A DANOSA POLARIZAÇÃO
Apesar de tantas manchetes sensacionalistas inquietadoras, a geleia global vai seguindo. Após mais de 300 anos de regime escravocrata, o Brasil permanece atrasado. O dinheiro, em todo o globo, continua se concentrando, aproveitando-se da taxa de juros. Os BRICS falam em progresso para as nações vítimas de exploração colonialista, sem citar a má governança; no fundo, há o confronto entre as potências
Atualmente, pode-se dizer que a polarização decorre desse confronto gerador de muitas narrativas. As divergências vão se acirrando através das atitudes políticas de extremos ideológicos, ou confrontos econômicos; no fundo é o resultado das cobiças por poder e riquezas pouco transparentes.
Aqui, de longe, não entendemos bem o que se passa nos EUA, a nação que há 80 anos emite a moeda global. A maioria dos países não protegeu a indústria, aumentou a dívida e se tornou dependente daqueles que passaram a produzir para exportar. Os respectivos governantes gostaram e nada fizeram. O desequilíbrio econômico é geral, agravado pela guerra comercial e monetária.
Ocorre uma estranha situação: se alguém quiser produzir nos EUA vai pagar mais ou menos 25% de imposto, mas o exportador traz o produto pronto, não paga nada, e a taxa sobre a venda fica para o consumidor. Os americanos se beneficiaram de importados baratos, mas tiveram fábricas fechadas e exportaram empregos. O Brasil fez o mesmo, em situação bem pior porque paga juros para ter dólares.
Quanto o Brasil deixou de crescer desde a Proclamação da República? Os interesses da nação e seu povo foram descuidados. O cenário global mostra o caminhar dos fios do destino. Os seres humanos agiram sem considerar a lei do Grande Criador. Com boa vontade deveriam desenvolver conversas para aparar as arestas.
O Brasil, com muitos problemas não resolvidos, se envolve no confronto entre as potências, deveria permanecer de forma neutra nesse confronto pela hegemonia. A tarifa de 50% pode sinalizar uma nebulosa mudança de rota, mas o que o Brasil realmente necessita é avançar em direção ao esperado futuro promissor, ainda não alcançado, devido à contínua displicência dos governantes, apesar dos recursos ofertados pela natureza.
A tarifa de 50% não é um episódio isolado, mas parece fazer parte de um tabuleiro geopolítico maior, onde o Brasil, os BRICS e a questão monetária estão profundamente entrelaçados. Uma jogada pesada que representa um avanço no confronto. Enquanto as massas buscam distração e prazeres, a paz vai sendo comprometida. Será que está em gestação uma nova moeda? Seria do BRICS, ou algo mais amplo e difícil, ou seja, uma moeda global que substituiria todas as outras, inclusive o dólar, eliminando a flutuação cambial? Quem a controlaria? E se os controladores do dólar vencerem a parada?
No Capitalismo de Mercado, de ideologia fragmentada, há o poder do Estado e das grandes corporações dominantes que visam ganhos, poder e controle das massas. A grande diferença no Capitalismo de Estado é a organização e decisão centralizadas e unificadas sob a direção dos dirigentes que comandam a repressão e a ideologia. Os fins justificam os meios.
Há uma fermentação envolvendo moeda e soberania, e nas nações há a fermentação da economia interna. Os preços em geral estão proibitivos, as vendas caem. Pela internet há de tudo vindo do exterior com preços mais baixos. Situação difícil que envolve a globalização e o avanço da precarização. O preocupante é o impacto dessa situação na qualidade de vida da população e na economia das nações que ficam subordinadas a esse sistema produtivo global.
Fortalecer a resiliência econômica e dar bom preparo para as novas gerações deveriam ser as preocupações dos governantes, mas há uma danosa polarização interna e externa, mobilizada pelas cobiças por poder e riqueza que deixa tudo na incerteza.
É perceptível na Terra uma grande aspereza. Egos avantajados, predomínio do intelecto, falta o calor da intuição, o querer generoso do espírito. O destempero dos líderes governamentais é parte do processo de embrutecimento do ser humano, o que se tornou mais nítido a partir dos anos 1970. Não há mais empatia nem consideração, cada um pensa em si e nos seus interesses, mas isso vai em progressão, e a cada dia vai ficando mais perceptível a possibilidade do fim trágico que a própria humanidade tem desenhado para si.
*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: bicdutra@library.com.br





