“Cristo morreu para nos salvar!” Esta é a concepção básica das muitas facções cristãs. Sobre essa coluna apóiam sua doutrina e a partir daí procuram edificar, ampliando o círculo dos adeptos. Segundo essa crença, o Criador, Senhor de Todos os Mundos, enviou Seu Filho a esta Terra com a deliberada intenção de que fosse crucificado, para expiar assim o pecado de toda a humanidade.
Quão valiosos, pois, não devem ser os seres humanos para Ele! Depois de terem rejeitado com um sorriso arrogante todos os auxílios, depois de terem escarnecido dos emissários de Deus, depois de terem transformado a Terra num charco venenoso com sua vontade má, suas palavras maldosas e seus pensamentos pestíferos, depois de tudo isso, nada mais natural, segundo sua opinião, que Ele oferecesse Seu Filho em holocausto, para que ela, a humanidade tão importante, pudesse ser içada confortavelmente, sem esforço, da sua cova espiritual já tão profunda, escavada por ela mesma diligentemente durante milênios.
A arrogância e a presunção humanas desconhecem quaisquer limites. Certa vez escutei um canto religioso de uma facção cristã que fazia referência a um plano de Deus, segundo o qual Ele teria feito brotar uma árvore específica, preparada para ser transformada no futuro numa cruz, onde o Seu Filho seria imolado… Penso que até os mais fervorosos adeptos dessa concepção – a da morte inevitável de Jesus na cruz – devam sentir um certo mal-estar ao ouvir essa canção.
Mas justamente pelo fato de o ser humano ser tão arrogante, presunçoso e vaidoso, ele é também preguiçoso. É preguiçoso no espírito. Indolente. E, por isso, aceitou tão apaticamente essa concepção absurda e pueril, de que Jesus veio à Terra com a intenção prévia de se deixar matar, e que esse ato serviu para livrar a humanidade de suas culpas. O ser humano usa essa concepção como um manto aconchegante, que o exime de sua própria responsabilidade e o dispensa de toda a movimentação espiritual. O ser do espírito que não se movimenta espiritualmente!
No que consistiu, pois, a missão do Salvador?
A missão de Jesus consistiu em oferecer a possibilidade de salvação a todos quantos aceitassem e seguissem a sua Palavra! No cumprimento da Palavra, isto é, na obediência irrestrita aos ensinamentos transmitidos, o ser humano poderia encontrar a sua salvação. Mas somente assim! Nunca pelo assassinato do Portador dessa Palavra! Os milhares, dezenas de milhares de livros existentes sobre Jesus não podem ajudar ninguém se não trazem esta exortação…
A morte de Jesus na cruz foi um crime hediondo. E tão pavoroso, por tratar-se do Filho de Deus, que só mesmo uma humanidade apodrecida na alma seria capaz de consumá-lo. Assim, a humanidade, que já vinha pecando abertamente contra o seu Criador há milênios, com o assassínio de Jesus sobrecarregou-se com uma nova culpa, cuja amplitude ela por certo não pode conceber.
Os seres humanos assassinaram o Filho de Deus, que veio trazer-lhes a possibilidade de salvação através da sua Palavra! Essa é a verdade. E o peso dessa culpa gigantesca recai integralmente agora, na época do Juízo, sobre a humanidade, que com o ato da crucificação colocara-se resolutamente ao lado de Lúcifer, em sua luta final contra a Luz. (1)
A humanidade escolheu Lúcifer como seu senhor, rejeitando o seu próprio Criador. Essa decisão, fruto do livre-arbítrio, selou o destino dos seres humanos.