“A guerra contra as drogas acabou. As drogas venceram.” Este o título de um artigo publicado no jornal The Washington Post por Patrick Murphy, ex-chefe de polícia da cidade de Nova York. Segundo Patrick, “o comércio de drogas é hoje um dos mais bem sucedidos empreendimentos, com lucros que podem chegar a US$ 150 bilhões neste ano [1995].”
Em 1996, o FBI encaminhou um relatório à Interpol informando que no ano anterior os traficantes haviam movimentado em aplicações, investimentos e lavagem de dinheiro mais de US$200 bilhões. Em julho de 1997, o Serviço de Controle de Doenças da ONU divulgou um relatório informando que a lavagem de dinheiro do narcotráfico havia assumido proporções capazes de desestabilizar as economias nacionais e tendia a “minar a integridade do sistema financeiro mundial”. Em 1998, a estimativa era de que o tráfico movimentava um volume de US$ 300 bilhões. Naquele ano o narcotráfico controlava 60% dos negócios na capital de Myanmar (antiga Birmânia).
Em 1999, de acordo com uma estimativa elaborada pelo Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas (UNDCP), o tráfico internacional de entorpecentes já estava movimentando cerca de US$ 500 bilhões por ano.
Há que se considerar que esses valores são apenas estimativas, e alguns sustentam mesmo que o montante movimentado atualmente pelo comércio de drogas já atinja a inconcebível cifra de US$ 1 trilhão por ano.
O consultor da OMS e diretor do Centro Médico Marmattan, em Paris, Dr. Claude Olivenstein, corroborou o desabafo de Patrick Murphy: “A sociedade fracassou na luta contra as drogas e é preciso encontrar uma nova estratégia contra o problema. (…) Nunca a produção foi tão importante, nem tantos países estiveram envolvidos pelo tráfico como agora, apesar de todos os programas de repressão.”
Nos anos 40 o consumo de drogas era praticamente desconhecido da população ocidental. É certo que as pessoas já haviam ouvido falar de ópio, morfina e cocaína, mas o grupo de consumidores dessas drogas era reduzido. Não havia nem sinal de traficantes ou de barões da droga, tampouco de vendedores de drogas nas esquinas.
No início dos anos 60, o consumo de drogas no mundo praticamente se restringia ainda aos países desenvolvidos, resumindo-se geralmente à morfina e à heroína. Cocaína, maconha e LSD eram raridades quase desconhecidas. Com a chegada do movimento hippie esse quadro mudou drasticamente. Ser jovem era se rebelar contra os valores da época, e isto significava consumir drogas…
De lá para cá o consumo de drogas cresceu estratosfericamente em todo o planeta. Estima-se que só o comércio da cocaína movimente cerca de 100 bilhões de dólares anuais, com um crescimento de 10% a cada ano. A produção anual de cocaína na América do Sul é da ordem de mil toneladas; a quantidade apreendida não representaria mais que 1% do volume traficado. No México, o valor movimentado com as drogas supera os lucros do petróleo e o valor da dívida externa.
Nos Estados Unidos, cinco mil pessoas ingressam diariamente no mundo das drogas, contribuindo para manter a pujança do comércio internacional de entorpecentes. Um relatório publicado pela ONU em setembro de 1997 estimava em 340 milhões o número de viciados em droga no mundo, mais que o dobro da população brasileira.
No Afeganistão, a milícia islâmica radical Taleban, que controla 85% do território do país, mantém sua renda e apoio político com o setor do ópio. Argumentam que papoulas não são drogas, e que o imposto não difere do cobrado, por exemplo, do trigo.
O comércio de drogas cresce descaradamente no mundo todo. A papoula eurasiana, Papaversomniferum , chegou à Ásia, vinda do Mediterrâneo, na bagagem de comerciantes árabes do século 12. Era cultivada pelas propriedades medicinais. Hoje, grassa nas economias de Myanmar, Índia, China, Paquistão, Usbequistão, Afeganistão, Laos e do norte da Tailândia. Ao fazer uma visita num dos grandes mercados do Paquistão, o chefe do escritório da ONU, Bernard Frahi, contou que, dos cerca de 500 comerciantes amontoados na rua principal e nas redondezas, quase metade vendia ópio.
O Afeganistão lidera a produção mundial de ópio, com 75% da droga consumida no planeta. Lá, um quilo de heroína turca vale, no atacado, US$ 6,5 mil; quando chega à Holanda já vale US$ 35 mil e nos EUA valerá mais de US$ 75 mil para traficantes. Na Rússia, cresce a mais de 50% ao ano a demanda por heroína e anfetamina. O chamado “Triângulo Dourado do Ópio” é o mítico ponto de encontro entre Tailândia, Birmânia e Laos. De lá saem 60% da heroína vendida nos EUA. Não só o Triângulo, mas toda a Ásia vive um “boom” de ópio e heroína. No Vietnã, 75% dos mais de 200 mil viciados fumam ópio. A heroína faz de Saigon, à noite, um mar de seringas. O orçamento do Comitê de Controle de Drogas é de US$ 3 milhões anuais, o equivalente a três semanas de tráfico de heroína na capital.
A indústria do ópio e da heroína diversificou-se – com sucesso – para produzir anfetamina. Praticamente todo mês a polícia tailandesa apreende quantidades enormes de anfetamina. O negócio extravasou para o Vietnã, identificado pelos traficantes como o melhor pontode trânsito e destinação final de heroína.
Apesar de toda a repressão e campanhas de esclarecimento, o consumo de drogas cresce, pois, imperturbavelmente em todo o mundo. Percebendo ser uma luta vã, o governo da Suíça tentou inovar em 1992, ao liberar o consumo de tóxicos num local predeterminado, uma estação de trens desativada, localizada a um quilômetro do centro da capital, Zurique. O mundo todo passou a testemunhar, ao vivo, cenas até então exclusivas do dia-a-dia dos viciados.
Os “junkies”, como eram chamados, se drogavam estendidos num chão coberto de lixo, sangue, seringas usadas, chumaços de algodão, restos de comida e excrementos. Quando eles não conseguiam mais injetar as drogas nos braços e nas mãos, procuravam alguma veia em qualquer outra parte do corpo: no pescoço, nas pernas, nas axilas e até na língua. Essas imagens serviram, ao menos, para mostrar até onde as pessoas podem cair moralmente, até o ponto de eliminarem de si qualquer resquício de dignidade humana.
Em fevereiro de 1995 o governo suíço finalmente proibiu o espetáculo degradante. Os viciados se dirigiram então a um local alternativo: apartamentos comprados para esse fim pelos próprios traficantes…
A solução para esse novo problema? Máquinas de fornecimento automático de drogas, controladas por computador e pagas pelo contribuinte suíço. Isso mesmo! Os junkies entram numa casa discreta, sem placa na porta, e recebem do computador sua ração diária de heroína. A máquina conhece os dados pessoais da “clientela”, os hábitos de consumo e a dosagem máxima para cada caso. Nas palavras da gerente do local, “nossos pacientes sabem que podem contar com a droga e vivem com maior dignidade…” E para ratificar a solução encontrada, os suíços aprovaram num plebiscito, por esmagadora maioria (71%), a prática governamental de distribuição de doses de heroína aos viciados…
No fim de outubro de 98, a Suíça rejeitou a proposta de legalização da compra de drogas no país. O projeto, se aprovado, teria feito da Suíça o único país do mundo em que maiores de 18 anos poderiam comprar qualquer tipo de droga. Seus defensores sustentavam que a medida eliminaria a máfia do país…
Escaldada, a Suíça rejeitou o que seria uma renovada estupidez na tentativa de controlar o consumo de drogas no país. Menos inteligente foi a atitude do procurador-geral da República da Itália, Ferdinando Zucconi Galli Fonseca, que na abertura do ano judiciário italiano de 1998 tomou posição favorável à “administração controlada de drogas psicotrópicas.”
Na Holanda, em novembro de 1999, o Ministério da Saúde estendeu a distribuição de heroína aos dependentes de drogas mais pesadas, após ter concluído um plano piloto de três meses que teve sua “eficácia comprovada”. Na primeira fase do “experimento revolucionário”, 24 dependentes em Amsterdã e 21 de Roterdan receberam doses da droga. Segundo o órgão, nessa primeira fase não houve efeitos colaterais em termos de ordem pública, criminalidade e segurança médica… A próxima fase incluirá 750 viciados do país. Tamanha estultice, é bom frisar, ocorreu na Holanda, um país de alto nível de desenvolvimento…
No Brasil ainda não avançamos tanto, mas estamos progredindo. Em março de 1998, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo começou a distribuir um kit para drogados, na tentativa de conter o avanço da AIDS entre os usuários de drogas injetáveis. Além da seringa, o kit trazia um pequeno tubo com água destilada para diluir a cocaína, um recipiente apropriado para a mistura e lenços anti-sépticos, destinados à limpeza dos sangramentos.
Resultados da última pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, Cebrid, indicam que a droga é hoje uma ameaça onipresente. O estudo aponta que um quarto dos estudantes brasileiros com idade entre 10 e 18 anos já provou alguma droga ilegal. Na Universidade de São Paulo, uma das melhores e mais disputadas do país, com clientela ultra-seleta, outra enquete revelou que um em de cada três estudantes já fumou um cigarro de maconha. Diariamente, no Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas consomem algum tipo de psicotrópico.
Segundo um estudo do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 86% no grupo de dependentes graves responderam que a procura pelo prazer era a principal razão de terem experimentado a droga. “Procura pelo prazer” é um eufemismo que deve ser traduzido mais adequadamente por falta de caráter e fraqueza moral.
Como já anteriormente esclarecido, um dos mais infalíveis sinais da decadência irrefreável da humanidade é a modificação dos conceitos. Coisas que há poucos anos causavam justificada repulsa acabam, com o tempo, sendo aceitas como normais. Isso vale para tudo: no modo despudorado de se vestir, na proliferação epidêmica de filmes e revistas pornográficas, no uso do linguajar chulo, na quantidade e intensidade de crimes de uma maneira geral e, também, como não poderia deixar de ser, em relação ao consumo de drogas.
Hoje em dia, as notícias sobre consumo e apreensão de drogas mal produzem um bocejo em quem ainda se dá ao trabalho de acompanhá-las. Passou a ser algo corriqueiro, parte da vida moderna. No Brasil, alguns bailes da periferia da cidade do Rio de Janeiro são patrocinados abertamente pelos traficantes.
Segundo revelou o general Alberto Cardoso, chefe da Casa Militar da Presidência, um estudo encomendado pelo governo brasileiro demonstrou que 80% dos crimes urbanos cometidos no Brasil têm alguma relação com a droga. Na Colômbia, o presidente do país foi acusado de ter tido a candidatura financiada pelo narcotráfico, e uma pesquisa do Instituto Gallup mostrou que 66% dos colombianos achavam que o fato não era razão para escândalo… Aliás, o Cartel de Medellín, na década de 80, trouxe à Colômbia mais dólares do que o total investido legalmente no país naquele período…
Somente em junho de 1999, os representantes de 186 países, reunidos em Nova York na sessão especial da Assembléia-Geral das Nações Unidas sobre o Problema Mundial das Drogas, inauguraram uma fase realmente nova no campo do controle internacional de drogas. Pela primeira vez se chegava ao consenso de que as estratégias para a diminuição da demanda por drogas tinham a mesma importância que as de redução da oferta.
Vejamos agora como se dá o surgimento e o consumo das drogas ainda consideradas ilegais e os seus efeitos no ser humano, uma vez que das “legais” já falamos. Digo propositadamente ainda consideradas ilegais, porque já há campanhas para a descriminação do uso de algumas delas, principalmente a maconha. Há, inclusive, quem defenda uma legalização ampla de todas as drogas. Um psiquiatra desses mais avançados apresentou os seguintes argumentos nesse sentido:
“A humanidade sempre consumiu drogas e é preciso abrir o debate sobre sua legalização. (…) O uso recreacional não é perigoso para nenhuma droga. (…) Na verdade a droga é algo bom. Se não fosse, seria fácil largar.”
Já vimos até aqui vários casos em que os conceitos do que é certo e do que é errado foram se toldando irresistivelmente com o passar dos anos, de modo que não há necessidade de nos determos na análise de mais este exemplo. Mesmo porque seria um esforço sobre humano encontrar adjetivos adequados para qualificar apropriadamente a opinião desse “psiquiatra”.
Aos que defendem a legalização das drogas em razão da ineficácia das políticas de combate ao tráfico, responde o chefe de polícia de Estocolmo: “Que se legalizem então os roubos a bancos, visto o baixo índice de êxito da polícia contra esse delito.”
A maconha é de longe a droga ilegal mais consumida no mundo. Em junho de 1997, a ONU estimava em 140 milhões os consumidores de maconha no planeta, cerca de 2,5% da população da Terra. E avisava que este número deveria aumentar, pois “o uso vem crescendo dramaticamente nos últimos anos.”
Um comitê do Congresso dos Estados Unidos calculou, na década de 80, que os americanos fumavam todos os anos 8.750 toneladas de maconha. O órgão federal que combate as drogas no país calcula que houve um aumento de 30% no consumo da droga apenas nos anos de 1994 e 1995. Até 1970 não havia um só pé de maconha nos Estados Unidos; no início de 1996 a erva já era o principal produto agrícola americano, com um movimento anual de US$ 32 bilhões, seguida à distância pela produção de milho, com US$14 bilhões… Em 1992, 4% da população americana era usuária da droga.
O Brasil passou de importador para exportador de maconha em 1998. No início daquele ano, a maconha já era o principal produto da economia de algumas cidades localizadas no “polígono da maconha”, no nordeste do país.
O consumo da droga já não é considerado crime na Holanda, Suécia, Canadá e algumas regiões dos Estados Unidos. Na Rússia, uma lei aprovada recentemente, legaliza o “tráfico em pequena escala” da maconha. Na Holanda, que se decidiu pela descriminação há mais de 25 anos, existem cerca de dois mil pontos de venda legal de maconha. Um detalhe: 50% dos presídios do país são ocupados por autores de crimes relacionados com a droga. Na Espanha, em 1997, aconteceu a “Copa da Maconha”, em que 50 “agricultores” se reuniram para provar suas colheitas e eleger a melhor maconha do país, com o objetivo manifesto era pressionar o governo pela legalização.
Nos Estados Unidos há até uma revista especializada no cultivo e preparo da maconha, com um número estimado de 1 milhão e 600 mil leitores por mês, segundo o editor. O sucesso é tão grande que a publicação promove anualmente, na Holanda, um gigantesco “festival da maconha”… Esse sucesso também pode ser avaliado pelo gráfico abaixo, que mostra o crescimento do consumo de maconha na primeira metade da década de 90 por jovens americanos na faixa de 12 a 17 anos, de acordo com dados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos:
O imperador chinês Shen Nung reconheceu as propriedades alucinógenas da Cannabis quando a recomendou como medicamento. Dois dos primeiros nomes em chinês da maconha – “libertados do pecado” e “fornecedor de encantos” – já denotavam a potencialidade dos seus efeitos inebriantes. Com a disseminação do conhecimento de que o uso da maconha levava o usuário a “ver espíritos”, os chineses passaram a usar Cannabis para – como afirmavam – “desfrutar a vida.” A oeste da China, as tribos bárbaras da Ásia foram as responsáveis pela popularização da maconha como droga recreativa.
A droga é obtida de folhas e flores secas do cânhamo indiano, e apresenta cerca de 60 substâncias psicotrópicas solúveis na corrente sanguínea, sendo a mais importante delas o tetraidrocanabitol, conhecido como THC. Foi o israelense Raphael Mechoulan que identificou, em 1964, essa principal substância ativa da droga. Uma maconha “normal” tem um teor de cerca de 8% de THC. Existem mais de 400 outras substâncias químicas na planta, das quais muitas não se conhece ainda os efeitos.
Um dos mais claros efeitos da droga é a redução da capacidade de concentração. Em vários países se constatou considerável aumento de registros de acidentes de automóveis, motos, trens e até caminhões envolvendo motoristas consumidores de maconha. Em 1985, o pesquisador G. Chester apresentou num congresso de farmacologia um estudo mostrando que “o THC é 4 mil vezes mais potente que o álcool ao produzir uma diminuição no desempenho de um motorista em condições adequadamente controladas.” Em 1994, uma investigação canadense encontrou THC no sangue de 10% dos motoristas em casos de acidentes fatais e em 8% dos pedestres mortos por veículos.
Segundo o Dr. Kalina, só depois de 20, 25 e até 30 dias, é que o THC é completamente eliminado desde a última vez que foi consumido. Só a partir daí é que aparecem os sintomas da abstinência: irritabilidade, inquietação, angústia, tremores, alterações do sono e do apetite, agressividade. Observa-se então a busca frenética de uma “autogratificação” com cigarros e café.
Já se catalogou cerca de 50 efeitos relacionados ao consumo da maconha. Alguns deles: tremor corporal, vertigem, náuseas, vômitos, taquicardia, excitação psíquica, diarréia, alterações sensoriais, lentidão de raciocínio, oscilação involuntária dos olhos, zumbidos, desorientação, medo de morrer, depressão, alucinações, amnésia temporária, pânico, idéias paranóides… O uso constante causa problemas respiratórios e, em homens, reduz o número de espermatozóides. Um estudo aprofundado de cinco anos (1992 a 1997) feito pela OMS mostrou que a substância interfere na memória de curto prazo, reduz sensivelmente a capacidade de aprender e de raciocinar, causa lesões na traquéia, nos brônquios e nas células de defesa, chamadas macrófagos alveolares.
Em 1995, pesquisadores americanos apresentaram um trabalho intitulado “Cérebro, Imunidade e Abuso de Substâncias Psicotóxicas”. Nele afirmavam: “Nas últimas décadas demonstrou-se que o THC, assim como outras drogas de uso abusivo, pode afetar a função dos linfócitos e dos macrófagos, tanto 'in vivo' quanto 'in vitro'.” Antes, em 1991, o pesquisador Donald avisava: “O impacto de uma droga de abuso, tal como a maconha, pode ter efeitos negativos no hospedeiro ao aumentar a susceptibilidade a infecções crônicas e/ou tumores.” Um outro trabalho, de 1986, já afirmava que “o THC suprime a produção de interferon 'in vivo' e 'in vitro'.” A redução das defesas imunológicas do viciado provocada pela maconha o torna propenso a contrair uma infecção por fungo, o qual frequentemente vem aderido à planta. Essa doença é a aspergilose, que se manifesta através de febre, calafrios e choque, podendo gerar abscessos no cérebro, rins, baço, fígado, coração e tiróide.
Estudos mostram que a Cannabis pode causar câncer nos pulmões, atrapalha a memória e reduz a capacidade de abstração. Quem fuma três cigarros de maconha por dia tem a mesma chance de ter câncer no pulmão de quem fuma vinte cigarros comuns… Uma pesquisadora australiana concluiu este ano que, a longo prazo, pode provocar alterações sutis no cérebro.
De acordo com uma matéria publicada na revista IAE de junho de 1998, o uso excessivo da maconha pode provocar:
O viciado em maconha prefere passar por tudo isso ao invés de enfrentar a realidade da vida com coragem e determinação. Por isso, ele, juntamente com todos os viciados em qualquer tipo de droga que altera a percepção dos sentidos, fazem parte de um dos mais abjetos grupos de seres humanos. São fracos e covardes na mais profunda acepção desses termos. Escolhem conscientemente destruir suas almas e corpos, para não terem de fazer nenhum esforço próprio no sentido de uma melhoria interior. No fim de suas vidas, criminosamente desperdiçadas, assemelham-se a amontoados de lixo com algum movimento próprio, cambaleando, indiferentes, rumo à aniquilação física e espiritual.
Há algum tempo surgiu uma nova variedade de maconha, chamada “skunk” ou “supermaconha”. O skunk é produzido em laboratório com variedades de cânhamo cultivados no Egito, Afeganistão e Marrocos, apresentando um teor de THC de até 33%. Seus efeitos são dez vezes mais potentes que os da maconha comum. No Brasil, o Departamento de Investigações sobre Narcóticos já alertou que o consumo do skunk está crescendo.
O haxixe também é obtido a partir do cânhamo, com a diferença de que utiliza a resina que cobre as flores e as folhas da parte superior da planta. É um extrato, e portanto muito mais potente que a maconha comum. O haxixe é muito consumido no Oriente, sendo que um dos principais produtores é o Líbano, onde o cultivo domina as atividades agrícolas do norte do país. (1) As apreensões de haxixe refinado, pronto para consumo, são cada vez mais frequentes na Europa.
Um estudo realizado em 1994, nos Estados Unidos, demonstrou que adultos que usaram maconha quando crianças tinham 17 vezes mais chances de se tornarem usuários regulares de cocaína. Dois trabalhos publicados na revista Science, em 1997, mostravam que os efeitos produzidos no cérebro pela maconha são semelhantes aos da heroína e cocaína.
A cocaína é uma das substâncias extraídas das folhas da coca, o arbusto Erytroxylon coca, originário da região andina.
Em 1862 o químico Albert Niemann conseguiu produzir em laboratório, a partir da coca, um pó branco–o cloridrato de cocaína, cuja fórmula química é 2-beta-carbometoxi-3betabenzoxitropano. A partir de 1880 a cocaína passou a ser empregada como anestésico local em cirurgias do nariz e da garganta, e depois como analgésico. Empregava-se também para combater vômitos e enjôos, através de poções.
Nas últimas duas décadas do século 19, medicamentos patenteados contendo cocaína inundavam o mercado. Desde tônicos, unguentos, supositórios, pastilhas expectorantes e até vinho com cocaína. O mais bem sucedido desses produtos foi certamente um vinho com cocaína chamado “Vin Mariani”, desenvolvido por Angelo Mariani. Esta bebida tornou-se tão popular que Mariani foi agraciado com uma medalha de ouro e citado como benfeitor da humanidade pelo papa Leão XIII, também usuário frequente desta bebida…
No início do século a cocaína ainda podia ser comprada livremente, era um medicamento como outro qualquer. Recomendava-se apenas que o doente, depois de “medicado”, permanecesse deitado por algumas horas… Só foi proibida tempos depois, quando os casos de morte pelo seu abuso começaram a assustar…
Quem daqueles médicos do início do século poderia imaginar que aquela inocente substância terapêutica transformar-se-ia, algumas décadas depois, num dos maiores flagelos da humanidade?
Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, elogiou as possibilidades da cocaína como estimulante, afrodisíaco e anestésico local. Também a classificou como droga eficaz no tratamento de desordens digestivas, doenças desgastantes (como a tuberculose e o câncer), asma, dependência de álcool e morfina. Freud a administrou a um colega, Dr. Ernest von Fleischl-Marxow, como “cura” para sua dependência de morfina. Fleischl, então, tornou-se dependente de cocaína. O médico americano, William Halsted, que descobriu a utilidade da cocaína como anestésico local, foi outro apoiador inicial entusiástico. Também ele se tornou dependente da droga…
Na década de 80 ela chegou a ser chamada de “caviar das drogas”, em razão de seu consumo generalizado pelos endinheirados executivos americanos, os “yuppies”. Em 1996, só nos Estados Unidos, havia 14 milhões de viciados em cocaína, que consumiam regularmente 400 toneladas da droga por ano.
Como vício a cocaína é consumida na forma de cloridrato, sendo absorvida por via oral ou nasal. Chegando à corrente sanguínea a droga começa a atuar em três neurotransmissores cerebrais: a serotonina, a norepinefrina e, principalmente, a dopamina. Conforme já esclarecido, esses neurotransmissores é que permitem que um neurônio (célula nervosa) mande uma mensagem a outro, já que eles não se tocam.
Num processo normal, a dopamina leva a mensagem de um neurônio a outro e depois é reabsorvida pela célula de origem. A cocaína impede essa reabsorção, obrigando a dopamina a continuar estimulando as células nervosas, gerando uma alta estimulação neurológica que leva o nome de “euforia cocaínica”, com a consequente exaustão das reservas de neurotransmissores. (2) As apreensões de haxixe refinado, pronto para consumo, são cada vez mais frequentes na Europa.
O corpo leva de 15 minutos a uma hora para metabolizar a droga. Segundo o prof. Fuad Lechín, dirigente do Instituto de Medicina Experimental da Escola de Medicina de Caracas, a cocaína não apenas impede a reabsorção do neurotransmissor, mas também destrói ou queima os receptores pós-sinápticos.Essa curta sensação artificial de prazer, forçada pelo excesso de dopamina no cérebro, é suficiente para escravizar centenas de milhares de pessoas. Tais seres humanos cumprem diligentemente um princípio básico da doutrina luciferiana: o de “viver até exaurir-se”.
Viver até exaurir-se! Sacrificar tudo… corpo, alma e espírito em troca de alguns momentos de prazer! É possível imaginar uma atitude mais negligente, mais inconsequente, mais estúpida do que esta?
De acordo com um estudo elaborado por dois pesquisadores no ano de 1978, o fumante de pasta de cocaína passa por quatro fases distintas no consumo da droga; isso, naturalmente, se não morrer antes de parada respiratória ou cardíaca, ou como se diz mais comumente, de “overdose”:
Os sintomas da 4ª fase são comuns entre usuários de grandes doses de cocaína, e mais ainda naqueles que fazem uso da associação álcool-cocaína. O dependente faz associação com outras drogas, como o álcool e tranquilizantes, para contrapor efeitos excessivamente estimulantes da cocaína. Nos Estados Unidos e Europa é comum a combinação com opiáceos; os viciados “sobem” com a cocaína e “baixam” com a heroína, prática essa denominada de speed boinling. A overdose geralmente ocorre na fase inicial estimulatória de toxidade, (ataques, hipertensão e taquicardia) ou na fase posterior de depressão, culminando em extrema depressão respiratória e coma.
No livro Salvar o Filho Drogado, o Dr. Flávio Rotman menciona ainda os seguintes sintomas psicóticos provocados pela droga: irritabilidade e inquietação constantes, alucinações visuais aterradoras, desconfiança de tudo e de todos, delírios, crises de medo. No geral, há pelo menos 47 sintomas ou sinais catalogados decorrentes da intoxicação por cocaína em suas várias fases…
Um dos efeitos psicológicos adversos mais comuns é a depressão crônica que se segue à euforia inicial. Outros pesquisadores catalogam ainda os seguintes sintomas ou sinais que a cocaína provoca: ansiedade, irritabilidade, violência, apatia, preguiça e letargia, comportamento compulsivo, problemas de concentração, confusão mental, problemas de memória, tremores (associados tanto com o uso quanto como o afastamento da droga), desinteresse nos relacionamentos com a família e com os amigos, extrema agitação, ataques de pânico, negligência pessoal, desconfiança de amigos, familiares, cônjuges e colegas de trabalho, estado psicótico semelhante à esquizofrenia paranóide, com delírios e alucinações.
A cocaína causa nos dependentes a diminuição da fadiga, da fome e da sensibilidade à dor. Grandes doses podem causar parada do coração e morte. Eventualmente provoca febre (devido à problemas respiratórios na inalação). É causa de infecções bacterianas do nariz e da garganta, boca seca, tosse, convulsões, tonturas, enxaquecas com diferentes graus de severidade, náusea, dores abdominais, insônia, hipertensão, hemorragia cerebral (quando a hipertensão rompe os vasos do cérebro), arritmia cardíaca, coagulações e infecções cardíacas. A longo prazo os efeitos são a dependência e lesões cerebrais. Há um adelgaçamento do córtex cerebral, devido provavelmente a uma isquemia microscópica nessa zona. As mucosas nasais ficam corroídas. A droga provoca perda de peso e alterações hormonais. Segundo o Dr. Kalina, cerca de 14% dos consumidores têm pelo menos uma crise convulsiva, independentemente da dose tomada.
Com a disseminação do uso endovenoso, existem riscos de coagulação do sangue com danos às veias, inflamação do fígado, inflamação da membrana que reveste a medula espinhal e o cérebro, alterações visuais, pupilas dilatadas, clarões de luz na visão periférica, perda do apetite, anorexia e perda de peso, padrões alternativos de prisão de ventre e diarréia, e dificuldade para urinar. Claro que a chance de contrair AIDS também é muito maior.
Há algum tempo, cientistas americanos descobriram que a cocaína danifica o cérebro ao produzir um estreitamento dos vasos sanguíneos, que pode até ser fatal. Uma pesquisa publicada na edição de agosto de 1998 do Journal of the American Medical Associationdemonstrou que a cocaína acarreta alterações imediatas na circulação cerebral. O trabalho também revelou que os pacientes tiveram aumento da pressão cardíaca e uma vasoconstrição cerebral. Além disso, constatou-se que a substância provoca falhas na memória e no processo de aprendizagem.
Um estudo conduzido por pesquisadores americanos liderados pelo médico Arthur Siegel detalhou a reação em cadeia iniciada pela cocaína a partir da corrente sanguínea e que afeta diretamente o coração. Os resultados mostraram que a cocaína afeta tanto a composição do sangue quanto os vasos por onde ele circula, aumentando os riscos de formação de coágulos.
Há um aumento de 6% superior às concentrações normais. Isso significa que o sangue fica mais viscoso e circula com maior dificuldade por veias e artéria. A concentração de uma proteína conhecida como fator de Von Willebrand, ligada à coagulação sanguínea, também aumenta. A taxa supera em até 40% os índices normais num período de apenas meia hora. Essa situação persiste por quatro horas, aumentando drasticamente o risco de as plaquetas se acumularem nas paredes internas dos vasos e formarem coágulos.
“É o mesmo que praticar uma roleta-russa”, compara Siegel. “O estreitamento dos vasos carrega a arma, o espessamento do sangue coloca o gatilho em posição e o fator Willenbrand é o disparo”, diz. Como resultado dessa combinação, os riscos de uma pessoa sofrer um infarto logo após o consumo de cocaína aumenta em 24 vezes.
Cientistas de Harvard confirmam que os usuários correm risco de doenças cardíacas e derrame sempre que usam a cocaína. A descoberta foi divulgada no Archives of Internal M edicine em setembro de 1999. A droga ajuda a desencadear a formação de coágulos sanguíneos, que podem bloquear os vasos. Em fins de 1999, um estudo apresentado na Associação Americana do Coração, em Atlanta, mostrou que o consumo da substância, já relacionado a um maior risco de ataques cardíacos e enfartes, pode triplicar possibilidade de ocorrência de aneurisma – a dilatação das paredes das artérias.
Nada disso impede que o consumo continue crescendo inabalavelmente. Uma pesquisa feita em cinco cidades brasileiras em abril de 1996, mostrava que o consumo da droga estava começando cada vez mais cedo: 51% dos jovens que usavam cocaína tinham menos de 15 anos quando a experimentaram pela primeira vez. Entre 1989 e 1997, o índice de meninos e meninas com experiência no uso da droga subiu de 24,1% para 50% segundo um levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Dos entrevistados, 88,1% informaram ter consumido drogas pelo menos uma vez na vida e 71,7% usaram drogas nos 30 dias que antecederam a pesquisa.
Para conseguir obter a droga muitas vezes os usuários roubam e furtam, até se prostituem em troca do pó. Uma pesquisa feita pela Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas, do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina, em junho de 1998, mostra que 65% dos usuários de cocaína já venderam suas próprias coisas para comprar drogas, 39% roubaram a família, 38% já praticaram roubos e furtos e 21% fizeram assaltos armados.
A droga hoje consumida no Brasil é uma das piores do mundo. Em cada quilo de pasta-base de cocaína exportado para o país (geralmente da Bolívia), os traficantes gastam 30 litros de derivados benzênicos, 20 litros de solventes orgânicos, um quilo de substâncias oxidantes e mais 4 quilos de produtos diversos, deixando a droga com apenas 30% de pureza. A pasta-base que chega a São Paulo é misturada ainda com soda cáustica, solução de bateria de carro, água sanitária, cimento e manitol, um hormônio para engorda do gado. Além dessas substâncias, os traficantes adicionam compostos inorgânicos (sulfato de magnésio, carbonato e bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio e ácido bórico), carboidratos, além de anestésicos, como a xilocaína, benzocaína e até produtos antitérmicos e o analgésico fenacetina. Ao adicionar enxofre e cloreto férrico os traficantes passaram a produzir a chamada cocaína amarela ou ocre. E para adquirir as cores roxa e marrom o narcotráfico mistura resina e pó-de-serra à droga.
Os dados numéricos do narcotráfico não são menos aterradores. As estatísticas policiais indicam que, atualmente (setembro de 1999), em todo o mundo, o consumo e venda anual de cocaína chega a 6 bilhões de papelotes, o que renderia ao narcotráfico cerca de US$ 120 bilhões. Só nos Estados Unidos os usuários de cocaína eram estimados em dois milhões em setembro de 1998.
Na Colômbia, os agricultores trocaram suas plantações pela cultura da coca, e com isso a máfia lucra milhões com os campos de cultivo que servem agora para a exportação. São os colombianos os responsáveis por 80% da cocaína consumida no planeta. Em janeiro de 2000, um repórter de televisão explicou: “Em outros países o peso é dinheiro, aqui (na Colômbia) o peso é cocaína! No mercado, um refrigerante equivale a 3 gramas de cocaína.”
Em fins da década de 70 surgiu nos Estados Unidos uma droga derivada da cocaína ainda muito mais poderosa e mortífera, e também muito mais barata: era o “crack”. Sua popularização, porém, só se deu na década de 90. Com o aumento do número de consumidores houve uma elevação sensível nos índices de mortes de americanos com menos de 40 anos, vítimas de enfartes e derrames.
O crack é um derivado químico da pasta de cocaína, sendo oferecido na forma de pequenas pedras que são fumadas em cachimbos improvisados. Provoca intensa euforia e sensação de poder. A dependência é quase imediata: com cinco “pipadas” a pessoa já está viciada. Assim como a cocaína comum, o crack também atua bloqueando a reabsorção de um neurotransmissor, a copamina.
Para os viciados em crack a droga passa a ser literalmente tudo em suas vidas. Muitos chegam a ficar procurando pelo chão alguma pedra perdida, seja onde for, e fazem qualquer coisa para obter dinheiro e conseguir aplacar a necessidade de consumo. Começam vendendo tudo o que é seu ou de seus parentes, depois passam a roubar e se prostituir, e por fim matam se for necessário.
É esta a razão de grande parte dos crimes violentos estarem associados ao crack. De acordo com a Divisão de Homicídios da Polícia da Cidade de São Paulo, cerca de 40% dos assassinatos na capital se devem ao crack, que é também a principal causa de homicídios de crianças e adolescentes. Uma coordenadoria criada para investigar as execuções coletivas, cada vez mais frequentes na cidade, chegou à conclusão que 56% das chacinas registradas em 1995 na cidade estavam relacionadas ao crack. Uma recente pesquisa revelou que 85% dos que aderem ao crack se envolvem com a marginalidade, enquanto que no caso de consumidores de outras drogas esse índice é de 44%.
O crescimento do consumo de crack é tão grande que adquire contornos de uma pandemia. É como se estivéssemos observando a explosão de uma bomba atômica em câmara lenta. A destruição vai avançando incontrolavelmente, sem se deter por nada, alcançando cidades e pessoas muito distantes do ponto de impacto inicial.
O psiquiatra Rubens Campos Filho diz que até o final de 1994, de cada cem de seus pacientes apenas cinco ou seis eram usuários de crack; em julho de 1995, de cada cem pessoas que o procuravam, cerca de 60 eram viciadas na droga. “Trata-se da droga com maior poder viciante já vista. Em vinte anos, não vi nada que proliferasse com tanta rapidez”, diz o médico. O psiquiatra Arthur Guerra de Andrade constata: “Cada vez que recebo a ficha de um paciente e vejo que ele é jovem e dependente químico, nem sequer preciso vê-lo para saber que é crack.”
O número de viciados e vendedores de crack na cidade de São Paulo triplicou em três anos. Em novembro de 1995 a droga já era encontrada em 80% dos cinco mil pontos de venda de entorpecentes conhecidos na cidade. O presidente do Conselho Federal de Entorpecentes se confessou perplexo com a explosão de consumo do crack em São Paulo e nomeou uma comissão para estudar o “fenômeno”. Segundo monitores do programa SOS Criança, nada menos que 90% dos meninos de rua da cidade já haviam tido contato com a droga…
Na cidade de Ribeirão Preto, o crack representa 60% do consumo de drogas. Em todo o Estado de São Paulo já há cerca de 150 mil viciados.
Das apreensões feitas em 1995 pela Delegacia de Narcóticos e Entorpecentes da Polícia Civil da cidade de Campinas, 80% se referiam ao crack. A Associação Promocional Oração e Trabalho, entidade que dá assistência a viciados em drogas na cidade, informa que há dois anos a quase totalidade das pessoas atendidas eram viciadas em maconha e cocaína; hoje, 60% dos que chegam ali são viciados em crack.
No Estado do Rio de Janeiro, logo depois de a Secretaria de Segurança Pública assegurar que não havia consumidores de crack no Estado, foram apreendidas 1.500 pedras numa favela da Baixada Fluminense.
Ninguém mais indicado para dar um depoimento sobre a relação entre violência e drogas do que o Dr. Carlos Delmont Printes, legista-chefe do Instituto Médico Legal da cidade de São Paulo. Numa matéria jornalística sobre crack publicada em julho de 1995, o Dr. Carlos declarou: “Quando surgiu a maconha há cerca de 40 anos, notamos que aumentaram o número de assaltos com violência sexual. (…) Com a introdução da cocaína houve uma desproporção nos crimes com violência desnecessária. (…) As pessoas [com o uso do crack] sofreram uma quebra total do discernimento, agravando a criminalidade.” De acordo também com o IML, a maioria das vítimas de crack morre por hemorragia no pulmão.
De 30% a 35% das chacinas cometidas em São Paulo estão relacionadas com entorpecentes. Quase sempre a droga é o crack, cujo tráfico se alastrou sensivelmente no Estado ao longo da última década. “Após o advento do crack, houve um aumento no número de homicídios na região de maneira geral, por causa da violência relacionada com o tráfico”, observa o delegado Nivaldo Pereira de Oliveira, assistente da Divisão de Homicídios.
A quebra do discernimento pode ser ilustrada por esses dois casos: uma moça de 17 anos que se prostitui para conseguir crack diz não se importar com a possibilidade de contrair AIDS. Ela conta que certa vez, drogada, viu cobras descendo por um poste… Uma outra moça, de 20 anos, diz que cada pedra de crack é uma pessoa, e que todas conversam com ela…
A compulsão pelo consumo da droga é tão avassaladora, que alguns viciados se mudam para as favelas, apenas para ficar mais próximos dos pontos de venda. De cada dez viciados, nove nunca mais conseguem largar a droga, que atinge hoje todas as camadas sociais. Os especialistas afirmam categoricamente que não há hoje, no mercado das drogas, algum produto com efeitos tão devastadores quanto os do crack.
O viciado se degrada tão profunda e rapidamente, e de modo tão visível, que, ao contrário do que acontece com as outras drogas, ele tem plena consciência que a sua transformação é devida ao crack. Um estudo realizado pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos de Alcoolismo e Farmacodependência do Hospital das Clínicas mostrou que enquanto apenas 25% dos alcoólatras admitem que o álcool é a causa de seus problemas, esse índice sobe para 73% no caso de consumo de cocaína e 100% para os viciados em crack.
Num artigo datado de julho de 1995, em que comparava os efeitos do crack com os de um mundialmente famoso medicamento antidepressivo, o médico psiquiatra Dr. Auro D. Lescher declarou: “Não merecemos esses dois artifícios químicos que atenuam respectivamente a fome e a cegueira, que ratificam nossa patologia e que matam nossa indignação.”
Concordo com o Dr. Lescher, menos na parte em que diz que não merecemos isso. O consumo desenfreado de drogas da época atual é o retrato mais claro da profunda decadência da criatura humana, uma espécie bizarra, que durante milênios se esforçou diligentemente em prol de sua própria destruição. Finalmente ela agora conseguiu o seu intento. A maior parte dos seres humanos desaparecerá para sempre desta Terra, para que finalmente haja paz e alegria para os de boa vontade.
Em fins de 1997, o governo do Distrito Federal no Brasil descobriu que o entorpecente mais procurado na capital do país era um novo tipo de droga obtida da pasta da coca: a “merla”. Em laboratórios improvisados de Brasília, a pasta vinda da Bolívia, Colômbia e Peru é “enriquecida” com ácido sulfúrico, querosene, gasolina, benzina, metanol, cal virgem, éter e pó de giz. De acordo com uma pesquisa realizada na época, 68,7% dos usuários de merla roubavam para poder sustentar o vício, 17% se envolviam com o tráfico para poder adquirir a droga e 20,5% haviam tentado se matar para fugir da síndrome da abstinência ou da depressão causada pelo uso continuado.
A merla destrói grande número de neurônios (células cerebrais), prejudica a memória e a coordenação motora, podendo causar hepatite tóxica e fibrose pulmonar e, assim como a cocaína, provoca taquicardia e em casos extremos até parada cardíaca.
O ópio é um látex obtido da incisão dos frutos imaturos de várias espécies de papoula. A droga tem o seu consumo largamente difundido no Oriente, principalmente na China, onde existem até locais próprios para se consumi-la. É a única droga que foi motivo declarado de uma guerra, a chamada “Guerra do Ópio” entre China e Inglaterra em 1840. A Inglaterra produzia ópio na Índia e o vendia aos chineses. Quando estes últimos tentaram reprimir a venda ilegal da droga, a Inglaterra declarou guerra à China.
O ópio é aquecido e depois inalado, provocando euforia e sonhos confusos. Não é uma droga muito difundida no Ocidente, ao contrário de seus dois principais derivados: a morfina e a heroína. Essas duas substâncias causam profunda dependência, tanto psíquica como física, gerando os graves efeitos da “síndrome de abstinência”, além de desenvolverem tolerância.
A síndrome de abstinência aparece quando se suspende bruscamente a droga, e inclui uma enorme gama de alterações físicas e psíquicas. A tolerância significa que os viciados nessas drogas (e outros narcóticos) precisam de doses cada vez maiores para obterem os mesmos efeitos anteriores.
Nas primeiras 4 horas sem a droga, a síndrome de abstinência do viciado em ópio produz duas alterações ou sintomas; passadas 8 horas, surgem oito alterações; após 12 horas, registram-se quinze alterações; entre 18 e 24 horas de abstinência, observa-se vinte e cinco alterações no viciado, e entre 24 e 36 horas sem a droga surgem trinta e quatro alterações.
Essas alterações incluem: prostração intensa, tremores musculares, ondas de calor e frio, dores ósseas e musculares, vômitos, febre, diarréia, desidratação, hiperglicemia. Caso o viciado consiga realmente se livrar da droga, após sete ou oito meses ele ainda apresentará os seguintes efeitos remanescentes: diminuição dos batimentos cardíacos, redução da pressão arterial e da temperatura do corpo, aumento de adrenalina no sangue, grande sensibilidade ao stress e aumento de sintomas depressivos. Todas essas alterações trazem o risco de fazer o ex-viciado desistir e retornar ao vício. Ficam então na mesma situação do náufrago que nada, nada, e morre na praia.
O viciado em ópio está sujeito também a complicações neurológicas gravíssimas, como: abcesso cerebral, meningite, necrose da medula, cegueira, crise convulsiva, acidente vascular cerebral, coma narcótico. A tudo isso ele se sujeita, quando decide conscientemente destruir a própria vida.
A morfina foi produzida em laboratório pela primeira vez em 1803, para ser usada como analgésico. É um dos mais ativos alcalóides do ópio.
Nas mulheres grávidas a droga atravessa a placenta e pode induzir ao aborto ou parto prematuro, além de intoxicar o feto, o que frequentemente o mata após o nascimento. Caso sobreviva, o recém-nascido também apresentará vários sintomas da síndrome de abstinência, como: febre, tremores, vômitos, convulsões e insuficiência respiratória. Uma gestante que se droga é, portanto, duplamente culpada, por agredir dessa maneira criminosa o seu corpo e o do seu filho.
Na tentativa de encontrar um substituto seguro para a morfina, o químico alemão Heinrich Dreser desenvolveu, em 1898, a diacetilmorfina, uma substância três vezes mais potente que a morfina. Por causa dessa grande potência, o composto químico recebeu o nome de “heroína”. “A substância não é hipnótica e não apresenta riscos de desenvolver o vício”, afirmava na época o Boston Medical and Surgical Journal. No início, a droga era receitada para aliviar a tosse. Infelizmente, a heroína se mostraria ainda muito mais viciante do que a morfina.
Os efeitos da heroína no viciado são equivalentes aos da morfina, agravados ainda pelos contaminantes utilizados na sua preparação para uso tóxico, que podem causar, entre outras complicações, surdez, cegueira, delírios, coma e morte. A heroína ainda afeta particularmente os rins do dependente. Recentemente, uma bactéria não identificada contaminou uma carga de heroína nos Estados Unidos e matou três viciados em San Francisco.
Usar heroína por duas ou três vezes já é suficiente para transformar um simples curioso num escravo totalmente submisso à droga. Alguns viciados em tratamento numa clínica no Afeganistão, por exemplo, haviam cortado o couro cabeludo para friccionar heroína nos ferimentos. Eles a chavam que era o caminho mais curto para a droga chegar ao cérebro …
Com o uso continuado de heroína o organismo deixa de produzir endorfinas e entra em colapso se a droga falta. O mais suave estímulo físico é sentido como dor; o estômago e o intestino entram em pane, causando dores abdominais, diarréia e vômito; o coração e a respiração ficam acelerados. Isso acontece porque o corpo passa a produzir noradrenalina em excesso. O organismo também fica incapaz de regular a temperatura, e o viciado passa a suar muito e a sentir calafrios.
Como a heroína é mais difícil de diluir em água do que outras drogas, ela costuma entupir as veias, causando flebite (inflamação dos vasos sanguíneos). Com as picadas frequentes torna-se cada vez mais difícil encontrar uma veia adequada, e o viciado passa a injetar a droga nos pés e na jugular. A longo prazo, as injeções causam inflamação nas válvulas cardíacas.
Até há pouco, imaginava-se que a heroína era uma droga a caminho da extinção, depois do seu apogeu nos anos 70. No entanto, em 1995 já se constatava nos Estados Unidos um consumo crescente do narcótico, que retornava mais barato e letal do que nunca. O DEA, órgão americano de controle de drogas, estima que o consumo de heroína havia crescido 20% no país apenas entre os anos de 1994 e 1995.
Em 1997 estimava-se em 600 mil o número de americanos dependentes da substância. Segundo especialistas, nunca a qualidade da droga foi tão alta e a oferta tão abundante como agora. O presidente de uma entidade assistencial de Nova York declarou: “A droga é muito barata e muito acessível, e no começo parece mais inofensiva que o crack. Vai levar quatro ou cinco anos até que entendam o perigo que estão correndo e, quando isso acontecer, estaremos vivendo uma verdadeira epidemia.”
Um outro exemplo da modificação progressiva dos conceitos de que já falamos anteriormente vem da Holanda: em agosto de 1997, um pastor protestante anunciou a decisão de vender “heroína de excelente qualidade a preços baixos” a um grupo de dez viciados considerados irrecuperáveis.
Em maio de 1996 surgiu uma variante da heroína batizada de “super buick” ou “heroína homicida”. Em pouco tempo centenas de pessoas foram internadas na costa leste dos Estados Unidos, intoxicadas e apresentando comportamento agressivo, em decorrência dos efeitos da nova variedade da droga. Pelo menos quatro pessoas morreram.
As drogas alucinógenas são conhecidas da humanidade há milênios e até hoje ainda estão presentes em alguns grupos humanos em sua forma mais primitiva, através do consumo direto de certos tipos de cactos e cogumelos. Uma índia mexicana, por exemplo, afirma que os cogumelos – que ela chama de “fungos sagrados” – a levam para um mundo onde “tudo acontece e tudo se sabe”. Quando volta da viagem, ela então relata aos outros o que os fungos lhe disseram…
Os cogumelos provocam alucinações variadas. Às vezes, o usuário tem reações psíquicas agradáveis, em outros casos tem sensações de deformação do próprio corpo, um efeito evidentemente nada prazeroso.
Apesar de provavelmente ser o tipo de droga mais antigo conhecido, foi apenas na década de 60 que os alucinógenos deram um impulso decisivo para a já então inevitável queda da humanidade.
Foi a época da chamada contracultura. Tendo como pano de fundo o objetivo nobre do pacifismo, jovens do mundo inteiro protestavam viciando-se numa droga alucinógena chamada LSD, o ácido lisérgico. O lema da geração hippie era “sexo, drogas e rock-and-roll”. A atitude da juventude daquela época pode ser comparada, por exemplo, a de uma pessoa que percebe estar sendo intoxicada por um determinado alimento e que, para se curar, ingere veneno. O lema dos hippies era “o álcool mata, tomem LSD”. O “ácido da felicidade” foi o tônico da contracultura. Woodstock foi o retrato mais claro, mais pungente da decadência irrefreável da juventude no século XX.
O LSD era utilizado com o objetivo de “aumentar o estado de consciência”, para o que ajudava também a bizarra prática da trepanação a que alguns se submetiam, que consiste simplesmente em fazer um buraco no crânio… A história dessa droga, não por acaso denominada de demoníaca pelo seu descobridor, é a seguinte:
Em 1938, o químico suíço Alberto Hofmann estava pesquisando um remédio para enxaqueca no Laboratório Sandoz. Acabou sintetizando uma nova substância a partir do fungo Claviceps purpurea, existente no centeio. Testou o “analgésico” em animais e decepcionou-se. Hofmann esqueceu o preparados numa prateleira e, cinco anos depois, ingeriu acidentalmente uma partícula. Foi a primeira “viagem” a bordo das alucinações do LSD. Pasmo, o químico viu, sentiu e cheirou “uma torrente de imagens fantásticas de extrema plasticidade e nitidez, acompanhadas de um caleidoscópio jogo de cores."
No seu livro “LSD: Meu Filho-Problema”, Hofmann diz:
“Um demônio tomou posse da minha alma. As coisas ao meu redor haviam-se transformado de maneira terrível. Tudo no quarto girava, e objetos familiares e peças de mobília assumiam formas grotescas e ameaçadoras. Pareciam animados. A vizinha, que veio me trazer leite, não era mais a Sra. R., e sim uma bruxa malévola com uma máscara colorida. Piores que essas transformações demoníacas no mundo exterior foram as mudanças que eu percebi em mim mesmo. Cada esforço da minha vontade, cada tentativa de por fim à desintegração do mundo exterior e à dissolução do meu ego, pareciam ser inúteis. Um demônio me havia invadido e tomado posse do meu corpo e da minha alma.”
Hofmann não podia saber, mas a causa verdadeira de sua impossibilidade de interagir com o mundo exterior foi a alteração de sua composição sanguínea, provocada pelo LSD. A mudança da composição sanguínea, nesse caso, impede a alma de atuar corretamente através do corpo terreno, seu invólucro, de modo que a sua vontade acaba por não poder mais se fazer valer no mundo material. (3)
Os alucinógenos (existem vários tipos) são substâncias que distorcem a realidade e o estado de percepção. Podem desencadear o aparecimento de estados psicóticos, depressão, pânico e alucinações incontroláveis. Também há registros de suicídios. A mais conhecida das drogas alucinógenas é mesmo o LSD, substância de ação potentíssima, cerca de 300 mil vezes mais forte que a maconha. Uma dose de 0,05 miligrama proporciona de 4 a 10 horas de alucinações. O viciado em LSD tem, entre várias outras, as seguintes reações:
Vários trabalhos científicos demonstraram que o LSD provoca alterações nos cromossomos, causando assim graves deformidades nos fetos. Ao provocarem essas deformações nos fetos em desenvolvimento, as mulheres grávidas, viciadas em LSD, tornam-se culpadas por atraírem à Terra almas muitíssimo carregadas carmicamente, que só poderiam se encarnar em corpos assim deformados.
Várias outras drogas alucinógenas apresentam efeitos muito semelhantes aos provocados pelo LSD. A droga conhecida como PCP (fenciclidina) foi originalmente desenvolvida para uso veterinário, como anestésico. Hoje, é habitualmente usada pelos viciados em combinação com álcool, maconha, heroína, cocaína, barbitúricos e com o próprio LSD.
O Peiote, cacto de onde se extrai a mescalina, é cultuado por diversas tribos na América do Norte e a Igreja Nativa Americana conseguiu a legalização de seu uso ritual nos Estados Unidos. A Beladona, conhecida no Brasil como “zabumba” e cujo nome científico é Atropa belladonna, era usada nos cultos de bruxaria da Idade Média e agora voltou à moda.
A Cetamina, utilizada por veterinários para tranquilizar cães e outros animais, é hoje conhecida entre os americanos como vitamina K, ou Special K, sendo cada vez mais popular entre os estudantes. Essa droga faz com que os usuários sintam “a mente dissociada do corpo”. A combinação com álcool pode levar à morte por deficiência respiratória. Segundo um barman paulista, “cheirar uma carreira de 5 centímetros de Special K equivale a uma carreira de cocaína do tamanho de um braço, por um quarto do preço”.
No Brasil há uma seita que serve um chá alucinógeno, produzido pelo cozimento de um cipó chamado ayahuasca e uma planta, o qual teria poderes de “desvendar novos mundos” a seus consumidores. A palavra ayahuasca significa “cipó das almas”. Os seguidores da seita chegam a administrar a beberagem até para crianças, e mesmo misturá-la às mamadeiras dos bebês. O chá contém dois alcalóides potentes: a harmalina, no cipó, e a dimetiltriptamina, que vem da chacrona, a folha misturada ao chá para potencializar seus efeitos. A bebida ajuda a “quebrar as barreiras da consciência” e sob seu efeito, a chamada “borracheira”, os fiéis afirmam ter visões místicas, as “mirações”.
A dimetiltriptamina, ou DMT, foi proscrita para uso humano pelo Escritório Internacional de Controle de Narcóticos, órgão da ONU encarregado de estudar substâncias químicas e aconselhar os países membros quanto à sua regulamentação. O chá atualmente é exportado para outros centros da seita localizados na França, Espanha, Holanda e Finlândia. No mercado negro, um litro da bebida, suficiente para seis doses, custa 30 dólares.
O viciado em drogas alucinógenas provoca conscientemente alucinações em si mesmo para fugir da realidade. A mais grave de todas essas alucinações, porém, é a de imaginar que pode fazer isso sem ficar pessoalmente responsável perante as Leis espirituais da Criação.
O consumo crescente de drogas em todo o mundo favorece o aparecimento de novas substâncias viciantes, sejam as desenvolvidas com essa finalidade pelos próprios fabricantes, ou as inicialmente produzidas em laboratórios para fins terapêuticos e que acabam tendo seu uso deturpado pelos que entram em contato com elas, transformando-se em novos flagelos químicos.
Em 1912 os laboratórios Merck, na Alemanha, ao pesquisarem uma droga moderadora de apetite sintetizaram a substância metilenodioximetanfetamina (MDMA). Vendida no mercado com o nome de XTC, a droga ficou pouco tempo nas prateleiras das farmácias após o registro de casos de alucinações entre usuários. Os comprimidos reapareceram nos anos 70 para embalar as festinhas de jovens na Inglaterra e nos EUA. Nos anos 80, passaram a ser combustível obrigatório nas danceterias da moda. Logo depois ela passou a ser conhecida com o nome de “ecstasy”.
O apelido foi dado por um traficante americano em 1984. A idéia era vender a droga sob o nome de empathy (“empatia”, em inglês), pois um de seus efeitos mais notáveis era o aumento da sociabilidade dos usuários. Mas o traficante achou que ecstasy tinha mais apelo comercial…
O ecstasy é uma droga peculiar. É aparentado quimicamente com as anfetaminas e com o LSD ao mesmo tempo. Ou seja, é estimulante e alucinógeno. Isso faz com que os sentidos do usuário, em especial o tato, fiquem mais aguçados. Essa estimulação do tato fez com que o ecstasy ficasse conhecido como a “droga do amor”. A “droga do amor” ou “pílula do amor” provoca perda total da inibição e, de acordo com os que a consomem, “intensificação do sentimento de amor ao próximo”. Sob o efeito da droga a pessoa tem a impressão de que é agradável, simpática e muito sensível. Nas danceterias – principais locais de consumo – são comuns cenas de grupos de pessoas caindo e rolando abraçadas pelo chão.
Também conhecida como “Adam”, “X”, “E”, o ecstasy provoca sensação de bem-estar e elevação do humor. Aumenta a temperatura do corpo, aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial. Pode provocar crises de pânico e depressão após o uso. Outros sintomas bastante comuns são:
O ecstasy é muito popular nos campi universitários dos Estados Unidos, e na Europa atualmente o consumo só fica abaixo da maconha e do haxixe. Até um livro sobre o ecstasy e a dança já foi escrito… A droga vem se alastrando pelo mundo, e tornou-se um problema crônico até na muçulmana Indonésia. Lá, até mesmo os taxistas da capital, Jacarta, admitem consumir ecstasy em seus períodos de serviço. Uma matéria jornalística sobre o assunto dizia muito apropriadamente: “Talvez a raiz do problema esteja mais fundo: a droga seria apenas um exemplo da grande crise moral por que passa o país, ao lado do aumento dos casos de gravidez na adolescência, contaminação pela AIDS e mortes de escolares de instituições rivais.”
De acordo com dados do livro Os Efeitos da Droga no Cérebro Humano, do Dr. Eduardo Kalina, a Espanha contabiliza a seguinte progressão no consumo de ecstasy: de 1989 a 1990, 4 mil pastilhas; em 1991, 22 mil pastilhas; em 1992, mais de 43 mil; em 1993, mais de 274 mil; em 1994, mais de 4 milhões de pastilhas, número inferior ao registrado no primeiro trimestre do ano de 1995.
Em 1995, no auge da onda clubber, quase um milhão de pessoas consumiam a droga a cada final de semana na Inglaterra. Naquele ano, uma moça de 18 anos morreu depois de tomar um único tablete da droga, fato que não desestimulou o consumo no país, onde se estima que o número de pílulas consumidas a cada fim de semana seja de um milhão e meio. Um estudo internacional mostrou que, em 26 casos, houve 9 mortes em períodos de 2 a 60 horas após a ingestão de ecstasy. Estatísticas divulgadas pela Drug Awareness Warning Network (Rede de Conscientização sobre as Drogas) relacionam 637 casos de atendimento de emergência em hospitais dos Estados Unidos, relacionados com ecstasy, em 1996.
No Brasil, a polícia paulista já manifestou preocupação com o avanço da droga, enquanto que no Rio de Janeiro já foram apreendidos de uma só vez 1.053 comprimidos de ecstasy. Em junho de 98, o jornal O Estado de S. Paulo divulgou que a polícia havia feito a maior apreensão de ecstasy em São Paulo: três jovens de classe média foram presos com 1.134 comprimidos. Em outubro de 1999, o mesmo jornal divulgou a maior apreensão da droga ecstasy no Brasil: uma carga com cerca de 60 quilos da droga, aproximadamente 171 mil comprimidos.
Segundo o Jornalista Sérgio Pompeu, a apreensão mostra que o tráfico de ecstasy no Brasil já deixou de ser artesanal para adquirir contornos industriais. “Em meados da década, o comprimido custava R$ 50,00 , que representavam, na época, quase a mesma quantia de dólares. Hoje (junho de 1998), compra-se ecstasy em São Paulo por R$ 30,00, ou cerca de US$ 15”, afirma ele.
“Essa droga é uma bomba relógio que oferece risco iminente de morte mesmo para quem a experimenta pela primeira vez”, diz o psiquiatra brasileiro Pérsio Ribeiro, assessor do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).
Opinião não compartilhada pela estudante Carolina, para quem o uso do ecstasy e de drogas como o Special K está intimamente ligado às festas. “Dançamos horas a fio, mas no dia seguinte o estrago é grande”, confessa. Depois de ficar “a mil”, como descreve Carolina, o consumidor do ecstasy passa por uma depressão fortíssima. Ela revela que não é raro amanhecer com crises de choro que duraram até uma hora. “Sabemos os estragos feitos pela droga, mas usamos assim mesmo”, completa. Quando ingerido com álcool o ecstasy pode causar, além de alucinações, choque cardiorrespiratório.
Além da desinibição, a droga estimula a pessoa a dançar continuamente, sem descanso. (4) A pessoa fica submetida a um estímulo constante e por isso fala, dança e pula sem parar, como um motor de carro que trabalha sempre em alta rotação. O resultado no organismo é o superaquecimento, como ocorreria num motor. Os locais fechados, como boates e clubes contribuem para a hipertermia. A maior parte das mortes registradas foi decorrência disso. A pessoa movimenta-se sem parar, sua abundantemente, o corpo esquenta demais (pode chegar a 42ºC e cozinhar os órgãos internos) e a desidratação é fulminante. A necessidade de tomar água é tal que muitas vezes a pessoa bebe a do vaso sanitário para tentar se refrescar. A droga também é extremamente tóxica para o fígado, que pode até parar de funcionar.
Segundo o Dr. Kalina, o ecstasy também pode causar: fadiga, depressão, dor de cabeça, inapetência, nistagmo, visão turva, manchas roxas na pele, movimentos descontrolados da cabeça, pescoço, braços e pernas, dificuldades respiratórias, náuseas, câimbras gástricas, vômitos, crises bulímicas, hipertensão arterial, insônia, irritabilidade, reações paranóides, psicoses paranóicas acompanhadas de idéias suicidas.
Para tentar minimizar o problema do superaquecimento nas danceterias, uma matéria de jornal “aconselhava” os usuários da droga a descansarem de tempos em tempos durante a dança e beberem bastante líquido, dando atenção aos sinais do corpo, como taquicardia e sede, que chega a ser tão intensa que a língua gruda no céu da boca. No entanto, como a pessoa sob o efeito da droga não fica exatamente com o domínio total da sua vontade, ao procurar atender esses conselhos o usuário pode, sem perceber, beber água em demasia, provocando um colapso do sistema antidiurético do corpo, o que também acarreta a morte. Há registro de um viciado que morreu depois de ingerir de uma só vez 14 litros de água…
Depois de certo tempo de consumo, o usuário precisa aumentar a dose para convencer seu organismo a liberar a quantidade de serotonina que proporciona prazer. E, na mesma proporção, aumenta o risco de se sofrer uma hipertermia.
Segundo o Dr. Kalina, há uma outra variedade de ecstasy, denominada “ICE”, que se popularizou no Havaí e em certas regiões da costa oeste dos Estados Unidos, usada principalmente por via endovenosa, com um alto índice de letalidade.
Já a última versão do ecstasy, o ecstasy líquido, aumentou em 18% as mortes por consumo de entorpecentes desde sua aparição no mercado alemão, em janeiro de 1998. Segundo o chefe do Programa Contra as Drogas, Eduard Lintner, os efeitos do ecstasy líquido são similares aos do comprimido, mas o risco de o consumidor entrar em coma é superior. Segundo cálculos, desde janeiro deste ano a versão líquida causou a morte de 635 pessoas na Alemanha. No ano passado, 539 consumidores morreram em decorrência da droga em pastilha, no mesmo período. Segundo Lintner, o ecstasy, proveniente dos Estados Unidos, entra no país por meio da Suécia, Grã-Bretanha e Itália.
Segundo o Dr. Kalina, em 1996 havia cerca de 50 novas variedades de drogas derivadas da metanfetamina (o ecstasy é uma variante metoxilada), elaboradas clandestinamente pelos “projetistas de drogas” (drug designers), sobre as quais não se tinha maiores informações… Sabia-se, por exemplo, da “DOM”, abreviatura de dimetoxi-4-metanfetamina, uma variante alucinógena e da “PPMA”, abreviatura de parametoximetanfetamina, surgida na Espanha. A metanfetamina vem sendo usada esporadicamente desde 1930, mas foi “redescoberta” na década de 70 por uma nova geração de dependentes químicos e adotada pelos “projetistas” nas últimas duas décadas.
No início de 1996 começou a surgir notícias sobre o consumo de uma droga que seria ainda mais mortífera que o crack. Era o “crank”, cujo princípio ativo é também a metanfetamina. O crank custa muito menos do que a cocaína e os seus efeitos são mais duradouros. Os viciados permanecem eufóricos por vários dias, antes de mergulhar numa profunda depressão, seguida de paranóia.
Nos Estados Unidos, numa localidade onde o consumo é crescente, os crimes aumentaram na mesma proporção em que se registrava um surto de comportamentos bizarros: pais viciados se tornaram negligentes e perderam a guarda dos filhos; um homem de passado inatacável começou a invadir casas para roubar; um outro saiu correndo do seu local de trabalho em busca de uma arma, dizendo-se perseguido por helicópteros… O Dr. Michael Abrams, médico de uma outra cidade em que mais pessoas haviam sido internadas por causa do crank do que pelo alcoolismo, advertiu: “É a droga mais maligna e a que mais cria dependência.”
De acordo com a polícia de Myanmar, a “meta” (como é chamado o crank lá) estava rendendo para os traficantes, no início de 1998, de duas a três vezes mais do que a heroína. Em 1995 não havia sido feita nenhuma apreensão da droga no país, mas em 1996 e 1997 foram apreendidos mais de 10 milhões de comprimidos. Segundo especialistas, a meta estava se espalhando pela Ásia; já tinham aparecido pílulas do Japão à Malásia e da China ao Vietnam.
O cultivo estende-se da rodovia Beirute-Damasco em direção ao norte do país, numa distância aproximada de 50 Km, até as cercanias da cidade de Baalbeck, onde outrora erguiam-se as cidades de Sodoma e Gomorra.
O nome Baalbeck deriva de Baal, o mais forte servo de Lúcifer na antiguidade, e que instigou os seres humanos de épocas passadas ao “culto de Baal”. O culto misturava mentiras, idolatrias, sacrifícios sangrentos e consumo de narcóticos. Esse culto horrendo e suas consequências estão minuciosamente descritos em O Livro do Juízo Final, de Roselis von Sass. Voltar