A Abrangência das Parábolas do Mestre

A Ovelha e a Dracma Perdidas

“Qual dentre vós é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E indo para casa reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. Eu vos afirmo que de igual modo há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.”

(Lc15:4-10)

Essas duas parábolas reforçam a idéia central contida na narrativa do filho pródigo. Em ambas transparece nítida a imagem do ser humano que errava mas que corrigiu o seu erro, que, portanto, estava perdido e foi encontrado.

A maior alegria do pastor foi ter encontrado e salvo uma única ovelha perdida dentre as cem que tinha. Do mesmo modo, a grande alegria da mulher não consistiu em ter conservado suas nove dracmas, mas sim em ter encontrado a décima desaparecida. Grande é o júbilo no céu para cada pecador que se arrepende. Mesmo que seja um entre milhões, é motivo de alegria no reino do céu. Por isso, nenhum esforço pode ser demasiado para conceder auxílio verdadeiro a um nosso semelhante que sofre, e que se mostra digno dessa ajuda. O sofrimento cuida de aplainar o caminho para que o socorro eficaz possa adentrar na alma.

Note-se, como sempre, a indicação de que o próprio pecador se arrepende, o que pressupõe uma mudança radical em seu modo de ser, até então sintonizado erradamente. Essa contingência está muito longe da idéia de uma obtenção fácil do perdão dos pecados, através da apática aceitação de uma fé cega ou do cumprimento compulsório de penitências inventadas.