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O APRIMORAMENTO HUMANO COMO META

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Com o aumento da incerteza econômica e social, crescem os movimentos de massa. Quem entende o que está se passando? Falta uma parada para refletir sobre a situação com objetividade e sinceridade na busca de soluções viáveis. Com a teimosia geral, a vida de oito bilhões tende a se precarizar. O foco deveria ser a busca de melhores condições gerais de vida que possibilitem a evolução das pessoas que se dispõem a aprender e a trabalhar com eficiência para, dessa forma, embasar a atividade econômica.

A desequilibrada situação das finanças públicas tende a piorar. O mundo atravessa uma fase de mudanças profundas. Massas desorientadas e acomodadas espiritualmente vão sobrevivendo. Para onde a humanidade está caminhando? Houve um período de busca de melhora no padrão de vida, mas faltaram maiores cuidados com a educação e preparo para a vida. Com a integração do bloco asiático, as deficiências vieram à tona; não está dando para segurar. Está certo dizer que se trata de Capitalismo de Estado ao se organizar a produção e o comércio quando na verdade se trata de governo forte? Que nome poderia ser dado a esse novo sistema econômico de produção?

Há confusão, insegurança e incerteza sobre os objetivos da sociedade. As empresas são formadas para gerar lucros e, para isso, o capital é indispensável, mas requer a colaboração dos que trabalham produzindo e tocando o empreendimento. As mexidas nas leis que regulam o trabalho deveriam incluir algum dispositivo de participação nos resultados, pois se trata de manter o equilíbrio entre as partes.

Nas análises do economista Thomas Piketty sobre a tardia abolição do trabalho escravo no Brasil, faltou observar que isso faz parte do passado colonialista, que criou uma economia caudatária que se habituou a produzir commodities para exportar, assim como o dinheiro também. Assim como no Brasil, em outros países também os ganhos obtidos em sua maior parte não foram reaplicados na origem que permanece no atraso geral, criando a matriz básica da desigualdade global entre os povos.

Muitos abusos foram cometidos quando o acúmulo de dinheiro e poder se tornou um fim em si, gerando a estruturação da economia imediatista, sem bases sólidas com responsabilidade pelo futuro. O foco deveria estar na busca de melhores condições gerais de vida. O mundo está sob controle do ponto de vista dos interesses econômicos das grandes potências que ensaiam um acordo entre si, tendo os mais fracos que se sujeitarem. Isso quer dizer que não haverá uma grande guerra no curto prazo, mas também não haverá paz devido a conflitos localizados e a atos de terrorismo, a menos que algum dirigente perca o equilíbrio e tome atitudes agressivas isoladamente.

A economia poderá seguir com baixo crescimento e com avanço da precarização em algumas áreas tidas como abastecedoras de commodities: Estados Unidos, como centro de atração da liquidez mundial; Ásia, como polo manufatureiro. No restante do planeta, aumento da insatisfação e movimentos de massa, eliminando-se cada vez mais a possibilidade de caudilhos assumirem o poder, ficando os Bancos Centrais na coordenação e o dinheiro e o poder como fins.

Enfrentamos a crise da humanidade que perdeu o rumo por ter esquecido que o futuro surge como consequência do que é feito no presente. Não há esforço para entender a vida e seus marcos fundamentais: nascimento e morte. Falta a consciência da responsabilidade da geração, seguida da encarnação e nascimento. O aprimoramento da espécie humana e a melhora das condições de vida ficam mais uma vez para o futuro do futuro.

A ausência de objetivos nobres e as necessidades do dia a dia envolvem tenazmente os pensamentos que vão se direcionando para as coisas fúteis, conduzindo tudo para baixo. Todas as noções, imperceptivelmente, vão se modificando para pior. No passado, isso não ocorria tão frequentemente como hoje, com bilhões de pensamentos direcionados para baixezas de todos os tipos, tornando a cada dia o viver mais difícil e vazio. Ao conservar puro o foco dos pensamentos, direcionando-os para o bem, as pessoas estarão contribuindo para a própria felicidade e para a melhora geral.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”; “2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” e “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7