Certamente já perdemos a conta de quantas vezes nos aborrecemos, irritamos e respondemos à altura quando somos provocados por alguém que se dirige a nós com vulgaridade ou grosseria. Quase sempre nossa reação é imediata: damos na hora o troco pela agressividade recebida.
Muitas pessoas não gostam de levar desaforo para casa, outras, têm o “sangue quente” e sempre revidam a qualquer provocação ou ironia de alguém que gosta de ver seus semelhantes perderem a calma e/ou as estribeiras, como se diz coloquialmente.
Em sociedade, ensina a boa educação que não devemos provocar e nem tratar mal as pessoas, assim como não devemos também responder malcriadamente quando somos provocados. Se atendemos alguém com grosseria, demonstramos nosso comportamento vulgar; isso nos classifica como seres indignos de respeito.
Se revidamos à agressividade de alguém, então nos rebaixamos ao nível dessa pessoa, cujo caráter comportamental sofrerá desairosos comentários por parte de uma terceira pessoa que assiste a uma agressão, digamos, pelo menos verbal.
Da agressão física nem comentaremos, pois esse tipo de atitude é o cúmulo da vulgaridade, da baixaria e indigna de seres humanos ditos civilizados. A resposta à agressão física somente justifica-se para defender a integridade do corpo e/ou na defesa da própria vida.
Para um observador calmo e sereno, como são ridículas as discussões verbais com palavreado de baixo calão. Além de demonstrar descontrole psíquico e emocional, as pessoas submetem-se ao vexame de um comportamento inqualificável para alguém que nasceu e se criou dentro de uma sociedade.
A história que passaremos a narrar, espelha o nosso raciocínio:
Era um homem consciente, sereno, que vivia de bem com a vida, independentemente do que lhe acontecesse. Habituara-se a comprar seu jornal numa determinada banca de revistas cujo dono, homem de humor instável, mostrara-se muitas vezes desagradável e até mesmo agressivo com seus clientes.
Esse freguês, entretanto, não se deixava atingir pelo mau humor do jornaleiro. Certa manhã, acompanhado de um amigo, foi como sempre comprar o seu jornal. Quando lá chegou, cumprimentou o jornaleiro com um sorriso cordial. Porém esse era um dos dias em que o jornaleiro estava em uma de suas crises de humor e mal respondeu ao cliente.
Sempre cordial, o homem continuou desconsiderando a grosseria por parte do jornaleiro e se despediu com a delicadeza de costume. O amigo que o acompanhava achou tudo muito estranho e perguntou:
– Você está acostumado a comprar jornal nesta banca?
– Sim – foi a resposta de Pedro.
– E esse “cara” costuma tratá-lo mal assim?
– Na maioria das vezes…
– E você sempre o trata dessa forma, cordialmente?
– Sim.
E o amigo espantado, continuou indagando:
– Mas… por quê, se ele o trata tão mal? Afinal de contas existem nas redondezas outras bancas de revistas e com certeza você seria muito bem-vindo a qualquer uma delas!
Nesse momento o homem olhou para o amigo e lhe explicou:
– Não quero deixar que aquele jornaleiro ou qualquer outra pessoa decidam por mim quem eu devo ser ou como devo agir.
Moral da história: esse homem escolheu ser o agente da sua vida, não o reagente. E você?