POESIAS
(24/06/2007)

Maria Christina Ferreira Gomes

Palavras

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Palavras, palavras formadas, palavras de bênçãos,
palavras faladas por acaso, perdidas no espaço,
retidas no tempo… formando de um lado beleza e
respeito, formando no outro, só dor e tormento.

Palavras que exprimem o sentir de um momento,
que trazem um bálsamo e um doce alento…
palavras que ferem caluniam e se sedimentam
palavras perdidas de atroz sofrimento…

O poder da palavra! Força que forma, impele
condensa e ata nosso destino…
pois através do falar expressamos
o que dentro de nós, ocultamos…

Ela traz benção quando falada correta,
em concordância com a lei da criação,
ela nos prende, nos fere e nos mata
se em desrespeito usamos esse dom…

Pois as leis que regem os universos são perfeitas,
e tudo registram sem parar…
se para nossa alegria ou desgraça,
só depende de nós, e de nosso atuar…

Se as palavras forem nobres vibrando nas leis,
então com certeza alegrias trará,
pois a reciprocidade devolve em dobro,
àquilo que cada um semear…

Que seja belo, conquanto severo,
o uso que fazemos do poder do falar,
que sempre vibre no amor e pureza do eterno,
o que em sentenças podemos formar…

Que não seja para apunhalar os outros,
pela superficialidade de apontar e julgar,
pois aquilo que condenamos em outros,
em maior grau dentro de nós está.

Se não pudermos haurir do enlevo de um momento,
a benção do silêncio à vibrar,
então não teremos merecido a graça,
de aqui viver, e de aqui estar…

Com nosso modo de falar determinamos o ambiente,
que a todo instante está a nos circundar,
que seja de beleza, harmonia e encanto,
o que do poder da palavra podemos formar…

Do contrário nosso caminho será de mil horrores,
por não termos envidado maiores esforços em calar,
daquilo que se consente fazer num repente,
a consequência por certo advirá.

Por isso cautela no falar deve ser o nosso lema,
mil cuidados para não mentir ou enganar,
não tagarelar a respeito do que não se sabe,
nossa passagem pelo planeta Terra não macular!

Espera

Espera, anseios, ansiedades de não se sabe o que…
desespero que nos invade e que não conseguimos
distinguir o porque de tantas aflições… aflições que
corroem a alma, fazendo as lágrimas arderem nos olhos…

No entanto, a natureza resplandece em vida! No sol,
na chuva no vento, na movimentação constante e metamorfose…
será que a nulidade de nossas vidas vazias é o resultado de uma correria incessante, caça só as coisas materiais perecíveis, comer, beber, vestir, divertir-se e findo o dia, ir dormir??

Não será evidência de uma indiferença que se tem, face a verdadeira
vida que é a espiritual, a qual se desprezada,traz a superficialidade que levará os incautos rumo a um sono pesado, cujo despertar será o horror?

Não será nossa alma que chora, buscando um lenitivo,
na certeza de um tempo perdido, cujas horas marcam
o vazio que se estende ao redor? !

Será que as aflições que hoje assolam a humanidade, não foram forjadas por nós mesmos, individualmente, em demandas de coisas que consideramos grandes, mas que nada ou pouco contribuíram para o bem de nossas almas, no recôndito de nosso ser…
e no entanto a natureza resplandece em vida, mostrando, alertando, nas estações que mudam; primavera, verão, outono e inverno, como ao dia se sucede a noite, numa contínua movimentação, falando a linguagem singela de como aprender a viver… de que maneira pensar, falar, sentir e agir para que tudo possa florescer dentro de nossos corações…

Se cada um de nós procurarmos com seriedade a finalidade de nossas vidas, neste contínuo ir e vir; estaremos dando um enorme passo na elucidação das mil perguntas não formuladas, mas que cada um sente dentro de si, na alegria ou na dor, no silêncio de seu quarto, sentindo as batidas dolorosas de seu coração que pulsa descompassadamente, no anseio incontido de Não se sabe o que?!