“Perguntas sobre perguntas!… E todas são justificadas. Cada pessoa que deseja encontrar a redenção deve ocupar-se com o ‘porquê’ das coisas.”
É justamente o sofrimento que obriga a humanidade de hoje a se ocupar mais com a sua existência na Criação. A mais ninguém é possível viver surda e cegamente, colocando-se de lado, pois o sofrimento chega para cada um de alguma forma. Quer rico, quer pobre… ninguém fica preservado!
Por que tanto sofrimento terreno? Por que, aliás, o ser humano vem ao mundo? Somente para sofrer e após um maior ou menor número de anos morrer novamente? Onde está nisso o sentido da vida? E por que um Juízo Final e um ajuste? E onde fica o livre-arbítrio que, conforme consta, o ser humano possui, se ele está exposto a todos os golpes do destino?
Por que Deus permite que aconteçam tantas injustiças na Terra? Os seres humanos foram criados apenas para sofrer? E não consta que todos são filhos de Deus? Se é assim, por que existe então tanta desigualdade entre as criaturas humanas?
Por que de um lado a pobreza e de outro lado a riqueza e abundância? Por que existem pessoas bonitas e feias? E por que crianças inocentes nascem aleijadas? Estas crassas diferenças não deixarão surgir dúvidas quanto à justiça de Deus?
Perguntas sobre perguntas!… E todas são justificadas. Cada pessoa que deseja encontrar a redenção deve ocupar-se com o “porquê” das coisas. Erguer as mãos em resignação, em revolta ou em desespero, não adianta a ninguém. Ela deve pesquisar pelo “porquê”. Ela própria deve procurar! Pois as comunidades religiosas terrenas pouco poderão ajudar-lhe no esclarecimento das muitas perguntas.
Sim, essas comunidades possuem explicações para muitas questões, contudo são explicações que exigem crença cega. Crença cega ou… dúvidas quanto à justiça e amor divinos. Suas interpretações das perguntas básicas da vida são tão cheias de contradições, que seus membros são literalmente obrigados a uma crença cega.
Algumas doutrinas, por exemplo, responderão a todas as perguntas no sentido de sua concepção fatalista da vida. Isto quer dizer que todos os destinos humanos foram predestinados por Deus e que a isso ninguém pode opor-se; que, portanto, também todos os sofrimentos devem ser aceitos com resignação.
Que com isso elas responsabilizam Deus, o Senhor, por todas as situações precárias, não se lhes torna consciente. Tampouco percebem que suas interpretações negam a Deus toda e qualquer justiça.
As explicações que as comunidades religiosas cristãs dão para as muitas perguntas de seus fiéis são também cômodas, mentirosas, e por isso nocivas.
Se em uma família cristã acontece uma infelicidade, comentam logo que Deus enviou esta prova… pois quem Ele ama, este Ele castiga! Ou um outro exemplo: se uma criança nasce com um defeito corporal, diz-se que esta criança deve sofrer por causa dos pecados dos pais. Ou também que os pais, pela desgraça de seu filho, devem ser punidos por alguma coisa…
Igualmente em voga é a concepção de que para Deus tudo é possível, pois Suas deliberações são imperscrutáveis! Todas essas interpretações em nada modificam o fato de que também o Deus dos cristãos é um Deus arbitrário e injusto. Os seres humanos, mesmo os de boa vontade, tacham-No assim!
Também a suposição errônea de que quem sofre na Terra será recompensado no céu ou num nirvana, e que aquele que pratica o mal deverá esperar seu castigo no inferno ou no purgatório, é simplesmente ridícula. Ridícula e triste ao mesmo tempo, pois mostra nitidamente como os espíritos humanos são hoje restritos e estreitos!
Não, a crença cega apenas torna ainda mais pesado o fardo que cada um tem de carregar. Unicamente o saber liberta! O saber das leis infalíveis da Criação, que excluem qualquer injustiça por menor que seja.
Nenhuma pessoa está exposta a golpes arbitrários do destino! Tudo o que a atinge, seja bom, seja ruim, ela tem de atribuir a si própria! Ela própria colocou alguma vez a semente para isso!
A fim de compreender isto, cada um deve saber que já esteve encarnado várias vezes nesta Terra! Uma única vida terrena nunca bastaria para desenvolver plenamente todas as capacidades que residem no espírito humano.
Cada nova vida terrena deveria ter trazido ao ser humano novos reconhecimentos, aproximando-o mais um passo do mundo luminoso. Isto, porém, não aconteceu. Cada encarnação aumentava a distância entre ele e as vibrações harmoniosas das leis da Criação, de modo que no decorrer dos milênios se tornou um pária, isto é, um expulso.
O próprio ser humano se expulsou. Ele sozinho! Seus erros, pecados, pendores e vícios separaram-no dos mundos luminosos. Há milênios vive ele em dissonância com todas as leis da Criação!
Os muitos sofrimentos humanos tiveram início no passado! Hoje cada um colhe apenas aquilo que no decorrer de suas muitas peregrinações terrenas semeou. “O que o ser humano semeia terá de colher!” Quantas vezes Jesus Cristo proferiu estas palavras, exortando e advertindo! O Salvador indicava com isso uma lei da Criação que se efetiva ininterruptamente. Na natureza o efeito desta lei é compreensível a qualquer um. Ninguém esperará trigo se semeou milho. Na vida humana também não é diferente. Quem semeou desconfiança colherá por sua vez desconfiança. Apenas leva mais tempo até que o fruto se tenha desenvolvido da semente.
Somente o saber da existência de repetidas vidas terrenas dá esclarecimentos e explicações sobre o “porquê” dos muitos sofrimentos e das aparentes injustiças sob as quais geme a atual humanidade. Crença cega e dúvida quanto à infalível justiça de Deus aumentam apenas o fardo de culpa que cada um carrega consigo. Quem quer encontrar libertação espiritual deve reconhecer a verdade. Não existe um outro caminho.
“A escolha é livre. Mas as consequências da resolução são decisivas e imutáveis!”
(Abdruschin - Na Luz Da Verdade Vol. 1, dissertação “Uma Palavra Necessária”)