“O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E transbordante de alegria vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo. O reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas, e tendo achado uma pérola de grande valor, vendeu tudo o que possuía e a comprou.”
(Mt13:44-46)
Nessas duas parábolas encadeadas Jesus mostra que o reino dos céus é incomparavelmente mais valioso do que os reinos terrenos. Mostra também qual deve ser a disposição do ser humano que quiser alcançá-lo. Nenhum esforço pode ser demasiado para tanto, pois os reinos do nosso mundo terreno não são nada comparados com a vida eterna no reino espiritual do Paraíso.
O ser humano deve colocar como alvo máximo de sua existência alcançar um dia esse reino celeste. Deve mostrar, através de todo seu ser, a seriedade com que encara sua própria salvação, esforçando-se permanentemente em viver em conformidade com as leis de Deus.
Novamente fica implícito aqui o erro de se apegar a coisas de pouco valor, como os efêmeros bens materiais. E se tais bens se tornarem mesmo um pendor para quem os possui, como no caso daquele jovem rico, então é melhor mesmo se desfazer deles para manter aberta a possibilidade de atingir o reino dos céus. Jesus, inclusive, já havia advertido para não se amontoar tesouros aqui na Terra, e sim no céu:
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a Terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde nem traça nem ferrugem corroem, e onde ladrões não escavam nem roubam.”
(Mt6:19,20; Lc12:33)
Paulo expressou o mesmo sentido com as palavras: “Miramos às coisas invisíveis e não às visíveis; pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno” (2Co4:18). O convívio com os gregos e sua filosofia de vida espiritualista parece ter feito muito bem ao grande apóstolo...
O repositório do ser humano será formado lá onde apontar seu coração, isto é, sua vontade intuitiva. Por isso, ele deve direcioná-la para o alto, no sentido do aperfeiçoamento espiritual, e assim juntar tesouros no céu. Tesouros terrenos não poderão salvar ninguém no Juízo Final: “Nem sua prata nem seu ouro poderão salvá-los. No Dia da Ira do Senhor, toda a Terra será devorada pelo fogo do Seu zelo” (Sf1:18). Somente aquele que orientou sua vida segundo as leis de Deus na Criação receberá auxílio, e não quem pôs sua esperança em bens terrenos ou no dinheiro: “Emprega o teu tesouro segundo os preceitos do Altíssimo, e isto te aproveitará mais do que o ouro” (Eclo29:14).
Às pessoas que agem diferentemente, isto é, que só pensam em acumular tesouros na Terra, cabe ainda essa duríssima advertência de Tiago: “O vosso ouro e a vossa prata enferrujaram-se; sua ferrugem servirá de testemunho contra vós e devorará a vossa carne como fogo. Entesourastes, afinal, para os vossos últimos dias!” (Tg5:3).