Acidentes Ferroviários
Símbolo de progresso, as ferrovias multiplicaram-se extraordinariamente em vários países durante o século XIX. Em 1880 havia em todo o mundo aproximadamente 150 mil milhas de linhas férreas. Dez anos mais tarde já eram 250 mil milhas.
No século XX a malha ferroviária continuou aumentando no mundo, e consequentemente também o número de trens em circulação. Por essa razão, não é possível constatar o provável aumento, em termos relativos, do número de acidentes ferroviários no século XX em relação ao século anterior, e também ao longo das décadas no nosso século.
De qualquer forma, a título de ilustração, os dados existentes são os seguintes (extraídos do Word Almanac): no século XIX ocorreram seis grandes acidentes ferroviários, que deixaram um saldo de 428 mortos. No século XX, até fevereiro de 1996, haviam ocorrido 114 grandes acidentes ferroviários, que mataram perto de dez mil pessoas. Nos primeiros 40 anos deste século (1900 a 1939) houve 43 grandes acidentes, com 2.733 mortes; nos 40 anos seguintes (1940 a 1979), houve 52 grandes acidentes, com 5.149 mortes.
Se em termos relativos não podemos afirmar categoricamente que tenha havido um aumento do número de acidentes e de mortes, em termos absolutos os números falam por si. Muitas pessoas morreram também, ou ficaram feridas, em numerosos outros acidentes ferroviários considerados pequenos, e que por essa razão não aparecem nas estatísticas.
Como acontece com outros acidentes coletivos, as vítimas tinham necessariamente um carma semelhante, que possibilitou serem atingidas conjuntamente por um acontecimento violento. Elas não foram atingidas por uma ação negligente ou inconsequente, própria delas; nada mais fizeram do que entrar na composição e tomar seus lugares lá dentro. Assim, como não existe a mínima injustiça nos efeitos das Leis da Criação, o que as atinge por ocasião do acidente é, com certeza, devido a alguma má ação anterior. Não existem acasos nem provações nos efeitos dessas Leis. Tudo o que atinge a pessoa humana é sempre, mas sempre, fruto de seu próprio querer e agir.
É evidente que em alguns casos específicos, como nos acidentes envolvendo “surfistas de trem”, (1) que volta e meia morrem eletrocutados nas linhas suburbanas do Rio de Janeiro e São Paulo, a culpa é deles mesmos, ao arriscarem assim estupidamente suas vidas.
Se observarmos mais detalhadamente os acidentes ferroviários, poderemos distinguir em vários deles uma singular conjunção de circunstâncias que desencadearam o acidente ou que lhe deram uma forma particular. Essas circunstâncias, chamadas irrefletidamente de “coincidências maléficas” ou simplesmente de “azar”, não o são absolutamente. Elas ocorrem para possibilitar o desencadeamento na matéria do mau efeito retroativo cármico, que se efetiva nesse caso como um acidente.
Em vários acidentes, por exemplo, o trem descarrila exatamente sobre uma ponte, fazendo com que toda a composição caia num desfiladeiro ou mergulhe num rio. Choques de trens correndo em sentido inverso, ou de um trem batendo num outro que estava parado também são comuns. Todas essas circunstâncias fazem com que esses acidentes ferroviários sejam extremamente graves, causando muitas vítimas.
Assim como no caso dos ônibus, as pessoas que estão num trem que sofre um acidente, ou até num determinado vagão desse trem, o qual é especialmente atingido, possuem um carma de mesma espécie. Se houver entre elas alguma que não tenha um carma tão pesado, então tal pessoa não sairá mais ferida do que aquilo que o retorno para ela o permitir, ou seja, do que para ela está previsto. E se até não tiver carma algum daquela espécie, ela sairá ilesa do acidente. São os chamados “milagres”, onde se diz costumeiramente que uma determinada pessoa “nasceu de novo”. É até muito provável que ela nem chegue a tomar a composição que se acidentará. Quantos casos não existem em que uma ou mais pessoas, por um motivo qualquer, deixou de tomar um avião ou ônibus, e acabou escapando assim de uma tragédia? Há inúmeros relatos desse tipo. Em Israel, uma moça por duas vezes deixou de tomar o ônibus para ir trabalhar, e nas duas vezes os ônibus daquela linha explodiram em atentados terroristas…
Nenhuma pessoa pode sofrer sequer um arranhão, nem um fio de seu cabelo pode ser arrancado, se ela mesma não der motivo para isso.
Cito abaixo alguns exemplos de acidentes ferroviários, os quais, na formação das circunstâncias do acidente, deixam nitidamente reconhecível a atuação da reciprocidade incontornável:
Grandes acidentes ferroviários continuam ocorrendo em todo o mundo, e os já conhecidos recordes vão sendo batidos. Como em tantas outras tragédias que se abatem sobre os povos neste final de século, também esses acidentes são laureados com os títulos de “o maior acidente dos últimos anos” ou “a maior tragédia ferroviária da história do país”, e assim por diante.
Para ilustrar: em 20 de agosto de 1995, na Índia, um trem expresso bateu numa composição cargueira, que havia parado repentinamente depois de atropelar uma vaca. Pelo menos 350 pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas no que foi considerado “o pior acidente ferroviário da história do país.” Moradores da região disseram que o ruído do choque foi ouvido a quilômetros de distância. (2) Em 22 de dezembro de 1995, no Egito, o choque de dois trens de passageiros em meio a uma densa neblina matou 75 pessoas e feriu peno menos 76, “no pior acidente ferroviário no país em mais de 15 anos.”
Os grandes acidentes ainda merecem algum destaque na imprensa; já os pequenos, em virtude do menor impacto que causam, aparecem, quando muito, numa ou noutra nota de pé de página nos jornais. E, no entanto, apenas em 1995, houve “pequenos acidentes ferroviários” na Indonésia, Egito, Itália, Coréia, Estados Unidos e Espanha, que, juntos, deixaram um saldo de pelo menos 53 mortos e 218 feridos.
Também nos trens urbanos e nos metrôs os acidentes se sucedem. Não há necessidade de se mencioná-los aqui, basta dizer que as principais linhas do mundo já registraram graves acidentes.