Parte 2 – A Efetivação

As Tragédias Humanas

Drogas

“O paraíso artificial das drogas é bem a imagem de uma civilização reduzida a pó.”

(Octavio Paz)

Descomunal é a força do Juízo Final agora, em sua última fase. Não há povo na Terra, uma só comunidade ou família que seja, um indivíduo sequer que não esteja hoje sob os efeitos do grande ajuste de contas, recebendo de volta tudo o que foi gerado pela sua vontade, seus pensamentos e suas ações.

Há anos as pessoas sentem uma inquietação interior que não se deixa aplacar por nada, aumentando progressivamente. Uma grande parte atribui esse desconforto, aparentemente sem motivo, à vida agitada de nossa época, e procuram alívio nos divãs dos analistas ou em medicamentos para stress. Ao verem tantas outras pessoas na mesma situação, sentem-se mais ou menos consoladas, justificando assim também outros sintomas de stress que detectam em si, como: nervosismo, irritação, mau-humor, explosões de raiva, insatisfação com a vida, depressão, sentimentos de inveja e cobiça, etc.

Somente algumas poucas atribuem a essa inquietação interior alguma causa própria, isto é, algo que elas mesmas tenham feito e que provocou esse sentimento interior de falta de paz. Essa é, porém, a única maneira correta de enfrentar o problema. Pois tudo o que nos atinge, seja de bom ou de mal, temos de atribuir somente a nós mesmos, como geradores.

Partindo deste reconhecimento, e procurando com humildade e sinceridade a razão do seu sofrimento, a respectiva pessoa acabará por encontrar de alguma forma a explicação verdadeira, sem lacunas, sobre aquilo que a atinge tão dolorosamente. Ao encontrar a explicação terá também achado o auxílio verdadeiro para se libertar de suas dores de alma, o qual consiste, única e exclusivamente, na sintonização acertada de sua vida com as indesviáveis, inamovíveis Leis que regem a Criação.

Essa libertação do errado e do mal depende sempre apenas da própria pessoa. No esforço sincero e diligente à procura de uma saída do labirinto em que entrou reside uma atitude de doação, e por isso ela pode receber auxílio. Não diferentemente. Nem imediatamente. Foi ela própria quem quis entrar no labirinto, apesar de todas as advertências e avisos.

Mais ainda: ela mesma ajudou a construir o labirinto com sua maneira errada de pensar, falar e atuar. Por isso, agora, ela tem primeiro de reconhecer que está num labirinto, e que por conseguinte a vida que leva tem de estar errada. Depois desse reconhecimento ela precisa ainda mostrar que quer realmente sair de lá, ou seja, tem de se esforçar nesse sentido. Então, e somente então, receberá o auxílio de que necessita, mas sempre na medida do próprio esforço. Não mais. Trata-se de uma efetivação da Lei do Equilíbrio.

É um caminho penoso, difícil, mas não existe outro. O labirinto do viver errado foi construído em profundezas abismais. Por isso, quem quiser sair de lá precisa escalar paredões íngremes, até conseguir, pouco a pouco, vislumbrar um pouco mais de Luz à sua frente, quando então a subida também não será mais tão difícil e a saída já estará nitidamente reconhecível. Quem for sincero em sua tentativa de escalada e se esforçar correspondentemente receberá, de modo automático, como efeito das Leis da Criação, uma corda, em que poderá se alçar com segurança. A corda, evidentemente, não o livra do esforço em subir, mas o conduz para fora com absoluta certeza, se ele não esmorecer em sua escalada.

Já com os que não são sinceros o processo é diferente. Em grandes grupos procurarão encontrar saídas fáceis e confortáveis que os levem sem esforço para fora daquele local de sofrimento. Contudo, esses atalhos que imaginam ter tomado para cima os conduzem para profundezas ainda maiores, de onde nunca mais será possível achar o caminho de volta.

Todos os que seguem por esses falsos atalhos são espíritos fracos, indolentes, incapazes do mínimo esforço em melhorar a sua maneira de ser. Preferem desperdiçar o escasso e preciosíssimo tempo terreno que ainda lhes resta com charlatões, ao invés de dar um único e verdadeiro passo no sentido do aperfeiçoamento espiritual, da mudança de sintonia interior.

O grupo daqueles que segue pelo atalho do consumo de drogas é o que já desceu mais fundo e rápido. São tão broncos, preguiçosos e covardes, que tentam achar um alívio imediato, instantâneo, para suas aflições de alma. Mesmo que esse alívio dure apenas alguns segundos e destrua progressivamente seus corpos e suas almas.

Cabe mencionar aqui as palavras do Dr. Eduardo Kalina, autor do livro Os Efeitos das Drogas no Cérebro Humano: “Estupor, estupefato, estupefaciente e estúpido têm a mesma raiz etimológica, e ainda que pareça surpreendente este é um dos atrativos de todas as drogas: fugir para a fantasia, viver de ilusões, não pensar, tornar-se estúpido, ser um bom comprador, não questionar a sociedade, adaptar-se, modificar a realidade mediante percepções intensas sem acionar a realidade externa(…)”.

O Juízo força a movimentação de tudo quanto jaz parado ou escondido na alma humana, para que a pessoa reconheça aquilo que tem de errado dentro de si e se liberte do mal, ao mesmo tempo em que procura reforçar aquilo que reconhece como bom.

Como isto, porém, exige esforço próprio, a maior parte dos seres humanos, por comodismo, sucumbe ao mal que revive em seus íntimos nessa época. Com isso, eles próprios imprimem em si o cunho de sua absoluta inutilidade na Criação e se condenam no Juízo. Eles mesmos confirmam com a sua atitude serem criaturas nocivas; eles mesmos se apresentam afoitamente como o joio que tem de ser eliminado agora, durante a colheita do trigo.

O aumento desenfreado do consumo de drogas no mundo, bem como o surgimento contínuo de novos entorpecentes, é um sinal claríssimo da decadência humana, uma prova a mais de que a imensa maioria da humanidade se decidiu, pela última vez, em favor das trevas.

Quando um psicotrópico chega ao cérebro, estimula a liberação de uma dose extra de um neurotransmissor, provocando as sensações de prazer. À medida que o uso vai se prolongando, o organismo do usuário tenta se ajustar a esse hábito. O cérebro adapta seu próprio metabolismo para absorver os efeitos da droga. Cria-se, assim, uma tolerância ao tóxico. Desse modo, uma dose que normalmente faria um estrago enorme torna-se em pouco tempo inócua. O usuário procura a mesma sensação das doses anteriores e não acha. Por isso, acaba aumentando a dose. Fazendo isso, a tolerância cresce e torna-se necessária uma quantidade ainda maior para obter o mesmo efeito. A dependência vai assim se agravando continuamente.

Como o psicotrópico imita a ação dos neurotransmissores, o cérebro deixa de produzi-los. A droga se integra ao funcionamento normal do órgão. E quando falta o “impostor” químico, o sistema nervoso fica abalado. É a síndrome da abstinência.

Os neurotransmissores são substâncias químicas capazes de transmitir um sinal elétrico de um neurônio a outro. Assemelham-se a um eletrólito de bateria, o qual permite que a corrente elétrica circule pelas placas. Depois de retransmitir o sinal elétrico o neurotransmissor normalmente é reabsorvido, para não ficar estimulando indefinidamente os outros neurônios, permitindo que eles possam reagir rapidamente a novas exigências.

As drogas que provocam euforia, como a cocaína, impedem essa reabsorção, de modo que o cérebro fica super-ativado. Não é difícil perceber o estrago que essa intervenção antinatural pode provocar, quando se sabe que num minuto ocorrem trilhões de trocas neuroquímicas no cérebro. Não é sem razão que muitos especialistas em drogas chamam esse estado de “prazer espúrio”…

Os jovens de nossa época estão se drogando cada vez mais. De acordo com uma matéria publicada na revista Mindde de setembro de 99, o dependente químico do início do próximo milênio terá um perfil característico: mais jovem, ele se caracterizará pelo consumo simultâneo de várias drogas:

“Hoje em dia as pessoas raramente usam uma droga só”, afirma o psiquiatra Laranjeira. “Verifica-se o uso maior de múltiplas substâncias, com pessoas trocando uma droga por outra, e usando drogas em várias combinações.”A Organização Mundial de Saúde, por sua vez, alerta: “É evidente que intoxicação, envenenamento e overdoses aumentem com estas novas associações de substâncias”.

O significativo aumento do número de crianças e jovens em condições de vulnerabilidade, o abuso de substâncias psicoativas crescerá entre jovens de idade cada vez menor, revela o estudo da revista Mind. Crianças de rua, por exemplo, uma preocupação que antes só afetava os países do chamado Terceiro Mundo, hoje já são encontradas em cidades tão desenvolvidas como Toronto, no Canadá.

Os especialistas costumam dividir as drogas em dois tipos: leves e pesadas. Drogas leves são as que causam “dependência psíquica”, que significa o desejo irrefreável de consumir a droga. Drogas pesadas são aquelas que além da dependência psíquica causam também a física, ou seja, a sua falta acarreta uma síndrome de abstinência tão violenta, com sintomas físicos tão dolorosos, que o viciado procura desesperadamente pela droga a fim de aliviar a ânsia de consumo. Por essa razão, fumo e álcool podem ser considerados como drogas pesadas, apesar de serem socialmente aceitas.