O ser humano é responsável por tudo quanto faz. Melhor dizendo, por tudo quanto dele emana, sejam pensamentos, palavras ou ações. Ele é responsável, porque tudo o que insere na Criação, retorna a ele de alguma forma. Ninguém escapa disso. Esse é o motivo também porque às vezes uma pessoa visivelmente boa parece ser atingida tão duramente pelo destino. Essa questão, aliás, já fez muita gente sincera quebrar a cabeça na busca de uma explicação.
A Lei da Reciprocidade abrange toda a existência do ser humano, a qual compreende várias vidas terrenas. Uma ação má, praticada numa determinada vida terrena, não precisa necessariamente retornar ao autor naquela mesma vida. A vida aqui na Terra, com seus poucos anos, é frequentemente muito curta para isso.
“Injustiça!” dirão alguns. “O ser humano deveria poder ver claramente o que praticou outrora, para poder relacioná-lo com o correspondente resgate cármico na Lei da Reciprocidade!”
As pessoas que assim falam ou pensam não sabem ou se esquecem que o ser humano é essencialmente espírito. Ele, o espírito, para o qual a morte terrena nada mais é do que a retirada do invólucro mais externo. Ele, o espírito, único responsável pelos atos da pessoa humana. Sobre ele recai a Lei da Reciprocidade, ou Lei de Retorno, esteja ainda na Terra ou no além, ou novamente sobre a Terra, envolto por um outro corpo terreno, vivendo uma outra vida na matéria.
O ser humano que tem convicção na Justiça do Criador sabe que nada de mal poderá atingi-lo se ele mesmo não tiver dado motivo para isso. Se é tocado por algo desagradável, tem de apontar o dedo somente para si mesmo; da mesma forma, ele saberá que agiu corretamente quando recebe inesperadamente algo de bom. Tudo o que fazemos aos outros, fazemos na realidade a nós mesmos. Aquilo que damos, recebemos; o que semeamos, colhemos. Sempre.
Contudo, também essa Lei tão simples e clara já foi torcida por seres humanos inescrupulosos. Os dirigentes de algumas seitas surgidas recentemente estimulam os fiéis a fazer contribuições monetárias para a respectiva entidade com base nesse ditame bíblico. (1) Se o “fiel” doa uma parte do seu salário, ele certamente colherá multiplicado a quantia que doou… Um investimento de retorno garantido! No entanto, as palavras “o que o ser humano semear, ele colherá” não dizem respeito a maquinações do raciocínio. O intelecto jamais conseguirá ludibriar uma Lei da Criação, pois esta se destina ao íntimo do ser humano, à sua vida interior, e não às exterioridades que ele procura aparentar aqui na Terra. Às vezes uma palavra amiga e verdadeira, um sorriso franco e sincero já equivalem ao dar, dar desinteressadamente, e isso tem muito mais valor do que uma doação monetária de interesse, seja de que quantia for.
Mas voltemos aos efeitos retroativos que atingem o ser humano. Para aquele que conhece as Leis que regem a Criação não é difícil imaginar o tipo da sua ação de outrora, pois não pode receber nada diferente daquilo que ele mesmo gerou. Através daquilo que o atinge, ele reconhece sua própria atuação, e ao reconhecer e firmar propósito de não mais agir daquela maneira (se o que o atingiu foi algo ruim) ele se desliga daquele efeito retroativo e está liberto da culpa antiga. Terá sido então perdoado de sua falta. Aquele, porém, que se revolta contra o que o atinge, querendo ver nisso uma injustiça do destino, não pode remir coisa alguma e continua preso na culpa antiga, além de sobrecarregar-se com uma nova. Será então atingido ainda mais duramente no futuro. Sua própria vontade má impede qualquer possibilidade de perdão.
Uma outra pergunta muito frequente é: “Mas se é assim, se estamos sujeitos aos atos que praticamos em outras vidas, por que também não nascemos sabendo quem fomos outrora?”
O ser humano precisa vivenciar realmente o presente! Só assim poderá desenvolver-se espiritualmente. Cada vida terrena tem de ser um marco no seu caminho de desenvolvimento espiritual, degraus firmes na escada que ele constrói em direção às alturas luminosas. Se uma pessoa soubesse automaticamente quem foi em outras vidas e de que maneira atuou, ela não tomaria suficientemente a sério sua atual vida aqui na Terra. Ou se perderia em cismas a respeito do que poderia e deveria ter feito, ou ficaria aguardando placidamente o retorno de suas ações de outrora. Alegremente esperançosa em relação às coisas boas, com temerosa expectativa em relação às coisas más.
Assim, ela não vivenciaria realmente sua vida atual e esta perderia a finalidade, pois somente a experiência adquirida no presente pode fazer da vida terrena um degrau sólido para a ascensão. Ela tem de considerar importante cada hora terrena e manter-se ativa no espírito. Tem de atuar corretamente agora, nesse momento, pensando, falando e atuando sempre no sentido do bem. De nada vale para ela desfilar por aí com o nariz empinado por ter sido um imperador, ou trancar-se no armário se foi um pirata.
O saber de que o espírito humano está sujeito à Lei da Reciprocidade, em qualquer tempo e lugar, permite também compreender muitos outros aparentes enigmas da atualidade. Na época em que escrevo este livro, por exemplo, estão sendo feitos grandes esforços no sentido de dar condições de vida dignas aos assim chamados “menores carentes”. As pessoas e entidades que se esforçam nesse sentido estão convictas de que essas crianças não tiveram oportunidades na vida, sendo essa a causa da criminalidade crescente, já que, sem opção de vida, elas acabam por enveredar para a marginalidade.
Novamente se vê aqui apenas o efeito externo, nesta atual vida, e por isso não se reconhece as verdadeiras causas dessa situação. Essas “crianças carentes” não são criaturas deserdadas pelo destino, não são carentes e nem injustiçadas pela sociedade. São, antes de tudo, espíritos muito carregados de culpas, culpas provenientes de várias vidas terrenas, razão por que agora só puderam nascer num ambiente assim de miséria e violência.
Recentemente soube da história de um padre que acolheu e cuidou de um grupo dessas crianças carentes, acreditando estar assim forjando um futuro melhor para elas. Certo dia, elas todas o abandonaram, não sem antes roubar vários objetos seus e parece-me que também da igreja. A sua expressão de pasmo ante o ocorrido retrata muito bem a ignorância coletiva da humanidade sobre os efeitos das Leis que regem a Criação.
Miséria, fome e violência são produtos da própria vontade humana. Foi o próprio ser humano que com incrível perseverança criou essas coisas para si, que jamais precisariam existir no mundo.
O ser humano, pois, tem vivenciado ao longo de várias vidas terrenas os efeitos da sua própria vontade. Na época de hoje, porém, ocorre uma aceleração desse processo. Tudo o que ele inseriu na Criação ao longo de suas vidas, e que até agora ainda não havia sido remido, retorna para ele nesta vida terrena atual. Por isso essa nossa época é chamada de Juízo Final. A prestação final de contas! Na atual vida terrena retorna ao espírito humano todos os frutos ainda pendentes de sua atuação de outrora, tanto os bons como os maus. E como nos últimos milênios a atuação da maior parte da humanidade foi frontalmente contrária à Vontade do Criador, ela colhe hoje uma avalanche sem fim de frutos ruins. Frutos podres, que ela é obrigada a engolir.
É esse também o motivo pelo qual se vê no mundo de hoje um acúmulo ininterrupto de desgraças. Trata-se apenas da colheita final do que foi semeado em outros tempos. Estamos vivendo na época em que o fim liga-se ao começo! Os seres humanos vivenciam em si, hoje, aquilo que eles mesmos geraram em épocas passadas!
Esse acontecimento pode efetivar-se de duas maneiras nas pessoas. As que reconhecerem como justos os efeitos retroativos de suas ações, e procurarem sinceramente conhecer as determinações do seu Criador, para poderem agir daí em diante de acordo com elas, encontrarão o caminho da salvação. Já os outros… os outros sucumbirão sob o peso de suas culpas e encontrarão como meta final a morte. Não a morte terrena, que também os atingirá da forma que merecerem, mas a morte espiritual, a condenação eterna, que significa deixar de existir espiritualmente. Algo tão horrível, que nem é possível formar uma idéia aproximada.
Como a humanidade até aqui sempre trilhou obstinadamente caminhos falsos, apesar de todos os avisos e advertências, ela agora também em sua maior parte, infelizmente, não procederá de modo diferente. Continuará marchando garbosamente em direção ao precipício. Não dará ouvidos, mais uma vez, aos avisos que chegam a ela em nossa época, os quais se mostram principalmente no acúmulo de tragédias humanas e catástrofes da natureza. Bem poucos verão nesses acontecimentos as últimas advertências, para que se modifiquem ainda em tempo de se salvarem espiritualmente. Após o Juízo, a quase totalidade da humanidade terá desaparecido da Terra.