APRESENTAÇÃO

Esta pesquisa realizada na forma de Dissertação de Mestrado, insere-se no Programa de Pós-Graduação do Departamento de Filosofia do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará, e tem como objetivo central investigar o pensamento de Giordano Bruno. Partimos da discussão acerca do universo e dos mundos – Cosmologia - e da inserção do filósofo no movimento renascentista, desde a sua ruptura com o pensamento formal e academicista da época, até a sua condenação à morte na fogueira, pelo Santo Ofício. Esse segundo momento caracteriza a sua opção pela liberdade de pensamento e pelo amor heróico à Verdade.

A compreensão da Cosmologia indicada na filosofia bruniana, nos conduziu a uma discussão acerca do princípio de autoridade e da ortodoxia; da inumerabilidade dos mundos, e da transcendência e imanência. A compreensão da liberdade a partir da trajetória histórica do filósofo, fundamentada no Mito de Prometeu, nos conduziu a uma discussão sobre a apostasia, a heresia e o Tribunal do Santo Ofício.

Em decorrência dessa discussão – Cosmologia e Liberdade, recorrermos ao Mito de Ifigênia, para fundamentarmos nossas reflexões acerca dos dogmas e preceitos religiosos tidos como verdades inquestionáveis, e dos sacrifícios humanos realizados em nome de Deus e da religião.

Como referencial teórico, utilizamos as obras de Giordano Bruno, A Causa, o Princípio e o Uno; e O Infinito, o Universo e os Mundos, além de escritos heterodoxos como o Corpus Hermeticum, atribuídos a Hermes Trismegistus; Giordano Bruno e a Tradição Hermética, de Frances Yates; estudos sobre a Cabala Judaica e outras.

Em nosso referencial metodológico utilizamos o princípio investigativo de Giordano Bruno, para quem importava buscar o alimento da alma, a cultura do espírito e do intelecto, e o divino objeto da filosofia: a Verdade. Independente dos caminhos trilhados, tal qual Giordano Bruno, nos fundamentamos em raciocínios válidos, que precedem de um juízo reto, em busca da verdadeira sabedoria. Considerando a posição do filósofo, que se proclamava acadêmico de nenhuma academia, preferimos não inserir esta pesquisa em conceitos formais e estruturas rígidas, pois a Verdade, embora possuindo várias faces e inúmeras vestimentas revela-se sempre a mesma em qualquer tempo e lugar.

Estamos incorrendo num erro? Fazemos nossas, as palavras do filósofo:

“… Se erro, julgo não errar intencionalmente; falando e escrevendo, não disputo por amor da vitória em si mesma (pois que todas as reputações e vitórias considero inimigas de Deus, abjetas e sem sombra de honra, se não assentarem na verdade), mas por amor da verdadeira sapiência e fervor da verdadeira especulação me afadigo, me apoquento, me atormento.”

(O Infinito, o Universo e os Mundos, Epístola Preambular.
Fundação Calouste Gulbenkian)