Parte 2 – A Efetivação
As Mazelas Humanas
Economia – Eventos Econômicos Localizados
Outros Países
Este item não existia na primeira edição deste livro. Foi criado basicamente em razão do descalabro econômico que se originou na Ásia no segundo semestre de 1997, espalhando-se pelo mundo a seguir. Vamos acompanhar as principais notícias nos países afetados de uma maneira ou de outra:
Estados Unidos
Em 13 de fevereiro de 1997, o principal índice de ações da Bolsa de Valores de Nova York, o Dow Jones, quebrou um recorde histórico de alta, fechando em 7022,82 pontos. O chefe do Departamento de Investimento do Mellon Bank, Vernon Winters, declarou o seguinte na época:
“É impressionante o atual ritmo de ganhos no mercado americano. (…) As empresas continuam anunciando lucros recordistas e os rendimentos de seus papéis enriquecendo os acionistas. (…) A história escreverá que o período atual é o melhor desde o pós-guerra.”
No dia 5 de maio daquele ano, o índice Down Jones voltava a quebrar seu próprio recorde, atingindo a marca de 7.200 pontos. Um eufórico operador da Bolsa exclamou:
“O desempenho do índice em cinco pregões consecutivos tem sido algo inédito no mercado de ações. Somados, os pontos de valorização superam os 400, o que significa uma expansão da ordem de 6% em apenas uma semana!”
Em junho o índice Down Jones atingiu 7.300 pontos. O economista Allen Sinai, conhecido por suas previsões pouco otimistas declarou: “A maioria dos americanos acha que já está bom e vai ficar melhor ainda.” Uma reportagem da época dizia: “Este é o melhor momento econômico dos Estados Unidos e muito provavelmente de toda a história do capitalismo.” Uma matéria publicada no caderno de economia do jornal O Estado de S. Paulo de 20.6.97 trazia a seguinte manchete: “Bolsa de Nova York desafia leis econômicas.” Abaixo, alguns trechos:
“Desempenho das ações nos Estados Unidos supera resultados financeiros das empresas.”
“Teóricos apostam numa nova era. (…) Convicção no êxito econômico move capital. (…) Especialistas acreditam que o mercado de ações dos EUA já não está sujeito a muitos riscos.”
“ ‘A economia chegou a um ponto em que paramos de especular sobre o que pode sair errado e começamos a perguntar como pode ir melhor’, diz Thomas M. O'Neill, diretor de investimento da Fleet Financial Advisors.”
Agora, comparemos as declarações eufóricas acima, do primeiro semestre de 1997, com as notícias do mês de agosto em diante:
- 16/08/1997: “Bolsa de Nova York tem a maior queda desde o crash de 87. (…) Nervosismo tomou conta dos operadores no pregão de Wall Street.”
- 19/08/1997: “Efeito Wall Street derruba mercado global. (…) As ações desabaram ontem em todo o mundo, sob o impacto da dramática queda em Wall Street na sexta-feira.”
- 20/10/1997: “Porta-voz de Clinton pediu calma, e disse que é preciso neste momento 'ser razoáveis'. (…) Entre os especialistas, o desabamento da Bolsa instalou a confusão.”
- 28/10/1997: “Queda recorde em Nova York abala Bolsas (…) O clima de crash, comparável ao de outubro de 1987, foi revivido no centro financeiro do Ocidente, que terminou seu pregão de maneira inédita: simplesmente foi suspenso, depois que o Índice Dow Jones apontava recorde de baixa de 554,26 pontos.”
Tailândia
A crise asiática começou com a Tailândia. Abaixo, o desenrolar da crise em ordem cronológica, através do noticiário e, na sequência, dos outros países atingidos:
- 03/07/1997: “A crise econômica atingiu ontem pela primeira vez um tigre asiático. A Tailândia, país que mais cresceu nos últimos dez anos – média anual de 8,4% entre 1990 e 1995 – anunciou o fim do seu sistema cambial. (…) O bath desvalorizou-se 18% em instantes.”
- 04/07/1997: “A Tailândia reunia condições que permitiam prever para ela um futuro brilhante. Em 1989, classificou-se entre as campeãs de desenvolvimento, quando o PIB cresceu 12,2%.”
- 09/07/1997: ”Na semana passada, este país de 60 milhões de habitantes que fica ao sul da China entrou inesperadamente para o mapa dos desastres econômicos. (…) Dos 91 bancos tailandeses, mais da metade está quebrada. (…) De um momento para outro, o mundo financeiro, estarrecido, ficou sem saber se aquilo que acontecia na Tailândia era o prenúncio de um estouro trágico como o que aconteceu com o México.”
- 18/07/1997: “A Tailândia perdeu US$ 10 bilhões de reservas cambiais em um dia de ataque e se rendeu.”
- 23/07/1997: “Os maiores bancos e financeiras da Tailândia chegaram a registrar queda de até 93% nos lucros do primeiro semestre de 1997.”
- 07/08/1997: “O Ministro das Finanças fez ontem novo pronunciamento à nação para tentar reverter uma corrida aos bancos, iniciada na manhã de ontem.”
- 12/08/1997: “O pacote, definido como 'solidário' poderá chegar a US$ 20 bilhões em poucos dias; é o maior já concedido desde a crise mexicana de 1994. (…) Alguns economistas estão prevendo cerca de 100 mil demissões até o final do ano.”
- 28/08/1997: “Metade das reservas internacionais tailandesas corre o risco de ser engolida na crise cambial.”
- 21/10/1997: “O Ministro das Finanças pede demissão [sétimo ministro em 25 meses], e incerteza provoca nova queda nos mercados da ações e câmbio.”
- 09/12/1997: “O governo da Tailândia anunciou o fechamento de 56 dos 91 bancos existentes no país.”
Coréia do Sul
- 23/07/1997: “Bancos sul-coreanos estão à beira do colapso.”
- 25/07/1997: “Para impedir uma onda de quebras no sistema bancário do país, o governo sul-coreano anunciou ontem que injetará 1,5 trilhão de wons por meio de uma linha especial de crédito. (…) Este é o primeiro socorro a bancos sul-coreanos nos últimos 15 anos.”
- 08/11/1997: “Coréia submerge sob ataque especulativo; asiáticos recuam.”
- 21/11/1997: “Coréia pode pedir socorro de US$ 100 bilhões.”
- 22/11/1997: “O próprio Banco Mundial, que normalmente só empresta a países com renda per capita inferior a US$ 7 mil – o que não é absolutamente o caso coreano – informou que está pronto a abrir uma exceção neste caso. (…) O socorro à 11ª maior economia do mundo poderá ser o maior pacote de ajuda financeira após a Segunda Guerra Mundial.”
- 04/12/1997: ”Desde o início do ano, 7 dos 40 conglomerados do país quebraram ou admitiram estar inadimplentes.
- 10/12/1997: “Na semana passada, de chapéu na mão, o governo coreano engoliu o orgulho, aposentou seu até então admirado modelo de crescimento e submeteu-se ao tratamento de choque dos países em dificuldades financeiras – um empréstimo liderado pelo FMI de 57 bilhões de dólares (e subindo com a inclusão de mais países ricos), o maior tapa-buraco já concedido pelo xerife das nações concordatárias. Com quantia equivalente, em dinheiro de hoje, o Plano Marshall colocou em pé a economia da Europa Ocidental arruinada pela Segunda Guerra.”
- 17/12/1997: “A Coréia, 11ª economia do mundo, está quebrada. O país precisa pagar 100 bilhões de dólares em dívidas externas de curto prazo, mas só tem 6 bilhões em caixa.”
- 07/02/1998: “Estima-se que quase um milhão de trabalhadores serão demitidos antes do final do ano devido à crise na Coréia.”
- 27/03/1998: “Cerca de 10 mil coreanos estão perdendo seus empregos diariamente.”
Indonésia
- 22/07/1997: “Rúpia indonésia é a nova vítima dos especuladores.”
- 15/08/1997: “A taxa de juros interbancários tailandesa saltou para 36% ao ano, deixando atônitos empresas e pessoas físicas na Indonésia, que viram seus débitos praticamente dobrar de valor do dia para a noite.”
- 14/10/1997: “Moeda da Indonésia já caiu 58% desde janeiro. (…) Economia do país enfrenta a pior crise desde os anos 80.”
- 15/11/1997: “Desconfiança provoca corrida a bancos na Indonésia. (…) Correntistas e investidores em pânico amontoaram-se nos caixas das agências para sacar seus recursos.”
- 03/12/1997: “Cerca de um milhão de trabalhadores perderam seus empregos este ano na Indonésia por causa da crise econômica, informou ontem o presidente-geral da Câmara de Comércio e Indústria do país, Aburizal Bakric.”
- 09/01/1998: “Crash traz amaça de desestabilização à Indonésia. (…) Moeda nacional perde 26% do valor e Bolsa de Jacarta recua 11,9% em um dia. (…) Segundo relatos da imprensa local, populares disputavam pacotes de açúcar ou latas de leite em pó que, rapidamente, escassearam nas prateleiras e só eram encontradas, com preços várias vezes superiores, num mercado negro que começa a florescer nas ruas centrais da populosa capital indonésia. (…) 'Claro que estou aterrorizado', disse um funcionário público que buscava formar estoques para 'os tempos difíceis à frente'.”
- 19/02/1998: “Cerca de 13,4 milhões de indonésios estão desempregados, divulgou ontem a Federação dos Trabalhadores Indonésios, o maior sindicato do país.”
- 25/02/1998: “O valor da moeda nacional, a rúpia, desabou 80% nos últimos meses. O desemprego aumentou, a população em pânico fez estoques de alimentos até esvaziar as prateleiras dos supermercados, os preços dispararam. O aumento no preço dos alimentos provocou revolta popular; saques se espalharam por duas dezenas de cidades e o Exército está nas ruas com ordem de atirar para matar.”
Hong Kong (China)
- 30/08/1997: “Tempestade financeira abala Hong Kong.”
- 02/09/1997: “Os papéis de Hong Kong e Cingapura, assim como suas moedas, vêm sofrendo forte pressão, inimaginável no início da crise.
- 24/10/1997: “Crash da Bolsa de Hong Kong espalha pânico em todos os mercados do mundo. (…) Os juros subiram 300% da noite para o dia na ex-colônia britânica, e a Bolsa de Valores local levou o maior tombo da sua história: -10,41%”.
Filipinas
- 12/07/1997: “Crise cambial filipina espalha-se pela Ásia. (…) Peso filipino cede às pressões e perde 11% do valor; especulação atinge Indonésia e Malásia.”
Cingapura
- 16/07/1997: “A solidez dos pilares que sustentam a economia de Cingapura não é suficiente para atrair investimentos externos e o país assiste, impotente, a fuga dos capitais voláteis, que estão abandonando a região como um todo.”
China
- 08/01/1998: “A expectativa de desvalorização do yuan, a moeda chinesa, derrubou ontem os principais mercados acionários da Ásia.”
- 09/01/1998: “Crise asiática limita expansão do mercado chinês. (…) Autoridades do país divulgaram ontem dados que indicam claramente a desaceleração da economia; pelo segundo mês consecutivo houve um crescimento negativo.”
Estônia, Letônia e Lituânia
- 25/10/1997: “Países bálticos sentem impacto de crash na Estônia. (…) 'O cenário estoniano é muito parecido com o da Tailândia', afirmou um operador da Bolsa de Riga, a capital letã. (…) Os mercados de ações das repúblicas bálticas entraram na rota dos especuladores internacionais quando as Bolsas da Letônia e da Lituânia submergiram sob o impacto do crash na Bolsa da Estônia.”
Chile
- 28/11/1997: “Crise asiática atinge o peso chileno. (…) Desde o fim de outubro, cotação da divisa local já desvalorizou 5% em relação ao dólar. (…) Segundo fontes do mercado, a intranquilidade se deve à perspectiva de uma forte queda nas exportações chilenas para o mercado asiático.”
Grécia
- 01/11/1997: ”Moeda grega é nova 'bola da vez'. (…) O Banco Central da Grécia foi obrigado ontem a agir energicamente para proteger a moeda nacional, o dracma, dos ataques especulativos desencadeados por grandes investidores no mercado de câmbio. (…) O presidente do BC elevou a principal taxa de juros overnight de 10,9% para 150%.
Polônia
- 16/07/1997: “As turbulências no mercado asiático continuam afetando países emergentes do Leste Europeu. A divisa da Polônia. o zloty, apresentou ontem a maior queda de sua história em um só dia: 3,01%.”
Os pequenos exemplos das dificuldades monetárias condensadas neste tópico sobre economia, fornecem uma visão mais abrangente da real situação mundial. Aeconomia está em ebulição em todos os países da Terra. E como tudo o mais que foi direcionado erradamente pela mão do ser humano, também o atual sistema econômico mundial tem de mostrar agora todas as suas falhas, cada vez com maior frequência e intensidade, até que também nesse setor da vida humana tudo tenha-se tornado novo, pelo exaurir do que é velho e falso.