Todos nós desejamos uma vida plena e feliz. Uma vida sem mistérios nem pressões, uma vida bem simples e sem sofrimento. Esse é o objetivo da maioria dos seres humanos, já há muitos séculos, um desejo que tem sido considerado como o mais difícil de ser alcançado.
Pessoas que descrevem suas vidas com aquelas palavras, plena e feliz são raras, mas existem. Afirmam que estão repletas de contentamento todo o tempo, e que este contentamento independe das circunstâncias materiais em que se encontram. Estão contentes com a vida como ela se lhes apresenta, porque a compreendem. Para elas tudo se tornou muito simples, não há mistério nem pressões. Elas vivem o seu dia-a-dia em contentamento e são inabaláveis. Essas pessoas irradiam paz e são descritas pelas demais como verdadeiras fortalezas humanas. Elas ensinam que o contentamento torna o ser humano livre de todas as influências externas e, com isso, ele se torna o senhor de seu destino.
Esse contentamento interior, esta paz, é almejada pela humanidade inteira, e inclusive cantada em versos por poetas em todos os tempos e lugares do mundo.
“…Essa felicidade que supomos
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomosExiste sim, mas nunca a encontramos
Porque ela está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.”(“A Felicidade” - Fernando Pessoa)
O objetivo deste trabalho é mostrar que, assim como foi possível, para alguns, atingir este estado de contentamento e compreensão, existe a mesma possibilidade para os demais. E que isso sempre esteve ao alcance de todos, bastando que nos equipemos com:
Sabemos que para a grande maioria da população mundial, embora o desejo seja viver em paz e harmonia, atingir este objetivo parece estar muito longe da realidade, como se fosse apenas um pensamento utópico, completamente impossível de ser alcançado. Como mencionado na poesia, as pessoas passaram a crer na impossibilidade da realização deste tão sonhado estado de contentamento.
Em grande parte, isso se deve a um erro básico. As pessoas querem colocar a solução de seus problemas nas estruturas externas, sejam familiares, comunitárias ou governamentais. Elas esperam que alguém faça algo por elas, se esquecendo de que possuem dentro de si todo o poder necessário para realizar este feito, e apenas aí, dentro de si mesmas.
Este contentamento só é atingido através da elevação do nível de consciência de cada um, ou seja, o nível de compreensão que o indivíduo tem perante si mesmo, os eventos e circunstâncias. O fato é que cada um tem que, por si mesmo, alcançar este nível de consciência. Somente a partir daí o contentamento interior será possível, e este se expandirá em todas as direções e afetará todos ao nosso redor, o que irá colaborar para a criação de uma nova realidade.
Não é isso o que sempre quisemos? Eu acredito que sim.
As pessoas sentem-se confusas, deprimidas, ou mesmo desesperadas, durante grande parte de suas vidas. Sofrem física e emocionalmente. Para exemplificar podemos citar que a procura por auxílio médico nos EUA aumentou em 20% em 2006. Em grande parte dos casos, os pacientes saem do consultório médico com uma prescrição de medicamento anti-depressivo. Isso em 2006, quando o país ainda era considerado o mais desenvolvido e rico do mundo, onde as pessoas supostamente viviam uma vida muito confortável. Diferentemente do momento atual (2008), quando a crise financeira mundial já vem fazendo novas vítimas.
Mas, mesmo em face das condições materiais mais favoráveis, o estresse da vida cotidiana parece ser tão grande que o número de pessoas acometidas por distúrbios do sistema imunológico gera um grande número de enfermidades. Todos sentem sobre si uma pressão imensa que acaba se manifestando através do físico, produzindo novas enfermidades, várias delas desconhecidas até muito recentemente.
Algumas sentem esta inquietação na forma de perguntas para as quais não encontram resposta.
É claro que não estou me referindo às pessoas que conseguem se isolar dos problemas “dos outros” ou “do mundo lá fora”. Falo das pessoas sensíveis, que sentem-se parte deste “nosso mundo” e que, embora busquem, ainda não alcançaram a tão desejada felicidade. Pessoas que se compadecem com a humanidade, admiram a flora e que amam a fauna, amam a vida como um todo, pessoas que olham interrogativas para um rio todo poluído e que quando entram numa floresta vêm a vida nela contida e por ela sustentada, e não apenas madeira para comercialização. Pessoas que não estão adormecidas para os acontecimentos, que são tocadas por estes num nível profundo, não apenas no aspecto físico, mas também psíquica e espiritualmente.
Estas pessoas possuem um anseio dentro de si, uma chama ardente que ainda não se apagou, uma voz que pergunta:
Muitas vezes elas lutam por calar essa voz dentro delas, entrando num estado de aparente tranquilidade (ou torpor espiritual), o que dura por um tempo, até que algo significante aconteça em suas vidas. Então voltam àquele estado de aflição de alma, depressão ou desespero.
Todos nós já experimentamos estes estados psíquicos, com altos e baixos, como se estivéssemos numa montanha russa emocional, muito desgastante, no mínimo. Mas notamos que voltamos impreterivelmente ao estado instrospectivo e que as perguntas já citadas continuam a clamar por respostas. Não se trata de um vazio inerte dentro de nós, mas de um vácuo poderoso, uma pressão negativa que exige preenchimento, de alguma forma.
Hoje em dia existem disponíveis mil fórmulas que visam “preencher” este vazio; o comércio reconhece essa necessidade e lucra com isso. Há também milhares de meios de entretenimento. Um grande número de ofertas para nos ajudar no desenvolvimento pessoal, seja profissional, financeira ou culturalmente. Fórmulas mágicas para melhorar as relações pessoais, maritais e familiares. Mas grande parte deles apontam, como soluções, coisas transientes: uma carreira de sucesso, a prática de um esporte, casamento, ter um filho, conseguir a casa dos seus sonhos, fixar-se em pensamentos positivos, etc. Isso, sem falar das formas menos honrosas de preencher aquele vácuo, que têm apenas um objetivo: explorar a miséria espiritual do próximo. Devemos entender que a felicidade de uma pessoa não pode ser responsabilidade de outra pessoa, e nunca será encontrada num bem de consumo. Nunca.
O fato é que todas estas formas de lidar com o problema, quando vivenciadas, nos levam por dois caminhos: um é a paralisação espiritual, o vício, o apego a máteria; o outro é o reconhecimento de que a felicidade verdadeira não pode ser alcançada através de conquistas transientes. As conquistas transientes tornam-se apenas paliativos para o problema. Aquela felicidade perene e duradoura, conhecida pelos poucos que a descrevem como um “contentamento interior” deve estar alicerçada em conhecimento perene, em consciência.
Podemos ficar envolvidos por essas fórmulas miraculosas por um certo tempo, mas depois aquelas perguntas voltam a rondar nossa mente, quando vivenciamos ou tomamos conhecimentos de acontecimentos marcantes, como a morte de um ente querido ou a perda de um emprego. Ou então fatos chocantes como a destruição das Torres Gêmeas em 2001, o maremoto no Oceano Índico que matou mais de 220 mil pessoas em 2004, ou quando uma das ilhas Solomon (Ranongga) se elevou mais de três metros acima do nível do mar em 2007, expondo recifes de corais. Ou então quando lemos, em 2008, que o Pólo Norte já não pára de degelar durante o chamado inverno polar, e que pela primeira vez em nossa história conhecida, é possível atravessar o Pólo Norte por água. Tudo isso nos traz, no mínimo, grande inquietação.
Sabemos no nosso íntimo que algo está errado e que temos que nos mover. Ação é essencial. Sabemos que precisamos atender a todos esses problemas, pois estamos vivendo no presente e este é o momento decisivo. Sentimos a urgência da situação, pois tudo está ocorrendo com maior frequência e intensidade. Sentimos os reflexos da mudança até na nossa percepção do tempo.
O interessante é que nós já encontramos a base do problema. Fomos amorosamente levados até a base do problema, muitas vezes colocados em frente dela, mas nos negamos a reconhecê-la.
Temos que, finalmente, de alguma forma reconhecer que o fato de não sabermos quem somos e o que estamos fazendo aqui é a base dos problemas.
Observe que sempre voltamos às mesmas perguntas toda vez que tentamos buscar soluções para os problemas externos. Voltamos a nos questionar com as mesmas perguntas sobre a nossa identidade. Isso é uma indicação determinante.
O fato de não sabermos ainda quem somos e qual a nossa função neste planeta está causando todo esse caos. Ao invés de procurar entender os efeitos de sua interação com a Criação, o ser humano decidiu tentar dominá-la e acabou separando-se dela. Ao negligenciarmos o reconhecimento de todas as Leis Naturais que regem a Criação, tornamo-nos um problema dentro dela.
Imagine a Terra como o corpo humano, com vários órgãos exercendo suas diferentes funções. De repente, um desses órgãos deixa de realizar as funções que lhe cabem, como os rins por exemplo. O corpo todo adoece. Isto está acontecendo com a Terra, e nós somos o órgão que não funciona bem.
No entanto, a sabedoria tão necessária sobre nossa origem e função está presente no mundo, desde sempre. Observe parte do que o chefe indígena Seattle disse num discurso em 1854:
“Nós não tecemos o tecido da vida, somos apenas um fio nele. Tudo o que fizermos para o tecido, faremos para nós mesmos.”
(Chefe Seattle)
Repetindo o ensinamento, temos o segundo maior mandamento deixado por Jesus: Amarás teu próximo como a ti mesmo.
(Mateus 22:34-40). Os ensinamentos são repetidos inúmeras vezes. Cuide das partes, para que o todo não sofra. Colhemos aquilo que plantamos. Tudo volta à sua origem.
Compare o ciclo das ciências naturais, o círculo da geometria, compare as sete cores do arco-íris com as sete notas musicais. A sabedoria se apresenta repetidamente, em tons e nuances diferentes, mas em essência é sempre a mesma. Basta atenção, humildade e o desejo sincero para reconhecer estes ensinamentos.
O mestre mundo nos ensina o tempo todo. Mas é preciso prestar atenção na aula.
“Nós não tecemos a tecido da vida, somos apenas um fio nele. Tudo o que fizermos para o tecido, faremos para nós mesmos.”
(Chefe Seattle, 1854)
Aí está a base do problema, mil vezes declarada na nossa face, gritando dentro de nós, durante toda nossa existência. Não se trata de coisas de adolescente, como muitos querem acreditar. Trata-se da nossa mais alta responsabilidade como ser humano. Temos de encontrar a resposta para aquela voz que diz:
- Quem é você? Qual a sua função dentro da Criação?
A ausência de resposta para esta pergunta é a origem do caos dentro do qual nos encontramos.
Muitos irão discordar, como fizeram por milhares de anos, dizendo que o fato de ficarmos filosofando sobre nossa origem e função é perda de tempo, já que existem muitas preocupações mais concretas e muitas coisas por fazer, pois não temos tempo a perder com isso.
Mas a verdade é que podemos provar de maneira bem simples que se o homem não tomar consciência de quem é, estará destinado à extinção.
Primeiro, vamos discorrer um pouco mais sobre os “problemas humanos” e os fatos que os comprovam.
Observou-se na última década um número cada vez maior de pessoas deprimidas e com outros distúrbios psicológicos como bulimia, anorexia, psicopatia, distúrbios que vão de níveis leves até gravíssimos. Podemos citar, por exemplo, o aparecimento de anorexia em crianças de menos de 6 anos de idade, ou o número crescente de bebês autistas nascendo nos EUA (um para cada 150 nascimentos em 2007, quando a proporção era de 2 a 6 para cada mil nascimentos em 2001), uma verdadeira epidemia. Em um depoimento marcante, a mãe de um bebê autista descreveu a reação que a criança tem ao contato visual com outro ser humano, dizendo que parece que os olhos do bebê “ardem em chamas”, como se o bebê sentisse “dor física”. Esta descrição coloca a alma sensível em alerta, e a seguinte pergunta vem à tona: Teríamos nos tornado assim tão repugnantes?
Nas regiões mais ricas constata-se um número crescente de pessoas obesas e diabéticas, o que desencadeia problemas vasculares e cardíacos. Muitas já desenvolvem estas enfermidades na infância. As pessoas vivem mais tempo, é verdade, mas apenas com a dependência de médicos e remédios. Para muitos idosos o custo dos medicamentos excede o valor recebido de aposentadoria. Ainda sobre os idosos, temos que nos perguntar sobre o porquê de a velhice ter-se tornado tão deprimente, quando deveria ser a coroação de uma vida de sucesso, o ápice da conquista, o apogeu da sabedoria. Nos EUA os idosos tornaram-se, mais recentemente, alvo de todas as formas de abusos físicos e mentais, e o número de ocorrências tem aumentado ano após ano.
Nas regiões pobres vemos a desnutrição em níveis avassaladores, alto índice de mortalidade infantil, falta de água potável, fome, disseminação da Aids e muitas outras doenças novas. Um desfile de problemas como drogas, corrupção, prostituição, crimes, violência, etc. Os idosos, aliás os pouquíssimos que chegam a uma idade mais avançada nessas regiões mais carentes, também são vistos como uma coisa sem utilidade, ou ainda pior, como um estorvo e peso, porque já não produzem bens materiais. Como se a vida humana se resumisse a isso, uma busca incessante de bens materiais, e então quando se perde a capacidade de produzi-los, perde-se o privilégio de uma existência condigna.
Onde quer que um grupo de pessoas se reúna, o assunto vem à tona: problemas e mais problemas… todas comentam, reclamam, mas nenhuma solução é encontrada. Sempre que alguém cita algo que poderia ser feito, segue-se a seguinte sentença: Ah! Mas se…
Quando alguém se atreve a dizer que o problema talvez esteja no íntimo de cada um, uma colocação que realmente apela à nossa alma, todos tratam de diluir a incômoda idéia o mais rápido possível, no corre-corre do dia-a-dia. Agindo desta forma, fugindo, jamais poderemos encontrar respostas para aquelas perguntas tão profundas.
Nunca existirá felicidade onde não houver compreensão. Buscar a nossa identidade é imperativo para que tenhamos paz interior.
Infelizmente, o “ser humano” esqueceu quem ele é e por que está aqui, nesse planeta.
As pessoas querem “ação física” e se movimentam freneticamente na intenção de “fazer alguma coisa”, na intenção de ajudar, conquistar, adquirir, conseguir, defender, lutar, tentam criar, construir e transformar, sem saber “o porquê”, sem saber “o como”, sem saber qual a sua função nesta “empresa” maravilhosa, a Criação material.
E agora? Ainda parece simples… e assim deve ser, simples.
Justamente o ser humano, aquele que se intitula “homo sapiens”, aquele que se julga a mais inteligente e hábil de todas criaturas, não consegue encontrar a resposta.
Os cientistas são capazes de dizer, por exemplo, quando as abelhas surgiram neste planeta, qual a sua função no ecossistema, quais seriam os danos causados se elas não mais desempenhassem sua real função. Mas a maioria deles negam a existência de fenômenos metafísicos, apenas porque não podem “provar cientificamente”. Eles falham e contradizem-se todo o tempo. Exigem lógica, mas não argumentam logicamente. Deixaram de buscar a verdade dos fatos para buscar uma justificativa para suas próprias afirmações.
Usemos a lógica, sim, ela é uma ferramenta poderosa quando utilizada corretamente. Analisemos a afirmação dos médicos sobre a necessidade que nossas crianças têm de suplementos vitamínicos, como o cálcio para desenvolver ossos fortes. Sabemos que os elefantes, que se alimentam exclusivamente de vegetais, e não usam suplementos de cálcio, desenvolvem um esqueleto muito mais resistente que o nosso. O mesmo se observa no caso das proteínas, pois o gado, que nos fornece tal proteína em abundância, alimenta-se exclusivamente de vegetais.
O problema talvez seja que, ao tornarmos nossa vida tão artificializada, tenhamos provocado um desequilíbrio em nosso próprio corpo que, por isso, não mais absorve os nutrientes necessários para o funcionamento normal, ou talvez tenhamos alterado os vegetais tão drasticamente que eles já não podem nos fornecer os nutrientes necessários. Os suplementos vitamínicos então viriam apenas como solução paliativa de problemas muito mais profundos, causados por nossos erros. Não se trata da complementação de uma “falha” da natureza, como os cientistas querem que acreditemos, mas de um paliativo para um problema criado por nós mesmos.
Sim, os cientistas sabem muito, mas estão longe de ter um conhecimento completo, amplo e verdadeiro de todas as interações físicas e metafísicas. E eles absolutamente não conhecem a função do “homem” na Criação, que se nos apresenta maravilhosamente perfeita, ou seja, sem falhas. Somente agora estão começando a reconhecer, lenta e tardiamente, que a atuação ignorante do homem nos ecossistemas gerou um verdadeiro caos, destruição de outras espécies, total desequilíbrio. Eles sabem que “naturalmente” tudo funciona com perfeição, evidentemente dentro de um ciclo com começo, meio e fim, em obediência a Leis Naturais bem definidas. Estas mesmas Leis que, por sua perfeição e imutabilidade, possibilitam a experimentação científica, a “prova científica” que eles valorizam como uma deusa da Ciência. Sem as perfeitas e imutáveis Leis Naturais não haveria possibilidade de prova científica alguma. São estas Leis as bases que possibilitam a experimentação científica, por tratar-se de princípios perfeitos e por conseguinte invariáveis.
A perfeição rejeita mudança, pois mudança só é necessária para o desenvolvimento daquilo que ainda não chegou à perfeição. Imutabilidade e eternidade são atributos da perfeição.
Mas, ainda assim, uma grande parte deles insiste em alegar que tudo isso, o Universo, se formou por obra do acaso. E eles são os mesmos que afirmam que “a toda ação corresponde uma reação”, ou que “não há efeito sem causa”. Pois bem, aqui estamos, se somos o efeito onde estará então a causa? Se o Universo é o efeito, onde está a causa? Se o “Big Bang” é o efeito, onde está a causa? É interessante pensar que temos engolido tudo isso por tanto tempo, provavelmente por causa da nossa própria indolência. Por esperarmos que as soluções venham de fora, que nos sejam concedidas e não conquistadas. O verdadeiro conhecimento é, e sempre será, unicamente uma conquista pessoal.
Os cientistas ainda ousam taxar aqueles que discordam de suas ilógicas idéias como loucos. Vide biografias de gênios como Albert Einstein e Isaac Newton. A comunidade científica não os condenou como a igreja fez com Galileu, mas os atingiu moralmente, afirmando que enlouqueceram no final da vida, o que resulta no mesmo. Sempre que um cientista alcança o limite material de conhecimento e avança para o próximo nível (mais alto), a metafísica, a comunidade científica, que ainda não compreendeu os limites materiais das ciências físicas, grita e protesta.
Alguns cientistas até chegaram ao cúmulo de afirmar que o Homem está aprendendo a “dominar o meio ambiente”, idéia esta que espero já tenha sido superada, pelo menos nos meios mais esclarecidos da nossa sociedade, mesmo porque a mudança climática pela qual estamos passando não deixa nenhuma dúvida sobre a impotência do homem perante as forças da natureza.
Muitos dos menos esclarecidos ainda se nutrem da grande ilusão dos anos 50 a 70. Durante aquela época, a agricultura mecanizada dava o novo tom do crescimento social, com pesticidas, maquinário, estudos genéticos, etc, enquanto a tecnologia invadia definitivamente as casas com todo tipo de eletrodomésticos. Alguns ainda hoje não conseguiram ver a realidade de fundo.
O fato é que muitas pessoas não se deram conta destas coisas. Elas crêem que estes assuntos são perda de tempo, afinal de contas todas estão muito ocupadas em suas frenéticas atividades diárias. Na verdade, essa grande massa já se encontra amortecida, e permanece nesse estado de torpor devido à televisão e outros tipos de entretenimento que elas mesmas escolheram para passar (desperdiçar) o tempo. Elas camuflam aquela sensação não confortável de que nada faz sentido, pois se refugiam em suas atividades de trabalho e nos entretenimentos da TV, cinema, esporte, drogas, pornografia, comida, e tantas outras coisas. Elas se apegam a coisas que mantêm o cérebro ocupado, acomodam-se na ignorância, optando assim pelo “não ser”. Muitas já apagaram dentro de si aquela chama inquietante, aquele anseio natural pela Verdade.
Quando o ser humano deixa de fazer perguntas, de procurar por respostas, quando desiste, está calando a única parte verdadeiramente viva do seu ser, está calando o espírito humano dentro de si. O corpo material é transiente, só o espírito é eterno; ele é a essência, o cerne, a consciência mesma. Perdida esta essência, está perdido o “ser”.
Nas pesquisas conhecidas como “experimentos de quase-morte” do Dr. Moody, onde as atividades físico-cerebrais cessaram completamente e depois de determinado tempo foram reativadas por processo de ressuscitação, os agentes que passaram pelo experimento testemunharam que mantiveram sua consciência alerta durante todo o processo e puderam, inclusive, descrever com detalhes os acontecimentos durante o lapso de tempo em que cessou a atividade cerebral. Daí podermos concluir que a consciência não é um produto do cérebro material. Trata-se de algo mais elevado e independente do cérebro material, uma realidade diferente e, por isso, inacessível àqueles que se apegam aos limites da matéria.
Disse Shakeaspeare em sua obra Hamlet: Ser ou não ser: eis a questão
. Assim também o enigma da Esfinge: Decifra-me ou eu te devoro
.
O ser humano dispõe do livre-arbítrio, pode decidir, mas decidir o que? Já está passando da hora de decifrar esse enigma. Ele está deixando passar a oportunidade de “ser” e está a ponto de ser devorado! Mas não basta o desejo, é preciso vontade férrea, um trabalho espiritual árduo e contínuo na busca deste conhecimento básico.
Jesus nos disse: Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto…
(Mateus 7:7). Mas o pedido e a busca devem ser feitos como parte de nós mesmos, demonstrados através de nossa atividade constante. Devemos manter-nos constantemente alertas. E devemos fazer o pedido correto. Para isso temos que entender o que nos está faltando.
Podemos aprofundar nossa análise fazendo a seguinte pergunta: Porque a humanidade está sendo atingida por tanto sofrimento?
Será verdade a afirmação de que se o homem não tomar consciência de quem é, estará destinado à extinção?
Façamos uma analogia com a rotina diária de trabalho a que todos nós estamos acostumados. Imagine uma pessoa que foi admitida numa empresa e que começou a trabalhar às 8 horas da manhã. Imagine que esta pessoa não saiba qual a sua função na empresa. Ela tem ótima índole, é trabalhadora, deseja ser parte do todo, ser aceita e colaborar no sucesso da empresa, mas não sabe qual a função que tem de desempenhar.
Imagine-se nesta situação. O que deveria fazer? Por onde começar?
A resposta parece bem simples. A única atitude lógica seria descobrir qual é a sua função dentro da empresa. Isso é tão claro e lógico, que não temos nenhuma dificuldade em entender. Nossa identidade na empresa está sempre vinculada à função que desempenhamos. Uma vez conhecida a função, o atuar para o bem da empresa será seguro e tranquilo.
Também podemos entender perfeitamente a consequência no caso desta pessoa tomar qualquer outra atitude. Estaria atuando de maneira ilógica e com isso trazendo mais prejuízos que benefícios à empresa. Tornar-se-ia um peso indesejável ou mesmo um perigo para a empresa. Obviamente, seria demitida o mais rápido possível. Simples assim.
Que utilidade teria para a empresa uma pessoa que não conhece a função que deve desempenhar? Por mais que essa pessoa se esforce, por melhores que sejam as suas intenções, por mais ativa e trabalhadora que seja, se as atividades que ela desenvolve não se coadunarem com as atividades da empresa, ela não só deixará de ter valor para a prosperidade geral, mais tornar-se-á também prejudicial para o todo, perigosa e por isso indesejável. Como ela se sentiria então? Sentimentos de inadequação traduzidos em insegurança, materializando-se numa grande pressão, que por sua vez gera sentimentos de medo, angústia, depressão. Este sentimento de separação em relação ao todo, de isolamento devido à ignorância, impossibilitaria que ela se integrasse ao todo. E a empresa não teria outra saída a não ser demiti-la.
Este é o sentimento que está oprimindo a humanidade. Ela encontra-se isolada, separada do todo, e por ignorância tornou-se inadequada, perigosa e indesejável. Por isso encontra-se à beira da extinção, por ignorar sua própria identidade e função dentro da Criação.
Atualmente ouve-se um discurso que se repete quase todo dia, em todos os lugares: Salvemos o planeta!
O planeta não está a beira de extinção, é a humanidade que se encontra nesta situação. O planeta está passando por mudanças climáticas e geológicas mais acentuadas, mas é a humanidade que está provocando sua própria extinção.
Se a humanidade deixasse de existir hoje, a Terra se recuperaria, seria outra vez um paraíso em menos de cem anos (vide documentário do History Channel, chamado “Life After People”).
O ser humano se esqueceu de quem ele é, e porquê está aqui. Ele olha para este maravilhoso empreendimento que é a Criação material e não se sente parte dele, não sabe qual é sua função ali. E por ter insistido em atuar sem o conhecimento necessário tornou-se um instrumento de destruição, a origem de todos os males. Cito aqui uma passagem da obra Na Luz da Verdade – a Mensagem do Graal, de Abdruschin, dissertação “Uma Nova Lei”:
“Na realização da promessa: ‘Tudo deve tornar-se novo’, não se encontra o sentido de transformação, mas de uma nova formação após o desmoronamento de tudo quanto o espírito humano entortou e envenenou. E visto nada existir que o ser humano, em sua presunção, ainda não tenha tocado nem envenenado, assim tudo tem de ruir, para então se tornar novo, mas não segundo a vontade humana, como até agora, e sim segundo a vontade de Deus, que nunca foi compreendida pela alma humana corroída devido à vontade própria.”
Jesus já nos havia alertado também de que deveríamos ser como as crianças. Por ter consciência de sua própria ignorância, a criança busca orientação e proteção. O respeito e dedicação natural que a criança demonstra em relação ao adulto emana deste reconhecimento da própria ignorância. Assim deveríamos agir em relação à Criação, respeitando-a e aprendendo com ela, até que chegassemos à compreensão de quem somos e o que estamos fazendo aqui. Aqui cabe citar mais uma das colocações do Chefe Seattle:
“Nós não herdamos a Terra de nossos avós, nós a tomamos emprestada de nossos filhos.”
Se adotássemos uma postura mais humilde, conscientes de que ainda temos muito que aprender, passaríamos a enxergar menos “problemas” e poderíamos ver que existem “muitas coisas que ainda não compreendemos”. Temos que ter consciência de que o fato de nós não entendermos um aspecto da natureza não quer dizer que esse aspecto não tenha um propósito. Por exemplo, talvez muitos não entendam porque o mosquito existe, mas isso não significa que ele não tenha sua importância na Criação. Nada existe por acaso, para tudo existe uma razão. Para todo efeito existe uma causa.
Mas o que atualmente acontece a partir deste atuar descabido do homem dentro da Criação é um verdadeiro desatre.
Hoje, todos os nossos erros nos estão sendo revelados através de fatos incontestáveis, todos os erros evidenciam-se às claras, para que todos vejam.
Não se trata agora de salvar o planeta Terra, mas sim de salvarmos a nós mesmos, como humanidade.
Lembremo-nos outra vez da euforia dos anos 50 a 70 com o início da utilização de inseticidas e fertilizantes químicos, quando pensávamos ter dominado a arte da agricultura. A chamada “Revolução Verde”. Hoje vemos revelados nossos erros através do desenvolvimento de doenças como câncer causados pelos pesticidas, além de reconhecermos que as frutas e vegetais perderam seu sabor e não possuem a mesma qualidade nutricional. E as máquinas que vieram para livrar o homem do extenuante esforço físico, são elas realmente úteis? Hoje temos outras máquinas nas academias de ginásticas, temos de pagar para exercitar nossos músculos. Lembremo-nos do sonho de se ter uma casa toda equipada com alta tecnologia, que trouxe junto a obesidade, doenças cardíacas e diabetes. E os magníficos antibióticos, que trazem na rabeira as super-bactérias. Remédios anti-depressivos que levam ao suicídio, jogos horríveis de videogames, que despertam psicopatas. Alimentos transgênicos que podem nos livrar do uso de pesticidas (criados por nós mesmos), porque com esta tecnologia podemos criar plantas que não atraem os insetos! Mas porque será que os insetos recusam-se a alimentar-se desses vegetais? Já se especula que o colapso das colônias de abelhas nos EUA e Europa, bem como a morte dos morcegos comedores de frutas no estado de Nova Iorque (causado pelo desenvolvimento de um fungo parasita que afeta sua boca e nariz), são consequências diretas da propagação dos transgênicos. Você comeria um pedaço de carne depois de ver o seu cachorro rejeitá-la? Este assunto deveria ser alvo de muito mais consideração e análise imparcial.
Poderíamos continuar indefinidamente com esse desfile de vitórias ilusórias, milhares de casos onde o nosso erro já foi revelado e ir adicionado outros, dia após dia…
O ser humano está causando a extinção da própria espécie, porque ignora sua função na imensa obra da Criação.
Vejamos. Aqui estamos nós, discutindo e buscando uma solução para os problemas do homem, porque a nossa felicidade ou contentamento pessoal está vinculada ao modo como atuamos e compreendemos as coisas que acontecem ao nosso redor. Precisamos de uma solução, urgentemente. Mas como poderemos encontrar a solução do problema se nos recusamos a reconhecer a natureza dele? Reflita o leitor sobre isso demoradamente…
Será que não estamos tentando alcançar o segundo andar do prédio sem passar pelo primeiro? Jamais encontraremos a solução de um problema se não entendermos claramente e reconhecermos sua natureza. Isso é um fato incontestável.
Façamos uma analogia matemática para ajudar na visualização do problema:
x + 1 = y, onde "y" é a solução do problema e o "x" é a sua origem.
"y" = solução do problema
"x" = origem do problema
Podemos dar valores hipotéticos ao "x", então teremos valores hipotéticos para o "y", mas não uma resposta definitiva. As ciências naturais, sociais, e a religião fazem isso o tempo todo. Elas dão valores hipotéticos para a “origem do problema” e nos vendem a “solução”, igualmente hipotética, para o problema.
Podemos também fazer a seguinte operação: se x + 1 = y, então x = y – 1. Aí então ficaremos andando em círculos. Podemos montar sofismas, enganar e confundir. A política vem à mente, imediatamente. Jogos de palavras, irresponsabilidade, exploração daqueles que confiam cegamente.
Se tivermos um valor absoluto para "x", então saberemos imediatamente o valor absoluto de "y"! Quando temos os valores dos fatores básicos do problema, tudo se torna mais simples, fácil. Quando entendemos a origem de um problema podemos encontrar uma solução verdadeira.
Mas não é aí exatamente que encontramos o nosso próprio erro? Não é este o ponto desconhecido para o ser humano em geral? Pense na Criação, no mundo, como sendo aquela empresa. Os seres humanos são funcionários que não têm a mais remota idéia sobre sua função na gigantesca empresa que é a Criação de Deus. Não conhecem a própria identidade, a qual está estreitamente ligada à função que devem desempenhar.
Qual é, enfim, a nossa função dentro da Criação?
Esta informação é essencial, é a base para a solução dos todos os outros problemas. É aquele "x" não hipotético que possibilita a solução do problema. Sabemos qual é o problema, mas desconhecemos a função do “agente”, o "x" da questão propriamente. Nós, seres humanos, seremos sempre os agentes do problema, seja para agravá-lo, seja para solucioná-lo. O poder que temos para transformar é imenso! Quem é esse agente e como ele deve atuar? Estas são aquelas mesmas perguntas que batem à nossa porta, dia e noite, desde sempre.
Temos que parar e tomar do necessário tempo para que possamos compreender este ponto fundamental da nossa existência. Lembrando-nos daquela proposição matemática: x + 1 = y. Se você souber o valor do "x" (a origem), fica fácil encontrar o valor do "y" (a solução). Pois bem, quando soubermos para que estamos aqui afinal e o que deveríamos estar fazendo, ficará mais fácil entender o porquê dos eventos mundiais e do caos. Somente após esclarecermos este assunto é que seremos capazes de atuar com presteza e segurança, jamais antes disso.
Se usarmos de sinceridade teremos que admitir que nós mesmos criamos todos os problemas, e que lá no fundo temos consciência disso. Daí vem o fato de estarmos sofrendo, primariamente, de “medo”. Todas as outras sequelas deixadas na alma (psiquê) originam-se desse mesmo medo. Essa civilização possui uma cultura baseada no medo, que se transmite pela educação de geração em geração.
O medo é basicamente a falta de confiança em Deus, em sua mais simples colocação. A falta de confiança é gerada pela falta de compreensão. Esquecemos quem somos e, além disso, negligenciamos o aprendizado sobre as Leis do nosso Criador, que sempre estiveram à nossa frente, em tudo que existe ao nosso redor.
É necessário entender o seguinte: descobrir quem você é e qual a sua função é sua mais alta responsabilidade pessoal. Ninguém poderá fazer isso por você, nem amigos ou familiares, sacerdotes ou gurus, cientistas ou psicólogos, políticos ou advogados. Você não vai encontrar isso num livro. Ninguém poderá fazer isso por você. Trata-se de uma proteção incomensurável, pois se fosse diferente você estaria nas mãos daqueles que detivessem essa informação e o poder que vem com ela. Eles teriam todo o poder sobre você. Além disso, é uma questão de justiça em execução, das Leis Naturais. O ser humano possui o livre-arbítrio e assim deve permanecer livre. Pense longamente sobre isso… livre-arbítrio = responsabilidade. Quando não exercemos nossa responsabilidade, perdemos nosso livre-arbítrio, tornamo-nos joguetes das consequências.
Redescobrir quem somos e qual a nossa função na Criação é a nossa responsabilidade número um, a mais urgente de todas. Todos os outros aspectos de nossa vida dependem disso.
Mas aqueles que buscam deparam-se com todo tipo de impedimentos e encontram muitos tipos variados de respostas. Como poderemos então saber quando nos depararmos com as respostas verdadeiras?
Aí está a nossa maior falha, pois não sabemos identificar o que é verdade e o que é mentira. Deixar que os outros nos digam o que é certo ou errado jamais funcionou, temos feito isso durante toda a história conhecida da humanidade.
O caos já se tornou tão grande que mesmo aquelas pessoas que compreendem a situação e desejam solucionar o problema básico (descobrir quem somos e a nossa função), encontram dificuldades para encontrar a resposta.
Reconhecida a necessidade de descobrirmos a nossa função, por onde começar? Onde podemos encontrar as respostas? Como fugir do caos instalado, das distorções e mentiras? Como adquirir convicção sobre isso?
De fato, até as palavras foram afetadas pela confusão, os conceitos foram distorcidos ou mesmo invertidos, tornando-se quase inútil a utilização do “conhecimento humano” acumulado nas bibliotecas, na Internet, e outros tipos de mídia. O que encontramos por todo lado é um acúmulo de pseudo-conhecimento que, como prédios que foram construídos sobre o pântano, deverão ruir diante da simplicidade e clareza do que é verdadeiro.
Tomemos como exemplo a palavra “vaidade”. As pessoas já não sabem dizer se vaidade é um vício ou uma virtude. Um dicionário define vaidade como sendo “futilidade”, aquilo que é “insignificante e vão”. Mas, muitas mães desejam que suas filhas sejam um mais “vaidosas”! Outro exemplo é a diferença entre “ambição” e “ganância”, pois a maioria das pessoas já não entende onde está a diferença. Hoje em dia, o oferecimento de ajuda a alguém pode trazer consequências desagradáveis, pois a maioria das pessoas simplesmente esperam por favores. A ajuda é um trabalho cooperativo, enquanto o favor é unilateral. As pessoas estão sempre confundindo os conceitos “ajuda” e “favor”, o que gera atritos e desentendimentos. Você alguma vez se viu em uma situação onde diz uma coisa e a outra pessoa interpreta tudo de modo completamente diferente do que você desejava comunicar? Isso acontece o tempo todo, porque os conceitos, representados pelas palavras, são colocados em segundo plano. O uso das palavras tem sido feito de modo irresponsável já por muito tempo.
A distorção no uso das palavras torna muito difícil a comunicação. Isso ocorre porque a compreensão de verdades puras e simples sempre vai depender do agente receptor, de sua condição e nível espiritual, para a interpretação das palavras e a determinação dos conceitos por elas representados. Cito aqui uma frase do livro Zohar:
“Pois cada homem só pode se unir ao espírito de Sabedoria tanto quanto permite a vastidão de seu próprio espírito.”
Vamos prestar muita atenção nisso e tenhamos um cuidado extremo em nossas vivências. Conceito por conceito deve ser colocado no lugar correto se se deseja, com sinceridade, a compreensão da realidade.
A Verdade não é aquilo que se espera dela. Ela simplesmente é, pura e perfeita!
O trabalho é árduo, e é sua responsabilidade executá-lo. Você é o único ser sobre a face da Terra com a exata capacidade de encontrar e absorver o conhecimento sobre a função que tem de desempenhar neste planeta. No momento em que este reconhecimento for conquistado, o seu nível de consciência terá se elevado.
Se você sinceramente deseja entender o porquê de estarmos aqui, se você deseja sinceramente saber quem é e qual a sua função neste mundo, você vai precisar de uma ferramenta que possibilite separar as verdades das distorsões, dos erros, das mentiras que infelizmente são muitas. Ninguém pode fazer isto por você, trata-se de uma função exclusiva do seu próprio espírito.
Mas não desanime, pois tudo que é verdadeiro é simples, e quando existe a disposição sincera, os auxílios são inumeráveis.
Aqui eu quero compartilhar com o leitor um entendimento precioso, uma técnica, uma arma tão poderosa que ninguém nem nada poderá se colocar entre você e seu objetivo. Ela será o seu cajado na caminhada e a sua lança infalível na batalha através do caos.
Algo que sempre lhe indicará o caminho correto, um auxílio sem o qual ninguém jamais teria chegado a nenhum entendimento sobre a realidade em que vivemos ou sobre o sentido da vida.
Esta ferramenta é um princípio que, provavelmente, não vai auxiliar a todos, mas que pode auxiliar a muitos. Muitos fizeram uso deste princípio em suas jornadas pessoais, sem ter consciência disso. Mas a consciência da existência deste princípio e sua utilização está sendo colocada nas suas mãos, não sem motivo. Seu espírito tem pedido por isso, já há tanto tempo. Com certeza, quando você entender como utilizá-la e reconhecer a simplicidade, o desejo de compartilhar com outros seres humanos vai tomar conta do seu ser.
Se você ainda não entendeu que “para todo efeito deve, obrigatoriamente, haver uma causa”, e que este princípio se aplica ao sentido de nossa existência, talvez você ainda tenha um longo caminho para percorrer até que este capítulo possa ter algum sentido para você.
Mas eu gostaria de encorajá-lo afirmando que para tudo existe uma explicação lógica e simples, e que todos nós estamos equipados adequadamente para chegar ao entendimento do porquê de nossa existência. Não existem os chamados “mistérios” de Deus. Ele, sendo a própria Verdade, sempre esteve pronto a revelar-Se ao ser humano, bastando que este o queira e busque, com pureza de intenção e humildade, pois a Verdade não é aquilo que se espera dela, ela simplesmente é, pura e perfeita.
Quando começamos nossa jornada na busca do entendimento sobre a origem e função do ser humano, deparamo-nos com muitas informações contraditórias, muitos conselhos esquisitos por assim dizer, dogmas, muito tabu e medo também.
Lembre-se que o medo advém da falta de compreensão e confiança em Deus, e que nós fomos educados dentro da cultura do medo desde o nascimento.
Mas, rompido o medo, é possível pesquisar dentro de diferentes religiões, ou estudar em muitos livros, experimentar a vida com atenção ou utilizar-se de qualquer outro método que seja natural para a sua pessoa, no trabalho, na família, etc. Com certeza, podemos encontrar muitas informações de grande valor, mas também aí encontramos informações confusas e mentiras que nos levam a erros.
Estamos cansados de ouvir opiniões alheias, de ver que as religiões instituídas exigem fé cega, ou seja, uma contradição em si mesma. Devemos buscar na solidão, no silêncio, devemos usar a lógica, sem contudo sofismar. Começar do zero, com humildade e paciência.
Lembro-me de que na adolescência e durante uma boa parte da minha vida adulta, lutei contra a correnteza natural. Sempre que um novo reconhecimento me chegava, e que naturalmente ia contra as tendências mundiais humanas, eu me recusava a incorporar o reconhecimento à minha vida. Sempre pensava: “Se a maioria das pessoas não concorda com isso, eu devo estar enganada.” Meu erro estava em medir os reconhecimentos segundo padrões tradicionais humanos.
Porém, hoje, mais amadurecida, eu consigo ver que se a humanidade, que se expressa através das três grandes religiões do mundo, estivesse certa, já há muito estaríamos vivendo num paraíso terrestre, ou estaríamos construindo esse paraíso terrestre. Mas na realidade sabemos que a humanidade está trabalhando em prol da sua própria destruição.
Daí a necessidade de nos atrevermos a acreditar que a maioria dos seres humanos está vivendo em erro, seguindo doutrinas erradas.
Na ignorância, podemos nos debater com dogmas e inclusive ter medo de nos atrever, uma vez que quase todos crescemos dentro de algum tipo de religião e ouvimos muitas vezes que não se pode questionar dogmas como os da ressurreição física de Jesus no cristianismo, ou o Nirvana na religião budista, ou a necessidade de sofrimento para evolução no Taoísmo, e tanta coisa mais.
Mas a necessidade de possuirmos uma fé verdadeira, clara e cristalina, tem que ser maior que o “medo” imposto por pessoas que vivem na ignorância dentro da cultura desse mesmo medo. Religião deveria presupor fé em Deus, portanto ausência de medo. Se a religião impõe medo, ela se torna contraditória com a fé em Deus. A fé verdadeira liberta o ser humano do medo, não o contrário.
Temos que assumir, também, a nossa própria ignorância, com todas as suas implicações, com sinceridade, pureza de intenção e humildade. Ser e agir intimamente como criança, sabendo que o Criador é perfeito.
Temos que estar dispostos a usar esta arma, mesmo que seja contra tudo e contra todos, contra nossas próprias idéias preconcebidas, em honra Daquele que nos permitiu existir. Isso porque, dentro da perfeição e Verdade que deu origem ao Universo, o homem é o único ser desalinhado, porque ele se esqueceu de quem é e negligenciou o tempo de aprendizado que lhe foi concedido. Ele se esqueceu de seu Criador.
Vamos nos atrever agir, pois já sabemos que a maioria está errada em suas concepções doutrinárias.
“Se Deus existe, Ele é perfeito e eterno.” Assuma esta afirmação com todas as implicações possíveis, sem deixar lacunas, a saber:
Se algo nesta afirmação estiver errado, então não pode existir um Criador. A perfeição e a eternidade são atributos do conceito de Deus. Se faltar um dos atributos, então o conceito é inexistente.
Para aqueles que já reconheceram a verdade contida na lei de causa e efeito, fica mais fácil compreender esse conceito.
A implicação número 1 é esclarecida com raciocínio lógico. A perfeição descarta evolução por não ser mais necessária. O que é perfeito não precisa evoluir. Já a número 2 exige uma análise mais minuciosa.
O ser humano foi criado por Aquele que é perfeito, então ele deveria ser perfeito também. Olhamos para o mundo ao nosso redor e não conseguimos conciliar as duas coisas. O ser humano atua de modo contrário ao que se esperaria de uma criatura advinda da perfeição. Ele não sabe quem é e nem porque existe.
Como se encontra o homem em relação à sua própria perfeição? A resposta é “evolução”.O homem é uma obra em andamento, não terminada, portanto evoluindo em direção à sua própria perfeição. Temos que compreender este ponto através de nossas experiências diárias.
Pense sobre isso… Se eu acredito que não posso desenhar provavelmente nunca desenvolverei a habilidade para fazê-lo.
Do mesmo modo, se eu acreditar que não tenho capacidade para me tornar perfeito, jamais o conseguirei. Com esta crença a humanidade se programou para uma derrota espiritual, ela nunca atingirá o objetivo de sua evolução.
Aqueles que acreditam que o ser humano foi criado com falhas, ainda não reconheceram a perfeição de Deus. Eles se crêem vítimas de um Criador incompreensível, criaturas indefesas que não têm culpa dos próprios erros. Com isso, eles apenas tiram de si a responsabilidade pela própria evolução. Embora seja confortável, esta posição significa em última instância a morte espiritual, a segunda morte citada na Bíblia, o “não ser”.
A implicação número 3 também exige muita boa vontade, pois olhamos para os acontecimentos e não conseguimos ver a Justiça perfeita de Deus aplicada. Não existe nenhum outro caminho para a compreensão desta implicação que não seja a vivência, a coexistência e a busca sincera de compreensão, desde o mais alto até o mais baixo nível da existência.
A aplicação do princípio “Deus é Perfeito” irá desvendar toda e qualquer dúvida sobre a Justiça contida em cada evento mundial.
E se olharmos para a nossa própria vida, será que conseguimos ver esta Perfeição atuando? Sei, não é fácil, mas nós não estamos buscando facilidade, estamos na verdade buscando uma resposta.
Muita atenção agora na leitura da próxima sentença, o entendimento dela é fundamental. Temos que deixar de explicar os eventos tendo como base o nosso julgamento pessoal, ou o julgamento coletivo humano. Trata-se aqui do nosso mais crasso erro!
Se desejarmos entender como se aplicam as Leis de Deus na nossa vida, então temos que analisá-la perante aquele princípio básico: Deus é perfeito, e fazer o mesmo em relação a cada evento e aos acontecimentos mundiais.
Tem-se claramente a sensação de que estamos buscando a compreensão do mundo de uma forma inversa àquela que estamos acostumados, e isso é exatamente o que temos que fazer. Estamos acostumados a explicar o mundo ao nosso redor segundo nosso julgamento pessoal, nossos desejos e vontades. Este é uma erro gravíssimo.
Não podemos usar o ser humano (nós mesmos) como medida. Não podemos tomar o ser humano como a medida de todas as coisas.
Observe estas analogias. O construtor precisa de uma medida “invariável” para que sua obra não apresente distorções, por exemplo o metro. O cientista baseia-se em um princípio conhecido e imutável para que possa comprovar sua teoria, contrapondo diferentes hipóteses ao princípio sabido, como por exemplo a Lei da Gravidade. Assim também o filósofo (aquele que busca o saber) deve contrapor suas teorias a princípios reconhecidamente “imutáveis”. O filósofo não pode agir de modo menos lógico e exato que os demais pesquisadores. Ele precisa de um instrumento de medir, invariável, perfeito, imutável.
Durante a Idade Média, quando qualquer afirmação poderia ser considerada heresia e levar o incauto à morte na fogueira, os antigos usavam uma metáfora alquímica para dizer que existia um princípio que levaria o ser humano (metal inferior) a um nível de consciência mais alto (ouro), o que lhe garantiria a vida eterna.
É necessário que utilizemos esta ferramenta de medir, para dissipar o caos que criamos.
Nós, os seres humanos, ainda estamos em evolução, sofrendo transformações a todo momento.
Imagine se o metro fosse uma medida variável. Nós jamais poderíamos utilizar o metro na construção de um edifício de apartamentos e esperar por um resultado uniforme.
O ser humano sempre tentou justificar os acontecimentos mundiais tendo por base a sua própria pessoa, seus motivos e seus desejos, quando deveria justificar sua pessoa em relação ao Criador perfeito, bem como todos os acontecimentos à sua volta.
A Verdade não é aquilo que nos agrada, independe de nossos sentimentos em relação a ela. Nós não somos e não podemos querer ser a medida da perfeição e Justiça de Deus. Enquanto não eliminarmos este erro, o mais grosseiro, não poderemos dar nenhum passo em direção à evolução tão desejada.
Despoje-se o leitor do erro que nos persegue e tortura por tantos séculos. A medida das coisas tem que ser perfeita e invariável. A medida de todas as coisas tem, pois, que ser a perfeição de nosso Deus. Esta é a ferramenta essencial, a espada que liberta, que nos garantirá por fim a coroa da vida eterna.
Precisamos entender que somos um ser espiritual em evolução, dotado de livre-arbítrio, mas apenas quando e se exercitarmos nossa responsabilidade. Como tal, temos que reconhecer e nos adaptar às Leis Naturais da Criação, que são imutáveis, perfeitas e eternas, para que possamos cumprir a nossa função.
Todas as Leis naturais são aplicáveis ao mundo material, mas também ao mundo espiritual. Todas as Leis de Deus são aplicáveis ao mundo espiritual, mas também ao mundo material. Elas são em realidade as mesmas e regem tudo, desde a mais alta esfera até os níveis mais baixos.
Se desejarmos entender como se aplicam as Leis de Deus em nossa vida, então temos que analisá-las perante aquele princípio, e fazer o mesmo em relação a cada evento e aos acontecimentos mundiais. Compreendendo primeiro que Deus é perfeito.
Cada fato deve ser analisado perante este princípio, cada afirmação, cada reflexão, cada dúvida, cada evento. Só teremos compreendido plenamente um fato quando pudermos conciliá-lo com a perfeição de Deus. Se o nosso entendimento não se harmoniza com esse princípio básico, então está errado. Se a afirmação não se harmoniza com este princípio, a afirmação está errada. Se a religião não se harmoniza com este princípio, a religião está errada. Se o ensinamento não se harmoniza com este princípio, o ensinamento está errado. Por que? Porquê DEUS É PERFEITO, desde sempre, por toda a eternidade. Ele é a medida de todas as coisas, e não o contrário.
Munido deste princípio – “Deus é perfeito” – recomece o leitor sua jornada em direção a um nível mais elevado de consciência, em direção ao despertar espiritual propriamente.
Pode começar por onde quiser, lendo livros, conversando com amigos, nas atividades do dia-a-dia, fazendo jardinagem ou culinária, ou mesmo investigando novamente cada religião. O que importa é colher os ensinamentos que condigam com o princípio, eliminando tudo que se contraponha a ele. Cada experiência, cada livro que tiver a oportunidade de ler, serão passados implacavelmente nesta peneira. Colha apenas os conhecimentos que confirmem a perfeição de Deus.
Você se surpreenderá com o ritmo do seu próprio desenvolvimento.
Daqui, você deve seguir sozinho, você e seu cajado, você e sua espada de luz, sua ferramenta de medir. Sempre lembrando que sua responsabilidade maior é descobrir a verdade sobre a sua própria identidade e função em relação às Leis Naturais, respeitando-as e adaptando-se a elas, se realmente deseja ser útil na maravilhosa Criação de Deus-Pai.
“Como a abelha que colhe o mel de diversas flores, a pessoa sábia aceita a essência das diversas escrituras e vê somente o bem em todas as religiões.”
(Mahatma Gandhi)
Desejo que a sua jornada seja feliz e que finalmente você possa conhecer aquele contentamento interior tão desejado. Que obtenha a paz duradoura.
Não vou dizer que o resgate do conhecimento sobre a nossa origem vai aliviar nosso sofrimento perante os eventos mundiais, ou que vai garantir alguma proteção contra eles, mais sim que este conhecimento faz com que tudo faça sentido, dá-nos a compreensão dos porquês.
Além disso, este conhecimento traz consigo o reconhecimento de que a Justiça existe e é perfeita e que o Amor de Deus é a Lei maior. Aquele sentimento de isolamento e solidão deixa de preponderar e de repente você se verá integrado e parte de um mundo maravilhosamente perfeito.
Quando as Torres Gêmeas caíram em 2001 eu me dei conta, novamente, de minha imensa ignorância. A pergunta que veio para me afligir era: “Como eu posso achar o sentido deste acontecimento perante o princípio da perfeição de Deus?” Porque se Ele é perfeito, a Sua Justiça também tem que ser perfeita. “Como posso ver a Justiça divina expressa neste evento? Como eu posso, aliás, ser tão ignorante!?!”
O choque foi grande, muito sofrimento, mas foi esta a alavanca abençoada que me tirou do conforto ilusório da apatia espiritual, e que me fez retomar minha busca. Uma busca que se transformou em auto-resgate.
Então eu me deparei com uma autora na Internet, Natália de Lemeny-Makedonová. Ela falava sobre profecias, conhecimento espiritual e outras coisas. Mas o que mais me chamou a atenção foi que ela dizia que as Leis Naturais, como a lei da gravidade, a lei da causa e efeito, a lei do círculo, são as Leis de Deus. Eu nunca havia parado para pensar sobre isso até aquele momento!
Muitas vezes, lendo a Bíblia, eu me deparei com passagem onde as Leis (as Leis de Deus) eram citadas, mas eu nunca analisei profundamente este ponto: Que Leis são estas? As explicações daquela autora me pareceram muito corretas, extremamente lógicas. O círculo é o ciclo, que é a Lei da Reciprocidade (Ama teu próximo, como a ti mesmo, colherás aquilo que plantares). Isso me fez ver certas passagens da Bíblia com outros olhos. Como naquela passagem, quando Jesus afirma que não veio ao mundo revogar a Lei, mas sim para cumpri-la (Mateus 5:17-18).
Na leitura dos textos dessa autora eu encontrei muitas coisas totalmente novas para mim. Ela também fazia referência a um outro autor, no qual dizia ter-se baseado. O meu interesse em conhecer esta outra obra citada foi instantâneo. Na Luz da Verdade - A Mensagem do Graal , de Abd-ru-shin.
Assim decidi comprar o livro citado, para análise com o uso do princípio - “Deus é Perfeito”. Eu não tenho como descrever o tesouro que encontrei, mas posso citar um trecho que já havia tocado meu coração mesmo antes do livro chegar às minhas mãos. O autor diz:
“Conceda ao Senhor Teu Deus a honra da perfeição, e todos os mistérios da vida te serão revelados.”
Sim, este é o mesmo princípio.
Fontes: