Parte 2 – A Efetivação

As Tragédias Humanas

Drogas

Drogas Legais

Fumo

A dependência psíquica de alcoólatras e fumantes inveterados não é, como se imagina, originada apenas de suas vontades. Tais pessoas atraem almas que possuem o mesmo tipo de pendor, as quais ficam então próximas a elas, na tentativa de usufruir um pouco do prazer ocasionado pelo vício.

É o desejo dessas almas, pesadamente carregadas de vícios e pendores, que o viciado na Terra sente como uma compulsão incontrolável para fumar ou beber. Desse modo ele se torna, por vontade própria, escravo dessa escória invisível que ainda vive nas regiões mais baixas do chamado além. É esta também a razão de cerca de 90% dos fumantes não conseguirem deixar o vício, independentemente do método usado em suas tentativas.

A nicotina é um alcalóide estimulante do sistema nervoso central. Extrai-se das folhas de mais de sessenta espécies de Nicotiana. As mais usadas são a rustica e a tabacum.

As primeiras tragadas são, em geral, acompanhadas de náusea, tontura e ânsia de vômito. É preciso um esforço considerável para “aprender a fumar”.A nicotina estreita os vasos sanguíneos e libera os hormônios que aumentam a pressão arterial, uma das causas do infarto. O alcatrão se acumula nos pulmões e causa enfisema, uma doença grave e incurável. O fumo é, comprovadamente, o responsável direto por várias outras doenças, conforme veremos a seguir.

Até aproximadamente metade do século XX o hábito de fumar era tido como socialmente elegante, e praticamente ninguém se importava com os malefícios que eventualmente pudesse causar. Nas últimas décadas, porém, apesar de as propagandas de cigarro continuarem vendendo uma imagem de saúde e intrepidez, quase sempre relacionada a algum tipo de esporte, a verdade começou a vir à tona.

A verdade tem de aparecer agora em todos os aspectos da vida humana, independentemente dos desejos ou atos de pessoas ou nações. Tudo quanto for errado e falso será descoberto e mostrado à luz do dia, antes de ser destruído para sempre. Quem não quiser ou não puder reconhecer esse errado, e preferir continuar aderido a ele, sucumbirá conjuntamente. Isso vale para tudo, de falsas crenças religiosas a hábitos errados de vida. Tudo quanto é falso tem de se mostrar como realmente é, antes de desaparecer por completo.

Há alguns anos, um médico me disse que fumava por não existir ainda nenhuma comprovação científica de que o cigarro realmente fazia mal à saúde. Hoje, conforme se verá mais à frente, ele já não poderia dizer isso. (1)

Na década de 30 surgiam uma média de 5 artigos por ano nas revistas americanas sobre os malefícios do fumo. A partir de 1955 esse número subiu para 35 artigos anuais em média. Na década de 70 já se sabia que o fumo provocava o aparecimento precoce da menopausa e aumentava o risco de osteoporose nas mulheres tabagistas. Em 1980, um trabalho publicado pelo Departamento de Saúde dos Estados Unidos demonstrou que no homem o fumo reduzia os níveis do hormônio testosterona. Hoje, centenas de artigos científicos alertam anualmente as pessoas sobre os riscos do fumo.

Em 1986, o hábito de fumar entre os americanos foi identificado como a principal causa de morte evitável, responsável por mais de 300 mil mortes por ano, 135 mil das quais por câncer no pulmão. Morriam na época quase 800 pessoas por dia no país, vítimas do cigarro.

A Sociedade Americana do Câncer informava que o fumo tinha os seguintes efeitos no organismo humano: enfisema, câncer da laringe, câncer do pâncreas, câncer da bexiga, infarto do miocárdio, úlcera péptica, câncer bucal, câncer do pulmão, câncer do esôfago, problemas durante o parto e com o feto. Aliás, diga-se de passagem que o câncer não é uma prerrogativa do cigarro exclusivamente, mas do fumo de uma maneira geral. O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos informou que o consumo de um charuto por dia, mesmo sem se tragar a fumaça, dobra as chances de ocorrência de câncer no esôfago e na boca; comparada à do cigarro, a fumaça do charuto emite 20 vezes mais amônia, cádmio e outros agentes cancerígenos.

Em 1995, uma pesquisa realizada em doze países por um instituto francês de oncologia, revelou que nada menos que 97,5% dos casos de câncer do pulmão estavam relacionados ao hábito de fumar. Novas pesquisas demonstraram posteriormente que o fumo está também diretamente relacionado ao câncer de mama, câncer de colo do útero e câncer cervical. O cigarro já foi apontado como fator de risco de 24 doenças diferentes. Segundo a OMS, o fumo aumenta em quase dez vezes a chance de ocorrer derrame cerebral, além de ser responsável por 75% dos casos de enfisema e bronquite no mundo.

Em 1997, um estudo divulgado nos Estados Unidos indicava que mais de 40% dos casos de câncer do estômago estavam ligados ao fumo. Também neste ano os próprios fabricantes de cigarro admitiram os malefícios do fumo, ou foram forçados a fazê-lo. O dono da empresa de tabaco Ligget Group, em depoimento na Corte de Miami, afirmou que “o cigarro causa câncer, doença cardíaca, enfisema e provoca dependência em muitas pessoas.” Um pesquisador disse que a empresa RJR sabia há mais de 25 anos que o cigarro causava enfisema, conforme verificado em coelhos de laboratório. Logo depois, o presidente da maior companhia de cigarros do mundo, a Philip Morris, admitiu a possibilidade de o cigarro ter sido o responsável pela morte de 100 mil americanos. Em troca do encerramento de 17 ações coletivas contra os fabricantes de cigarro, a indústria americana de tabaco concordou em aplicar US$ 368,5 bilhões em saúde pública nos próximos 25 anos.

Até que foi um bom negócio para essa indústria, pois ela nem de longe queria imaginar a possibilidade de que uma parcela significativa dos parentes dos cerca de 1,3 milhões de mortos anualmente pelo fumo resolvessem também abrir processos judiciais… Isso sem contar os doentes… Segundo a OMS, o hábito de fumar é a causa conhecida ou provável de cerca de 25 doenças. Doenças que levam à morte de uma maneira ou de outra. Em setembro de 1998, na abertura da 25% Conferência Sanitária Pan-Americana em Washington, promovida pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), Gro Harlem Brundtland, afirmou que o tabaco está se convertendo rapidamente na principal causa de morte na América Latina.

Nos Estados Unidos o consumo de cigarros cresceu vertiginosamente neste século. Em 1930 foram vendidos 120 bilhões de cigarros; em 1945, 267 bilhões; em 1988, 595 bilhões. Estima-se que cerca de três mil crianças começam a fumar a cada dia no país. De 1989 a 1993, o número de fumantes americanos com idade entre 12 e 17 anos que compram o próprio cigarro subiu 62% de acordo com o Centro de Prevenção e Controle de Doenças de Atlanta. Enquanto existe uma tendência mundial de os velhos fumantes abandonarem o vício, o hábito de fumar não para de crescer entre crianças e adolescentes americanos. Em 1991, 27% deles fumavam; seis anos depois esse contingente passou para 36%. Uma pesquisa divulgada pelo Centro de Informação e Prevenção do Tabaco revelou que em meados de 1998 havia cerca de 50 milhões de fumantes no país.

No Brasil, levantamento feito pelo Cebrid em escolas públicas de dez capitais indica que o número de estudantes que dão as primeiras tragadas na faixa etária dos 10 aos 12 anos dobrou em dez anos. De um total de 40 milhões de fumantes no país, cerca de 3 milhões têm até 19 anos.

A indústria de tabaco calculava que as vendas no mercado asiático cresceriam 33% entre 1991 e 2000. Na China, o número de fumantes cresce 2% ao ano desde 1985, e já há no país 180 fábricas de cigarro. Uma pesquisa mostrou que apesar do seu modesto poder aquisitivo, os chineses se dispõem a gastar uma média de 60% de sua renda pessoal na compra de cigarros… Estima-se que meio milhão de chineses morram anualmente vítimas do fumo. Em Cingapura, 5% dos habitantes com 18 ou 19 anos fumavam em 1987; em 1996 eram 15%. Em Taiwan, apenas 3% dos jovens entre 15 e 17 anos tinham o hábito de fumar em 1985; em 1991 eram 20%. Na Rússia, em 1997, metade dos jovens de 16 e 17 anos eram fumantes.

No Brasil, o consumo de tabaco subiu 127% entre as décadas de 70 e 90, enquanto a população cresceu 55% no mesmo período. Em 1970 havia no país uma mulher fumante para cada grupo de 13 homens fumantes; em 1995, para cada grupo de 11 homens fumantes havia 10 mulheres que fumavam. Para provar sua “emancipação”, a mulher escolheu o caminho do vício, tornando-se tão escrava desse pendor quanto o homem… Em 1995 estimava-se que morriam 100 mil pessoas por ano no Brasil devido ao fumo. Um feito que certamente não comoveu a maior indústria de fumo do país, que naquele ano teve o maior lucro nominal em seus 93 anos de operação…

Estima-se que no mundo todo haja atualmente 1,1 bilhão de fumantes, que contribuem com uma morte a cada dez segundos decorrente de alguma doença relacionada ao fumo. O consumo mundial de cigarros aproxima-se de 6 trilhões de unidades por ano, ou quase 11 milhões de cigarros por minuto. Conforme dados do Banco Mundial, o custo do fumo no mundo atinge 200 bilhões de dólares por ano, através de perdas de vidas, (2) gastos com saúde, diminuição de produtividade por doenças, etc. Uma curiosa estatística informa que um fumante trabalha, em média, seis dias a menos por ano que o não-fumante por conta das “paradinhas” para fumar.

Em outubro de 1994, o FDA, órgão que fiscaliza remédios e alimentos nos Estados Unidos, remeteu um relatório ao Conselho Nacional de Entorpecentes no Brasil, alertando sobre a produção em solo brasileiro de um fumo hipernicotinado, proibido nos Estados Unidos. Esse tipo de tabaco, apelidado de “Y-1”, é produzido por engenharia genética e contém 2,5 vezes mais nicotina que o fumo normal, viciando portanto muito mais.

Na mesma época, o ministro da Saúde brasileiro também denunciou a utilização de amônia pelos fabricantes de cigarro no tratamento das folhas de fumo. A amônia estimula a liberação de nicotina, ajudando a viciar mais rápido; é o mesmo efeito gerado pela acetona na cocaína. Aliás, o fumo age no cérebro de forma similar à cocaína, liberando a dopamina, substância associada à sensação passageira de bem-estar. Em janeiro de 1997, a agência Associated Press confirmou que o fumo Y-1 foi introduzido clandestinamente no Brasil e em outros países do Terceiro Mundo durante a década passada.

O FDA elaborou ainda um estudo classificando a nicotina como droga e reconhecendo que o cigarro causa dependência. Apesar dessas conclusões óbvias, o estudo deixou apreensiva a poderosa indústria de tabaco norte-americana, que movimenta no país anualmente cerca de 45 bilhões de dólares. A razão é que caso esse conceito fosse transformado em lei, a venda de cigarros seria controlada como qualquer outra droga vendida ao público. Ainda mais porque se descobriu que um grande fabricante americano de cigarros também estava utilizando amônia para “turbinar” o fumo e escapar dos equipamentos do governo que medem os índices de alcatrão e nicotina.

Atualmente sabe-se que a fumaça do tabaco possui mais de 4.700 substâncias tóxicas, (3) 50 das quais comprovadamente cancerígenas, como o polônio – um elemento radioativo – o arsênio, o níquel, o cádmio, o benzopireno (substância derivada do petróleo e altamente cancerígena, que sempre aparece na queima do papel do cigarro). Apenas para que o papel queime de maneira uniforme e a cinza não se fragmente são adicionados ao cigarro mais doze tipos de venenos químicos. Para se conseguir um cigarro “light”, com baixo teor de nicotina e alcatrão, é necessário adicionar outros dez tipos de substâncias tóxicas. A cada tragada o fumante leva para dentro do corpo também amônia (utilizada como desinfetante), benzeno (utilizado na fabricação de DDT), acetona (solvente), formol (líquido conservante) e milhares de outros gases tóxicos e partículas em suspensão. Além disso, como a planta do fumo é muito suscetível ao ataque de várias pragas, são utilizados potentes agrotóxicos na lavoura, que acabam por enriquecer o coquetel de veneno de que o fumante se serve cada vez que acende um cigarro.

A mais grave das doenças provocadas pelo cigarro é certamente o câncer de pulmão. Em agosto de 1995, cientistas americanos identificaram mudanças genéticas no tecido do pulmão relacionadas ao hábito de fumar, capazes de conduzir ao desenvolvimento de um futuro câncer. Analisando o DNA das lesões, eles descobriram uma supressão em genes que já haviam sido relacionados ao câncer do pulmão. Era a comprovação científica da relação cigarro-câncer.

Segundo esses pesquisadores, as lesões pré-cancerosas no trato respiratório aumentam na mesma proporção do número de cigarros fumados. Em outubro de 1996, os pesquisadores americanos explicaram em detalhes, pela primeira vez, o mecanismo molecular que faz uma substância presente no cigarro provocar tumores malignos no pulmão. Em 1997, o câncer de pulmão atribuído ao cigarro já era a principal causa de morte de mulheres americanas que contraíam câncer.

Um estudo publicado pela revista Saúde Pública apresentou uma estatística estarrecedora. Entre o início da década de 60 e meados dos anos 80, o índice de mortes por câncer de pulmão nos Estados Unidos entre mulheres fumantes aumentou 500%, e entre homens fumantes 200%. Isso, apesar do atual predomínio naquele país dos cigarros de “baixos teores”. No Brasil, um hospital especializado em câncer estima que 94% dos pacientes que passam pelo departamento de cirurgia torácica têm câncer no pulmão por conta do fumo.

Durante o 9º Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, esses percentuais sobre câncer do pulmão foram confirmados pelo especialista canadense, Dr. Luís Louhani. Segundo o médico, de cada cem pacientes que descobrem estar com câncer de pulmão no mundo, 95 são fumantes. Desses, 80% têm o diagnóstico em estágio avançado da doença, disseminada pelo corpo no processo metastático, (4) não podendo mais ser submetidos a cirurgias por causa do tamanho e da gravidade dos tumores, acabando por morrer da doença.

A revista O Atalaia estima que a probabilidade de um fumante morrer de câncer pulmonar é 700% maior do que a de uma pessoa que nunca tenha fumado… Uma matéria publicada no Journal of the National Cancer Institute revelou que começar a fumar cedo pode provocar danos genéticos que facilitam ainda mais a instalação de câncer. Estudo comparando pacientes com câncer de pulmão, ex-fumantes, revelou: quem começou a fumar antes dos 15 anos apresenta o dobro de mutações genéticas em relação aos que começaram após os 20 anos. O autor do trabalho, John Wiencke, da Universidade da Califórnia, afirma: “O fumo em adolescentes causa danos que o organismo não consegue reparar, mesmo que a pessoa largue o cigarro.”

Uma matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, em dezembro de 1998, revelou que a incidência de câncer de pulmão entre as mulheres no Estado de Nova York tinha aumentado 40% nos últimos 20 anos. O fato, segundo especialistas do departamento norte-americano de Saúde, deve-se ao contingente feminino que teria começado a fumar durante a Segunda Guerra Mundial. Entre 1976 e 1995, de acordo com estatísticas do Departamento Estadual de Saúde, o número de mulheres em Nova York que morreram em consequência de câncer de pulmão passou de 19,8 por 100 mil para 32,4 por 100 mil, um crescimento de 164%.

Mas nem só de câncer de pulmão vivem os fumantes. Segundo a revista O Atalaia, o câncer no estômago, que pode assemelhar-se inicialmente a uma úlcera péptica, ocorre duas vezes mais frequentemente em fumantes do que em não fumantes. O câncer de garganta, produzido pelo efeito irritante de agentes químicos na fumaça do cigarro, muitas vezes deixa suas vítimas destituídas de cordas vocais, após cirurgia corretiva; a pessoa vitimada pode a muito custo reaprender a falar regurgitando o ar inspirado. O hábito de fumar responde por 80% dos tumores cancerosos nas cordas vocais.

Recentemente, cientistas ingleses publicaram no The British Medical Journal o mais completo estudo sobre enfarte já realizado, abrangendo um total de 46 mil pessoas. Segundo os pesquisadores, fumantes da faixa dos 30 a 40 anos sofrem cinco vezes mais ataques cardíacos do que os não fumantes na mesma faixa etária, o dobro do que se acreditava até então. O estudo mostra que quando um fumante dessa faixa etária tem um ataque cardíaco, há 80% de chance de o cigarro ter sido a causa… Segundo a revista O Atalaia, a probabilidade de que um fumante morra de doença cardíaca é 103% maior do que a de alguém que jamais haja fumado em base regular. Em novembro de 1998, pesquisadores suecos demonstraram que, ao contrário do que se supunha, o hábito de fumar ou de mascar fumo faz aumentar e não diminuir a pressão arterial.

Os mais insuspeitos problemas de saúde estão relacionados ao hábito de fumar, comprovados através dos últimos estudos e descobertas. O fumo enrijece a aorta, duplica a chance de perda dos dentes, retarda o desenvolvimento de dentes permanentes em crianças expostas à fumaça, quase triplica a possibilidade da ocorrência de um determinado tipo de cegueira, provoca danos nos ossos, favorece o surgimento de úlceras, provoca rugas e queda de cabelo, deixa o cabelo branco mais cedo, e nas mulheres acelera a menopausa e aumenta o risco de fratura do quadril, devido à redução do fluxo sanguíneo nos ossos. O Dr. Malcolm Law, da Escola Real de Medicina de Londres, afirmou que “fumar é a maior causa de fratura do quadril.”

De acordo com uma reportagem publicada na revista Época de abril de 1999, os seguintes males estão comprovadamente associados ao cigarro:

As pessoas fumantes com idade mais avançada podem perder com mais facilidade a capacidade de pensar, perceber e lembrar, do que aquelas que deixaram o vício ou nunca fumaram, informou uma pesquisa feita pela Universidade Erasmo de Rotterdan, na Holanda. Essa perda poderia estar relacionada à ocorrência de pequenas síncopes, que não são sentidas, explicou a coordenadora do estudo, Laura Launer.

Um estudo feito com 4.753 adultos entre 48 e 97 anos revelou que os fumantes têm chances 70% maiores de ficar surdos. Segundo a pesquisa, publicada no Journal of the American Medical Association, o problema afetaria também os parentes que convivem com os fumantes. Presume-se que o fumo afeta células do ouvido responsáveis pela audição.

Num encontro sobre a chamada “síndrome do mal-de-berço”, ocorrido na França em abril de 1998, pesquisadores informaram que a fumaça de cigarro e temperaturas elevadas no quarto do recém-nascido aumentam as chances de morte súbita de bebês entre 4 e 6 meses durante o sono.

Segundo um estudo feito em outubro de 1998 no Lawrence Livermore National Laboratory, na Califórnia, jovens fumantes adolescentes do sexo masculino correm mais risco de sofrer problemas na produção de esperma, que mais tarde poderão causar anomalias genéticas nos seus filhos. A pesquisa, realizada com esperma coletado de jovens da República Tcheca, mostrou mudanças significativas no cromossomo de fumantes – com a média de dois maços diários de cigarros – e também consumidores de álcool. Os danos celulares dos fumantes incluem duplicações anormais dos cromossomos que as crianças herdam dos pais.

Um estudo realizado em fins de 1999 por Universidades da Austrália adverte que o fumo pode levar à cegueira e é responsável por 20% dos casos de perda de visão registrados em pessoas com mais de 50 anos. Ao analisarem registros médicos, pesquisadores das Universidades Nacional da Austrália e de Sydney, descobriram que o fumo é o maior fator de risco na degeneração macular relacionada à idade, principal causa de cegueira. Segundo os autores do estudo, publicado no Australian Journal of Medicine, “o fumo é responsável por cerca de 20% de todos os casos de cegueira nos australianos com mais de 50 anos.”

Hoje em dia observa-se em todo o mundo uma reação crescente contra o fumo e os fumantes em geral. Quem se convence dos malefícios do cigarro não quer mais ter a saúde ameaçada por ser um fumante passivo compulsório. Ainda mais quando se sabe que 40% dos casos de câncer do pulmão em não-fumantes deve-se ao fumo passivo. De acordo com um pesquisador americano, a quantidade de alcatrão despejada no ar pela fumaça dos cigarros de baixos teores é 30% mais rica em poluentes que a dos cigarros comuns, causando portanto mais danos ainda ao fumante passivo. A explicação é que como o filtro dos cigarros “light” impede a passagem do alcatrão, a substância se concentra na brasa e a fumaça acaba ficando mais venenosa.

Aliás, a esperança de que os cigarros de “baixos teores” fossem menos maléficos, não resistiu aos primeiros estudos feitos a respeito. De acordo com a Sociedade Americana do Câncer, a fumaça de baixo teor fez crescer muito (aumento de 142% nos fumantes) o número de vítimas de uma variedade de neoplasia (câncer), o adenocarcinoma, que ataca as células secretoras de muco dos brônquios e da periferia dos pulmões.

A forte vontade interior dos não fumantes em dar um basta nessa absurda situação de inalantes compulsórios de fumaça, não fica sem efeitos na matéria mais fina, no assim chamado mundo do além. Lá tomam forma configurações geradas pelos pensamentos e pela vontade intuitiva dos seres humanos inconformados com o hábito de fumar. Essas configurações influenciam ainda outras pessoas que, por sua vez, geram novas configurações e assim por diante. Um dos efeitos na matéria grosseira visível de toda essa influência crescente é o aparecimento de leis que restringem cada vez mais a “liberdade” do fumante, o incremento das campanhas anti-tabagistas, o aparecimento de métodos e produtos para se deixar de fumar, etc.

Por outro lado, as descobertas sobre os males causados pelo fumo passivo fornecem cada vez mais munição contra essa inconcebível arrogância de fumar. Um estudo realizado pela Universidade de Harvard em maio de 1997 mostrou que a chance de desenvolver problemas cardíacos é 91% maior em não fumantes expostos à fumaça de cigarros. Outros estudos mostram que fumantes passivos sofrem de hipertensão, alergias, infecções respiratórias, aterosclerose e morrem duas vezes mais de câncer de pulmão do que as pessoas que não têm de conviver com fumantes.

Em apenas meia hora, uma sala com fumaça de cigarro pode enfraquecer as defesas dos não-fumantes contra doenças do coração, segundo os resultados de um estudo publicado em maio de 1998 no jornal Circulation, da Associação Americana de Cardiologia. Constatou-se que os fumantes passivos perderam suas reservas antioxidantes. Essas substâncias neutralizam alguns radicais livres (moléculas que se encontram na fumaça do tabaco), os quais podem combinar-se com o colesterol existente no sangue e oxidá-lo. O colesterol fixa-se nas paredes dos vasos sanguíneos, criando coágulos que provocam ataques cardíacos ou congestões cerebrais.

Um estudo elaborado pela Universidade de Auckland, Nova Zelândia, em agosto de 1999, demonstrou que fumantes passivos têm 82% a mais de chance de sofrer um derrame do que os que não têm contato com a fumaça do cigarro. Uma investigação realizada pelo Dr. William P. Bennett do National Medical Center de Los Angeles, em dezembro de 1999, indicou que algumas mulheres não-fumantes apresentam risco seis vezes maior de contrair câncer de pulmão pelo simples fato de terem de conviver com fumantes.

O fumo também está associado à redução do desenvolvimento dos pulmões das crianças, tornando-as possivelmente mais suscetíveis a doenças pulmonares. Em setembro de 1998, pesquisadores suecos descobriram que os riscos de a criança vir a apresentar problemas de linguagem e déficit de atenção simplesmente dobram se a mãe fumou na gravidez.

Quanta desgraça o ser humano não atrai ao inalar essa fumaça venenosa, e no entanto os benefícios advindos ao se deixar de fumar são patentes. Conforme uma matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo de 20 de novembro de 1998, os resultados são sensíveis. Após 20 minutos, a pressão sanguínea e o pulso voltam ao normal e a circulação melhora. Em 8 horas, o nível de oxigênio no sangue volta ao normal. Em 24 horas, o monóxido de carbono sai do organismo e os pulmões começam a eliminar as impurezas. Depois de 72 horas, a respiração se torna mais fácil e a disposição geral aumenta. Entre 2 a 12 semanas, a circulação melhora em todo o organismo, tornado mais fácil caminhar. Entre 3 a 9 meses, a função pulmonar melhora de 5 a 10%. Com 5 anos, o risco de enfarte cai pela metade. Após 10 anos, o risco de câncer e problemas cardíacos iguala-se ao do não fumante.

Esses dados se aproximam de um estudo semelhante realizado pela Sociedade Americana do Câncer. De acordo com esse estudo, se uma pessoa abandonasse o vício num determinado dia de janeiro de 1999:

Entre os fumantes há também quem justifique o seu hábito mencionando velhinhos octogenários que fumaram a vida toda, desde a infância ou adolescência, e que continuam aparentemente gozando de boa saúde. Esses casos isolados, porém, não servem de contraprova aos malefícios do fumo. Muito pelo contrário. Tais casos, entusiasticamente alardeados, são tão raros, que justamente por isso é que viram notícia. Deveriam chamar a atenção exatamente por serem raros. Realmente é de se admirar que ainda haja quem se impressione com isso.

Alguns organismos são mais resistentes do que outros e conseguem suportar por mais tempo o ataque da fumaça do tabaco, principalmente se a pessoa tem outros hábitos de vida que podem ser considerados como saudáveis, como a movimentação do corpo e a alimentação correta. Se uma pessoa que fumou durante décadas morre em idade avançada, não significa que não tenha prejudicado o seu corpo e principalmente a sua alma enquanto vivia na Terra; provavelmente padeceu de várias doenças de que poderia ter ficado livre caso não tivesse esse vício. Além do mais, quem fuma comete um crime contra o Amor do Criador, ao contribuir para envenenar o ar de que todas as criaturas necessitam para viver.

Álcool

Assim como o cigarro, o álcool também causa dependência, apesar de ser uma droga aceita socialmente. A diferença é que, ao contrário do fumo, o álcool só se torna danoso quando consumido em excesso, e prejudica apenas o alcoólatra. Naturalmente, as pessoas que convivem com um alcoólatra também sofrem indiretamente com os efeitos do vício, mas não com o álcool propriamente.

Se uma pessoa tem os sentidos alterados pelo consumo de uma droga, seja maconha, heroína, cocaína, LSD ou álcool, seu modo de viver já se torna contrário às Leis naturais, e ela terá de arcar com as consequências de sua atitude de afronta a essas Leis.

A palavra alcoolismo foi cunhada pelo médico sueco Magnus Huss em 1849, para definir o conjunto de males vinculados ao consumo excessivo e prolongado de bebidas. Os dados estatísticos sobre os males que acompanham o vício da droga álcool não são menos significativos que os do fumo.

A Organização Mundial da Saúde considera o alcoolismo uma das doenças que mais matam no mundo. Em meados da década de 80, a Organização chegou à conclusão que em três países europeus, França, Inglaterra e País de Gales, o consumo de álcool e as psicopatias alcoólicas aumentaram vinte vezes em 25 anos. Na ex-Iugoslávia, 50% dos homens admitidos em hospitais psiquiátricos tinham a origem de seus males centrada no consumo de álcool. Na já distante década de 70, o governo dos Estados Unidos estimava que o alcoolismo causava um prejuízo anual ao país nunca inferior a 30 bilhões de dólares. E uma pesquisa recente indica que de cada quatro suicidas americanos, um era alcoólatra. Estima-se também que o álcool seja responsável por 100 mil mortes anuais evitáveis nos Estados Unidos, 17 mil das quais relacionadas a acidentes de trânsito.

No Brasil, há quem afirme que o alcoolismo desperdiça ou consome mais recursos do que a totalidade das importações brasileiras ou todo o orçamento da Previdência Social. O suicídio é 58 vezes mais frequente em alcoólatras do que no resto da população, e entre 30% a 40% dos acidentes de trabalho são devidos ao alcoolismo. Em 1989, 14% dos jovens brasileiros entre 10 e 18 anos ingeriam bebida alcoólica mais de seis vezes por mês; em 1996 esse percentual subiu para 19%.

De 1989 a 1993, o número de jovens que fazia uso pesado do álcool (vinte vezes ou mais por mês) havia crescido 50%. No domingo, dia do auge etílico semanal no Brasil, cambaleiam pelo país de 12 a 15 milhões de bêbedos. Estima-se que 9% das mulheres e 15% dos homens no país sejam alcoólatras. O Dr. Luiz Carazzai, estudioso de dependências químicas, informa que mais da metade dos acidentes de trânsito no país estão relacionados ao consumo de álcool, causa também de 87% dos casos de agressão registrados nas delegacias da mulher.

De acordo com a tese de doutorado da psiquiatra Magda Vaissman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o alcoolismo é a terceira causa de aposentadoria por invalidez, na instituição. O álcool é responsável por metade dos internamentos em clínicas psiquiátricas e por 90% do total de internamentos por problemas de droga.

Em relação aos acidentes automobilísticos não é novidade que álcool e volante formam uma combinação fatal, mas os números impressionam. O Instituto Raid analisou o sangue de 1.114 vítimas de acidentes automobilísticos e verificou a presença de álcool em 61% dos casos. A maioria dos acidentes ocorreu em fins de semana. Entre vítimas de 13 e 17 anos – grupo que não deveria beber – 47,7% haviam consumido álcool.

De acordo com a revista O Atalaia, as estatísticas indicam que o uso do álcool causa pelo menos 1 em cada 5 acidentes automobilísticos. Cerca de 30% dos pedestres que morrem acidentalmente, estão sob a influência do álcool. Quase 50% das mortes por traumas acidentais, homicídios e suicídios estão diretamente relacionados com o uso do álcool.

As mulheres alcoólatras grávidas podem prejudicar de forma irreversível seus futuros filhos. O álcool cruza a barreira placentária e se distribui no líquido amniótico e em vários tecidos fetais. Num congresso de obstetrícia realizado na Espanha em 1984, uma obstetra informou que haviam nascido naquele país, no ano anterior, cerca de mil bebês com a “síndrome alcoólica fetal”, quase o mesmo número de mongolóides. As crianças nascidas com esta síndrome apresentam, entre outros, os seguintes sintomas: peso e altura inferiores à média, diâmetro reduzido da cabeça, rosto assimétrico, fissuras na pálpebra, deslocamento da pélvis, anomalias cardíacas, deficiência da performance motora, retardo mental, epilepsia, hérnias… Já foram catalogadas 91 malformações relacionadas à síndrome alcoólica fetal.

O álcool ingerido em grandes quantidades dificulta também a assimilação de vitaminas pelo organismo, principalmente a B1, essencial para a saúde dos nervos. É por isso que os alcoólatras têm os nervos afetados. Muitos passam então a fumar, na tola ilusão de assim contrabalançar o seu problema de nervos. Com isso mergulham ainda mais profunda e seguramente rumo à total degradação física e anímica.

O álcool tem um efeito devastador no viciado. No alcoolismo crônico é comum a ocorrência do Delirium tremens; o alcoólatra treme pelo corpo todo, sua temperatura pode chegar acima de 40ºC e o suor é tão abundante que ele pode morrer de desidratação; a pele fica avermelhada em razão dos danos aos vasos sanguíneos sob a pele. Os nervos afetados podem causar impotência; o indivíduo também pode ficar estéril em razão dos efeitos tóxicos no esperma.

O álcool ainda pode causar pressão alta, arritmia, ataques cardíacos, derrames cerebrais e danos aos músculos cardíacos. Os eletroencefalogramas de alcoólatras mostram que há um encolhimento cerebral; a destruição das células cerebrais provoca deterioração intelectual, perda de memória e demência. Também são comuns sintomas de depressão.

O fígado, que converte o álcool num produto ainda mais tóxico, o acetaldeído, fica escravo da bebida e acaba negligenciando o metabolismo dos alimentos, o que leva ao acúmulo de toxinas e de gorduras no sangue. O excesso de álcool provoca ainda arteriosclerose e miocardiopatia (degeneração do músculo cardíaco), podendo também causar câncer de garganta, de esôfago e de boca.

A pesquisadora Gilka Fígaro Galtas, da Faculdade de Medicina da USP, concluiu que a bebida causa de 80% a 90% dos casos de câncer de boca. Os principais danos causados nos órgãos são os seguintes:

Estudos revelam também que o uso do álcool tem um efeito definido e desfavorável em várias glândulas do corpo. Nos homens, o uso do álcool determina certa atrofia nos testículos, resultando uma redução no número de espermatozóides produzidos. Em casos extremos esta produção desaparece. Nas mulheres, revela-se um efeito semelhante nos ovários.

Que o álcool é, sim, uma droga, e muitíssimo potente, já foi demonstrado cientificamente. No livro Álcohol y Cérebro Adictivo, de 1991, os pesquisadores James Payne e Jenneth Blum demonstraram que, no cérebro, o álcool se transforma em TIQ, abreviatura de tetra-hidroisoquinolina, uma substância equivalente aos opiáceos. Como consequência, as bases neuroquímicas do alcoolismo e da toxicomania por opiáceos seriam similares.

Uma amostra ainda mais clara da decadência cada vez mais acentuada dos viciados em drogas é o crescimento da “dependência cruzada”. Antigamente, num grupo de alcoólicos anônimos só se viam alcoólatras, e num grupo de narcóticos anônimos apenas toxicômanos. Hoje em dia não é mais assim. Há cada vez mais casos mistos de alcoolismo e dependência de drogas dos mais variados tipos, consideradas ilegais.

Este o panorama geral do consumo de fumo e álcool e suas principais consequências. Vamos verificar agora a situação das outras drogas, as ilegais e socialmente condenáveis (por enquanto).

Inalantes

A falta de recursos não é impedimento para quem está decidido a destruir seu corpo pelo consumo de drogas.

Vários tipos de inalantes, os mais simples e baratos, são usados com esse objetivo. Podem ser solventes (gasolina, adesivos, fluido para isqueiro, acetona, cola de sapateiro, massa plástica), anestésicos (clorofórmio, lança-perfume, éter) ou aerossóis (spray para cabelos, desodorantes). Há também quem muito originalmente faça uso de um simples saco plástico, respirando dentro dele seguidas vezes, chegando até mesmo a sufocar.

Em fevereiro de 1999, cinco garotas morreram num acidente de carro nos Estados Unidos. Dentro do carro a polícia encontrou um spray chamado “Duster II”, utilizado para limpar computadores. Um dos ingredientes do produto era o “difluoretano”, utilizado como inalante por viciados. As moças vieram a integrar a lista de 240 mortes decorrentes de inalantes no país desde 1996, segundo a Coalizão Nacional de Prevenção a Inalantes.

Além de efeitos gravíssimos provocados no organismo, os inalantes geram dependência psíquica e tolerância. Depois de absorvidos pela mucosa pulmonar, essas substâncias são levadas para o sistema nervoso central, fígado, rins, medula óssea e cérebro, causando neste último o bloqueio da transmissão nervosa. Dentre os muitos efeitos físicos provocados pelos inalantes, os principais são: euforia, alucinações, depressão, fala arrastada, estados psicóticos e parada cardíaca com morte súbita.

Os meninos de rua que perambulam pelas grandes metrópoles brasileiras, quase todos viciados em drogas, tiveram seu “début” invariavelmente através da cola de sapateiro, um inalante barato e encontrado com facilidade. “Dá uma tonturinha legal”, diz um menino de nove anos que cheira cola todos os dias. “Comida? Um sanduíche de vez em quando. Só não pode faltar dinheiro para a cola e o esmalte”, diz um outro, prestando conta do que faz com a esmola diária que consegue.

Depois, quando ficam mais velhos e conseguem mais recursos, geralmente através de roubos e assaltos, eles passam para a maconha, a cocaína e o crack, nessa ordem. Isso já é rotina nas grandes cidades, mas o que vem assustando as autoridades são as idades cada vez menores desses consumidores e traficantes mirins.

Em São Paulo, o coordenador do serviço SOS-Criança da prefeitura constatou: “Há algum tempo atrás os meninos começavam a se envolver com drogas aos 15 anos; hoje, nessa idade, já são experimentados traficantes.” De fato, a polícia civil da cidade constatou que essas “crianças” começam a consumir drogas aos 5 anos e se tornam traficantes com 8 anos. Como se explica isso?

Conforme já dito anteriormente em relação à delinquência juvenil, a resposta do enigma está na alma desses meninos de rua. Todos eles são espíritos muito sobrecarregados carmicamente, e particularmente com o pendor pelo vício de drogas, que certamente já trazem de uma ou várias vidas terrenas.

Como o Juízo Final produz uma aceleração de tudo, também o que estava aparentemente escondido nas almas dessas pessoas vem agora à tona, mesmo que ainda tenham na Terra o corpo de criança. Elas só conseguem um alívio passageiro de seu pendor entregando-se desenfreadamente ao vício, para o que foram evidentemente conduzidas desde o nascimento, como efeito recíproco de sua própria vontade má em outras vidas. Também aqui esses meninos de rua são os únicos responsáveis pela situação na qual se encontram, vivendo assim num ambiente de extrema miséria e de consumo compulsivo de entorpecentes. Colhem no presente o que semearam no passado.

Drogas de Farmácia

A quantidade de pessoas no mundo que estão hoje literalmente viciadas em medicamentos encontrados comumente em farmácias, como estimulantes, tranquilizantes e sedativos, não pode ser avaliada corretamente. Também estes são viciados em drogas.

Segundo o Dr. Aiush, delegado para a América Latina do Conselho Internacional Sobre Problemas de Alcoolismo e Toxicomania, o vício começa com analgésicos, tranquilizantes e sedativos. “Já desde tenra idade a criança, e mais tarde o adolescente, vai aprendendo, ainda que inconscientemente, que a cada mal orgânico corresponde uma ou mais drogas para suplantar esse mal.”, afirma ele.

Longe de serem inócuas, essas drogas geram igualmente dependência física e psíquica e síndrome de abstinência, devendo ser, portanto, classificadas também como “drogas pesadas”. O sedativo metaqualona, por exemplo, foi desenvolvido em 1951 como uma substância para combate à malária; hoje ele é vulgarmente conhecido como “droga do amor” ou “heroína dos amantes”… Atualmente há no mercado pelo menos nove tipos de sedativos consumidos largamente como tóxicos, classificados como barbitúricos ou não-barbitúricos.

Nos Estados Unidos, supermercados e drogarias lutam para manter suas prateleiras estocadas com cápsulas, gotas e saquinhos de chá de “Kava”, uma espécie de raiz originária da Polinésia que, acredita-se, possui propriedades sedativas. As vendas de Kava saltaram de quantidades irrisórias para US$ 3 milhões em 1997 e acreditava-se que o consumo dobraria no ano seguinte. “Acho a Kava o máximo. É um excelente sonífero”, afirma Hyla Cass, psiquiatra da Universidade da Califórnia e uma das autoras do livro “Kava: Nature’s Answer to Stress, Anxiety and Insomnia” (Kava: Resposta Natural Contra o Stress, a Ansiedade e a Insônia).

O exato mecanismo de ação da Kava ainda é desconhecido. Sabe-se que seu ingrediente ativo é uma substância da classe das kavalactonas, metabólicos que afetam o sistema límbico, o centro emocional do cérebro. Segundo Cass, a Kava atua nos mesmos pontos de aminoácidos que o valium, mas enquanto este se associa aos chamados “receptores Gaba”, a Kava provoca uma maior produção desses receptores.

É deplorável que uma psiquiatra estimule dessa forma o consumo de uma substância sedativa.

Uma das drogas de farmácia mais procurada é a anfetamina. A anfetamina pertence a um grupo de drogas classificado como “estimulantes”. Como sugere o termo “estimulante”, trata-se de substância que altera a mente do usuário e excita o sistema nervoso central.

A anfetamina original foi a Benzedrina, sintetizada na Alemanha em 1887. De 1932 até 1946, os farmacêuticos relacionaram nada menos que 39 usos para anfetaminas, dentre eles tratamento de esquizofrenia, bloqueio coronário, paralisia cerebral infantil, doenças da radiação, hipotensão, indisposição durante viagens e soluço persistente. Entre outros efeitos, as anfetaminas interferem com os efeitos de uma classe de neurotransmissores chamada catecolamina (que inclui a dopamina e a norepinefrina). O resultado é que o corpo fica em estado de excitação, pronto para reagir a uma emergência, mesmo que não exista emergência.

As anfetaminas provocam um aumento da frequência da respiração, depressão do apetite, perda de peso corporal, desnutrição, deficiências vitamínicas, dilatamento da pupila, perturbação da visão, dores de cabeça, boca seca, aumento da temperatura corpórea, desordens gastrointestinais, arritmia cardíaca, hipertensão, reações de ansiedade, psicose anfetamínica, síndrome de exaustão, depressão e alucinações.

Apesar de proibida no Brasil desde 1994, a associação de tranquilizantes com anfetaminas continua sendo receitada e consumida largamente no país, principalmente em remédios para inibir o apetite. Essa associação causa uma fortíssima dependência física e psíquica, o que, no entanto, parece não preocupar muitos médicos, como um endocrinologista brasileiro que em setembro de 1995 teve o desplante de declarar o seguinte: “Até que é bom os remédios causarem dependência, pois as pessoas tomam a vida toda e não engordam mais…” São médicos dessa estirpe que contribuem para que o Brasil consuma cerca de 23,6 toneladas por ano de anfetaminas (dados de 1992).

Na Holanda, onde vimos que a legislação sobre o uso de maconha e haxixe é flexível, as anfetaminas receitadas para regimes de emagrecimento foram retiradas do mercada há anos. Essas drogas produzem taquicardia, aumento da pressão arterial e levam muitos usuários à esquizofrenia. Apesar das restrições ao consumo, cerca de 30 milhões de pessoas no mundo são consumidoras regulares de anfetaminas, segundo um informe da ONU publicado em Junho de 1997.

No Brasil, para suportar as longas viagens pelo interior do país, praticamente sem dormir, os caminhoneiros consomem enormes quantidades de anfetaminas na forma de cartelas de comprimidos, sem marca, sem bula e sem receita médica, as chamadas “bolinhas”. Uma pesquisa médica demonstrou que em 90 medicamentos oferecidos à população do país, como sendo naturais, havia anfetaminas em 74 deles. O psiquiatra paulista Pérsio Ribeiro é de opinião que o consumo de anfetaminas provoca os mesmos efeitos e consequências do uso da cocaína…

Além das anfetaminas, vários outros fármacos tiveram sua finalidade principal deturpada pelo consumo viciante (os dependentes químicos preferem dizer “consumo recreacional”). Uma reportagem especial do jornal O Globo, em novembro de 1998, denuncia o combustível que anda “incendiando” as noites do Rio: xaropes, colírios, anestésicos de uso veterinários, bebidas energéticas e calmantes, consumidos puros ou misturados com bebidas alcoólicas. Segundo especialistas, o efeito a longo prazo é devastador: danos irreversíveis ao cérebro e ao coração, alterações no comportamento, depressão e coma. Ao buscar o “barato” nessas substâncias, o usuário entra no atalho para o uso de drogas pesadas. Quão caro vai sair esse “barato” ele só saberá mais tarde…

Nos Estados Unidos, um relatório feito em dezembro de 1998 pelas autoridades da saúde pública, sobre o uso de drogas em Seattle e no Condado King, revela que as mortes envolvendo o uso de sedativos como Rohypnol e GHB aumentaram 63% entre 1995 e 1998.O GHB é o ácido gama-hidróxido-butílico. Usado originalmente como sedativo, em doses maiores ele causa euforia. Seus efeitos colaterais podem ir da sonolência, tontura e perda temporária da memória a um estado de coma temporário. Vendido normalmente na forma de um fluido, no Brasil tem o nome de “gaba”. Costuma ser apresentado por falsificadores como sendo ecstasy.

Independentemente das sanções terrenas a que está sujeito, o ser humano que conscientemente consome algum tipo de droga para ter alterada, em maior ou menor grau, a sua percepção do mundo, comete um crime em relação às Leis existentes na Criação. Auxílios verdadeiros só poderá encontrar quando ele mesmo se esforçar em sair do pântano em que, por vontade própria, mergulhou. Esse esforço, porém, tem de se desenvolver em seu íntimo mais profundo, e não apenas se exteriorizar como um mero desejo proveniente de vontade mental. Terapias revolucionárias em clínicas famosas de nada adiantarão se o viciado em drogas não promover, ao mesmo tempo, com todas as suas forças, a desintoxicação total da sua alma. Tal limpeza interior, porém, somente ele pode realizar em si mesmo. Ninguém mais.

  1. Falamos aqui dos efeitos danosos do vício de fumar à saúde do corpo terreno. Os efeitos na alma do fumante são muito mais incisivos. A quem desejar conhecê-los, indica-se o livro Fios do Destino Determinam a Vida Humana, de Roselis von Sass. Voltar
  2. Difícil imaginar qual foi o critério utilizado para se avaliar uma vida em dólares. Voltar
  3. Segundo uma reportagem veiculada na televisão, em novembro de 1995, a quantidade de substâncias tóxicas do cigarro chegaria a 5 mil, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde. Voltar
  4. A metástase cancerosa é o aparecimento de focos secundários de câncer no corpo, no curso da evolução de um tumor maligno. Voltar