O céu era azul, o sol brilhava e ia já alto. Nuvens nem vê-las, estavam para as bandas do norte onde os ventos sopravam mais agrestes e o ar era mais frio. Bela e branca era a paisagem nessas bandas. Grandes blocos de gelo deslizavam entre montanhas para o mar. Criaturas deslocavam-se nos campos de gelo com andar bamboleante e engraçado. O seu grasnar enchia o ar de melodia e a sua imagem transportava-nos para um baile em que os cavalheiros se vestiam de traje negro e camisa branca. Bela era a imagem que preenchia os nossos sentidos e estendia-se até onde a vista alcançava.
Ao longe, camuflados de branco e focinho no ar, deslocava-se calmamente um belo animal e suas crias; vestidos a rigor, pele branca de tom amarelado, confundidos com a paisagem que vibrava de branco, cintilando em contraste com o etéreo azul, num jogo de luz e cor, estonteante para o olhar comum.
As crias mais pareciam bonecos de peluche, fofos e engraçados, que o humano com tanto carinho presenteia os seus filhos. Uns e outros deslocavam-se de olhar atento, sentido alerta, uns para evitarem servir de repasto e outros movidos pela necessidade de se manterem fortes e saudáveis. Equilíbrio, não mais do que a necessidade obriga. Os seus olhos brilhavam de alegria e vida, alerta, mas não preocupados, todos eles conhecem as regras e o que a natureza espera deles; em bandos andavam ou deslizavam pelo mar gelado, seguidos de perto por seus acompanhantes que os miravam atentos na expectativa de uma brecha.
O etéreo está povoado por corpos elegantes e fusiformes, que esbeltamente deslizam nos ares, os seus olhos controlam o espaço, as suas asas controlam os ventos, em danças irrequietas e controladas, mergulham no mar capturando os descuidados ou pouco velozes animais do mundo aquático, que em movimentos esguios e rápidos se esgueiram dos bicos afiados.
O etéreo azul aos poucos desvanece e dá lugar a uma sintonia de cores ondulantes, que num bailado efémero muda daqui para acolá, sem regra aparente, numa simplicidade organizada. Negro é o palco, multicolor o espectáculo, movimento ondulante sem formas definidas.
Equilíbrio em tudo vibra, força e vontade de uma obra única, leis justas e perfeitas! A Natureza e seus habitantes seguem o curso rítmico do horário celeste, adaptados às variações das estações que em esplendor único vestem e despem os seus trajes, qual artista em palco encarnando vários personagens.
O Altíssimo a tudo rege, com Amor, Verdade e Justiça!