Nesta época de finanças e produção globalizadas, a classe política vive no mundo da fantasia, sem querer entender a realidade e agir com eficiência, diante da grande volatilidade financeira que dificulta a sustentabilidade fiscal, isto é, o equilíbrio nas contas governamentais e o controle dos déficits, que se agrava ainda mais com a má gestão e o avanço da corrupção. Uma economia dependente não pode se dar ao luxo de fazer dispêndios inúteis como é o caso da África do Sul e do Brasil que construíram enormes estádios quando faltavam creches e tudo o mais.
Estamos diante de uma conjuntura desfavorável para a geração de empregos; internamente, devido ao desequilíbrio entre receitas e despesas, e externamente, pela dificuldade para exportar por conta do longo ciclo de câmbio valorizado que atuou a favor das importações, e forte concorrência resultante da automação e da transferência da produção industrial para a Ásia, o que inibe investimentos em produção industrial. Os empresários não vão investir para ter prejuízos.
A dramática necessidade de moeda conversível para pagar importações, serviços, remessas de lucros, juros e resgates de empréstimos deixa as nações dependentes prostradas. Tudo depende do volume das exportações que nunca são suficientes diante dos desequilíbrios e da má gestão da economia. Sem alcançar o equilíbrio, perpetua-se a dependência que se agrava quando o mercado enxuga a oferta de dólares provocando escassez e encarecimento da moeda. Muitas empresas já foram vendidas na maré do Brasil barato. Vivemos a ilusão do dólar barato, para de repente vermos tudo soçobrar, como o desemprego, a redução dos salários, preços subindo, inflação se instalando. Falta conscientização e um ajuste com realismo.
Impera a desordem cambial, com as taxas de câmbio e de juros oscilando ao sabor dos humores do mercado e interesses particulares. A maioria das pessoas não sabe como as coisas funcionam. As equipes econômicas sempre souberam dos riscos oferecidos pelos déficits e que os especuladores não perdoam; mesmo assim sempre agiram de forma imprudente, sem um planejamento sério das contas internas e externas, deixando o país cair na armadilha da dependência.
Agora estamos diante do entrave dado pelo confronto entre a dívida e o PIB, evidenciando-se a insustentabilidade agravada pela corrupção e disputa do poder e suas benesses. Há uma letargia e uma cegueira. Tem faltado patriotismo da parte da classe política. O Brasil está parando. É muito grave. A economia e o trabalho precisam voltar à normalidade!
Quando não se consolidam fontes de renda estáveis, faz-se necessária a integração com o habitat para produzir bens e alimentos, pois não há condições para que, em curto prazo, se estabeleça economia de mercado com plenitude. Qualquer tentativa nesse sentido vai criar uma economia dependente de financiamentos que vão recebendo a corda, mas na hora do aperto ficam submetidos a exigências de concessão das riquezas naturais. Isso tem acontecido nas regiões da América Latina e África.
Falta equilíbrio em tudo. Não resolve um crescimento que implica aumento só do lado dos gastos, das importações, do aumento da dívida. Como evoluir se os orçamentos do país, dos estados e dos municípios apresentam déficits desde o início, e os gastos são mal direcionados e mal administrados?
Quando os recursos são escassos é preciso encontrar soluções inovadoras e meios de melhorar a educação das crianças com creches eficientes; não descuidar da coleta de lixo, do saneamento, da limpeza e arborização das praças; melhorar as condições gerais como pavimentação de ruas com menos gastos, aproveitando as pessoas e recursos da comunidade, enfim ha muito por fazer.
Para impedir essa situação o economista Keynes (1883-1946) propôs a criação de mecanismos de ajuste do balanço de pagamentos que não dessem origem a situações de penúria a que muitas nações ficam submetidas; em que a irresponsabilidade fiscal dos governantes é combatida com severa austeridade, sem que se reformulem os fundamentos das gestões incompetentes, mantendo-se o ciclo da dependência. O homem moderno perdeu o sentimento de sua transcendência, apegando-se ao materialismo e ao imediatismo que ele impõe. Se o presente já está difícil, como será o futuro?