Difícil é a luta atual pelo desenvolvimento espiritual ocasionada pela falta de compreensão das Leis da Criação, pela voz interior sufocada, pelo cérebro dominador que reina há milênios.
A centelha espiritual origina-se no sedimento final do grande Reino Espiritual da Criação, como germe inconsciente, com a vontade de tornar-se consciente para viver neste Reino.
Para realizar isto o germe tem de penetrar nas materialidades, abaixo do plano espiritual, para amadurecer com o suor dos seus esforços em tornar-se consciente. Primeiro entra na matéria fina e depois encarna na matéria grosseira.
Com a entrada do germe na matéria fina, este recebe um invólucro ou corpo de matéria fina, também designada como alma, onde poderá cumprir parte de seu desenvolvimento. A outra parte do desenvolvimento se dá na matéria grosseira, através de repetidas encarnações até que o espírito atinja seu amadurecimento. Desta forma o espírito humano em desenvolvimento, volta à matéria fina após o falecimento, onde cumprirá mais uma etapa do amadurecimento espiritual. O falecimento terreno é apenas o desligamento entre o corpo terreno, que não mais pode executar ações na Terra, e o espírito junto com a alma, que continuam a existência na matéria fina.
O germe espiritual é dotado do anseio pela conscientização. Ao lhe despertar este impulso, ele inicia sua peregrinação pelas matérias que se situam na parte mais baixa da Criação, aonde, ao seguir seus desejos que vão despertando, aprende a suportar a responsabilidade de uma vida consciente. A natureza toda lhe mostra de maneira simples e descomplicada, as Leis que regem a Criação. Vivendo nesta Terra, terá que mais fortemente lutar por sua sobrevivência, comendo o pão com seu próprio esforço. Esta luta pela sobrevivência é hoje muito mais árdua que antigamente, devido às atitudes destrutivas do homem sobre a natureza que nos presenteava abundantemente. Este esforço adapta-o à breve vida terrena, onde através da lentidão das coisas materiais grosseiras e mais densas, ele poderá refletir, ponderar e escolher seu caminho, experimentando e vivenciando suas resoluções. Como suas resoluções (livre arbítrio) são sempre espirituais, independentemente da matéria onde houver sido exercida a vontade, suas cargas, positivas e negativas, o acompanham até a completa extinção delas. Assim, o vivenciar do espírito nas matérias é imprescindível para o seu completo desenvolvimento.
Ao penetrar na matéria, o germe espiritual recebe o corpo de matéria fina, que também é popularmente chamado de alma. A matéria fina é de uma espécie diferente da matéria grosseira da Terra, deixando-se penetrar pelo espírito e penetrando na matéria grosseira. Desta forma, o ser humano terreno constitui-se de espírito, alma e corpo terreno, nos quais o espírito está embutido na alma e esta juntamente com o espírito, embutida no corpo terreno. As diferentes constituições dos corpos permitem esta interpenetração.
Além da característica do impulso pela conscientização, o germe espiritual também carrega o anseio pelo retorno à Pátria Espiritual. Este retorno é automático, mas somente poderá se dar ao ser completado o desenvolvimento, isto é, quando o espírito tiver pleno conhecimento das Leis da Criação e não mais carregar consigo qualquer vestígio de matéria, seja grosseira ou fina.
Os pensamentos, as falas e as ações do ser humano, são carregados pelo corpo de matéria fina ou alma, até que se complete o ciclo do plantar e do colher, com o completo reconhecimento, pelo espírito, das consequências de seu desejar. Esta carga que o espírito carrega, é material, impedindo seu retorno ao Reino Espiritual, enquanto não for inteiramente extinta na matéria. Apenas as atitudes nobres e de acordo com as Leis Perfeitas, desenvolvem o espírito e evitam cargas negativas que o retêm nas matérias.
O corpo terreno é transitório, tem curta duração comparativamente ao tempo de desenvolvimento do germe espiritual, e também necessita repor energias para o trabalho terreno, bem como de descanso e de sono.
Durante o dia, o trabalho, durante a noite, o descanso e o sono. Como principal órgão para o trabalho terreno, o corpo humano dispõe do cérebro, cuja função é a de executar na matéria grosseira a vontade do espírito em desenvolvimento. Para bem amadurecer espiritualmente, o ser humano deve obedecer a esta Lei da Criação, isto é, à vontade do espírito, que é o dirigente, e que tem de estar acima da vontade do cérebro, que lhe é subordinado. Se o cérebro arrogar-se a mandatário maior, o espírito estagna em seu desenvolvimento e fica perambulando entre as matérias, sem um alvo nobre a conquistar.
Há milênios isto vem acontecendo com a humanidade desta Terra. A vaidade, a mentira, a inveja, o roubo, o assassínio, e tudo que é mais de ruim e que vem trazendo enormes consequências para o espírito em desenvolvimento, provêm desta distorção entre o espírito e o cérebro terreno. Cultivado excessivamente durante estes últimos milênios, o cérebro cresceu atrofiando o cerebelo, que é a ponte de comunicação entre o espírito e o corpo terreno. Este fenômeno foi diminuindo a voz do espírito, que é a intuição, até desligá-la de todo em muitos casos. Atualmente a maioria da humanidade não mais ouve a intuição e quando fracamente ainda consegue captá-la, o cérebro a rechaça pois não quer perder sua supremacia artificial.
A intuição do espírito é facilmente distinguida, por exemplo, quando observamos uma crueldade e refletimos que aquele que tem coração não executaria tal coisa. Ter coração é uma expressão equivalente a ter espírito, que, por sua natureza é adverso a crueldades. Como o cérebro é constituído de matéria grosseira, ele está limitado ao espaço-tempo terreno, e não tem capacidade de compreender o que se acha acima da origem dele, como a matéria fina e o espiritual.
Afinal de contas, a meta do espírito é muito maior que a meta do cérebro. A meta do espírito é o retorno à Pátria Luminosa onde poderá viver consciente, no verdadeiro paraíso. Por ser sumamente terrenal, o cérebro só está capacitado a sentir as coisas da Terra, não podendo ir além disso, parando nos limites da matéria grosseira.
Como uma das Leis da Criação, a Lei da Reciprocidade ou Lei da Ação Recíproca ou Lei da Causa e Efeito, proporciona ao ser humano a colheita daquilo que ele plantou. A semente plantada, cuidada e adubada, transforma-se após algum tempo em planta madura que fornece inúmeros frutos da mesma espécie da semente, frutos estes que o plantador é obrigado pela Lei a saborear.
O cultivo exagerado do cérebro durante milênios subordinou-se também a essa Lei, e hoje a humanidade geme sob a pressão daquilo que ela mesma provocou, não conseguindo mais reconhecer o errado. Deixar de plantar este errado e assim fazer a enorme plantação de errados fenecer por falta de cuidados e atenção, o que se realiza por uma decisão e uma mudança na semeadura, trará de volta, ao desequilibrado espírito humano, a harmonia necessária ao desenvolvimento. A Lei é justa e incorruptível por ser perfeita, uma vez que emanou da Vontade Perfeita do Criador. Somente com o reconhecimento dos errados e o esforço em repará-los, o espírito humano poderá se libertar das cargas negativas e assim rumar firme no caminho do desenvolvimento, que também é o caminho da conscientização.
Difícil é a luta atual pelo desenvolvimento espiritual ocasionada pela falta de compreensão das Leis da Criação, pela voz interior sufocada, pelo cérebro dominador que reina há milênios.
Mas, tudo isto poderá ser revertido, bastando que cada um procure tornar sua vida melhor, conservando puro o foco dos seus pensamentos, atuando com alegria e não mais vivendo afastado das Leis Espirituais.
Este artigo baseia-se no Livro "Na luz da verdade", Mensagem do Graal, de Abdruschin, editado pela Ordem do Graal na Terra.