento dos países retardatários pela ausência de parâmetros, ensejando a formação de um mercado altamente especulativo.
A legítima organização harmonizadora de toda a humanidade, para ser bem-sucedida, tem de respeitar a autonomia e individualidade dos povos, observar e respeitar as leis naturais da Criação, cujo funcionamento é de caráter universal, uniforme e imutável, pois atinge todas as nações e todas as regiões do planeta e do universo. Com a sua correta utilização, a humanidade avança no progresso real e no aprimoramento, gerando paz e felicidade.