A ARMADILHA QUE SUFOCA
(10/02/2009)

Alice Magalhães Carrozo

A família deve ser o suporte que cada um necessita para daí alçar seu voo de atuação na vida, de maneira consciente e proveitosa.

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Muito comum nos dias de hoje é o marido chegar em casa cansado, querendo  ler o seu jornal, enquanto a esposa o recebe com fisionomia fechada, sentindo-se soterrada por uma rotina sufocante. E os filhos, por sua vez, entram em casa já pensando no namorado ou no programa da noite.

Cada um está preocupado consigo mesmo. Ninguém percebe o outro e suas necessidades. Não há troca de idéias, reconhecimento ou participação uns na atividade dos outros. Vivem sob o mesmo teto, porém, centrados em si mesmos.

É a confusão entre o desenvolvimento da individualidade de cada um e o individualismo egoísta. Este é cultivado em alto nível nos nossos dias, constituindo uma verdadeira armadilha que sufoca e aprisiona as pessoas, gerando muitas insatisfação e hostilidades veladas ou não, nos inter relacionamentos humanos. Vive-se um aglomerado de pessoas, cada um com seus interesses próprios, que se chocam a cada momento com os interesses dos outros.

Enquanto se desenvolve nos pais um aparente servilismo de amor bonzinho e  permissivo, bem de acordo com a onda de sentimentalismo da nossa época, os filhos se tornam exigentes e arrogantes, recebendo com naturalidade tudo que querem, ficando atrofiados na capacidade de buscar por eles mesmos, aquilo que pretendem da vida.

Este modelo de família apresenta inúmeras distorções, que retardam e muitas vezes até paralisam a necessária movimentação de cada um, para o seu próprio desenvolvimento interior e evolução.

Os padrões de comportamento aí vivenciados e assimilados são transpostos para o ambiente profissional, ocorrendo então arrogâncias, imposições, exigências descabidas, “temperamentos” explosivos, etc., difíceis de lidar, o que perturba sobremaneira os ambientes de trabalho e emperra o desempenho profissional.

O apoio mútuo, o interesse sadio, o respeito pelas experiências individuais, o incentivo ao trabalho profícuo e ampliação das capacitações de cada um deve ser cultivado  desde o berço, no núcleo familiar. Aí se tem também, a oportunidade de corrigir as tendências negativas que possam surgir em cada um, firmando um código de verdades, de comportamentos positivos e elevados, possibilitando a troca justa e equilibrada entre as pessoas, o que é um excelente treino para a atividade posterior, no campo de trabalho.

A família deve ser o suporte que cada um necessita para daí alçar seu voo de atuação na vida, de maneira consciente e proveitosa.

Cabe aos pais ainda tornar este ideal possível, para virem a colher de seus filhos alegrias ao invés de dissabores, que muitas vezes colhem e, principalmente, terem a tranquilidade de um dever, galhardamente, cumprido.